Tenho seguido, à distância, a campanha interna do PPD/PSD. Tenho visto os sites, os blogues e mesmo algumas das entrevistas e...parece que falta alguma coisa... não sei...
Não vão haver debates entre os candidatos (pelo menos os 3 principais)? Não vai haver mais troca de ideias, apresentação de projectos? Desculpem-me os sociais-democratas, mas é inevitável a comparação da grande eleição partidária da História portuguesa - a de do Partido Socialista em 2005. Aí foram apresentadas ideias e projectos bem distintos, defendidos por gentes da categoria de um Manuel Alegre ou de um João Soares (e apoiantes, entenda-se). Essa campanha interna gerou momentos de grande qualidade política colocando-a, por vezes (e com a devida distância), ao nível do que de melhor se faz nos EUA.
Esta campanha interna do PSD anda chocha, morna. Nem na blogosfera parece animar. Talvez lhe falte um Alberto João para apimentar a coisa, não sei…
O que se destaca são os ataques, as quotas, os apoios, o cacique. Ainda ontem, Pedro Santana Lopes dedicou 90% da sua entrevista à Ana Lourenço em ataques aos seus adversários. Ontem ainda, mas na TVI, era Luis Filipe Menezes a atacar Manuela Ferreira Leite; e tem sido constante a demarcação de Passos Coelho do PSD dos seus adversários…
Bem sei que as águas sociais-democratas andam, há muito, agitadas; de que estas três candidaturas representam tantas facções internas e o facto de todas serem competitivas aguça-lhes a raça do combate pelo poder (o que lhes trás combatividade, mas que necessariamente retira discernimento). Talvez seja essa uma das explicações do sucesso da campanha socialista: é que bem cedo se percebeu que seria Sócrates o vencedor, o que deslocou para o plano das ideias o discurso e a campanha. Como no caso laranja a competição ferve, até é natural que se queira ganhar, primeiro, e explicar o que se quer fazer depois.
Não sei, parece-me.
Esta questão levanta-se ainda outra reflexão (a responder no futuro): o que faz um líder do PPD/PSD eleito com menos de 50%? Que importância terão nessa situação os delegados ao Congresso? E como será o futuro Conselho Nacional?
Tema, certamente, a regressar.
14 comentários:
"(..)é que bem cedo se percebeu que seria Sócrates o vencedor, o que deslocou para o plano das ideias o discurso e a campanha."
Queres dizer que só se discute ideias quando se está a jogar a feijões, que quando é a dinheiro, ninguém tem tempo para as ideias?
Se sou capaz de encontrar meia duzia de exemplos que comprovem essa teoria, prefiro procurar aqueles que a desprovem... devo ter mais sorte no PS, do que no PSD, nao achas?
Boa, infelizmente o que dizes está correcto, a não ser que a ideia que tenhas seja tão avassaladora que seja ela toda a tua campanha (vê, por exemplo, Obama).
escreve mais sobre isso...
A dialéctica entre levar o PS para o centro, de maneira a levar a esquerda a reboque, ou de virar o PS á esquerda , para levar o centro a reboque, tem se mantido como centro do debate interno da estrutura dede o confronto do guterres e do sampaio (senão mesmo antes). TU SABES QUE EU ME POSICIONO NO CENTRO-ESQUERDO, preciso de um desafio bastante mais concreto para levar esta discussão para outro nivel... Ainda estás á altura?...
Ainda queres as fotos? Não ficaram nada de jeito, por isso é que não te mandei, o pres. da cons. mexe-se muito em pé...
Estou a gostar deste início de troca de ideias. Vamos arregaçar as mangas?
E ousar? Ousar pensar, ousar falar, ousar mexer.
Bora?
Obrigado, Vera, e bem vinda à discussão. Estou só a aguardar que o Zé ouse mexer, para eu ousar responder, e espero que ouses participar...
Quer dizer que vamos esperar pelo Mestre Zé. O.K.
Vi, no teu painel de blogger, um JABrioso. Será o meu colega Brioso, sociólogo? Trabalhamos juntos, há uns bons anos atrás na APSIOT. Se é ele, diz-lhe, por favor, que eu ... sou eu. O "recado" é estranho mas, por vezes retomar um contacto tem um princípio bizarro. Ainda há pouco perguntei a alguém, no Principe Real " Tu chamas-te XXXX?". Chamava. E chama. Retomámos uma conversa interrompida há décadas...
É esse mesmo, ele manda comprimentos.
Aqui vai uma alegre afirmação. Vamos discuti-la?
"Governo deve tomar medidas para atenuar impacto da alta dos combustíveis - Manuel Alegre
Manuel Alegre desafia o governo a agir para controlar o impacto do aumento dos combustíveis junto das famílias. Na sua página na internet o histórico deputado socialista diz que o Estado não pode ter medo de tomar medidas."
Saudações sociológicas ao Brioso.
Não são muitas as vezes que estou de acordo com o Manuel Alegre, portanto aproveito a oportunidade para me juntar à declaração aqui posta em que Manuel Alegre disse o que disse!!
Sendo o óbvio, Manuel Alegre fez, com a sua afirmação, toda a diferença!
"controlar o impacto da alta dos combustíveis junto das famílias" é a proposta de Manuel Alegre.
1. é irrefutável que as famílias sentem o peso do aumento dos combustíveis (na alimentação, por exemplo)
2. a questão é como controlar esse impacto:
a) apoiando actividades produtivas subsidiando, parcialmente, os combustíveis;
b) mantendo, portanto, níveis de produção aceitáveis;
c) o que levaria a que não houvesse escassez desses produtos no mercado;
d) pelo que tais produtos não iriam encarecer mais
e) permitindo que as famílias continuem a comprá-los
f) o que não romperia o ciclo produção - mercado;
g) o problema será: que actividades produtivas subsidiar:
pesca?
agricultura?
indústria transformadora, como a alimentar e a do vestuário?
2. é também irrefutável que o aumento do preço dos combustíveis vai prejudicar as nossas exportações; assim, teriam de ser subsidiadas as actividades exportadoras, para manter o equilíbrio import / export
3. quanto aos transportes, quais deveriam ser subsidiados? Os colectivos e os de mercadorias?
Ou seja, não sendo economista, parece-me mais correcto atacar os males na fonte, a montante - na produção - do que no consumo, a juzante.
Por outro lado, há que saber qual o conteúdo dos protocolos com a Venezuela, país produtor de combustíveis fósseis - petróleo.
Tudo isto deve, certamente, estar a ser ponderado.
De qualquer modo não li o artigo do Manuel Alegre, tendo-me limitado a transcrever o que a imprensa seleccionou
Interessante... A declaração de Manuel Alegre, enquanto genérica e banal, é de fácil concordância.
Quando se passa para o particular, neste caso subsídio do preço de combustíveis, é que a porca torce o rabo.
Pensemos ligeiramente mais à frente, a longo prazo, o preço do petróleo vai descer? Dificilmente, visto que aquela que foi a principal razão para a volatilidade do preço do petróleo, a guerra no Iraque, não tem fim á vista. (Não estou muito confiante que o POTUS, seja a Hillary ou o Obama, consigam implementar, com sucesso, uma "exit strategy")
Pelo contrário, o preço do petróleo vai subir? É possível, visto que todos os factores que influenciam uma especulação bem sucedida se vão manter. (A melhor maneira de resumir estes inúmeros factores é a falta de confiança no futuro económico do mundo)
Ou seja, um subsidiar dos preços do petróleo tem o perigo (ou certeza) de se eternizar e de se agravar, o que não é sustentável. É importante que a iniciativa privada, e TEM DE SER A INICIATIVA PRIVADA, encontre formas de reagir e de fazer negócios num contexto de preço de petróleo elevado. Vão ser os países que melhor se adaptarem, que vão vencer, no sentido de oferecer melhor qualidade de vida aos seus habitantes.
O Estado deve apontar caminhos, deve ter mecanismos de apoio social que evitem a maior parte consequências sociais, deve mostrar que não está a ignorar um problema que nos afecta a todos, mas não pode continuar a ser o pai estado, que protege todos de tudo, pela pura e simples razão que não é sustentável.
Eu defendo que a Esquerda Moderna passa por um redesenhar da função do Estado, em que este assume uma função de irmão mais velho, para manter a metáfora da família, capaz de ajudar se necessário, mas sem a autoridade parental, que normalmente implica o evitar do falhar, que é importante em qualquer aprendizagem.
Já agora, só para clarificar uma ideia, que me pareceu algo nublada depois de reler o texto, a Direita Histórica (ainda não se sabe o que a direita actual pensa, em Portugal) pensa que o Estado deve ser como o pai que saiu para comprar tabaco e nunca mais voltou.
Camaradas,
Pede-me o Zé Reis que escreva um texto sobre Maio de 68. Hoje. I´m doing it.
Entretanto, amanhã parto para fora de Portugal. Só esporadicamente consultarei a net, pelo que serei por uns tempos parca em comentários. O último, de Boavida, merece uma leitura cuidada impossível de ser levada a cabo agora.
De qualquer modo não vou "sair comprar tabaco". Vou voltar. Aqui, virtualmente, a Portugal em carne e osso.
Esta máxima de sair para comprar tabaco vai ter de ser actualizada. É politicamente incorrecta por dois motivos. Primeiro, porque o sujeito da frase vai comprar tabaco (o que faz muitooooooooooo mal à saúde) e, segundo, porque é sempre um homem que parte para não voltar. Ora, às mulheres assiste o mesmo direito.
A expressão passa a ser " a Mãe saíu para comprar adesivos anti-tabaco e nunca mais voltou".
Cada um que imagine o que quiser... por mim, já cenarizei "n" situações...
O politicamente correcto é terrivel, já se faz demasiadas cedencias por causa do politicamente correcto. É um tema que discutirei com prazer, será que a linguagem existe e/ou mantém o seu significado depois de passar pelo filtro do politicamente correcto?
Aguardaremos o teu regresso, Vera...
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