quarta-feira, abril 30, 2008

A Liderança no PSD

Na .net há isto sobre a luta pela liderança no PSD:

De Neto da Silva e de Manuela Ferreira Leite não encontro nada. Se quiserem dar-me uma ajuda...

O anúncio!

"Pessoal, estou já a avisar que, mais cedo ou mais tarde, vou tomar uma decisão! E quando assim for, digo-vos!"

O som da desilusão

Barack Obama, ao distanciar-se das últimas declarações do Reverendo Jeremiah Wright, soa a alguém profundamente desiludido. O problema é que pode ser confundido com o som da derrota.



Claro que as declarações do Reverendo Wright só trazem à tona uma verdade que andava escondida, muito por força do discurso de Obama, que são os problemas raciais da sociedade americana. Esses problemas já haviam sido abordados por Geraldine Ferraro e estão presentes em todos os estudos eleitorais feitos nas primárias demcratas realizadas até hoje.


Nuvens negras?


[Via Margem de Erro, onde também cheguei ao estudo da Universidade Católica sobre os jovens e a política encomendado pela Presidência da República]

"Agroflação"

O fenómeno da crise alimentar gerou o nome, duvidoso q.b., que identifica uma situação, para que alguns já tinham chamado à atenção, para as discrepâncias entre as necessidades de bens alimentares essenciais, no fluxo export-import, gerando os aumentos exponenciais dos mesmos ao ritmo elevado a que temos assistido. A escassez do arroz é apenas a face mais reconhecida actualmente nesta crise, com suspensões da exportação do bem pelos EUA, Brasil, e uma larga franja de países asiáticos produtores em larga escala. Também nos mercados financeiros se espelha esta situação, com os contratos de futuros sobre mercadorias agrícolas a registarem recordes de crescimento desde 2007 (pelas expectativas de aumento do preço das mesmas).

Portugal, como "player" universal deste mundo global, não está imune, naturalmente. Temos um défice de bens alimentares na balança agro-alimentar dos mais elevados em nível percentual dentro da UE, factor a que não pode ser alheio o detrimento do sector primário e do secundário (indústria) relativamente ao terciário (serviços) nas últimas décadas.

E se no passado, David Ricardo (século XVIII) com a sua Teoria do Comércio Internacional, formulou o Princípio da Vantagem Comparativa, em que cada país apenas se devia especializar nos produtos em que detêm vantagem comparativa, exportando aqueles com menores custos de produção e importando outros com menores encargos quando produzidos no exterior, a situação actual, apesar de necessariamente diferente, demonstra as valências da UE, que está a "tomar medidas para uma maior disponibilidade de cereais, ao proibir subsídios á exportação, ao liberalizar as importações, e ao permitir semear em terrenos de pousio".

Palavras do Ministro da Agricultura, Jaime Silva, que está a enfrentar o momento mais delicado do seu mandato, e que vai exigir mais de si. Nesta fase, impõe-se clarividência e esclarecimento, transmitir palavras de acalmia, antes que haja aproveitamento político por parte da oposição e/ou empolamento de uma situação (pelos media), que em Portugal, pelo menos para já, não justifica preocupações desmesuradas.

Por enquanto, teve uma intervenção de alto nível ao relembrar a importância da agricultura na economia, deixando a crítica para os arautos da desgraça que a relegaram para uma suposta irrelevância nos contributos para a economia. Gostaria de lhe deixar o meu apoio nas batalhas que se avizinham.

Posted by Ricardo Fresco in PS Belem

terça-feira, abril 29, 2008

A Lisboa de... Raquel Freire e Fernanda Câncio

Ontem tivémos a oportunidade de, uma vez mais, de assistir a uma excelente sessão de exposição, troca de ideias e de debate; desta feita em torno da Lisboa da Raquel Freire e da Fernanda Câncio.
Assistimos a duas intervenções bem intimistas, bem pessoais, que nos transportaram para a Lisboa artista, activista, militante. Ambas as oradoras fizeram-nos percorrer as ruas do Bairro Alto dos anos 80 à actualidade.

segunda-feira, abril 28, 2008

Obscena

A melhor revista de Cultura da actualidade: Obscena.

(ler sobre o Maio de 68 e sobre a Pina Bausch)

Contar o 25 de Abril

Para um trabalho escolar numa Escola Pública, a minha Neta de 8 anos pediu-me, por sms, para lhe contar como fora o 25 de Abril. Aqui fica a mensagem que, por sms, lhe enviei:


No dia 25 de Abril de 1974, soubemos que estava em curso o princípio de uma revolução que iria abrir o País tão fechado a tudo. De manhã, não fui trabalhar, à tarde fui viver com alegria, entusiasmo e esperança, o que acontecia no Largo do Carmo. Um punhado de soldados, armados e com tanques de guerra, negociava com Marcelo Caetano a sua rendição pacífica. Depois, foi o delírio: sem um único tiro, sem uma única morte, os soldados arrumaram a ditadura que nos governava há 40 anos e que limitava a liberdade de expressão, através da Censura, impedindo-nos de ver muitos filmes e de ler muitos livros. Dou-te um exemplo: não pude ver, no final da década de 60, a Sagração da Primavera, ballet de Maurice Béjart, porque a Companhia foi posta na fronteira, findo o 1º espectáculo (no Coliseu, onde, no final, foi colectivamente cumprido 1 minuto de silêncio pela Paz no Mundo) e eu tinha bilhete para o 2º dia de espectáculo...
No dia 25 de Abril, os cravos vermelhos enfeitaram os canos das armas que, nesse dia, não dispararam e A Poesia Desceu à Rua, com as palavras de Sophia de Mello Breyner e as nossas, bem como a pintura num mural colectivo feito em Belém, no antigo Museu de Etnologia, à beira-Tejo. Todos nos sentíamos irmãos, cantávamos "Grândola Vila Morena" e queríamos fazer de Portugal um País com Justiça, Igualdade, Fraternidade e Liberdade. Eu tinha 22 anos e fui feliz.

sábado, abril 26, 2008

Joy Division

Recentemente dei conta do meu agrado no visionamento do filme «Control» (de Anton Corbijn), dedicado aos Joy Division. Eu, que já os idolatrava, fiquei pasmado com a força da musica e da banda de 4 early twenties Manchester boys. Ontem tive a oportunidade de ver o documentário de Grant Gee, intitulado «Joy Division», no Fórum Lisboa. O filme, integrado no Indie Lisboa, além de ter esgotado a sala, possibilitou o confronto com o filme de Anton Corbijn, na medida em que as personagens do documentário eram as reais, e não actores fisicamente parecidos e bem caracterizados.


Se já tinha me impressionado a ficção, a realidade é avassaladora. Eles eram mesmo bons. Bons músicos, boa banda, som inovador e revolucionário, extraordinária presença e energia em palco, e letras impressionantes. Depois, tinham em Ian Curtis um daqueles lead singers de excepção e de raridade. Aliava a fotogenia à capacidade de escrita, enquanto incendiava o palco com o seu extasiante transe.


A sua trágica história confunde-se com a da banda, e a sua morte prematura e deliberada catapultou-o para um lugar só destinado aqueles a quem o futuro nunca confundiu ou desmentiu.


Notei no documentário dois pormenores bem interessantes. O primeiro é o que se refere ao facto dos New Order nunca terem tocado musicas dos Joy Division nos anos 80 e 90, só o fazendo muito recentemente (o que os coloca num patamar bem distante daqueles que fazem do aproveitamento imediato da exposição mediática forma de vida). O segundo aspecto é o que se refere ao facto do segundo LP – Closer – ter sido editado postumamente (em relação a Ian Curtis), com um jazigo na capa.

Foram, realmente, uma das grandes bandas do século XX (e XXI), com uma sonoridade intemporal que assusta.

Parlamento Global

Excelente iniciativa esta da SIC, da Rádio Renascença e do Expresso. Chama-se Parlamento Global, e pretende ser um interface activo entre os parlamentares e os seus eleitores. Por ora há que salutar a iniciativa que, como apraz nestas ocasiões, fica a depender da produção de conteúdos futuros. Por agora vou me entretendo a ver as respostas que alguns amigos colocaram online

sexta-feira, abril 25, 2008

Sempre!


(imagem tirada daqui)

O número de votos

Este post é um comentário que deixei aqui, em relação à questão apresentada. Como me senti inspirado, reproduzi-o nesta Loja (é um bocado egocentrico, eu sei...)

A questão de Hillary passa pela eleição de Novembro. Toda a gente é unanime em considerar que Obama perde Florida para McCain e que tem o Michigan em risco, tudo isto devido à desastrosa decisão do Partido Democrata em não contar com os delegados eleitos por estes dois estados. Hillary fez campanha e apareceu nos boletins de voto de ambos pois achava que a nomeação era um passeio (erro táctico por todos referido) e estava a pensar já na eleição de Novembro.
Com toda direcção do Partido Democrata a querer que isto se decida, com a vantagem de Obama, com a análise de 90% (para ser simpático) dos comentadores políticos a dizerem que a vantagem de Obama é mais que suficiente para ser o nomeado, os cerca de 300 superdelegados que estão indecisos (ou não anunciaram o apoio) estão-no just because?

Claro que é extremamente curioso que agora sejam esses dois estados que mantêm Hillary na corrida… Se porventura ela for a nomeada, o que poderá dizer a campanha Republicana nesses estados em relação a Hillary?
Já em relação a Obama

Falo, Erecção, Orgasmo; ou a interpretação simbólica de uma peça cultural no panorama comemorativo do 25 de Abril…


Este é um texto de que gosto muito. Produzi-o há 4 anos, para os 30 anos do 25 de Abril, e todos os anos o repito aqui neste blogue...

Desconfio que poucas pessoas o conheçam, por isso não é um auto-plágio muito grave. (lembrem-se que em 2004 era Durão Barroso PM, e Abril já não era Revolução mas Evolução).


Falo, Erecção, Orgasmo; ou a interpretação simbólica de uma peça cultural no panorama comemorativo do 25 de Abril…


Em tempos de reformulações filosóficas e reconstruções históricas relativas ao 25 de Abril, onde uma revolução é substituída por uma evolução, nunca a obra do Parque Eduardo VII, alusiva à “Revolução dos Cravos”, me mereceu tanta atenção e reflexão.


Falo, obviamente, do Falo do Cutileiro. Aquele que tantos ódios, amores, polémicas e dissabores despertou não só no meio intelectual e artístico deste nosso cantinho tacanho, como na maioria da sociedade portuguesa que alguma vez se deu ao trabalho de o olhar. Para mim não me interessa tanto o que se pensa da obra, não me interessa que aspectos técnicos contêm, ou mesmo as considerações frequentes à personalidade do artista; o que me interessa é o que ela para mim simboliza, o que me faz pensar e sentir, em suma o que, ao nível do conceito, me faz transportar para um imaginário infinito e livre.


E esse imaginário é o 25 de Abril. É a Pujança, o Vigor e a Vontade. É a Acção, o Facto e o Verbo. É o Possível, o Infinito e o Sonho. É Abril. Abril fecundado.


É nesse Abril que eu vivo, no qual me transporto quando busco algo intemporal; no qual reflicto quando me confronto com as normalidades anormais da contemporaneidade portuguesa; é o Abril polemista, irreverente e imaginativo. Nesse Abril vive a Revolução.


Hoje vivemos, segundo a oficialidade governamental, na Evolução. Essa “evolução” disforme, incolor e insonsa. Uma evolução que pretende representar um Portugal neutro, cinza e murcho.Num ápice, tudo o que granjeámos colectivamente em repetidas construções simbólicas, sempre pessoais e sempre possibilistas, transformou-se em obtusos gráficos, esquemas e indicadores. Acabou o sonho. Tudo é real. Não existiu. Aparece o manguito.


A mesma escultura que antes representava a historicidade lúcida de uma geração progressista e democrática apresenta-se como um grande manguito àqueles que procuram assumir a burocracia escura de gabinetes lânguidos como um factor de modernidade e contemporaneidade. Abril, antes erecto num orgasmo constante rumo ao infinito, é retratado como balizado, palpável e pornográfico.


Pois digo-vos que se enganem aqueles que procuram inculcar valores vazios e inócuos em Substantivos Colectivos. A história faz-se, é verdade, mas também se sente; e que nada nem ninguém tome para si a pretensão de se substituir ao sentimento. Esse é nosso.


E se, por disfunções ideológicas e complexos recalcados, homens hajam que nos procurem coarctar a Liberdade tão duramente conquistada, que lhe façamos um manguito, um GRANDE MANGUITO!!!
JRS

A Lisboa de... Raquel Freire & Fernanda Câncio

É já na próxima segunda-feira, dia 28 de Abril, pelas 19 horas, que iremos receber a Raquel Freire e a Fernanda Câncio em mais uma sessão do ciclo de conferências que estamos a organizar em torno da cidade de Lisboa.

Depois do Regicídio e da Lisboa do... Rui Tavares, vamos ter a oportunidade de deambular na Lisboa destas duas jovens mulheres, ambas lisboetas de adopção, activas de diversas causas.

Que Lisboa terão elas para partilhar connosco?

Venham ouvi-las ao vivo e em directo no 7º piso do El Corte Inglês, ou no gravado e em diferido no blogue de apoio às conferências (aqui).

Lá vos espero.

quinta-feira, abril 24, 2008

Pontos-Chave da vitória em Pennsylvania

Sobre as eleições para a Câmara de Londres

Deixamos aqui um destaque que achamos importante:


"Non-British EU citizens living in London have the right to vote in
elections for the Mayor of London on 1. May 2008! Support
Ken Livingstone, Labour
UK, as Mayor of London! All Europeans are invited to sign the support statement
of Labour Movement for Europe
here. You can also support Ken Livingstone on Facebook: Join
the
group or become a fan."

Podem ver mais sobre isto aqui e aqui!

A Ler...

E agora?, por Nuno Gouveia, no Eleições Americanas de 2008, (ler também a discussão que se passa nos comentários)

quarta-feira, abril 23, 2008

frase do dia

Em política, dispersa os favores que fazes e concentra os que pedes.

Semibreves

Europas dentro da Europa: o anel da Virgindade
Na Polónia é tempo de Primeiras Comunhões Católicas. No interior conservador (cerca de 10% da população) é oferecido, às meninas comungantes, um anel da Virgindade. Aos rapazes, consolas de jogos.
O que nos preocupa? Uma evidente questão de género: provavelmente o anel destina-se a ser substituído pelo anel de noivado e este pelo de casamento. Se não houver nem um nem outro terá de perdurar ad eternum no dedo da "Vieille Fille"? Mulheres argoladas para a vida: 5% da população polaca. Uma distinção discriminativa. Um presente gerador de possíveis hipocrisias.
Preocupam-nos também as formas institucionais europeias a construir para proteger minorias sociais. Os USA têm longa prática nesse campo. Há, no entanto, limites fluídos. A poligamia praticada por certos grupos tem vindo a ser denunciada porque proibida. Definir fronteiras entre o permitido e o proibido não é tarefa fácil. O mesmo problema coloca-se na delimitação entre a esfera do privado e a esfera do público. Em toda a Europa.
Tanto ainda a construir!

terça-feira, abril 22, 2008

Prós & Contras

Ontem no Prós & Contras, sobre a crise do PSD, a figura foi Joaquim Aguiar. O velho politólogo mantém a forma acida que o caracteriza. Não entendo como não é mais «aproveitado» (e foi gritante o confronto com o André Freire, que nunca conseguiu despir o seu casaco ideológico).
O programa foi interessante, mas bastante desnivelado. Dois candidatos em plena campanha eleitoral (Passos Coelho e Patinha Antão), um deles com um apoio extra no palco (Angelo Correia); e uma ex-comunista a defender o Partido, o Partido e o Partido.
Soubemos, pela Fátima Campos Ferreira, que houve outros convidados, nomeadamente outros candidatos. Soubemos que alguns recusaram, mas não haveria mais ninguém para dar a cara? notáveis? bases? presidentes de Distritais? Comissários Nacionais?
Se este é o debate que os sociais-democratas querem promover, parece-me curto, e com pouco a ver com o grande exemplo de debate partidário que foi a eleição interna de José Sócrates (contra Alegre e João Soares).
Veremos o que as cenas dos próximos capítulos nos reservam.
[sei agora que Manuela Ferreira Leite é candidata. Aguiar Branco retira-se]

Semibreves


A um comentário, de "Light my fire" sobre um post meu no qual comparo algumas consequências sociais e individuais da ética e das práticas do protestantismo com algumas consequências sociais e individuais da ética e das práticas do catolicismo, no qual "Light my fire" invoca o velho Marx e a conhecida afirmação "a religião é o ópio do povo", respondo com um trecho de Despestres sobre o Poeta da Negritude:

"Aimé Césaire ne pouvait manquer de retenir le trop bon marché que le marxisme à la soviétique a fait du drame intérieur des hommes. En voulant tout ramener, dans la vie en société, à la transformation des seules conditions matérielles, il avança sur la formation de des thèses qui faisaient cavalièrement l'impasse sur le sens du sacré dont a besoin de s'alimenter la part la plus intime de l'imaginaire humain chez l'individu.
Au lieu d'un aggrandissement des échelles du rêve et de la réalité, comme il nous est offert dans la pensée d'Aimé Césaire, sous ses formes soviétique, yougoslave, chinoise, vietnamienne, cubaine, la a imposé au monde une parodie sinistre du message évangélique; une caricature carnavalesque de l'état de compassion et de solidarité qui aurait dû féconder la situation affective et morale des individus et des groupes sociaux. Elle s'est essoufflée jusqu'à l'extrême épuisement dans le traitement du petit nombre de vieux conflits qui continuent de torturer le coeur humain: le passage de l'enfance à l'âge adulte, la sexualité, la solitude, la peur du vieillisement et de la mort inéluctables, les énigmes du cosmos, les troubles appels du désir et de l'inquiétude, la disposition des êtres à jouir du mal et à souffrir du bien, et tant d'autres phénomènes mystérieux de la vie que le pouvoir ouvrier préféra traiter en qu'il abandonna aux bas-côtés des routes de l'Histoire.
Soumis au vibrion tragique de son déterminisme aux abois, le système stalinien s'empressa de délester l'envers énigmatique de la vie intérieure des gens pour porter le seul fardeau de son matérialiste règlement de comptes. L'oeuvre entière d'Aimé Césaire, dans ses divers registres, prend acte de l'incapacité du socialisme à faire éclore et prospérer la charge d'une nouvelle civilisation qui eût été en mesure de réussir une percée jamais vue dans la voie de la démocratie grâce à une synthèse du savoir le plus moderne et des grands élans spirituels hérités des religions et des anciennes sagesses dont l'or court en filigrane dans la pâte des cultures de la planète.".

O reducionismo materialista do marxismo em praxis gerou um buraco negro nas almas dos povos africanos, diz o autor, a partir das teses de Aimé. Incapaz de propôr interpretações ou compreensões para questões cujas respostas poderão ser de índole antropológica ou psicanalítica - a morte, o desejo, a incompletude do ser humano - o marxismo em praxis encheu esse vazio com a sua própria teorização auto-eleita como via salvífica para o homem na terra, no presente e no futuro. As almas inquietas continuaram inquietas, à procura de algo que lhes faltava. A inquietude gerou Poetas do transcendente, malditos, como, por exemplo, Ossip Mandelstam, Ana Akhmatova, entre tantos outros, alguns queimados pelo fogo do frio siberiano. O Poeta morreu; lá, como cá. E o buraco negro das almas viria a ser preenchido - aqui concordo com o "Light my Fire" - com o consumismo, com o futebol. A Poesia e a Música não descem à rua todos os dias, para todas as pessoas. Como bem observa "Light my fire", numa sua obra, o marxismo cubano permitiu a vivência e o fortalecimento das práticas religiosas vindas de África o que terá, talvez, conferido ao povo de Cuba, a graça cintilante inexistente noutros países comunistas. Fidel fê-lo por respeito para com a Negritude ou por despeito para com a fé católica? Que respondam os conhecedores da Ilha e de outros regimes comunistas.
Para finalizar deixo uma nota sobre uma inquietação minha: o Estado chinês apropriou-se dos territórios do Tibete mas não esmagou, até ao desaparecimento total, os monges nem os mosteiros.

segunda-feira, abril 21, 2008

My Vote's for Obama (if I could vote) ...by Michael Moore

April 21st, 2008

Friends,

I don't get to vote for President this primary season. I live in Michigan. The party leaders (both here and in D.C.) couldn't get their act together, and thus our votes will not be counted.

So, if you live in Pennsylvania, can you do me a favor? Will you please cast my vote -- and yours -- on Tuesday for Senator Barack Obama?

I haven't spoken publicly 'til now as to who I would vote for, primarily for two reasons: 1) Who cares?; and 2) I (and most people I know) don't give a rat's ass whose name is on the ballot in November, as long as there's a picture of JFK and FDR riding a donkey at the top of the ballot, and the word "Democratic" next to the candidate's name.

Seriously, I know so many people who don't care if the name under the Big "D" is Dancer, Prancer, Clinton or Blitzen. It can be Mickey Mouse, Donald Duck, Barry Obama or the Dalai Lama.

Well, that sounded good last year, but over the past two months, the actions and words of Hillary Clinton have gone from being merely disappointing to downright disgusting. I guess the debate last week was the final straw. I've watched Senator Clinton and her husband play this game of appealing to the worst side of white people, but last Wednesday, when she hurled the name "Farrakhan" out of nowhere, well that's when the silly season came to an early end for me. She said the "F" word to scare white people, pure and simple. Of course, Obama has no connection to Farrakhan. But, according to Senator Clinton, Obama's pastor does -- AND the "church bulletin" once included a Los Angeles Times op-ed from some guy with Hamas! No, not the church bulletin!

This sleazy attempt to smear Obama was brilliantly explained the following night by Stephen Colbert. He pointed out that if Obama is supported by Ted Kennedy, who is Catholic, and the Catholic Church is led by a Pope who was in the Hitler Youth, that can mean only one thing: OBAMA LOVES HITLER!

Yes, Senator Clinton, that's how you sounded. Like you were nuts. Like you were a bigot stoking the fires of stupidity. How sad that I would ever have to write those words about you. You have devoted your life to good causes and good deeds. And now to throw it all away for an office you can't win unless you smear the black man so much that the superdelegates cry "Uncle (Tom)" and give it all to you.

But that can't happen. You cast your die when you voted to start this bloody war. When you did that you were like Moses who lost it for a moment and, because of that, was prohibited from entering the Promised Land.

How sad for a country that wanted to see the first woman elected to the White House. That day will come -- but it won't be you. We'll have to wait for the current Democratic governor of Kansas to run in 2016 (you read it here first!).

There are those who say Obama isn't ready, or he's voted wrong on this or that. But that's looking at the trees and not the forest. What we are witnessing is not just a candidate but a profound, massive public movement for change. My endorsement is more for Obama The Movement than it is for Obama the candidate.

That is not to take anything away from this exceptional man. But what's going on is bigger than him at this point, and that's a good thing for the country. Because, when he wins in November, that Obama Movement is going to have to stay alert and active. Corporate America is not going to give up their hold on our government just because we say so. President Obama is going to need a nation of millions to stand behind him.

I know some of you will say, 'Mike, what have the Democrats done to deserve our vote?' That's a damn good question. In November of '06, the country loudly sent a message that we wanted the war to end. Yet the Democrats have done nothing. So why should we be so eager to line up happily behind them?

I'll tell you why. Because I can't stand one more friggin' minute of this administration and the permanent, irreversible damage it has done to our people and to this world. I'm almost at the point where I don't care if the Democrats don't have a backbone or a kneebone or a thought in their dizzy little heads. Just as long as their name ain't "Bush" and the word "Republican" is not beside theirs on the ballot, then that's good enough for me.

I, like the majority of Americans, have been pummeled senseless for 8 long years. That's why I will join millions of citizens and stagger into the voting booth come November, like a boxer in the 12th round, all bloodied and bruised with one eye swollen shut, looking for the only thing that matters -- that big "D" on the ballot.

Don't get me wrong. I lost my rose-colored glasses a long time ago.

It's foolish to see the Democrats as anything but a nicer version of a party that exists to do the bidding of the corporate elite in this country. Any endorsement of a Democrat must be done with this acknowledgement and a hope that one day we will have a party that'll represent the people first, and laws that allow that party an equal voice.

Finally, I want to say a word about the basic decency I have seen in Mr. Obama. Mrs. Clinton continues to throw the Rev. Wright up in his face as part of her mission to keep stoking the fears of White America. Every time she does this I shout at the TV, "Say it, Obama! Say that when she and her husband were having marital difficulties regarding Monica Lewinsky, who did she and Bill bring to the White House for 'spiritual counseling?' THE REVEREND JEREMIAH WRIGHT!"

But no, Obama won't throw that at her. It wouldn't be right. It wouldn't be decent. She's been through enough hurt. And so he remains silent and takes the mud she throws in his face.

That's why the crowds who come to see him are so large. That's why he'll take us down a more decent path. That's why I would vote for him if Michigan were allowed to have an election.

But the question I keep hearing is... 'can he win? Can he win in November?' In the distance we hear the siren of the death train called the Straight Talk Express. We know it's possible to hear the words "President McCain" on January 20th. We know there are still many Americans who will never vote for a black man. Hillary knows it, too. She's counting on it.

Pennsylvania, the state that gave birth to this great country, has a chance to set things right. It has not had a moment to shine like this since 1787 when our Constitution was written there. In that Constitution, they wrote that a black man or woman was only "three fifths" human. On Tuesday, the good people of Pennsylvania have a chance for redemption.

Yours,
Michael Moore
MichaelMoore.com
MMFlint@aol.com

Ataque e Resposta


Ataque de Clinton:

Resposta de Obama:


LINDO!

Semibreves


D´Os Dias Da Música no CCB: a Música desceu à Rua
É com imenso prazer que tenho assistido à democratização da Música Erudita, de ano para ano, em Portugal. A criação de Orquestras, Conservatórios e Escolas de Música Regionais, o bom funcionamento da Orquestra Metropolitana de Lisboa, a integração da Orquestra Sinfónica do Porto na Casa da Música, o Programa desta, o interesse para com a composição musical portuguesa actual, em muito têm mudado o panorama da música em Portugal.

A gestão inteligente de um orçamento "diminuído", de há 2 anos para cá, aliado ao desenvolvimento institucional da Música em Portugal, acabou por transformar a fantástica Festa da Música do CCB, na qual brilharam, em Festas criteriosamente temáticas, durante anos, as grandes estrelas mundais da interpretação e da direcção, num acontecimento mais quotidiano, no qual, parafraseando Sophia no 25 de Abril, a música desceu à rua. Timidamente, em 2007, conscientemente, em 2008. O nível artístico mantém-se elevadíssimo. A participação de agrupamentos e de solistas portugueses e/ou que escolheram Portugal para o exercício da profissão artística musical parece ter aumentado incontestavelmente.

Nestes Dias, as peças, os Maestros, os Instrumentistas de renome, os Jovens Estudantes de Música, os sub-grupos que fazem música - erudita, jazz, outras; canto, instrumental, orquestral, câmara, etc ... - , os melómanos mais habitués ou menos habitués, as famílias cruzam-se junto dos espaços formais - os palcos - e pelos espaços informais - os corredores onde qualquer pessoa pode fazer música porque os instrumentos estão à disposição, trocam de papéis - o instrumentista do recital das 11h assiste, à paisana e descontraído, com o seu instrumento ao ombro, ao concerto das 13h - descobrem-se, falam, dialogam.

E porque acredito nas afinidades electivas, acabam por encontrar-se, num mesmo recital (de entre tantas opções à disposição do público) velhos amigos e amigas de há décadas com os/as quais nunca se tinha sequer trocado uma palavra sobre gostos musicais. A Música pode ser uma linguagem muito universal.Um momento sublime, para o qual vai a minha subjectivissima preferência de simples melómana: a Sonata para Violoncelo e Piano op.19, em Sol menor, de Serguei Rachmaninov, divinalmente interpretada por Michal Kanka e Miguel Borges Coelho.

Faço votos para que esta literacia - a musical - iniciada com entusiasmo, em Portugal, na última década e meia, de forma constante e apoiada, e capaz de chegar, com imensa qualidade, a uma grande diversidade de pessoas - não seja interrompida por nenhuma epifania extemporânea e poderosa de horrendas personagens como as que se encontram também no CCB, na Galeria da CPS - Cooperativa Portuguesa de Serigrafia - calmamente quietas porque gravadas por Dali, numa ilustração d´O Inferno de Dante. A ver, também. Um Inferno Inquietante por onde passam Os Irados, Os Violentos, Os Ardilosos, os Usurários, os Hipócritas. Junto ao Inferno, está um Limbo, onde podemos encontrar "Almas Boas Ignorantes da Fé".

O Purgatório e o Paraíso de Dali para Dante encontram-se expostos por outras paragens da CPS, respectivamente em São Bento e nas Twin Towers. A escolha dos locais para exposição de cada um dos temas é, creio, da exclusiva responsabilidade do CPS.

Nota: a Orquestra e o Departamento de Música daFundação Calouste Gulbenkian, bem como a Orquestra Sinfónica Portuguesa, entre outras têm, desde sempre, desenvolvido actividades relevantes no âmbito da música. Neste pequeno texto referimos apenas aquilo que de novo, institucionalmente, tem surgido em Portugal.

Efeitos da Revolução de Abril na literatura portuguesa

Efeitos da Revolução de Abril na literatura portuguesa
Três décadas depois do 25 de Abril vale a pena voltar a perguntar que marcas deixou a Revolução na literatura portuguesa. É esse o debate a fazer na próxima edição dos Livros em Desassossego. Na mesa vão estar a professora universitária Maria Alzira Seixo e os escritores Rui Zink e Fernando Dacosta. O painel fica completo com a presença do editor Manuel Alberto Valente, que se demitiu recentemente da Asa e vem falar de três livros recentes que gostaria de ter podido editar, e do escritor Domingos Amaral, que fará a primeira apresentação de Já Ninguém Morre de Amor, o novo romance que publicará em Maio. A próxima edição dos Livros em Desassossego acontece como habitualmente na última quinta-feira de Abril, dia 24, pelas 21.30, na Casa Fernando Pessoa. Carlos Vaz Marques modera. A entrada é livre.

desenho de Elizabeth Perkins
Casa Fernando Pessoa
Câmara Municipal de Lisboa
Rua Coelho da Rocha, nº 161250-088 - Lisboa Portugal
Telf: + 351 21 391 32 75

sábado, abril 19, 2008

Just Words?

(Este era um post que estava para escrever há muito tempo. Já se conta, aliás, por meses este atraso. Pertence à categoria de resposta/manutenção de debate com o Carlos sobre as presidenciais americanas. Resposta porque tem a ver com as segundas preferências de cada um, manutenção do debate porque é disso que se trata)

No ultimo post sobre a matéria, eu disse a determinada altura que “ando para escrever sobre aquilo que eu considero a principal força de
Obama, que é algo que eu procuro preferencialmente (irónico, não?) num político. Mas estou a ‘escudar-me’ na indefinição democrata para adiar o texto

Pois chegou a altura de falar dessa força. E essa é, como é fácil perceber…

o Carisma

Quando eu ouço Obama discursar, principalmente naqueles momentos em que tal é MESMO necessário (seja para empolar ou para responder a algo), Obama inspira qualquer um. Acho que isso é perfeitamente perceptível e aceitável mesmo para aqueles que não conseguem suportar nada das suas ideias políticas. O seu timbre, a sua presença, “obrigam” qualquer um a virar a cara para ele, nem que seja para lhe chamar nomes. E isso torna-se essencial quando queremos fazer passar uma mensagem.

Depois vem a questão da tarefa. E embora o poder do presidente americano seja imenso, tornando-se comum ser chamado de “o homem mais poderoso do planeta”, esse poder advém de, principalmente, duas situações: i) o poder bélico americano e ii) o poder de influência.

Ora, se para o primeiro, “basta” ser eleito, já o segundo pode ser tremendamente aumentado devido ao carisma do personagem em questão. Numa altura como a que vivemos, e sendo os EUA o motor económico do mundo, torna-se premente que quem vá habitar a Casa Branca após o próximo dia 20 de Janeiro seja alguém que “nos” consiga fazer dar aquele extra para que a economia mundial retome o crescimento em vez de se manter na recessão que se encontra. E para isso, a acompanhar bons planos económicos, tem de estar a prosa de quem lidera. E é aí que entramos n’…

os Discursos – just words?

E essa questão leva-nos até às críticas que foram em tempos muito veiculadas por toda a gente que não era Obamaniacs, mas que na verdade foi para mim um grande tiro no pé.

Os discursos de Obama são a sua principal arma. E é essa a arma que ele irá também usar para a recuperação económica. Mas não é por acaso que ele diz que irá basear a sua política externa no diálogo. Além de marcar uma clara diferença para a actual administração, penso que Obama conta com o poder da sua voz para persuadir outros a chegarem a compromissos. É claro que para tal terá de haver cedências de parte a parte, mas isso é o jogo a jogar.

A questão que se põe é se isso será suficiente com grupos terroristas. Claro que não é! Mas pode muito bem ser a diferença entre ter nações a apoiar grupos terroristas e nações que não o façam (bem, pelo menos diminuir o número de nações que o façam)

Em suma, é por esse carisma e por essa inspiração que eu disse, em tempos, que se tivesse do lado de lá do norte atlântico provavelmente estaria a colaborar activamente na campanha de Obama. E é certamente por isso que ele está a arrasar nos caucases.

Yes, they can... ?

A explicação

Luís Filipe Menezes tem razão quando diz que os críticos têm de avançar e sair de uma vez por todas da posição de barões do partido (ou então tornem-se comentadores como Marcelo e Pacheco Pereira).
Mas Menezes também deveria explicar o real porquê de tomar a atitude que tomou, seis meses depois de ter sido eleito. Independentemente de ter (ou não) razão na questão das críticas dos barões a quem foi eleito pelas bases, essas mesmas bases deveriam exigir uma justificação plausível, e não a vitimização a que estamos a assistir.

Eis A Questão. E Dez Perguntas.




ONU: 100 mil crianças poderão ficar sem apoio alimentar. As Nações Unidas alertaram o Mundo para as consequências trágicas da iminente retirada de ajuda a 100 mil crianças caso o Programa Mundial de Alimentos (PMA) da ONU não receba mais 500 milhões de euros para combater o aumento dos preços dos alimentos, noticia o jornal espanhol El País. O pedido de 500 milhões de euros, feito pelo PMA, em Março, aos países doadores, para a manutenção dos projectos, tornou-se insuficiente para fazer face às últimas subidas do preço dos alimentos. Numa intervenção no Centro de Estudos Internacionais e Estratégicos, em Washington, a directora do PMA, Josette Sheeran, explicou que, devido ao aumento do preço do arroz (75 por cento em dois meses) e do trigo (120 por cento num ano), o Programa Mundial de Alimentos comprou menos 40 por cento dos alimentos necessários. Segundo Sheeran, a escalada dos preços deve-se à subida do valor do petróleo que encarece os fertilizantes e os custos dos transportes, ao «boom» dos biocombustíveis e às alterações climáticas que causam inundações e secas. Em África «muitos agricultores estão a plantar menos porque não podem pagar os fertilizantes». Josetee Sheeran teceu críticas ao controlo dos preços em países como a Argentina, Vietname e China que, afirmou, «não alimentam quem tem fome, mas alimentam a crise», pois essas medidas podem desincentivar o cultivo de terras e agravar os problemas no resto do mundo. Para impedir a subida dos preços, a directora do PMA defendeu que, em vez de «medidas generalizadas», os países deveriam dar ajudas efectivas aos pobres como acontece na Etiópia (o Estado subsidia o trigo), no México e na Indonésia. A ONU dá ajuda a 73 milhões de pobres de 80 países.
Retirado do Diário Digital / Lusa, 19 de Abril de 2008; resumido por V.S. Eis a questão. E as minhas perguntas, de mulher ocidental:



1. Trata-se de uma nova questão?
2. Quem são os agentes desta questão?
3. Há grandes blocos de países que se encontram, no séc.XXI, em campos antagónicos perante as novas questões e o interesse em solucioná-las?
4. Há um eixo do Bem e um eixo do Mal? Qualquer deles facilmente identificável? Categorizados de uma vez por todas?
5. Os interesses do capital comandam o mundo deixando zero graus de liberdade à intervenção política, cívica ou outra?
6. Por que países passam esses interesses e a defesa dos mesmos? USA, China e outros? Ou China, USA e outros? China e USA e outros? USA e China e outros?
7. Como articular o todo com as partes, isto é, o interesse de cada bloco (blocos de países, blocos económicos, outros blocos) com um interesse global, universal, de solidariedade?
8. Que instituições têm de ser criadas para a defesa de interesses globais?
9. Que modelo terão de apresentar tais instituições para serem eficazes e jamais totalitárias?
10. Como regular interesses privados e globalizados, dirigidos por poderes difusos, dificilmente identificáveis porque "anónimos" e deslizantes?



Ficam as perguntas, com a esperança de reflexão a partir delas. Se as perguntas estiverem erradas ou incorrectamente formuladas, que sejam reescritas. O meu primeiro convite à reflexão, ao diálogo, ao debate, vai para os meus três amigos e camaradas deste blog.

A visitar...

Centro de Exposições de Odivelas


O Centro de cultura e exposições faz este mês o seu primeiro aniversário. Espaço multi cultural, com salas para vários ateliers e oficinas, salas de exposições, bar, onde poderemos assistir a concertos de jazz, tertúlias... Enfim, finalmente algo inovador e interessante a juntar ao espólio da cultura Odivelense...

Câmara de Odivelas.

sexta-feira, abril 18, 2008

A ler


(ainda) sobre a visita de Cavaco à Madeira:



Sobre a crise do PSD:

A Morte de um Poeta, Aimé Césaire.

A crioulidade em movimento marítimo


Poeta da Negritude, Aimé Césaire é natural da Martinica. Morre aos 94 anos. Tal como se despediu de Paul Valéry, Victor Hugo e Colette, a França (territórios ultramarinos incluídos - os DOM TOM) despede-se de Césaire com Funerais Nacionais. Paris presta-lhe homenagens na Sorbonne, onde Aimé estudou e marcou a Academia, nos anos 40. Césaire foi apoiante de Ségolène Royale nas eleições presidenciais francesas de 2007.

Um resumo do texto integral, De René Despestre, a consultar através de link:
La négritude qui en Haïti se mit debout pour la première fois [avec Toussaint Louverture (1791-1804) lors de l'insurrection victorieuse des Noirs de Saint-Domingue] continue d'échouer dans la mission de forger un Etat de droit, une société civile, une légitimité favorable à l'épanouissement d'une nation moderne digne de l'héritage louverturien. A travers la métaphore élisabéthaine que lui inspira le sort des Haïtiens, c'est la tragédie générale des révolutions du siècle qu'Aimé Césaire devait analyser de façon magistrale. Il lançait un cri d'alarme en direction des chefs africains de mouvements de libération: Sékou Touré, Modibo Keita, Ben Bella, Cabral, Patrice Lumumba. Au-delà de l'Afrique combattante, l'avertissement de Césaire pouvait aussi être utile aux entreprises révolutionnaires conduites à la Mao, Ho Chi Minh, Che Guevara, Fidel Castro. Plus au-delà encore des soulèvements, la parole prophétique de Césaire, à travers l'évocation d'un royaume noir des Caraïbes de 1820, préfigurait les naufrages contemporains des Staline, Ceausescu, Honecker, et tant d'autres despotes qui, sans daigner regarder aux principes de la démocratie, se sont, toute honte bue, livrés au plus terroriste détournement de rêve et d'espérance d'émancipation que connaisse l'histoire de l'humanité. [...]
De même, dès 1956, soit trente-trois ans avant l'effondrement du mur de Berlin, Aimé Césaire comprit qu'on n'avait rien de bon à attendre de l'URSS et du mouvement communiste internationale. Les pouvoirs, prétendument prolétariens, avaient accomodé à des réalités nouvelles les pires traditions du despotisme. A Moscou, Prague, Budapest, Varsovie, Bucarest, Tirana, (avant que la contagion totalitaire ne s'étende à Pékin, Hanoï, La Havane), ce que l'on entendait par n'était autre qu'un processus récurrent d'intériorisation des formes historiques les plus barbares d'assujettissement des peuples à la tyrannie d'un homme ou d'un Parti. Aux yeux de Césaire le communisme.
La rupture d'Aimé Césaire avec le PCF lui fournit l'occasion de rappeler à Moscou, comme au stalinisme à la française, que "la question coloniale ne peut être traitée comme une partie d'un ensemble plus important, une partie sur laquelle d'autres pourront transiger ou passer tel compromis qu'il leur semblera, eu égard à une situation générale qu'ils auront seuls à apprécier".
S'il fallait célébrer en Aimé Césaire, en compagnie de ses frères de Léopold Sedar Senghor, Léon Damas, Alioune Diop, je dirais que leur éclatant mérite -- et celui de la revue Présence Africaine qui fut longtemps leur tribune -- est d'avoir maintenu l'anthropologie de la négritude dans une perspective seulement esthétique et morale. C'est d'avoir évité de l'ériger en idéologie d'Etat ou en opération politique à caractère messianique. Leur sagesse à l'africaine aura permis à tous ceux qui se reconnaissaient dans leur parole de faire l'économie des horreurs du pan-négrisme totalitaire à la Papa Doc Duvalier. On doit leur être reconnaissant de n'avoir pas profité de leur influence en Afrique et aux Antilles pour ouvrir avec la négritude une école écumante de haine: église de combat, mosquée armée jusqu'aux dents, temple vaudou (houmfor) où officierait l'oecuménisme terrifiant des tontons-macoutes de l'infamie universelle. [...]
J'invite [..] à célébrer avec moi la violence de l'esprit d'enfance et du merveilleux, la violence de l'innocence et de la vérité. En effet, Césaire rejoint fraternellement le courant principal de la culture mondiale, quand son embrasement de poète fait à tout être humain le don généreux de la paix. C'est pourquoi il serait absolument vain de faire à Aimé Césaire un procès pour crime de lèse-créolité sous le prétexte que sa force d'émerveillement nous parvient dans une langue française de rêve. Césaire n'est-il pas la créolité plus le sens du sacré ? La créolité plus le drame historique des peuples noirs ?
La créolité plus Arthur Rimbaud, Guillaume Apollinaire, André Breton, Paul Claudel; enfin la créolité en mouvement marin dans la qui, selon Charles Baudelaire, soulève les grands états de poésie et de miséricorde avec à la fois le malheur et la beauté qu'il y a dans le monde! A l'heure des mutations d'identité qui accompagnent la civilisation planétaire, le Commonwealth à la française qu'on finira par édifier existe déjà dans l'oeuvre du poète souverain de la Martinique qui vivifie le soir d'une tendresse enceinte de son étoile du petit matin.
Auteur : René Depestre,
vendredi 11 avril 2008

Rei morto, Rei posto.

Rei morto, Rei posto.
Por toda a blogosfera pulala opinião sobre o assunto. Meneses sai e não se recandidata. Só condiciona, desafiando os criticos a avançarem e a se apresentarem. Decerto terá lido em algum lugar que a eleição de 2009 estaria perdida. Nesse cenário o melhor seria sair já e (re)conquistar o partido depois, reeleito em Gaia, para um mandato de 4 anos. Entretanto irá queimar algumas figuras e colocar-se a ele como «reserva» moral e eleitoral para 2013 (ou antes...).
Não pensem que Meneses atirou a toalha. Ele sabe do que fala, quando refere o poder das bases; e não se esqueçam que já sobreviveu a uma saida em lágrimas de um Congresso do PSD... (e a ideia nem é má, especialmente se o PS ganhar sem maioria absoluta - condição imprescendivel na estratégia de Meneses).
Há é um problema: é que as (poucas) tropas de elite de apoio nacional que Meneses tinha (Fernando Seara, Zita Seabra, etc) desaparecem imediatamente, sem certeza de serem recuperáveis. Meneses ficará com Gaia, com votos e com...Ribau.
Em breve analisaremos os abutres que, se antes gravitavam, agora parecem poisar. De um já tinhamos falado: Pedro Passos Coelho. Do outro, Aguiar Branco, não. Ainda assim, parecem-me pesos-não-tão-pesados-como-poderiam-ser, como Rui Rio ou mesmo Santana.
[tema a regressar]

quinta-feira, abril 17, 2008

Muito à frente

Nova ministra da Defesa espanhola, Carme Chacon, em revista às tropas. Mulher, grávida e catalã.

(imagem e info via Arrastão)

Benfica x Sporting

Sabem que sou benfiquista. Ferrenho. Tão ferrenho que nem vi o jogo, ontem.

Foi do que mais que doeu, futebolisticamente falando, dos últimos anos. Não porque tenha sido uma granda joga, ou porque tenhamos estado 45 minutos em campo (pelo que li hoje). Doeu porque estive no Doutoramento Honoris Causi do Gilberto Gil (agora Doutor Gilberto Gil) na Universidade Lusófona.

Ora o mesmo desenrolou-se entre a 20h e as 22.20h, ou seja todo o período do encontro; e o pior mesmo foi que fui de metro para a Universidade, ali para o Campo Grande e encontrei uns amigos que esses sim, iam ao Estádio. Ainda ouvi o 2-0 cá fora (estava ao telefone), e foi quando o Gilberto começou a cantar que o descalabro começou. Coincidência estranha, diria. À saída, tentar apanhar um táxi no meio das buzinadelas foi um acrescento ao tormento.

Fui a Alvalade, mas não fui à bola.

Sobre o jogo, nem sei que o queria ter visto, e ficar eufórico no 2-0 (e depois...); ou se não preferi ouvir o novo Doutor...
Entretanto, e para mostrar bom perder,e apesar ser eu o gozado, deixo esta mensagem de email que recebi hoje (está demasiado boa para deixar passar):

Muitos Clientes MEO querem devolver o equipamento:
Ontem quiseram parar o jogo por varias vezes mas o equipamento não respondeu…

Que venha então esse Campeonato da Europa (e o playoff da NBA, e o Estoril Open, e o Wrestling...).

Boas notícias do outro lado do Atlântico Norte

Don Carlos Infante de Espanha



A peça, em cena na Cornucópia, é de Schiller. Faz pensar sobre a génese, dolorosa, das noções de indivíduo e de livre pensador que procura a Luz. A pena do escritor do Romantismo Alemão do séc. XVIII desenha a figura de um homem grande e aristocrata, Posa, lutador da Causa da Humanidade, inspirada pelo luteranismo e pelos caminhos de emancipação individual possibilitados por esta ética, por oposição à ética católica, apostólica, romana, inquisitorial e cega, íntima do poder temporal. Em palco, a luta, situada num tempo histórico anterior ao séc. XVIII, entre a força das Espanhas de Filipe II (filho de Carlos V) e os movimentos da Reforma, localizados nos Países Baixos, no centro de uma Europa em ebulição de ideias e de mudanças.

Os sacrificados desta visão Romântica da mudança social, do Bem e do Mal, serão o o Herói Romântico - Posa - o Amor idealmente pleno mas não realizado (estes intelectuais românticos alemães preferiam noivar eternamente, colocando a Mulher num pedestal, a viver a carne e o corpo, o quotidiano, as dores, os partos ...), as Mulheres que ousam pisar o risco traçado pelas regras impostas por Filipe II e, acima dele, pela Inquisição. Os vencedores? O passo dado pela Humanidade, no sentido da liberdade de pensamento.

quarta-feira, abril 16, 2008

terça-feira, abril 15, 2008

Adriana Calcanhoto

Musica

Recente descoberta musical portuguesa - Rita Readshoes. Aqui com David Fonseca.


porque neste blogue se tem falado muito de futebol...

Divulgação / Convite

Feira do Livro Anarquista
Lisboa – 23, 24 e 25 de Maio de 2008

Nos dias 23, 24 e 25 de Maio de 2008, por iniciativa de diversos colectivos e indivíduos libertários, vai realizar-se em Lisboa a Feira do Livro Anarquista, a decorrer no Grupo Desportivo da Mouraria.

Pretendemos com a organização deste evento criar um espaço para a exposição e debate das ideias e lutas libertárias, assim como para o convívio e fortalecimento de laços entre pessoas que partilham uma visão anti-autoritária do mundo.

A Feira proporcionará, para além das bancas de livros e outras publicações, um programa de actividades diversas, que poderão ser debates, workshops, sessões de cinema, performances e o que mais a imaginação e a vontade d@s participantes propuserem.

Apelamos à participação neste evento de tod@s @s interessad@s, através da sua presença com bancas de informação, livros e outras publicações ou com propostas de actividades que queiram promover durante a Feira.

@s interessad@s em participar devem confirmar a presença da sua banca ou propor actividades até dia 20 de Abril de 2008. Podem fazê-lo para os seguintes contactos:

E-mail: feiradolivroanarquista@gmail.com

Endereço postal: Apartado 40 / 2801-801 Almada / Portugal

Para mais informação consultar o blogue da Feira do Livro Anarquista:
http//www.feiradolivroanarquista.blogspot.com

Divulgação / Convite

Uma Palestra por João da Mata

Palestra esta semana no ISPA - Instituto Superior de Psicologia Aplicada, nesta quarta-feria dia 16 de maio, as 8:45hr (AM)
Tema: De S. Freud a W. Reich - a Psicologia de Corpo e Política (entrada livre)
Local: ISPA - Auditório 1
Fica perto do M. Santa Apolólia, em S. Apolónia

Semibreves


Semibreve


Dois poemas de amor e corpo escritos por duas mulheres.


O LIVRO DOS AMANTES

Harmonioso vulto que em mim se dilui.
Tu és o poema.
e és a origem donde ele flui.
Intuito de ter. Intuito de amor
não compreendido.
Fica assim amor.
Fica assim intuito.
Prometido.


Natália Correia, Poemas, 1955





POEMA AO DESEJO

Empurra a tua espada
no meu ventre
enterra-a devagar até ao cimo

que eu sinta de ti a queimadura
e a tua mordedura nos meus rins

deixa depois que a tua boca
desça
e me contorne as pernas de doçura

Ó meu amor a tua língua
prende
aquilo que desprende da loucura


Maria Teresa Horta, Minha Senhora de Mim, 1971

segunda-feira, abril 14, 2008

Fim de Semana.


Grande filme. Estranho que as minhas memórias de adolescente sejam bem pós Ian Curtis, e no entanto, lembro-me bem de o ouvir, com os Smiths e os Cure. É das mais nítidas impressões musicais que tenho, e sei hoje que tinha apenas 6 anos quando Ian se enforcou (1980).
Deve de ter sido a meios dos anos 80 que inscrevi essas memórias, enquanto chamava nomes ao «were the streets have no name» dos U2 (que se tinham vendido à America) e dançava ao som dos New Order, dos Pogues ou Radio Macau.
Impressionante saber que o Ian Curtis se matou com apenas 23 anos.
[vejam mais sobre os Joy Division aqui e aqui].

Fim de Semana

Love Will Tear Us Apart

When routine bites hard
And ambitions are low
And resentment rides high
But emotions won't grow
And we're changing our ways, taking different roads
Then love, love will tears us apart again
Love, love will tears us apart again

Why is the bedroom so cold
You've turned away on your side
Is my timing that flawed?
Our respect run so dry
Yet there's still this appeal that we've kept through our lives
But love, love will tears us apart again
Love, love will tear us apart again

You cry out in your sleep
All my failings exposed
And there's a taste in my mouth
As desperation takes hold
Just that something so good just can't function no more
But love, love will tear us apart again
Love, love will tear us apart again (3)


Fim de Semana

domingo, abril 13, 2008

World Press Cartoons

Rui Veloso e Pedro Tochas vão animar a cerimónia da entrega de prémios do WPC Sintra 2008, que tem lugar no Centro Cultural Olga Cadaval, em Sintra, no dia 11 de Abril de 2008. Boa música e bom humor são, portanto, coisa certa para os convidados da grande festa anual do cartoon em Portugal. A Exposição WPC Sintra 2008 abrirá ao público no dia seguinte, 12 de Abril, pelo período de 5 semanas. Seguem-se exposições nos Casinos Estoril e Lisboa, com uma selecção dos melhores trabalhos a concurso.

sábado, abril 12, 2008

Estudantes dão lição histórica na Luz

Como poderíamos evitar este clássico?

Desde 1954, ou seja 54 anos depois, a Académica venceu na Luz.

E dizem que não existem números mágicos...

Ele há dias assim

Obrigado Chalana!

Por nos fazeres recordar que o Paulo Bento não é assim tão mau treinador.

Gostos não se discutem...

Já vos disse que não ligo muito ao futebol???

Eu gosto mesmo é de Wrestling...

Dia da Águia (III)

Encantem-se com a forma matreira como Nelson permite que o seu colega de profissão avance sem oposição, dando origem a que Katsuranis recue estrategicamente até à baliza, onde ele e mais dois membros da sua equipa se impõem perante o seu colega de profissão que tem a bola, fazendo com que através dum ressalto outro colega de profissão se isole frente à baliza em posição frontal para marcar golo.

Dia da Águia (II)

Deliciem-se com a forma como Nuno Gomes, utilizando o seu poderio físico, coloca o seu colega de profissão em posição para marcar o golo.

Dia da Águia (I)

Observem o passe magnífico de Luisão, que isola o seu colega de profissão frente ao guarda-redes.

Ontem foi um dia especial

Ontem foi o Dia da Águia.

Da Águia coberta de negro.

Obrigado Benfica!

Quando os sportinguistas estavam em baixo e a pensar como poderíamos chegar ao segundo lugar, vocês vieram demonstrar que ainda temos hipótese.

Obrigado Benfica!

Obrigado pelos vossos pontos.

Os sportinguistas agradecem.

sexta-feira, abril 11, 2008

A Ler...

por Fernanda Câncio, no 5 Dias e no DN

Violência


(clique na imagem para a aumentar)

Correio dos leitores


Dear friends,

Zimbabwe is on a knife's edge between democracy and chaos. Results still have not been released from the 29 March elections--and each day, more signals emerge that Mugabe will resort to violence and fraud to hold on to power.


Mugabe is unlikely to listen to the world's outcry--but he might listen to his old friend and powerful neighbour Thabo Mbeki, president of South Africa. Click below to add your name to a petition calling for the results to be released, verified, and peacefully honored, and we will do all we can to deliver it to Mbeki--through diplomatic channels, over the radio, and in a public event when Mbeki travels to New York for a United Nations meeting next week.


The more of us sign the petition, the powerful the message that South Africa's reputation as a world leader is on the line. Click here to add your name, and then forward this email to friends and family.


South African president Thabo Mbeki said on Monday that "it's time to wait" on Zimbabwe. But the more time passes, the greater the danger grows that the will of Zimbabwe's people will be ignored. Avaaz launched this petition earlier in the week to its African members, and thousands signed on; now, we need people around the world to add their voices in solidarity and take the pressure to the next level.


In a crisis like this, a petition is just a small step--but it's something all of us can do, to raise our voices and call for what's right. And as history shows, international solidarity can be a powerful thing.


With hope,


Ben, Graziela, Ricken, Galit, Paul, Iain, Pascal, Milena, and Esra'a--the Avaaz.org teamPS:



Here's what to expect this week:
On Saturday, leaders of the Southern Africa Development Community will gather in Lusaka, Zambia to discuss the crisis. We're working to buy radio time to reach these regional leaders with Avaaz members' global message.

On Monday, the Zimbabwe high court has promised to decide whether to release of the voting results. But a lawyer for the Zimbabwe Electoral Commission said Wednesday that it would be "dangerous" if the court did order the release, raising fears of violence.

South Africa is chairing the United Nations Security Council this month, and Mbeki will be joined by other world leaders for a special meeting in New York on Wednesday. Expect Zimbabwe to be high on the agenda.

Correio dos leitores

Recebido do António Brotas:
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8 de Abril de 2008

No programa “Prós e Contras” emitido ontem pela RTP, a jornalista Fátima Campos Ferreira não fez uma única vez a pergunta: “E o TGV vindo do Norte, como irá entrar em Lisboa?” ( Ou, para sermos mais precisos : “ qual será o trajecto da futura linha de bitola europeia de Lisboa ao Porto, em que circularão diversos comboios entre eles TGV, e que será a mais importante linha ferroviária portuguesa?)

Enquanto esta pergunta não for feita o debate sobre a travessia ferroviária do Tejo será sempre um debate mutilado.

Assistimos, ontem, a um confronto em que foram apresentadas as vantagens e, sobretudo os inconvenientes, de duas soluções que o LNEC foi encarregado de comparar, mas ainda sem o encargo de as relacionar com a futura rede ferroviária a Norte do Tejo.

Estamos a ser um país ao contrário, que primeiro discute as pontes e depois os trajectos ferroviários.

Do debate de ontem, os 9 milhões de portugueses que vivem fora de Lisboa e da península de Setubal ( e que terão alguma dificuldade em distinguir o Barreiro do Montijo) só podem ter retirado, que os problemas estão ainda muito insuficientemente estudados, que os custos podem ser gigantescos, e que os interesses gerais do país não estarão a ser devidamente equacionados e ponderados.

Estes interesses exigem que se procurem soluções que não obriguem a um grande dispêndio de verbas na região de Lisboa, e permitam construir com o melhor trajecto possivel a futura linha de bitola europeia de Lisboa para o Porto.

As soluções ontem apresentadas não são únicas.

A solução que apresentei na Sociedade de Geografia de Lisboa, em 13 de Março (cujo resumo envio em anexo) e a solução bastante semelhante apresentada pelo Engenheiro Luis Cabral da Silva no LNEC, no encontro de 12 de Fevereiro, no caso de serem possiveis, e penso que o são, são mais faceis de construir, têm custos inferiores, talvez metade do das ontem referidas, e permitem-nos construir uma futura rede ferroviária bastante mais condizente com os interesses globais do País.

O mínimo que se pede é que sejam consideradas e estudadas.

Têm, sobre este assunto, uma palavra a dizer os movimentos ecologistas que se devem, desde o início, debruçar sobre o problema para dizer qual, de todas as soluções possiveis, acham preferivel.

António Brotas

Professor Jubilado do IST

Entretanto, e sobre o mesmo tema, vejam aqui a entrevista com a Ana Paula Vitorino, Secretária de Estado dos Transportes, sobre o tema.
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Sobre a entrevista, recebemos a seguinte intervenção, uma vez mais do António Brotas:
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Na entrevista da Senhora Secretária de Estado dos Transportes publicada no Correio da Manhâ do passado domingo há a informação muitíssimo importante de ir ser lançado, em Junho, o primeiro concurso para construção do troço de Caia ao Poceirão da futura linha de Lisboa a Madrid. Com este troço as nossas mercadorias poderão circular por via ferroviária para toda a Europa. Mas nada é dito sobre como entrarão em Lisboa os comboios da futura linha de Lisboa ao Porto de bitola europeia, que será a mais importante linha ferroviária portuguesa e por onde circularão, além de outros, comboios TGV . Sem esta questão estar esclarecida todas as decisões sobre a travessia ferroviária do Tejo são prematuras. Pensa, ainda, a Secretaria de Estado que esta futura linha deve seguir pelo vale do Trancão? Convinha que os técnicos e jornalistas portugueses se interessassem por este assunto, começando por olhar a carta topográfica 1/50.000 e percorrendo o trajecto, se possivel.

António Brotas

Correio dos leitores

Neste post da Vera tinhamos detectado que tinha sido apagado um comentário. Eu, sinceramente, nem o tinha lido, e achei estranho ao facto. Este blogue, geralmente, não se presta a esses serviços (a não ser em campanhas eleitorais, o que não é o caso). A Vera comentou esse facto, em e-mail privado, onde relatava a publicação de um poema do Luís Pignatelli (que desconhecia).
Entretanto, a verificar a caixa de correio do blogue deparei-me com isto:
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Lamento a minha eventual azelhice que terá feito desaparecer os comentários que aqui havia deixado, alguns dias atrás. Naturalmente, não foi um acto deliberado, nem tal faria qualquer sentido. Ainda assim, e na impossibilidade de reescrever tudo, aqui deixo o fundamental desses comentários - justamente o poema de Luís Pignatelli - com as minhas desculpas aos autores do blog e aos leitores:
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Não é fácil o amor melhor seria
Arrancar um braço fazê-lo voar
Dar a volta ao mundo abraçar
Todo o mundo fazer da alegria
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O pão nosso de cada dia não copiar
Os gestos do amor matar a melancolia
Que há no amor querer a vontade fria
Ser cego surdo mudo não sujeitar
.
O amor ao destino de cada um não ter
Destino nenhum ser a própria imagem
Do amor pôr o coração ao largo não sofrer
.
Os males do amor não vacilar ter a coragem
De enfrentar a razão de ser da própria dor
Porque o amor é triste não é fácil o amor
.
Mafarrico
.
Está explicado o mistério, e reposta a intenção.

quinta-feira, abril 10, 2008

E agora Paulo Bento?

Se não ganharmos a Taça de Portugal, algo de muito provável porque temos Benfica, e Porto ou Setúbal como adversários.

Se não ficarmos em segundo lugar no campeonato, algo de muito provável porque temos Benfica e Guimarães à nossa frente e o Setúbal nos nossos calcanhares.

Como é que é, Paulo Bento?

Vais-te embora?

E o Soares Franco?

Vai contigo?

E agora Sporting?

Palavras para quê?

No jogo da 1ª mão em Glasgow poderíamos ter facilmente dado uma goleada estrondosa, porque os tipos jogavam pior que os solteiros e casados.

Em Alvalade, eles ganham-nos por 2-0!

Semibreves


Semibreve 2


Haverá fatos e trabalho? Que grupos sociais os usam e o que significa o seu uso? São questões que mereceriam um estudo.

Se pensarmos rápido, lembramo-nos da bata branca do médico (por contraposição às batas não brancas do pessoal de saúde, não-médico; cf. Tese de Mestrado, ISCTE, João Areosa) e do fato escuro dos músicos de orquestra. A bata branca do médico invoca um estatuto alto, de alguém que tem a vida e a morte nas mãos. O fato escuro dos instrumentistas aponta para a “unicidade” da orquestra, isto é, a orquestra como um quase-instrumento, que faz música e silêncios sob a batuta do maestro: todos de preto, todos (quase) iguais. Quase porque há solistas, há o 1º violino, há os concertinos, etc. De qualquer modo, um grupo de músicos o que faz é com-certare, isto é, música em conjunto. A ideia de totalidade é predominante.

Temos ainda togas, batinas, becas, altamente distintivas (Bourdieu) de classes sociais superiores, magistrados, padres, doutores, estudantes (neste caso, a tradição foi inventada recentemente, exceptuando Coimbra, aquando da democratização do ensino superior).

E temos modos de vestir que, não se constituindo como norma impositiva, quase o são. Cada vez mais, os trabalhadores da Banca usam um quase uniforme, escuro, de duas peças, independentemente do sexo. A Banca ganhou uma importância exorbitante, nos nossos tempos. O preto da roupa envergada quererá apontar para essa importância, situando estes profissionais na linha dos profissionais intelectuais – magistrados e doutores?

E há uniformes de empresas usado por trabalhadores precários. São precários mas têm de usar a camisola da Mac Donald´s. Um paradoxo? E há inúmeras regras mais ou menos subtis impostas por empresas para com o “seu” pessoal precário, sbretudo feminino: não usar T-shirts que deixem ver o umbigo, usar saltos altos, etc. Como se pode pedir que alguém vista uma camisola de uma empresa, dizendo-lhe, à partida e claramente, que nunca integrará o staff da empresa?

Na década de 70, as mulheres não podiam envergar calças em certos locais de trabalho. No entanto, usavam. O isqueiro era proibido e, no entanto, todos usávamos. E em 74 começou, para as mulheres, a moda das “socas” que levávamos para os nossos locais de trabalho. As regras do capitalismo serão mais determinantes das liberdades individuais do que as regras do fascismo pré-capitalista?
Vera Santana

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