Agora que as coisas por França estão menos atractivas do ponto de vista mediatico, já vai sendo tempo de criar mais um caso que provoque o pânico e a histeria colectiva no “Tuga”.
Em Portugal temos grande facilidade em transformar a tragédia dos outros na nossa própria tragédia. Se acontece em qualquer parte do mundo e é mau, também pode acontecer por cá. O método comparativo funciona às mil maravilhas, só não se adapta às coisas boas. Porquê? Fica a questão no ar.
Tivemos um furacão que ninguém viu, um ganso-patola infectado com H5N1 que sobrevoou Portugal, não contaminou, mas que vai voltar, e nos últimos dias regressaram as fobias racistas, e as paranóias de que em Portugal também pode começar tudo a arder. E em abono da verdade, motivos não devem faltar aos milhares de excluídos que gravitam em torno da capital. Não me parece que em muitos dos casos os franceses estejam pior. Mas...
Por aqui tudo se vende barato ao espectador televisivo, que se acalma no final de mais um dia de trabalho com as estórias (que não são de encantar) daqueles que ainda vivem pior. Ou então, com a estória milionária do desgraçadinho que um dia acordou rico (esta sim, verdadeiramente encantadora). A este tipo de fenómeno podemos chamar “conforto provinciano”.
Vivemos com o pensamento condicionado por fenómenos que não fazem parte da nossa realidade, que não podemos dominar. Em suma, somos iludidos com uma suposta realidade, que nos amordaça e faz temer. Bom... vivemos os males e os sonhos dos outros, passo fundamental para obedecer e encaixar na ordem que nos é imposta, e não a questionar. E já agora, para não questionar o melhor é não pensar.
O pior é que o raio de nevoeiro não se dissipa.
A televisão é mesmo a chupeta do povo
1 comentário:
Concordo contigo:
o nevoeiro... bem digamos apenas que já dura há alguns séculos
a televisão... a melhor coisa que a minha fez foi ter-se avariado
Enviar um comentário