sexta-feira, abril 11, 2008

Correio dos leitores

Recebido do António Brotas:
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8 de Abril de 2008

No programa “Prós e Contras” emitido ontem pela RTP, a jornalista Fátima Campos Ferreira não fez uma única vez a pergunta: “E o TGV vindo do Norte, como irá entrar em Lisboa?” ( Ou, para sermos mais precisos : “ qual será o trajecto da futura linha de bitola europeia de Lisboa ao Porto, em que circularão diversos comboios entre eles TGV, e que será a mais importante linha ferroviária portuguesa?)

Enquanto esta pergunta não for feita o debate sobre a travessia ferroviária do Tejo será sempre um debate mutilado.

Assistimos, ontem, a um confronto em que foram apresentadas as vantagens e, sobretudo os inconvenientes, de duas soluções que o LNEC foi encarregado de comparar, mas ainda sem o encargo de as relacionar com a futura rede ferroviária a Norte do Tejo.

Estamos a ser um país ao contrário, que primeiro discute as pontes e depois os trajectos ferroviários.

Do debate de ontem, os 9 milhões de portugueses que vivem fora de Lisboa e da península de Setubal ( e que terão alguma dificuldade em distinguir o Barreiro do Montijo) só podem ter retirado, que os problemas estão ainda muito insuficientemente estudados, que os custos podem ser gigantescos, e que os interesses gerais do país não estarão a ser devidamente equacionados e ponderados.

Estes interesses exigem que se procurem soluções que não obriguem a um grande dispêndio de verbas na região de Lisboa, e permitam construir com o melhor trajecto possivel a futura linha de bitola europeia de Lisboa para o Porto.

As soluções ontem apresentadas não são únicas.

A solução que apresentei na Sociedade de Geografia de Lisboa, em 13 de Março (cujo resumo envio em anexo) e a solução bastante semelhante apresentada pelo Engenheiro Luis Cabral da Silva no LNEC, no encontro de 12 de Fevereiro, no caso de serem possiveis, e penso que o são, são mais faceis de construir, têm custos inferiores, talvez metade do das ontem referidas, e permitem-nos construir uma futura rede ferroviária bastante mais condizente com os interesses globais do País.

O mínimo que se pede é que sejam consideradas e estudadas.

Têm, sobre este assunto, uma palavra a dizer os movimentos ecologistas que se devem, desde o início, debruçar sobre o problema para dizer qual, de todas as soluções possiveis, acham preferivel.

António Brotas

Professor Jubilado do IST

Entretanto, e sobre o mesmo tema, vejam aqui a entrevista com a Ana Paula Vitorino, Secretária de Estado dos Transportes, sobre o tema.
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Sobre a entrevista, recebemos a seguinte intervenção, uma vez mais do António Brotas:
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Na entrevista da Senhora Secretária de Estado dos Transportes publicada no Correio da Manhâ do passado domingo há a informação muitíssimo importante de ir ser lançado, em Junho, o primeiro concurso para construção do troço de Caia ao Poceirão da futura linha de Lisboa a Madrid. Com este troço as nossas mercadorias poderão circular por via ferroviária para toda a Europa. Mas nada é dito sobre como entrarão em Lisboa os comboios da futura linha de Lisboa ao Porto de bitola europeia, que será a mais importante linha ferroviária portuguesa e por onde circularão, além de outros, comboios TGV . Sem esta questão estar esclarecida todas as decisões sobre a travessia ferroviária do Tejo são prematuras. Pensa, ainda, a Secretaria de Estado que esta futura linha deve seguir pelo vale do Trancão? Convinha que os técnicos e jornalistas portugueses se interessassem por este assunto, começando por olhar a carta topográfica 1/50.000 e percorrendo o trajecto, se possivel.

António Brotas

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