terça-feira, agosto 30, 2005

Chatos!

Precisa de uma boa gargalhada? Tenho o remédio para si.
Se nunca encontrou uma parceira que entendesse a sua adoração pela desfragmentação da sua drive C:, se acha que os espanhóis é que a sabem toda por terem inventado a siesta, ou se como resolução de Ano Novo promete a si mesmo utilizar com maior frequência o fio dental, este artigo diz-lhe respeito.
O "Dull Men´s Club" é isto e muito mais. Celebra o vulgar, confessa pouca apetência para sair de casa e divertir-se, transfigura afazeres domésticos em prazeres celestiais. Se tiver curiosidade, www.dullmen.com, garante-lhe bons momentos de diversão ou, quem sabe, uma nova perspectiva de vida. Esteja descansado, "This web site contains no violence or scary scenes."
Ndr: neste clube menina não entra porque, simplesmente, mulheres não são chatas. Não sei em que tomos da antiguidade foram desencantar esta pérola, mas eu tenho as minhas dúvidas sobre tão veemente afirmação. Lol!

Parangonas

O sucedido recentemente com o super homem do ciclismo, Lance Armstrong, 7 vezes campeão da Volta a França, dá que pensar sobre os media. Aquilo que vemos no nosso burgo, não difere por esse mundo fora. Quando não é o poder político a preencher os diários e semanários de referência com jornalistas "seus", é o poder económico e financeiro a ditar leis sobre os tópicos a divulgar, e os alvos a abater.
Neste caso concreto, tudo se torna muito nublado. Apresentar provas (?) de análises clínicas com vestígios de substâncias proibidas, referentes a 6 anos atrás (!), sem possibilidade de recurso a contra-análises, é de uma sacanice totalmente repudiável. Lança-se barro à parede, reza-se para que ninguém se lembre de pensar (actividade cada vez mais em voga) porque razão não foram divulgadas mais cedo, e impede-se que sejam apresentadas provas contrárias. Dois coelhos de uma cajadada só. E o ferido orgulho françês de ser batido, provavelmente para sempre, um recorde de vitórias da prova maior do ciclismo por um estrangeiro (heresia!) fica defendido. O que estranha, pelo menos a mim, é o que leva um jornal respeitável a embarcar numa decadência tal.
No mesmo sentido, a história do pianista, génio, mudo, naúfrago que deu à costa que, afinal, era um doente com problemas psiquiátricos que apenas dedilhava as teclas e falava com normalidade, mostra que a realidade e a ficção têm tendência a misturar-se nos media com frequência inusitada. Vivemos à procura do inalcançável, do hibrído, do irreal, para fugirmos à normalidade das nossas vidas, banais, monótonas, sem percalços. Esquecemo-nos das pequenas coisas porque fomos abençoados: a capacidade de raciocinar, a família que nos ama, o amor da nossa vida, o trabalho que nos permite ter alguma qualidade de vida, os avanços tecnológicos que nos permitem saber as novidades do outro lado do mundo. Isn´t that the big picture?

Manter o nível

Meu caro Geosapiens,

Se quiseres falar da JS, do PS, ou de qualquer outra estrutura partidária ou associativa, és livre de o fazer no teu próprio espaço. Podes mesmo intervir internamente nessas estruturas, se tal te for permitido e o puderes fazer. Mas não podes utilizar o espaço do Clube para ofender pessoas ou organizações. Se tal voltar a acontecer, a administração do blog (neste caso eu) tomará medidas. Por enquanto o blog fica como está. Está na tuas mãos.

Os actuais capachos humanos de serviço...

É verdade á mesmo capachos humanos (não os confundamos com os pobres tapetes á entrada das nossas casas, que tem a nobre tarefa, de nos limpar das porcarias que trazemos da rua) e o pior é que estão de serviço...

De serviço e de mão estendida a ver se cai alguma coisa, o celebre Boy, está a ser nomeado ás dezenas.

Mas não nos vamos focar apenas e só no tempo actual, antes destes foram Comunas, Xuxas sociais democráticos, outros Xuxas socialistas mais betinhos e betos completos da opus dei encartados (para não se confundirem, estes são os do C.D.S.-P.P.), só falta os floquistas, mas estes também terão a sua oportunidade, por isso não fiquem tristes e aproveitem para beber uns copos nos reles bares do Bairro Alto, pois quando tiverem o tacho só quererão o Champanhe ou o T-Clube.

A diferença destes capachos, os actuais Xuxas socialistas para os outros, é que estes servem para apagar oposições, pelo menos na Juventude Socialista, é vê-los secretários dos ministros ou acessores de impressa, que até então só tinham cortado jornais em gabinetes de imprensa de câmaras municipais, mentecaptos que pensam que a lei só é boa para fazerem as suas ilegalidades como assessores jurídicos de ministérios ou “coisas” que vão para direcções regionais ou governos civis com uma noção do cargo que desempenham, que se pode comparar a um burro a olhar para um palácio, é verdade, o deslumbramento é tal que até se esquecem que há pessoas que não trabalham como capachos e por isso não são sub-capachos e os podem pura e simplesmente mandar bugiar.

Precisamos de pessoas fortes, impolutas e com a mania de serem seres independentes para sacudir esses capachos e o pó que esses provocam sempre que muda um governo, estás por esse motivo convocado para te juntares a esta luta, mas só se não fores um capacho resabiado.
P.S. – Reflexão também publicada no Geosapiens.

Minhocas e escaravelhos...

Termos a J.S. Nacional, a Federação em Lisboa e a Concelhia de Lisboa, paradas e de pantanas, isto é péssimo, mas nada se compara ao desencanto que estou a ter por a J.S. estar nas mãos destas “coisas”.

E dando os nomes ás “coisas”, de entre outras: Pedro Nuno, Manuel Lage, Duarte Cordeiro e Pedro Pinto.

Haverá com certeza outras “coisas” de que me estou a esquecer, mas para me lembrar destes nomes, sem importância, já fiz um esforço enorme.

Capachismos, tachismos, caciquismos e outros “ismos” semelhantes que são úteis q.b., nomeadamente para egos despidos de ideologia, são as práticas que se confundem com a actuação destes novos dirigentes da J.S..

Só tenho a lamentar que se façam jogadas ilegais e que o “modus operandi” seja conseguir a todo o custo manterem-se no poder, usando estratégias em que põem as pessoas diante dos factos consumados ou de eleições durante os tempos dos exames e férias, a pérola destas actuações ou duas das jogadas das mais irreais de todas, é a de darem três dias para que uma eventual candidatura adversária faça uma Moção e uma semana para que a mesma reúna as assinaturas para se propor, como se passou nas ultimas e ilegais eleições para a Convenção da Federação da Área Urbana de Lisboa.

E porquê “coisas”, é que antes ainda podia haver debate, haviam Congressos e Convenções com jogadas de bastidores, mas nunca se chegou ao ponto actual, de a J.S. Nacional, estar a promover ilegalidades atrás de ilegalidades.

Mas se pusessem com estas ilegalidades, dirigentes, que mesmo assim fizessem alguma coisa, agora vemos é o imobilismo a imperar e um bando de mentecaptos e abutres a tomar conta das carcaças e a oferecer tachos para outros se calarem, é verdade amigos, chegaram a oferecer-me um emprego em troca de apoio, por esse motivo, pergunto-me qual a moralidade para que alguma, das “coisas” referidas, tenha uma carreira dentro do Partido Socialista quando se portam assim na sua estrutura júnior.

Por essas e por outras é que não aderirei ao Partido Socialista, já fui estúpido o suficiente para me iludir em 1995 e aderir a este pelos Estados Gerais para uma Nova Maioria, depois de quatro anos apercebi-me que o Partido Socialista tem uma ditadura de Secretariado, a diferença para o Comité Central do P.C.P. é pouca, por isso e depois da segunda maioria simples do António Guterres e de verificar que o debate que se iria realizar com as estruturas e os militantes de base, nunca se iria concretizar, saí para nunca (e desta vez digo mesmo nunca) mais sequer pensar em voltar a filiar-me em tal Partido ou noutro com a mesma estrutura estatutária.

Precisamos de uma revolução já!!!

Pôr essas “coisas” fora da actividade politica, não só pelas ilegalidades que cometem ou cometeram mas também pela descredibilização constante em que metem o nosso sistema político e as suas estruturas politicas actuais, mesmo que discorde que existam, são as que temos e é com elas que pretendo fazer a revolução.

O sistema está podre, e estas são as minhocas que se alimentam da putrefacção, precisamos de escaravelhos que enrolem esta porcaria e outras e as guardem em locais seguros.
P.S. – Reflexão também publicada no Geosapiens.

segunda-feira, agosto 29, 2005

A Fraude segundo Fátima Bonifácio

Numa entrevista concedida por Fátima Bonifácio à revista Pública (nº483, 28 de Agosto de 2005), os leitores do Público puderam assistir a um espectáculo caricato que, infelizmente, não abona muito a favor de uma das mais reputadas peritas da História Política Portuguesa do séc. XIX.

Nessa entrevista, Fátima Bonifácio defende a instauração de um sistema eleitoral misto, baseado em círculos uninominais combinados, ou com uma lista plurinominal nacional, ou com listas plurinominais distritais.

Porquê tal sistema?

Nas palavras da historiadora, “porque corresponde a uma necessidade de tornar a representação nacional mais genuína, e de possibilitar um maior controlo do Parlamento por parte do eleitorado, como aconteceu no séc. XIX.

Começando pelo segundo ponto, devemos então depreender que Fátima Bonifácio tem em boa conta o enquadramento político-partidário oitocentista? [Esta é a parte onde as pessoas que leram os escritos académicos de Fátima Bonifácio desatam a rir às gargalhadas.]

Não, porque mais à frente na entrevista, Fátima Bonifácio, igual a si mesma, produz uma visão bastante crítica da política portuguesa no séc. XIX, onde se destacam as seguintes afirmações: “Todos os Governos ganhavam as eleições, vigorasse o sistema uninominal, plurinominal ou misto (...) Havia fraudes, falcatruas na contagem dos votos, urnas que desapareciam [A família Bush devia pagar direitos de autor], ameaças, subornos”.

Bem, se isto é um maior controlo do Parlamento pelo eleitorado, vou mudar-me para a ditadura mais próxima.

Estando pouco esclarecidos sobre o segundo ponto, podemos ao menos pensar que Fátima Bonifácio defende a introdução de círculos uninominais, por pensar que terá benefícios palpáveis, como a tal referida representação nacional mais genuína?

Não, porque aqui estão mais alguns excertos da entrevista, desta vez sobre círculos uninominais: “um Parlamento exclusivamente composto por deputados de círculos uninominais seria dominado por interesses locais (...) o interesse nacional não é o somatório dos interesses locais (...) os círculos uninominais reforçam os interesses locais e o caciquismo (...) os partidos queixavam-se que eram tiranizados pelos interesses locais.”

Por outras palavras, não se percebe o porquê de Fátima Bonifácio defender a introdução de sistemas eleitorais mistos.

Mas, se calhar, também não é para perceber...

As diferentes perspectivas da guerra...


















A guerra, tal como qualquer acção humana, tem como problema a dualidade de perspectivas...que está bem demonstrada neste cartoon...

Admito que a imagem possa ser considerada redutora, pois também á mulheres que declaram e são responsáveis por se ir para a guerra, Isabel I de Inglaterra, Margaret Tatcher ou Indira Gandi e Benazir Buto...o facto é que os homens (como ser humano masculino) são os principais responsáveis pela grande maioria das guerras...e quem normalmente sofre, e por isso, são mais defensoras do pacifismo, serão as mulheres...aí se demonstrando que estas serão mais aptas para governar...

O pacifismo é muitas vezes perigoso, quando não se calcula que a ideologia que fundamenta um estado é passível de colocar outros em perigo, bem como os seus cidadãos, por exemplo, a II Guerra Mundial foi tão devastadora, pois não houve uma intervenção militar em 1934 ou 1935, deixando espaço a Hitler e os seus sequazes provocarem tantas mortes...é obvio que o Iraque não pode ser comparável pois a neutralização da ameaça potencial bélica já estava á bastante tempo realizada...como se comprova pelo passeio que os E.U.A. e os seus aliados deram até Bagdade...
P.S. – Reflexão também publicada no Geosapiens.

sexta-feira, agosto 26, 2005

Está lá tudo dito...por isso sem comentários...




















P.S. – Reflexão também publicada no Geosapiens.

"fazer" alguma coisa é urgente, não acham? ... estou cansada de não ver alternativas... e de toda a gente a dizer que só restam sapos...

Quando era miúda e me diziam que não podia querer “salvar o mundo” lembro-me que ficava furiosa, não percebia porque é que os adultos pensavam sempre de um modo tão pequenino, tão incapaz de fazer mais que o mais simples das suas vidinhas pequenas de olhar pelo dia-a-dia... pois bem, agora já lá vai a adolescência, já lá vai a força pura de acreditar mas...

Não acredito que estejamos vivos só para viver um dia e a seguir outro, uma vida e depois dar lugar a outra. Não acredito nisso. Os poetas dizem “há que fazer mais, há que fazer melhor...” pois não duvido. Há que fazer mais. Fazer melhor! O Walt Whitman também dizia qualquer coisa parecida, ou o Ben Harper, e eram/são eles os poetas. A verdade é essa. É só essa. Os poetas se calhar, dizem destas coisas sem um alvo preciso mas, também, quem é que precisa de saber qual é o alvo preciso dos poetas se o que interessa é alcançar o que eles dizem mesmo quando (ou especialmente quando) eles próprios não sabem a que ou quem se dirigem?!
Definitivamente, há que fazer mais. E fazer melhor é cada vez mais urgente!Apontar um objectivo maior, fundamental!

Caramba, salvar o mundo...
Era para isso que eu queria conduzir a minha vida quando era miúda. E tinha a certeza que o faria... mas depois, o tempo passa, as certezas vão-se, fica-se com a impressão de que tudo à nossa volta nos está, de algum modo a trair, a virar as costas e... quando menos damos por ela, pumba! A realidade adulta cai-nos em cima e reparamos, às vezes tarde demais, que estamos a perder-nos nos dias que correm e nos fintam as voltas e nos deixam a pensar que não temos tempo para tanta coisa que pensamos essencial que
o essencial começa a escorregar-nos para longe sem sabermos como voltar a encontrá-lo...

Uf!!! É preciso parar e pensar de novo.

Acreditar de novo!
Publicado por Maria Ferro (Editora de Quem.Escreve.Escreve-se) no dia 19 de Agosto de 2005.

A PRODUTIVIDADE

Naquele grande telejornal que é o Jornal Nacional, foram comparados os dias de férias dos portugueses com os do resto do mundo. Como se sabe, Portugal tem 22 dias de férias por ano, já a China tem 10 dias e, imagine-se, como nos regimes feudais, os EUA não têm férias por lei, isto é, as férias são "negociadas" entre o patrão e o trabalhador, numa luta entre David e Golias, mas com muitos David's desesperados para dar de comer aos filhos. Assim, muitos David's desesperados, que são cada vez mais, deverão aceitar trabalhar 52 semanas por ano.

Depois a jornalista comparou a economia dos EUA e da China com a de Portugal: "por aí logo se vê quem produz mais e quem produz menos".

Também falaram das Filipinas que tinham 5 dias de férias, do México com 6, do Japão com 12, da Espanha com 22 e da Suécia bem como a França com 25. Mas a senhora jornalista comparou-nos com a China e os EUA, imagine-se.

O sentimento com que fiquei no fim da reportagem foi que os portugueses trabalham pouco e deviam trabalhar mais para aumentar a produtividade e assim melhorar a economia. Mas depois pensei o porquê? dos países com menos dias de férias terem maior produtividade, apesar da minha comparação no 3º parágrafo...

Veio-me logo à cabeça que quem mais trabalha mais produz. Mas ainda havia qualquer coisa que não estava certa, é que, tenham os trabalhadores as férias que tiverem, produz-se o mesmo, afinal há sempre as mesmas fábricas e há sempre quem trabalhe.

Assim, cheguei à conclusão que não é a produção que está em causa, mas o subsidio de férias. Quanto menos férias os trabalhadores tiverem menos o patrão pagará aos do part-time na altura das férias.

Os donos das multi-nacinais são os únicos que perdem em os trabalhadores terem férias, afinal mesmo Portugal tendo uma média normal de férias e não ter fraca como as outras coisas quase todas, isso não prejudica em nada a produtividade, mas a riqueza dos ricos. Se as férias baixassem, a única coisa que mudava em Portugal era o stress e as depressões dos trabalhadores, a riqueza dos ricos e o desemprego, que subiam...

As pessoas trabalham para viver, não vivem para trabalhar.

Publicado por Emanuel Saramago (Editor de Socialismos) no dia 13 de Agosto de 2005.

quinta-feira, agosto 25, 2005

A LÓGICA LIBERAL É CONTRÁRIA A UM SISTEMA DE LIBERDADES

Há hoje, neste Planeta, um sistema que tem vindo a ser imposto: a ditadura do que é rentável!
Quando é rentável (seja lá o que isso for...) os poderes apoiam, quando não é rentável destroem, suprimem, acabam!
Um sistema de liberdades e de direitos é incompatível com o sistema do ser rentável...
Ser rentável tem um significado que é determinado por uns quantos em nome dos seus próprios interesses. O mais espantoso é que esses quantos que se regem pela mesma bitola e pelos mesmos conceitos, encontram-se à direita mas também nas esquerdas...
O ser rentável acaba por se tornar, políticamente falando, numa espécie de dominação ideológica. Económicamente falando, ser rentável é o reino das empresas e dos empresários e o ignorar sistemático do trabalho e dos trabalhadores. Mas também dos consumidores.
Do lado da dominação política e ideológica, temos, como exemplo recente, as nomeações dos amigos de Sócrates para a Administração da CGD. Um exemplo que também se pode descobrir em todas as alternâncias que o parlamentarismo produz...
O fim de títulos como O COMÉRCIO DO PORTO e A CAPITAL determinado por um grupo espanhol, é outro exemplo da incompatibilidade do ser rentável com uma liberdade concreta, a liberdade de expressão e de comunicação. Foi determinado por um grupo espanhol, mas poderia também ter sido por um grupo português. Como já aconteceu!
O fim do BALLET GULBENKIAN determinado por um tipo de gestão baseado no ser rentável, é mais um exemplo da incompatibilidade desse sistema com uma outra liberdade concreta, a da criação artística!
É claro que um governo como o de Sócrates, também ele sujeito/subjugado ao sistema do ser rentável, limitou-se a gerir o silêncio para... não perturbar o mercado!!!
No plano internacional, o que se passa com a luta anti-terrorista é outro exemplo que se poderia apontar: não tem prevenido e muito menos evitado o terrorismo. No entanto, perturba, restringe, atrofia as liberdades e os direitos civis!
O liberalismo dos dias da globalização capitalista assenta neste sistema do ser rentável e na ditadura dos interesses de uns quantos... É uma nova forma de totalitarismo à escala planetária!
Publicado por João Pedro Freire (Editor de TRIBUNA SOCIALISTA - Democracia & Socialismo) no dia 7 de Agosto de 2005.

quarta-feira, agosto 24, 2005

Quando a opção sexual é um crime !!!















A fotografia mostra dois jovens, identificados como “M.A.” (de 18 anos) e “A.M.” (de 16 anos), que foram enforcados em Mashhad, no Irão, em 19 de Julho por terem tido sexo um com o outro.

De acordo com a Agencia de Noticias dos Estudantes Iranianos (Iranian Student Press Agency ou I.S.N.A.) que também tirou a fotografia acima, os dois estudantes foram condenados ao abrigo da Lei Islâmica da Sharia, que pune os actos Homossexuais com a morte, segundo esta, durante o julgamento os dois jovens admitiram que praticaram a homossexualidade, mas que não sabiam que era crime, nem que era punida com a pena capital, dizendo que esses actos eram comuns na camada jovem Iraniana.

A I.S.N.A. informou também que o juiz se recusou a considerar a idade dos jovens, que era menor a 21 anos, violando assim os vários acordos que este país ratificou nos quais proíbe a execução de menores de 21 anos.

Outro dado a ter em conta é que desde 1979, desde que a Republica Islâmica está implantada, e segundo várias organizações Iranianas activistas em relação aos Direitos Humanos, mais de 4.000 homossexuais, mulheres e homens, foram executados.

P.S. – Reflexão também publicada no Geosapiens.

segunda-feira, agosto 22, 2005

Já tem algum tempo, mas ainda vem a tempo...

Agradecemos a divulgação:

Perguntas aos candidatos à Câmara de Lisboa

1. Algum dos candidatos à Presidência da Câmara de Lisboa se preocupa com o risco de sismos na cidade e pretende tomar medidas para os minimizar?

2. Algum pretende discutir os projectos de expansão da rede do metro, nomeadamente, os da linha vermelha? Que opinião têm sobre o inconveniente dela não chegar à estação ferroviária de Campolide? E sobre o projecto da chamada "linha das 7 colinas" apresentado num recente encontro promovido pela Autarquia sobre acessibilidades e que o Governo teve o bom senso de por de lado há dias?

3. Preocupam-se com a localização da futura estação terminal dos comboios TGV e interessam-se pelo problema da travessia ferroviária do Tejo? Que opinião têm sobre a localização do futuro NAL e sobre o destino a dar ao actual Aeroporto da Portela?

4. O Estado português tinha meios financeiros mais do que suficientes para construir a ponte Vasco da Gama. Preferiu concessionar a sua construção e exploração futura a uma empresa privada a quem já pagou em 8 anos mais do que custou a ponte. Concordam os candidatos com soluções deste tipo?

5. Consideram os candidatos que o quartel de Campo de Ourique na rua Ferreira Borges não deve ser vendido sem a Câmara ter aprovado antes um projecto de urbanização da área que ocupa? Entendem que este projecto deve ser objecto de um amplo debate público?

6. Lamentam os candidatos a venda a privados (que já o revenderam) do edifício do antigo Hospital de Arroios, que incluia o edifício de uma antiga igreja, e onde estavam instalados serviços de luta anti-tuberculosa que ficaram significativamente prejudicados, e que podia ser utilizado para serviços e instituições de interesse social, nomeadamente como hospital de retaguarda?

7. Assumem o compromisso de tornar públicos todos os estudos mandados fazer pela Câmara com a indicação de quanto lhe custaram e estão dispostos a tornar públicos os salários de todos os seus acessores e dos gestores das empresas municipais?

8. Consideram que a Câmara deve apoiar com verbas, formação, apoio técnico e equipamentos pequenas empresas de jovens que actuem no campo de reparação e manutenção de edifícios para, simultaneamente, criar empregos e garantir que estas reparações se façam em boas condições?

9. Como encaram a ideia da Câmara criar um sistema de bolsas de estudo e outros meios de apoio para permitir a crianças particularmente dotadas dos meios mais desfavoráveis prosseguirem os estudos?

10. Face a notícias como a de que os produtores de batatas do Oeste a venderam a 5 centimos o quilo, pensam que a Câmara deve procurar encontrar e estimular medidas que permitam uma melhor comercialização dos produtos agricolas da região de Lisboa, de modo a pagar preços mais altos aos produtores e a assegurar a venda de produtos mais baratos na cidade?

11. Os candidatos dispõem-se a lutar para que na urbanização prevista para o término da Rua António Maria Cardoso não seja de todo apagada a triste memória de ali ter sido a sede da Pide?

Sugerimos aos candidatos que nos seus cartazes de propaganda indiquem os seus emails. Tomaremos esta indicação como um indício de que continuarão, no caso de serem eleitos, a procurar manter o contacto e a ouvir os munícipes.

Esperamos que, no curso da campanha, alguns se pronunciem sobre algumas destas perguntas.

Agradecemos a divulgação deste texto, nomeadamente, em blogues. Ficaremos igualmente satisfeitos se orgãos da Comunicação Social o referirem ou reproduzirem total, ou parcialmente. Agradecemos os comentários, criticas e outros contributos que nos sejam feitos chegar
(13/7/05).

Contributo de:

PS-Veteranos

Contactos: lvbarbas@netcabo.pt ; antonio.brotas@gmail.com ; Viriato Macedo: 961828673 .

A dualidade e a ambivalência em relação a Simón Bolívar.

É um facto que todos os revolucionários sul-americanos proclamaram sempre a sua identificação com o ideário deste estadista, para estes, ele foi o grande pioneiro do combate pela unidade dos povos da América Latina, mas só muito recentemente o pensamento político de Bolívar, até pelos recentes acontecimentos na Venezuela e pelo seu regime promover abertamente as suas ideias, começou a ser tema de debate entre as novas gerações no continente e no mundo

Esse prolongado esquecimento do Bolívar pensador e estadista tem uma explicação simples, este foi um reformador social revolucionário e um anti-imperialista consequente e defensor da unidade da América, através de um federalismo entre os vários grandes estados americanos, enquanto continente, o que incomodava na Colômbia e em toda a América as forças retrógradas que ele, sobretudo nos últimos anos, combateu com coerência e tenacidade.

Liberais e conservadores, ao longo de mais de século e meio, entenderam-se tacitamente em torno de um objectivo comum: incutir no povo a ideia da existência de dois Bolívares: o primeiro o militar, merecedor do respeito e da gratidão de todos os americanos; o outro, o político, um governante incapaz, incompatível com a democracia, com vocação de tirano. A consequência é a glorificação do primeiro e a satanização do segundo.
Para a oligarquia da Grande Colômbia (que englobava a agora Venezuela, o Equador e o Panamá, alem da antiga Nova Granada) Bolivar deveria ter ido para casa quando o ultimo exército espanhol capitulou nos Andes peruanos, o Libertador, deveria ter esgotado a sua missão após Ayacucho (batalha decisiva contra os Castelhanos), nesse momento deveria ter morrido para a história, depois, na visão desta oligarquia, nasceu um vilão.
Esse retrato, pintado com as cores do ódio, é fantasista e perverso, a tese dos dois Bolivares não tem pés nem cabeça e foi forjada para denegrir o reformador social que de 1826 a 1829 se tornou o pesadelo da oligarquia através da libertação dos escravos e dos índios, da defesa dos direitos do povo como sujeito da historia, o pedagogo, o internacionalista, o líder da unidade continental contra a prepotência imperialista norte-americana e internacional que queriam estados separados e fracos, liderados por oligarquias corruptas, como de facto veio a acontecer com o afastamento deste.
Todos os detractores de Bolívar, os antigos e os actuais, coincidem em condená-lo por haver assumido a ditadura em 1828, este no entanto assumiu-a tendo como exemplo a antiga Grécia onde havia ditadores provisórios, que uma vez tendo feito as reformas deram o poder ao povo, Sólon foi um destes, não obstante o facto de eu pensar que qualquer ditadura é má, se não houver solução para controlar a anarquia existente ou desvios da elite apoiante, que era o que acontecia, acho que provisoriamente tal solução poderá ser a única que uma mente clássica, como era a do Libertador, naquele momento poderia ter pensado.

Não obstante de este acto, o de se tornar ditador, ser condenável, foi suficiente ao ler, ao ler os textos da época para me aperceber do conceito de democracia dos legisladores que então invectivaram e combateram Bolívar, chamaram-lhe «caudilho dos descamisados», «líder dos debaixo», «chefe da negrada e indiada».

O General Santander, ex-Vice-presidente de Bolívar, que se tornou o seu mais implacável adversário, deixou cair a máscara ao acusar o Libertador de desencadear «uma guerra interior na qual ganhem os que nada têm, que sempre são muitos, e que percamos nós, os que temos, que somos poucos», estas palavras acabam por funcionar como uma justificação para decisão de assunção da ditadura e da política de Bolívar.

Ao regressar a cavalo pelo Peru a caminho de Bogotá, pelos vales e mesetas da cordilheira, Bolívar sofre com o espectáculo da miséria dos povos que havia libertado, percebe que após anos de uma luta heróica pela independência esses povos viviam ainda pior do que na época da opressão espanhola, ao transmitir a Santander as reivindicações das populações escreve: «não sei como não se levantaram ainda todos estes povos e soldados ao concluírem que os seus males não vêm da guerra mas de leis absurdas».
Os cinco anos de ausência do Libertador, absorvido no Sul pela guerra contra os espanhóis, foram aproveitados pela nova classe dominante para modelar as estruturas de um Estado cujas instituições haviam sido concebidas para perpetuar e aprofundar a desigualdade social em vez de a reduzir. Os crioulos ricos e grande parte dos generais, toda uma casta de descendentes dos antigos terratenientes e “encomenderos” peninsulares, exploradores dos índios e comerciantes mobilizaram esforços para defender e ampliar privilégios e acrescentar àquilo que já tinham o poder político que antes era exercido pelos representantes da Coroa, claro que ao longo da guerra houve clivagens entre essa gente, mas quando as armas se silenciaram, a máscara dos pseudo-republicanos e pró-monárquicos imperiais (é verdade havia quem defendesse a criação de império monárquico ao exemplo do Império do Brasil e muitos outros que mesmo com a queda dos Castelhanos ficaram) caiu em pedaços, convergindo num objectivo: colocar o poder do Estado ao serviço dos seus interesses pessoais.

Os então oligarcas legisladores republicanos usavam uma fraseologia inspirada em grandes textos da Revolução Francesa e da Revolução Americana, mas usaram estas grandes palavras para criar uma «republica aérea», como dizia Bolívar, porque queriam um Estado amorfo e passivo que lhes permitisse ampliar os seus privilégios senhoriais, não concebiam a Constituição como algo criado para servir o corpo social, mas na Colômbia os oligarcas legisladores pretendiam o contrário, pensavam e agiam como se a «vontade do povo fosse a opinião deles».
Noutras cartas a Santander, Bolívar escreveu: «Tenho mil vezes mais fé no povo do que nos deputados (...) Jamais um Congresso salvou uma republica» (...) Não conheço outra opção saudável que não seja a de devolver ao povo a sua soberania primitiva, para que refaça o pacto social».

Para agravar a situação o Estado oligárquico havia criado uma administração corrompida e corruptora, que Bolívar, comparou a sanguessugas que se alimentam com o sangue humano o pacote de medidas que se seguiram ao Decreto Orgânico de Agosto de 1828, foi apresentado nos EUA e nas monarquias europeias como espelho da política autocrática de um caudilho tirânico, a imprensa norte-americana intensificou a campanha contra o Libertador, pintando-o como um ditador vingativo e sanguinário, o que inquietava os governos da Santa Aliança e o nascente imperialismo americano era o conteúdo profundamente democrático e revolucionário das medidas de Bolívar que golpeavam duramente os interesses da oligarquia, bem como defendiam acima de tudo a unidade da Grande Colômbia e a sua união federal com o estado a sul e o então Império do Brasil (quando este se transformasse numa republica), podendo se formar um contra poder aos E.U.A., nomeadamente em relação ás Antilhas e á América central que estes então cobiçavam.
Bolívar utilizou os poderes extraordinários do mandato que assumiu para virar o Estado do avesso, este deixou de ser o instrumento de defesa e reforço dos privilégios da classe senhorial para ser colocado ao serviço dos direitos, liberdades e exigências sociais do povo, o saneamento da justiça e a punição dos funcionários corruptos foi uma preocupação prioritária, começando por reduzir para metade os altos vencimentos dos membros do Congresso e, muito importante, aboliu todos os privilégios que o Estado concedia à Igreja Católica Apostólica Romana e a lei que obrigava os índios a prestar serviço militar obrigatório num regime de semi-escravidão foi revogada.

De todas as suas medidas revolucionarias a que mais indignou os grandes latifundiários foi aquela que ordenou a devolução aos índios das suas terras, como «legítimos proprietários» das mesmas e das quais os seus antepassados haviam sido expulsos pela coroa espanhola, isto independentemente dos títulos de posse apresentados pelos actuais senhores.
Várias leis promulgadas para o efeito incentivaram a indústria e o comércio e a elevação das taxas aduaneiras protegeu a produção nacional da livre concorrência com as mercadorias importadas, naquela altura esta foi uma medida importante face á invasão de produtos ingleses, americanos e holandeses, foi também revogado o monopólio da navegação no rio Madalena, a grande artéria fluvial do pais, concedido por Santander a um empresário dos EUA, foi protegida de forma a poder vestir, se necessário, «toda a América do Sul», a milenária indústria têxtil dos índios equatorianos e foram nacionalizadas as minas particulares, acabando com a quase escravidão dos índios que nestas trabalhavam, e o Estado concentrou nas suas mãos o monopólio de todas as riquezas do subsolo.
Decretos especiais visaram a protecção da natureza, nomeadamente as florestas e os grandes rios.
Na área da Educação as faculdades de Medicina de Bogotá, Caracas e Quito foram incumbidas de zelar, em cooperação com as autoridades do Estado, pela preservação das plantas medicinais úteis. Bolívar chegara à conclusão de que o primeiro dever de um governo consistia em proporcionar ao povo uma boa Educação, gratuita, o seu mestre e amigo Simon Rodriguez recebeu a autoridade e meios para reformar os estabelecimentos escolares existentes e criar outros «nos melhores edifícios», para «todas as crianças de ambos os sexos que em cada departamento estejam em estado de instruir-se em ciências e artes» (gramática, literatura, historia, etc), e o Governo decidiu adoptar os muitos milhares de crianças que haviam ficado órfãs em consequência da guerra.
A Constituição de Cucuta, estabelecia que um cidadão para ser eleitor e elegível tinha de ser proprietário ou possuir um determinado rendimento, Bolívar, não aceitou essa discriminação que ampliava a desigualdade, e aboliu-a, decretando que «Todos os cidadãos são iguais perante a lei e igualmente admissíveis para servir em todos os empregos civis, eclesiásticos e militares».

Seria infindável o rol da legislação bolivariana de carácter revolucionário e progressista, isto para a época, promulgada durante os dois breves anos da ditadura que, segundo a direita colombiana, constituiu uma tresloucada agressão à democracia, isto aconteceu porque Bolívar tinha pressa, pois sabia que era curto o seu tempo de vida útil, sentia a proximidade da morte na ruína de um corpo marcado pelos estigmas de uma vida que pela dureza lembra a dos heróis da mitologia grega, pois gastara duas décadas da existência cavalgando e combatendo pelas florestas e pantanais tropicais e pelas e altas punas andinas, transpondo com o seu exercito, cada vez mais internacionalista, não nos esqueçamos que inúmeros Maçons de Lojas europeias foram combater com este, nomeadamente italianos, franceses e holandeses.

É interessante verificar que a sua sorte o abandonou depois de que sofreu uma tentativa de assassinato politico em 28 de Setembro de 1828, e num acto de reacção violenta e suspeitando de tudo e todos, fecha todas as associações secretas, inclusive a Maçonaria, renegando-a e a todos os Maçons, que tanto o tinham ajudado na sua governação, é derrubado um pouco mais tarde sem que nenhum dos que o ajudaram acorram em seu auxilio.
Não obstante esses factos, Bolívar, viveu o suficiente para assistir, angustiado, já moribundo e afastado do poder, passando ao oriente eterno em 17 de Dezembro de 1830, ao desmoronar da sua obra, odiada pelos abutres oligárquicos, mas as sementes desta não secaram, voltando a germinar, pois nunca desapareceram da imaginação popular.

Quando Bolívar se batia pela unidade da América hispânica e índia este antecipou-se a qualquer outro na ideia de que os Estados Unidos iriam, em nome da liberdade, semear misérias no corpo das jovens republicas, a cuja a criação este se opunha, tentanto defender a União até ao fim, no tempo do Libertador a linguagem política era outra, mas de alguma maneira, a ditadura revolucionária de Bolívar foi inspirada pelo mesmo espírito humanista e democrático, pelo mesmo amor do povo que muitos governantes do passado, e do continente Americano, nunca tiveram, e que hoje não têm ou que não conseguem ter, só por esse facto e por o ter tentado merece o meu mais profundo respeito.
P.S. – Reflexão também publicada no Geosapiens.

Depende da perspectiva...



















Esta caricatura ou “cartoon” demonstra, embora de forma invertida, a perspectiva dos noticiários generalistas ocidentais (dos outros não conheço para fazer juízos críticos), ou seja, quando falamos da morte de vinte cidadãos londrinos por terrorismo, ocupamos centenas de horas de noticiários e a morte de milhões de crianças em África por subnutrição apenas uns minutos por mês.

Desculpem-me a pergunta:, mas, será que a banalização da morte por subnutrição tornou o produto “não vendável”?

O recente fecho de “A Capital” (o “Comercio do Porto” estará a tentar viabilizar-se) abandonaram o jornalismo a esta perspectiva, a da vendibilidade das histórias, faz-me pensar se não precisaremos de um verdadeiro jornalismo, no qual quem alinha as noticias serão os concelhos de redacção motivados pela necessidade de informar e não os directores assessorados por maketeiros que a mando do concelho de administração só alinham o que vende, ou seja, violência com sangue, lágrimas e choradinho, noticias que pretendem alarmar ou procurar a histeria colectiva, noticias sobre o “social bacoco” e escândalos associados bem como a promoção de entretenimento barato popularucho.
P.S. – Reflexão também publicada no Geosapiens.

A laicidade aparente...

Nunca se sentiu tanto que o poder de uma minoria oprime o poder de uma maioria, vejamos, segundo números da própria Igreja Católica Romana, no seu Inquérito feito em 2001 sobre a Prática Dominical no Patriarcado de Lisboa os praticantes (segundo o Inquérito Permanente às Atitudes Sociais dos Portugueses ou ASP, que decorreu entre Abril e Julho de 1998) regulares e irregulares (aqueles que vão à missa algumas vezes por mês) representavam então cerca de 45% da população residente neste país, os restantes por muito que lamentavelmente o Patriarcado deseje são pessoas á muito afastadas da fé, mas mais da Igreja Católica Apostólica Romana, e do que esta representa. se bem que o número de praticantes efectivos apurados nos locais de culto, na demarcação territorial Patriarcal de Lisboa era só de cerca de 11% da população residente, disparidade forte e que não deixa de ter significado, em relação ao todo nacional.

Pois bem o que sentimos, na Área Urbana de Lisboa, é que a minoria governa a maioria, isso mesmo no máximo cerca de 45% da população (na versão optimista) governa os restantes 55%, ou seja por omissão uma significativa parte dos cidadãos deste país, fica nas mãos de uma minoria retrograda, mas se vivêssemos num Estado Regional de Lisboa e Setúbal essa minoria seria apenas de 11%, tenho por esse motivo que me resignar á ideia que vivemos num país em que em largas zonas fora desta área urbana, a que chamo minha pátria, é retrograda, pequena e conservadora e apoia a manutenção do “status quo” em que vivemos.

Na Região Autónoma da Madeira (acho a designação particularmente feliz), onde um povo ignorante elege á largos anos, ajudado pela mão fiel do clero Católico Apostólico Romano, um político populista, de seu nome Alberto João Jardim, inaugurou-se no dia 15 de Agosto ultimo uma estátua, do Beato Carlos da Áustria, para que esse facto se verificasse o Governo Regional envolveu-se directamente na beatificação de tal personagem, os fins invocados serão os turísticos, não obstante o facto transformou declaradamente tal ilha num estado regional confessional, algo que já estava em marcha á muito tempo, quem não se lembra da protecção dada ao clero católico a quando do julgamento do Padre Frederico, a campanha ás portas das Igrejas do caudilho que governa aquela região, os apoios directos á manutenção das igrejas, a influência desmedida do Bispo do Funchal sobre o Governo e a sua permanente presença em todos os actos oficiais, sendo equiparado a um ministro, ou as constantes afirmações de teor beato com o forte cunho católico apostólico romano do caudilho governante.

A Igreja católica apostólica romana tem desse modo, na Região Autónoma da Madeira, e a par com a Polónia e a Irlanda os únicos estados claramente confessionais Católicos Apostólicos Romanos da Europa (também existem os confessionais protestantes como o que resta do império Inglês nas Ilhas Britânicas, a Noruega ou a Suécia, três ditaduras mascaradas de constitucionais), temos por esse motivo que estar atentos, nós que defendemos a laicização do estado, para as tentativas constantes da parte da Cúria Católica Apostólica Romana, fortemente enfeudada na Opus Dei (notou-se claramente, com a etronização do ultimo ditador governante do catolicismo apostólico romano, que tanto os Jesuítas como os Dominicanos e os Franciscanos, perderam o controle do Papado) para tornar os países com fortes minorias católicas em estados confessionais.
Resta-me o consolo das sucessivas derrotas, do Catolicismo Apostólico Romano e das suas tentativas de confessionalização estadual com a perca de influência generalizada no poder político da América Central e do Sul, a derrota do Governo Regional Açores, fortemente influenciado pela Opus Dei, as sucessivas derrotas dos governos nacionalistas católicos da Croácia e dos governos tutelados pela Opus Dei de José Maria Aznar e de Santana Lopes, ou a derrota sucessiva dos diplomas conservadores católicos nos governos da aliança de direita Francesa, com reforço do laicismo, e a vanguarda destes na defesa de uma Constituição Europeia não confessional, conjuntamente com a Bélgica e a Holanda, não esquecendo a vergonhosa actuação dos dois países Ibéricos ao defenderem o contrário.

Mas não baixemos os braços, descurar as defesas diante de alguém que pôs á frente do Papado, o ex-cardeal protector das doutrinas retrogradas do Vaticano e censor das atitudes mais conciliatórias da parte da Religião Católica Apostólica Romana, este papa, ex-nazi e membro das fanáticas forças antiaéreas do III Reich alemão, tenta-se promover como um amante da Paz, mas fundamenta-se numa aliança de conservadores das várias religiões (os protestantes puritanos americanos, as diferentes ortodoxias cristãs do leste, os ortodoxos judeus ou as ditaduras fundamentalistas no islão e do seu clero) para tentar através de uma divisão de áreas de influência e tentando nas diversas conferências das Nações Unidas, impor as suas visões retrogradas, e conseguindo-o em algumas delas, por exemplo na da SIDA, em que conseguiu que o preservativo não fosse uma das armas generalizadas nessa luta e influir nas decisões finais.
Só quando o “estado” do Vaticano, essa “coisa” internacional (que nem se pode chamar de estado), desaparecer e deixar de ter assento (mesmo e só como observador) na Assembleia Geral e nas conferências Internacionais desta, é que deixaremos de viver sob a égide e o perigo constante de uma confessionalização do mundo, ao contrário do que pensamos o fundamentalismo islamita é algo identificado e com tendência para regredir, o fundamentalismo católico apostólico romano, ortodoxo cristão, puritano anglo-saxónico e ortodoxo judeu move-se pela obscuridade do desconhecimento e do adormecimento da generalidade das pessoas e governos face ao perigo que estes representam.

Nos últimos tempos várias batalhas foram ganhas e muitas perdidas, estamos a prepararmo-nos para outras, que com certeza irão ter influência na decisão sobre o futuro pela laicização deste planeta, os que defendem a Laicização do estado tem que se organizar e unir, e estão a fazê-lo, cabe a cada um de nós fazer a nossa parte, tal como faço a minha parte denunciando as situações e sendo activista em várias lutas, espero que também TU faças a tua...
P.S. – Reflexão também publicada no Geosapiens.

sexta-feira, agosto 12, 2005

A industria dos Incêndios



Publicação: 04-08-2005 21:05


A indústria dos incêndios






A evidência salta aos olhos: o país está a arder porque alguém quer que ele arda. Ou melhor, porque muita gente quer que ele arda. Há uma verdadeira indústria dos incêndios em Portugal. Há muita gente a beneficiar, directa ou indirectamente, da terra queimada.

José Gomes FerreiraSub-director de Informação


Oficialmente, continua a correr a versão de que não há motivações económicas para a maioria dos incêndios. Oficialmente continua a ser dito que as ocorrências se devem a negligência ou ao simples prazer de ver o fogo. A maioria dos incendiários seriam pessoas mentalmente diminuídas. Mas a tragédia não acontece por acaso. Vejamos:

1 - Porque é que o combate aéreo aos incêndios em Portugal é TOTALMENTE concessionado a empresas privadas, ao contrário do que acontece noutros países europeus da orla mediterrânica? Porque é que os testemunhos populares sobre o início de incêndios em várias frentes imediatamente após a passagem de aeronaves continuam sem investigação após tantos anos de ocorrências? Porque é que o Estado tem 700 milhões de euros para comprar dois submarinos e não tem metade dessa verba para comprar uma dúzia de aviões Cannadair? Porque é que há pilotos da Força Aérea formados para combater incêndios e que passam o Verão desocupados nos quartéis? Porque é que as Forças Armadas encomendaram novos helicópteros sem estarem adaptados ao combate a incêndios? Pode o país dar-se a esse luxo?

2 - A maior parte da madeira usada pelas celuloses para produzir pasta de papel pode ser utilizada após a passagem do fogo sem grandes perdas de qualidade. No entanto, os madeireiros pagam um terço do valor aos produtores florestais. Quem ganha com o negócio? Há poucas semanas foi detido mais um madeireiro intermediário na Zona Centro, por suspeita de fogo posto. Estranhamente, as autoridades continuam a dizer que não há motivações económicas nos incêndios...

3 - Se as autoridades não conhecem casos, muitos jornalistas deste país, sobretudo os que se especializaram na área do ambiente, podem indicar terrenos onde se registaram incêndios há poucos anos e que já estão urbanizados ou em vias de o ser, contra o que diz a lei.

4 - À redacção da SIC e de outros órgãos de informação chegaram cartas e telefonemas anónimos do seguinte teor: "enquanto houver reservas de caça associativa e turística em Portugal, o país vai continuar a arder". Uma clara vingança de quem não quer pagar para caçar nestes espaços e pretende o regresso ao regime livre.

5 - Infelizmente, no Norte e Centro do país ainda continua a haver incêndios provocados para que nas primeiras chuvas os rebentos da vegetação sejam mais tenros e atractivos para os rebanhos. Os comandantes de bombeiros destas zonas conhecem bem esta realidade. Há cerca de um ano e meio, o então ministro da Agricultura quis fazer um acordo com as direcções das três televisões generalistas em Portugal, no sentido de ser evitada a transmissão de muitas imagens de incêndios durante o Verão. O argumento era que, quanto mais fogo viam no ecrã, mais os incendiários se sentiam motivados a praticar o crime... Participei nessa reunião. Claro que o acordo não foi aceite, mas pessoalmente senti-me indignado. Como era possível que houvesse tantos cidadãos deste país a perder o rendimento da floresta - e até as habitações - e o poder político estivesse preocupado apenas com um aspecto perfeitamente marginal? Estranhamente, voltamos a ser confrontados com sugestões de responsáveis da administração pública no sentido de se evitar a exibição de imagens de todos os incêndios que assolam o país.

Há uma indústria dos incêndios em Portugal, cujos agentes não obedecem a uma organização comum mas têm o mesmo objectivo - destruir floresta porque beneficiam com este tipo de crime. Estranhamente, o Estado não faz o que poderia e deveria fazer:

1 - Assumir directamente o combate aéreo aos incêndios o mais rapidamente possível. Comprar os meios, suspendendo, se necessário, outros contratos de aquisição de equipamento militar.

2 - Distribuir as forças militares pela floresta, durante todo o Verão, em acções de vigilância permanente. (Pelo contrário, o que tem acontecido são acções pontuais de vigilância e combate às chamas).

3 - Alterar a moldura penal dos crimes de fogo posto, agravando substancialmente as penas, e investigar e punir efectivamente os infractores

4 - Proibir rigorosamente todas as construções em zona ardida durante os anos previstos na lei.

5 - Incentivar a limpeza de matas, promovendo o valor dos resíduos, mato e lenha, criando centrais térmicas adaptadas ao uso deste tipo de combustível.

6 - E, é claro, continuar a apoiar as corporações de bombeiros por todos os meios.

Com uma noção clara das causas da tragédia e com medidas simples mas eficazes, será possível acreditar que dentro de 20 anos a paisagem portuguesa ainda não será igual à do Norte de África. Se tudo continuar como está, as semelhanças físicas com Marrocos serão inevitáveis a breve prazo.

José Gomes Ferreira

segunda-feira, agosto 08, 2005

A Revolução Democrática Bolivariana.

Na América do Sul chegou ao poder, Hugo Chávez, no estado nação (fictício como todos), Venezuela, antes tida como uma democracia saudável, mas pouco pois, embora a constituição democrática seja de 1947, os militares (derrubando o Presidente civil recém eleito, Rômulo Galegos) governaram este país entre 1948 e 1969, data em que foi restabelecido o regime democrático. A partir de então, vários presidentes civis se sucederam na condução do país, revezando-se no poder os partidos Acción Democrática (Ad) e o Social-Cristão Copei. Em 1992, o então Presidente Carlos Andrés Pérez sofreu duas tentativas de golpe militar. Entre as lideranças dos militares golpistas encontrava-se o actual Presidente da Venezuela, Hugo Chávez, eleito pelo voto directo, pela primeira vez em 1998 e reeleito da mesma forma em 2000 e 2004.

Em 1999, ao assumir a Presidência, Chávez propõe uma “Revolução Democrática Bolivariana” e edita um decreto determinando a realização de um referendo para convocação de uma Assembleia Nacional Constituinte, com a missão de determinar uma nova ordem política para o seu país, a população comparece em massa ao referendo e são eleitos os novos deputados constituintes, que maioritariamente pertenciam à base defensora da implementação da “Revolução Democrática Bolivariana”, o Movimento V Republica que detém 93% dos mesmos.

A nova Constituição do país, promulgada por referendo e que foi aprovada por 70% da população votante, em Dezembro de 1999, determinou eleições gerais e nas mesmas, Chávez, é novamente candidato a presidente, sendo reeleito para um novo mandato de cinco anos, este segundo processo que gerou a reeleição de Chávez (ou a sua confirmação visto que oficialmente já estaria eleito até 2003) foi polvilhado de denúncias de fraudes, de favorecimentos pessoais e de utilização da máquina governamental, ocasionando, inclusive, o adiamento do acto eleitoral de Maio para Julho de 2000.

Houve, não obstante do poder esmagador conseguido para a implementação de uma nova ordem constitucional para o país, um relativo descontentamento de parcela de venezuelanos com os rumos tomados pela nova condução política do país, essencialmente divididos em dois grupos, o primeiro, partia dos antigos detentores do poder identificáveis como os políticos do velho regime e a classe empresarial e sindical que lhe davam sustentáculo e que se opunham à perda do status quo gerada pelo fim dos privilégios, decretado por um presidente de forte inspiração nacionalista e que, de certa forma, se mostrava reticente às reformas liberais que vinham desde 1989 sendo impostas ao país por causa dos empréstimos feitos pelo F.M.I., o segundo grupo, era composto por lideres políticos que se juntaram em torno de uma candidatura alternativa de Arias Cárdenas, antigo companheiro de Chávez nas revoltas de 1992 e entretanto eleito nas eleições estaduais de 1995 para Governador do Estado de Zulia, esses políticos que eram antigos sustentáculos da reforma política, mas que, em virtude das denúncias de fraudes de manipulações e de outras práticas menos ortodoxas e atentatórias da democracia, lançaram esta candidatura à presidência do país, sendo este o principal oponente de Chávez à reeleição, tendo atingido 33% dos votos.

É interessante notar que pela nova Constituição o país passou a ter cinco Poderes constituídos, além do Executivo, do Legislativo e do Judiciário, somaram-se outros dois Poderes, o Poder Cidadão, composto pelo Ministério Público, que é uma instância de combate à corrupção, e o Poder Eleitoral, composto pelo Conselho Nacional Eleitoral.

Esta Constituição, denominada Constituição para a V Republica, definiu prioridades como o combate á pobreza e ao analfabetismo, a criação de campanhas agrícolas, a criação e construção de cozinhas publicas para combater a fome, o combate á inflação, o reajuste da jornada de trabalho das 48 para as 44 horas semanais (tendo como objectivo as 40 horas), o aumento e reajustamento dos salários da função publica (de cerca de 20% no ano de 2000), a prioridade na criação de novas industrias e serviços (dando prioridade ao Turismo), confirmou a adesão da Venezuela á OPEP, uma das primeiras decisões de Hugo Chávez, o que veio baixar a produção petrolífera e deixar o país menos dependente desse recurso (que antes representava 90% das receitas publicas) e a prioridade pelas políticas de integração económica com o Mercosul e as políticas sul americanas com vista á criação de uma América Central e do Sul integrada e de acordo com a visão de Simon Bolívar unida sob a mesma bandeira, a nuance de Hugo Chávez, é uma espécie de União Americana do Centro e do Sul (tipo União Europeia com forte pendor estadualista) e a oposição aos Estados Unidos da América.

Ao contrário do que seria de esperar até pelos defensores do poder totalitário do estado, os governos de Chávez não ousaram nacionalizar nenhum sector e pelo contrário até continuaram com as privatizações em vários sectores, publicando leis reguladoras com órgãos reguladores, para os sectores petrolífero, do gás natural, da comunicação social, do turismo, dos transportes e do sector eléctrico (as leis mais importantes), e dando toda a liberdade para que os sectores em causa se desenvolvessem na área privada procurando estimular os investimentos privados, principalmente nos sectores de infra-estruturas do país e sob a forma de alianças estratégicas com empresas privadas essencialmente da América do Sul, sendo Chávez, não obstante esses factos, um dos principais impulsionadores da TV Sul (uma empresa alternativa de Comunicação Social em Português e Espanhol, para a América do Centro e do Sul, que visa dar noticias despidas da influência norte-americana e do grande capital) e de uma Companhia de Petróleos da América do Sul (passo a que já aderiu o Presidente do Brasil).

Hugo Chávez um político nacionalista e populista, tem nas massas populares que até 1999 não eram tidas no processo de decisão política do país, muitos nem podendo votar pois eram analfabetos (quem era analfabeto não votava segundo a anterior Constituição a 1999), a sua base principal e fundamental de apoio, que se organiza nos Círculos Bolivarianos, que são a estrutura base do Movimento V Republica (o movimento que criou e legitimou a sua chegada ao poder) e que contam com milhares de filiados e simpatizantes essencialmente nos bairros pobres e periféricos de Caracas e das restantes cidades, bem como dos camponeses e da forte minoria India de que Chávez é descendente, os Círculos Bolivarianos impediram duas tentativas de golpe de estado contra este (uma quase bem sucedida) e presume-se que estão fortemente armados, são a base das suas campanhas populistas inseridas no Plano Bolívar 2000 e na sua primeira fase de implantação denominada Projecto País.

Sendo um equilibrista na política externa, tentando estar bem com Deus e com o Diabo (Cuba e Estados Unidos da América, quem quiser que enfie a carapuça aos dois países conforme as suas preferências) fazendo-o para se manter no poder o que levou a que os E.U.A. tenham ajudado ou pelo menos colaborado directamente numa das tentativas que o iam derrubando.

No fundo posso simpatizar com a forma Bestial com que estes elementos de correcção económicos e sociais foram implementados na Venezuela, mas antipatizo com a Besta que levou a que isso acontece-se, antipatizo pois utiliza o mediatismo até á exaustão com os seus programas “Bom dia Presidente” onde governa o país pela Televisão e pela Rádio, utilizando as formulas do beijinho aos pobrezinhos e ás criancinhas e do paternalismo barato do ditador populista, não se esquecendo como bom “pai do povo” de puxar as orelhas ou de incentivar os seus funcionários públicos á frente da audiência que assiste ao programa.

Será que se aguenta? Aguentou dois golpes de estado, aguentará um terceiro? Será que a sobrevivência ao Referendo de Destituição em 2004 promovido pela oposição, e que ganhou por uns esmagadores 70%, foram um indicio de que está para ficar? E se morrer, o poder ficará vazio e criar-se-á outro mito? Ou virá o Caos? Os poderes centralizados, numa só pessoa, mesmo eleitos de forma democrática, têm esse problema, quem não aprendeu com os erros do passado, talvez não tenha futuro...
P.S. – Reflexão também publicada no Geosapiens.

O ciúme.

No outro dia veio á colação como assunto lateral, e em discussão entre alguns membros do clube (em que eu me incluía), a questão do ciúme, nem de propósito esta semana veio na revista Visão um artigo sobre o assunto.

Os corriqueiros lugares comuns e as generalizações indiscriminadas abundavam, digamos que para um artigo escrito com base noutro, da Time com que a Visão tem um acordo de partilha de matérias, estava fraco, ou seja o normal quando se fala de jornalismo norte-americano, abundando a superficialidade, não obstante dava-se alguns exemplos deste cantinho á beira mar plantado.

Não seria aqui falado por mim, senão me saltasse á vista esta surpreendente frase: “Quem diz não ter ciúmes é mentiroso ou doente.” A afirmação vinha carimbada com o selo de qualidade de uma psicanalista chamada: Isabel Empis.
Essa senhora digamos que trataria pessoas altamente ciumentas, daquelas do tipo “mais lapas do que a lapa”, os ou as inseguro(a)s ao extremo, para mesma doutora dizer aos seus clientes vocês são inseguros e tem uma doença, é uma aberração, mas dizer-lhes que os outros que dizem que não tem ciúmes é que são mentirosos ou doentes, é um meio de os seus doentes mentais ficarem satisfeitos pela partilha de culpas universal, é pena é esta senhora nunca ter tratado ninguém que nunca sofreu de ciúmes assim podia comprovar a sua teoria In loco, mas enfim, tanto os mentirosos como os doentes mentais não costumam ir ao psicanalista, só os saudáveis e verdadeiros seres de pureza de pensamento.

Não tenho ciúmes, aliás não considero ninguém propriedade de ninguém nem eu próprio me incluo na propriedade de ninguém, digamos, que existe ciúme quando há insegurança ou então quando alguém tem uma patologia mental de que outro alguém é sua propriedade.

Vejamos a propriedade segundo a definição jurídica são os direitos e deveres de uma pessoa (o proprietário) ou de um grupo que se ergue contra todas as demais pessoas ou grupos, no que concerne a coisas ou certos bens escassos, o mesmo direito refere-se tanto a coisas concretas, objectos palpáveis, quanto a coisas impalpáveis, e apresenta-se sob três tipos distintos: o direito de uso, de controle e o de disposição.

Um típico ciumento, rever-se-ia nesta ultima parte o exclusivo direito de uso, o controle absoluto do companheiro e a disposição total do mesmo em relação á sua pessoa, e não se lembraria pura e simplesmente de um ligeiro pormenor, a “rés” (ou coisa, ou bem) exclui há para aí um século, as pessoas. O mesmo sentimento de posse de uma pessoa é normal ou perfeitamente justificável quando se vive numa sociedade patriarcal e esclavagista, no nosso tempo, o ciúme será apenas um dos resquícios dessa mesma época.

O ciúme é perpetuado hoje em dia com argumentos puramente animais ou pelo menos épicos de perpetuação monógama, vejamos, pelo que depreendi desse artigo, a monogamia perpetua-se graças aos ciúmes e seria perigoso alguém monógamo não ser ciumento, se este é o argumento que leva a que o ciúme seja universalmente partilhável então caminhamos claramente para o abismo, estando por esse motivo em risco a espécie humana.

Acho que os governos em certas partes do mundo estão a perder tempo com os controles populacionais e no mundo ocidental o grau de deboche é tão acentuado, que eu nem sei como é que podem existir casais monógamos!!! É que segundo estudos, esses sim com validade cientifica comprovada, o grau de traições e facadinhas matrimoniais é mais ou menos constante e nalguns países esmagadoramente monógamos, uma instituição.

Bem sugiro para defesa da espécie humana e da sua raça, que esses senhores e senhoras prevaricadoras, sejam caçados e postos a ferros, pois representam um grave perigo para a mesma espécie, pelo menos nos países ocidentais porque em muitos outros essa realidade é um facto, normalmente só há adulteras os homens esses normalmente não praticaram o acto (as mulheres fazem-no sozinhas !!!), que seja instituído que o contrato de casamento se transforme num contrato de propriedade de um cônjuge sobre o outro e vice-versa, e que o direito de uso, de controle e o de disposição da coisa (neste caso do ser humano) seja total, para ser consequente também sugiro que tal principio tenha um direito de usufruto, usucapião e de compropriedade (com todos os direitos e deveres inerentes), que haja um Direito de experimentação conjugal, como é defendido pelo Dr. Leite Campos (e que ao existir em países como o Irão legitima a prostituição) e, por fim, que o Direito de Família na área do casamento e relações conjugais seja substituído pelo Direito das Coisas por desnecessidade do primeiro.

Quando radicalizamos as questões morais devemos ser consequentes e levá-las até ao fim, num jogo de meias verdades e compromissos, quem fica normalmente sem saber o que fazer são quem nunca vê que a defesa de um principio moral leva a consequências desastrosas, quiçá ao regresso da época romana do “bonnus pater família”, pois ao contrário do principio político o principio moral é pleno senão é dúbio e as dubiedades morais levam ao enfraquecimento da sociedade, essa sim política.
P.S. – Reflexão também publicada no Geosapiens.

domingo, agosto 07, 2005

Óbito: Robin Cook [1946-2005]



Robin Cook faleceu ontem na Escócia, vítima de ataque cardíaco, aos 59 anos de idade.

Perdeu-se uma das maiores figuras da esquerda inglesa contemporânea.

MNE inglês durante a guerra do Kosovo, é considerado como um dos maiores responsáveis pelo grande apoio internacional, e sobretudo europeu, que tal acção mereceu.

Foi nomeado em 2001, Líder da Câmara dos Comuns, um cargo que possui muito maior importância do que o seu equivalente português, Ministro dos Assuntos Parlamentares.

Tal foi, por alguns, considerado um "pontapé para cima" de Tony Blair, que começava a temer a sombra de Robin Cook no Foreign Office.

A sua mais famosa posição é, sem dúvida, a sua oposição à guerra do Iraque, que considerava como pouco justificada, desnecessária tendo em vista o trabalho das inspecções, e um erro grosseiro que destruiria a coligação contra o terrorismo, formada desde o 11 de Setembro.

O futuro viria a dar-lhe razão.

Ao contrário da sua colega, Clare Short, cujo "agarrem-me que eu fico" tornou-a na chacota da esquerda, Robin Cook demonstrou sempre integridade absoluta na defesa dos seus princípios, tendo apresentado a sua demissão, em 2003, na véspera da votação da resolução que autorizaria o Reino Unido a invadir o Iraque, de forma a poder votar contra o seu governo e partido.

Mas o seu registo de votos importantes permite afirmar que não era um "rebelde trabalhista", tendo apoiado o partido em todas as suas grandes medidas, à excepção daquelas relacionadas com o Iraque.

Com a sua morte, perde-se um dos poucos grandes opositores que Blair tinha no partido, fazendo assim ainda mais aumentar a transformação neoliberal e quiçá neoconservadora dos trabalhistas britânicos.

Deixo-vos agora com uns extractos do seu discurso de resignação de 17 de Março de 2003:

This is the first time for 20 years that I have addressed the House from the Back Benches. I must confess that I had forgotten how much better the view is from here. (...)

I have chosen to address the House first on why I cannot support a war without international agreement or domestic support. (...)

It is not France alone that wants more time for inspections. (...) indeed, at no time have we signed up even the minimum necessary to carry a second resolution

Only a year ago, we and the United States were part of a coalition against terrorism that was wider and more diverse than I would ever have imagined possible. History will be astonished at the diplomatic miscalculations that led so quickly to the disintegration of that powerful coalition (...)

Our interests are best protected not by unilateral action but by multilateral agreement and a world order governed by rules. (...)

neither the international community nor the British public is persuaded that there is an urgent and compelling reason for this military action in Iraq. (...)

It is entirely legitimate to support our troops while seeking an alternative to the conflict that will put those troops at risk. (...) For four years as Foreign Secretary I was partly responsible for the western strategy of containment.

Over the past decade that strategy destroyed more weapons than in the Gulf war, dismantled Iraq's nuclear weapons programme and halted Saddam's medium and long-range missiles programmes. Iraq's military strength is now less than half its size than at the time of the last Gulf war. Ironically, it is only because Iraq's military forces are so weak that we can even contemplate its invasion.

Some advocates of conflict claim that Saddam's forces are so weak, so demoralised and so badly equipped that the war will be over in a few days. We cannot base our military strategy on the assumption that Saddam is weak and at the same time justify pre-emptive action on the claim that he is a threat. (...)

I intend to join those tomorrow night who will vote against military action now. It is for that reason, and for that reason alone, and with a heavy heart, that I resign from the Government. [Applause.]

Momento

«Sei muito bem que estou sozinho. Mas um homem não se rende», diz Manuel Alegre no seu conto no Expresso, na semana passada.

Que estranho Homem este, que às seis da tarde, todos os dias, se confronta com uma bizarra realidade: a de estar enquadrado, assumidamente, numa tela desconhecida de cores desconexas alinhadas por pintores que desconhece. É reabastecido, diz, mas não sabe por quem. É alvo frequente de algo, diz que não sabe bem do quê. Não sabe quem são os seus, se os tem, e quem são os outros, e o que lhe querem. Por razões de estética, não se rende. Sabe-se só, cercado e abandonado. Cheira-lhe a guerras que não conhece e não identifica.

Transportando-se para a ficcionada realidade do conto, Alegre escapa da dimensão política que o sufoca e o encosta. Na poesia, no seu universo, o político/poeta ri e existe. Não vê nomes nem caras. Só poesia.

Que mito procura Manuel Alegre no seu conto expressivo? O do Herói Romântico ou o do Vilão Negro? Sabe, por um lado, que na eventualidade de levar o seu «sonho» avante arrisca dividir o voto à esquerda e dar a vitória a Cavaco Silva. É o cenário do Vilão Negro, sempre independente e incómodo. Por outro lado, a beleza poética da sua «indisposição intelectual» remete-o para a categoria esquecida de Herói Romântico. Duas faces de uma mesma atitude e de um desejo moral. Alegre é, para ele mesmo, o último político romântico português. E é defendendo a existência intelectual desse Herói que abandona as análises pragmáticas da política contemporânea. É neste momento que se isola, e se refugia na ideia de si mesmo. É nesse momento que perde autonomia e deixa de contar. É nesse momento que deixa de ser presidenciável.

Manuel Alegre, na conjuntura actual, nunca poderia ser o candidato apoiado pelo PS. Perderia, fácil, a eleição para Cavaco Silva.

A verdadeira razão da não o considerarem para a corrida presidencial é-nos fornecida pelo próprio, ao se descrever abandonado, ausente, indiferente e traído. Quem se assume sozinho luta com quem? E em nome de quê? Em prol de um sonho solitário? Ausente de compromisso e de existência?

Mas com que manto de ingenuidade nos quer cobrir Alegre? Não é ele político há mais de trinta anos? Afinal, como diz, já há muito que fez a recruta. E como pode um oficial da sua patente e experiência reclamar que não sabe ler os planos de guerra? Não é dessa parra que se extraem Presidentes! Menos ainda em situações de urgência, como a que perpassamos.

Agora, entende-se a necessidade de Alegre se defender, de fazer uso da linguagem poética, de se remeter à situação, frágil e confortável, do sitiado e do manipulado. Afinal fora não só ultrapassado como humilhado, em plena praça pública e com honras de abertura de noticiário. Pensara que o haviam convidado para um baile de finalistas e saíra-lhe um de debutantes. Não reclama com o preponente, mas emburra com a descoberta do novo par.

Perante tal desenho, Alegre, poeta de sensações e de causas, não se podia render. Fazê-lo implicaria uma perda maior.

Só ainda não se conformou com a inevitabilidade da sua desistência em favor de Soares. No seu próximo conto, e como Homem de génio que é, espero encontrar o lugar do amigo «deste e de outro tempo»; aquele a quem um dia ofereceu um partido; aquele a quem um dia visitou em Belém; aquele que, num futuro próximo, desejará chamar «Meu Presidente».

JRS

sábado, agosto 06, 2005

Devaneios

Continuo sem resposta. O silêncio ensurdecedor. O escuro da noite. Eterno. Aguardo pela chegada da luz. Aguardo. Ansiosamente. Reverentemente. Mas ela não chega. Nunca chega.

Estou farto. Farto de estar só. Quero que se lixe a violência estúpida e em crescendo. A insensatez. A brutalidade inexplicável. O massacre dos inocentes. A hipocrisia. O silêncio. Sempre o silêncio.

No final, tudo o que interessa é amar. A maior lição que retiramos da nossa vida é aprender a amar e ser retribuído. O resto? O resto são adereços de um argumento que conhece demasiados envolvimentos ao longo da peça. Capítulos que se repetem. E outros dos quais não estávamos à espera. Os que nos surpreendem. As respostas a tantas perguntas. Às vezes basta um olhar. É extraordinário o que se consegue alcançar num pequeno click. Por favor perdoa-me. Perdoa-me por nunca te ter transmitido por palavras os sentimentos cândidos que despertavas em mim.

Continuo à tua espera. Do teu sorriso. Do teu olhar que me deslumbrou e deixou sem gota de sangue. Do teu abraço reconfortante. Das ideias formuladas para um projecto de vida em conjunto. Tudo destruido num instante. Por uns assassinos. Facínoras de merda. E em nome de quê?

Faz hoje 60 anos. O ribombar do trovão. Após o clarão, senti. A tua perda. Um desgosto bem fundo no meu peito. Já passou tanto tempo. Prometi a mim mesmo que não chorava mais. Acredito que já falta pouco para estarmos juntos. Continuo à tua espera. Mas quer-me parecer que sou eu que vou ao teu encontro.

terça-feira, agosto 02, 2005

Hikikomori

A revista Pública deste domingo relatava um fenómeno que se tem desenvolvido no Japão e que tem causado consternação, em grande parte pelo desconhecimento da sua origem e do alcance do fenómeno. Dá pelo nome de Hikikomori, e infelizmente não é um nome que nos cause tantos sorrisos como quando ouvimos falar pela primeira vez em Tamagochi´s, Pikachu´s e Mangas que ingenuamente assumimos na nossa presunçosa inteligência ocidental ser apenas um fruto de paragens exóticas.

Este fenómeno deixa marcas pelos números, havendo quem afirme que já atingiu cerca de um milhão de japoneses. Grosso modo, consiste num estado de espírito absolutamente desolador, de profunda depressão introspectiva e absoluta reclusão não apenas ao mundo, mas a próprios familiares e amigos, que muitas vezes nem existem.

Os afectados são na sua maioria jovens do sexo masculino, que por razões diversas não conseguiram integrar o mercado de trabalho (em alguns casos relatados os visados nem ponderavam tal hipótese por se considerarem uns fracassados, chegando em casos extremos a sentir ódio por si mesmos e a não quererem obrigar outros a ter de os ver). Apesar dos avanços realizados nesse sentido, sabe-se da pressão que ainda existe na cultura oriental sobre os homens e a sua importância para assegurarem os rendimentos necessários para sustentarem a família.

A recessão que assola o Japão há mais de uma década, após épocas de crescimento económico fulgurantes, pode ter ajudado a criar o fenómeno. O que antes era garantido para todos, hoje está ao alcance de menos. As exigências são agora superiores e o falhanço paga-se mais caro, levando a situações limite, o suicídio torna-se banal.

Em Portugal, não se podendo falar em comparações por diversas razões (dizer que o Japão é o 2º país mais rico do mundo a seguir aos E.U.A. é suficiente), questões sociológicas têm tendência a repercutir-se com verosimilhança em vários pontos do mundo. Por vezes as diferenças entre seres humanos não são assim tão evidentes. A avaliar pela estrutura económica do nosso País, com o sector terciário a ganhar largo avanço sobre os restantes, com particular destaque para franchisings com poucas características diferenciadoras, o part-time espalhou o seu raio de acção, a exigência de habilitações literárias nunca chegou a ser fulcral, a avaliar pelas estatísticas do desemprego.

É bom termos atenção a estes avisos que nos chegam de paragens longinquas para evitar que nos venham bater à porta daqui por uns tempos. Gostamos de fado, mas vamos limitar-nos a ouvi-lo nos nossos sistemas de sons.

A ditadura aceite...

Recentemente os ditadores, ou como designaram outros mais oficialmente, os Chefes de Estado, de Madrid e Províncias Castelhanas (Espanha é o nome oficial da versão expansionista do território Castelhano) visitaram a Região Autónoma dos Açores (gosto particularmente da designação), a propósito dessa visita gostaria de falar acerca do sistema monárquico de governo.

A monarquia é exercida por ditadores, ou seja, por seres que sem mérito e apenas por nascimento, ocupam ditatorialmente e até á sua morte, um cargo de chefe de estado num determinado país ou território, e mesmo que simpatize com “fulano” ou “citrano” que exerce ditatorialmente o seu poder, o facto de este assumir a ditadura e a exercer faz-me olhar para este com o desprezo com que encaro um Kim Il Sung ou um Fidel Castro.

Quando falamos de monarquia, podemos fazer a distinção clássica do significado largamente implantado por cientistas políticos (estes não são seres perfeitos e de vez em quando inventam estas barbaridades) de que existem as monarquias ditas “constitucionais” e as absolutas, actualmente temos uma grande maioria das monarquias na chamada área “constitucional” e uma minoria na área absoluta.

Qual a diferença?

Bem uns dirão que na “constitucional” o ditador (homem ou mulher) tem um órgão parlamentar que o controla e o pode destituir (isto é teoricamente verdadeiro na Europa, na totalidade das monarquias não europeias isso é impossível de acontecer), e que estes ditadores não passam de fantoches que tem apenas poderes de representação e de equilíbrio entre poderes democraticamente eleitos, é no mínimo interessante alguém que assume e mantêm ditatorialmente o poder, possa desempenhar semelhantes tarefas. Nas ditas “absolutas” os ditadores são mais genuínos e assumem o que efectivamente são, ou seja a totalidade do poder, não obstante o facto de serem menos aceites, pois hoje em dia, em termos de Comunidade Internacional, mais vale uma Democracia aparente do que a inexistência desta.

A ditadura seja esta qual for é má, isto aplica-se á ditadura do proletariado, de um partido de um homem ou de uma mulher, vejo que os monárquicos entram numa contradição extrema quando são contra os regimes ditos comunistas, pois acham e bem que estes são totalitários, quando os mesmos defendem a implantação, mascarada ou não de “constitucional”, de uma ditadura.

Numa monarquia há súbditos, numa democracia cidadãos, a distinção é clara os súbditos de Sua Majestade Inglesa ou Castelhana são meros seres que tem que se resignar a viver sob o jugo desses ditadores, os cidadãos das democracias, seres livres que são chamados frequentemente a se pronunciarem quem querem como seu Chefe de Estado.

No continente Europeu, berço da Democracia, temos actualmente seis Monarquias e dois Principados, isto em cerca de quarenta e cinco países podemos dizer que um quinto dos países da actual Europa ainda vive sobre o jugo da ditadura e que bastantes cidadãos na União Europeia, e não súbditos, ainda vivem sob o jugo de uma ditadura mascarada e aceite por alguns destes, mas felizmente não por todos.

Estes factos são interessantes se notarmos que a crer nas sondagens, a maioria dos cidadãos europeus da União tem sérias duvidas ou são contra á entrada da Turquia na União Europeia, ou seja para a maioria dos Franceses (esses que são governados através dos Parisienses que guilhotinaram a cabeça dos ditadores nem há três séculos) a ditadura Belga ou Holandesa é normal, e uma Democracia como a Turca (embora com muitos problemas, mas qual é a democracia que não os tem) será uma perigosa ameaça.

Isto talvez explique porque é que muitos cidadãos Holandeses e Franceses tenham votado contra o Tratado Constitucional Europeu, pois quem está habituado a ser tratado com o paternalismo de uma ditadura ou a defenda (tal como a direita soberanista, fascista e racista francesa ou a sua esquerda trotskista e comunista), não pode compreender o alcance de um salto democrático tão grande, ressalvo o interessante facto de que no Principado do Luxemburgo o “SIM” tenha ganho, talvez mais por causa da chantagem que Jean-Claude Juncker fez de que abandonaria o cargo que desempenha á bastante tempo, como Primeiro Ministro, se o “NÃO” ganhasse, do que com a crença de que os valores democráticos sejam algo que deve ser assumido plenamente e na sua totalidade.

Quando houver a implosão das ditaduras exercidas pela versão expansionista de Madrid e das províncias Castelhanas ou do que resta do império Inglês nas Ilhas Britânicas, teremos uma Europa não com Cidadãos e Súbditos, sendo estes últimos apenas verdadeiros cidadãos na União Europeia, mas com verdadeiros Cidadãos na plena acessão da palavra.

P.S. – Reflexão também publicada no Geosapiens.

segunda-feira, agosto 01, 2005

Sapos III

E a história dos sapos continua… só que destes, destes e destes pouca gente fala (nem os próprios…).
E dos miúdos?... Nem pio...
Não sei a quais critérios de importância a selecção noticiosa obedece, mas parece-me que valorizam uns (PS e a história Coelho / Carrilho) em detrimento de outros (PSD, e a justificação não pode ser só o Miguel Coelho). Independentemente da validade informativa que o PS possa valer, e vale, a verdade é que não se trataram os processos de formação de listas de forma equilibrada.

Não se assistiu ao desmembrar das relações internas do PSD, dos diversos combates de Carmona com Santanistas, nas relações com a JSD, nas arrufadas diárias entre secções, a concelhia, a juventude, os independentes e os «adesivados» (os tipos de outros partidos que entram bem à frente nas listas que os com cartão). Não interessava??? Não acredito que não fosse do interesse público a exposição de este processo interno…

E a batalha entre CDS e PP? Essa, é verdade, teve honras de «Expresso» e de comentário neste blog, mas vemos serem exibidas as feridas e as cicatrizes de uma guerra surda, que, com origem no recente congresso, se agudiza diariamente com vítimas de ambos os lados (CDS e PP)? Estará o partido assim tão «unido na diversidade»? O CDS-PP??? Não acredito. E também não se justificaria a denúncia destas situações?

No PCP estas questões, pela postura acrítica diluída no conceito do centralismo democrático, não assumem nem importância nem espaço político. O BE, apesar de timidamente procurar a construção, não tem estrutura (nem lugares elegíveis e de responsabilidade para distribuir – logo não há competição interna pelos lugares mais apetecíveis); logo estas questões não se colocam.

Ou seja, concluímos que somente o PS interessa e é notícia (o que é verdade), ou que as atitudes do Miguel Coelho deram um enfoque especial à situação do PS (ou que também é verdade). Mas também assistimos, aparentemente, não só a uma maior discrição por parte do PSD e CDS/PP (e neste caso, poderá o PS aprender algo?) como a uma menor atenção dos media pelos seus processos internos.

Para todos os seus sapos. Para nós, que votamos, a certeza de pouco termos opinado sobre o assunto. A consulta, já com contornos de definitivo, apresenta-se depositada na urna. E aí pouco nos resta a fazer. Poderia ser de outra maneira? Que melhorias poderiam ser introduzidas no sistema que pudessem possibilitar resolver este distanciamento? Listas abertas? Novas formas de elaboração de listas? (quais?)

Sem apresentarmos soluções, deixamos a reflexão.

Outra vez?



Há gente que não aprende...

Incoerências

Cada vez mais, a confusão é algo que vai abundando por esse mundo.

Um bom exemplo disso é a confusão que em muitas ocasiões se faz entre atitudes “inteligentes” e atitudes “incoerentes”. Normalmente, este equívoco acontece quando se aponta o dedo a alguém que mudou - de forma mais ou menos radical - de opinião sobre determinado assunto apenas porque tem a honestidade intelectual suficiente para admitir que não tinha razão, ou que tinha, mas, entretanto, deixou de a ter. Ora, quando alguém tem a coragem de tomar esta atitude só pode ser inteligente, e não, incoerente, pois demonstra capacidade para evoluir, para mudar para melhor, perante si e perante os outros. É por este motivo que o mundo pula e avança e, não, por causa de coerências milenares baseadas em ideias cuja falsidade está mais que provada.

No entanto, há casos muito específicos, em que aquilo que nos parece incoerência, cheira a incoerência e sabe a incoerência, é mesmo incoerência...e da grossa. Tomei conhecimento de um bom exemplo de tal situação no passado dia 23 de Julho, quando, num momento de desorientação, deixei ficar a televisão na TVI durante mais de dez segundos. Estavam a transmitir a VII Grande Corrida TVI. As câmaras mostravam uma grande praça de touros cheia de marialvas fardados, tias acastanhadas, betinhos de sapatinho de vela sem meia, meninas debutantes, enfim, um intenso cheiro a Largo do Caldas misturado com o maneirismo de quem é candidato a cortesão, caso Portugal vire uma monarquia nos próximos tempos. Até aqui tudo normal para uma tourada. A estranheza veio quando o locutor anunciou que, no meio de todos aqueles protótipos de duques, condessas, marqueses e baronesas, estava o padre Vítor Melícias, identificado como um grande aficionado da “festa brava”. Mas, afinal, não é o padre Melícias um sacerdote franciscano? Não deveria ele ser, tal como o fundador da ordem a que pertence, um profundo amante de todos os seres vivos em geral, e um verdadeiro protector dos animais em particular? O que fazia Melícias na bancada daquela arena de sangue onde se torturam animais até à morte ao som de aplausos e cornetas festivas?

Isto é apenas um pequeno e relativamente pouco importante exemplo de incoerência ideológica, mas é suficiente para nos pôr a reflectir sobre a debilidade das convicções, das ideologias, das filosofias, enfim, das ideias, no mundo actual.Será que ainda existem? Para existirem tem que haver pessoas que as defendam, que as apliquem.Será que as há? O homem que se diz, por mero exemplo, socialista, é mesmo socialista ou é apenas uma designação que aprendeu a dizer? Será que aplica no dia-a-dia os princípios com os quais diz identificar-se?

Num mundo dominado pelo lado negativo do pós-modernismo, pela 3ª via, pela globalização selvagem, pelo imediato, pelo “vale tudo”, a ideia, bem estruturada, rica e inovadora (sem esquecer o que pode herdar de bom do passado), pode ser a solução contra as incoerências que vão tirando o rumo à civilização.

As ideias podem ser a nossa bússola.

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