No dia 25 de Abril de 1974, soubemos que estava em curso o princípio de uma revolução que iria abrir o País tão fechado a tudo. De manhã, não fui trabalhar, à tarde fui viver com alegria, entusiasmo e esperança, o que acontecia no Largo do Carmo. Um punhado de soldados, armados e com tanques de guerra, negociava com Marcelo Caetano a sua rendição pacífica. Depois, foi o delírio: sem um único tiro, sem uma única morte, os soldados arrumaram a ditadura que nos governava há 40 anos e que limitava a liberdade de expressão, através da Censura, impedindo-nos de ver muitos filmes e de ler muitos livros. Dou-te um exemplo: não pude ver, no final da década de 60, a Sagração da Primavera, ballet de Maurice Béjart, porque a Companhia foi posta na fronteira, findo o 1º espectáculo (no Coliseu, onde, no final, foi colectivamente cumprido 1 minuto de silêncio pela Paz no Mundo) e eu tinha bilhete para o 2º dia de espectáculo...
No dia 25 de Abril, os cravos vermelhos enfeitaram os canos das armas que, nesse dia, não dispararam e A Poesia Desceu à Rua, com as palavras de Sophia de Mello Breyner e as nossas, bem como a pintura num mural colectivo feito em Belém, no antigo Museu de Etnologia, à beira-Tejo. Todos nos sentíamos irmãos, cantávamos "Grândola Vila Morena" e queríamos fazer de Portugal um País com Justiça, Igualdade, Fraternidade e Liberdade. Eu tinha 22 anos e fui feliz.
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