sábado, fevereiro 26, 2011

Real Politik

Dando uma vista de olhos pela blogosfera portuguesa, e lendo sobre estas revoluções no mundo árabe, já deu para perceber uma coisa:
  1. Se o Presidente do Estados Unidos for Republicano, as acções que toma em relação à política externa do seu país são a demonstração clara de que a política internacional não se coaduna com ideologias ou questões de direito - é a chamada real politik.
  2. Se o Presidente dos Estados Unidos for democrata é apenas estúpido!

Sobre a censura

As próximas linhas não são pensadas. São em forma de desabafo. Isto porque estou farto de todos aqueles que abrem a boca toda para falar de censura. Nos últimos tempos temos tido várias notícias sobre as movimentações na comunicação social. E as caixas de comentários dos vários jornais online são autênticas destilações de ódios.

Já dando desconto à falta de educação que grassa nesses comentários (e mantendo a minha curiosidade em relação à mensagem que acompanha esta zona das publicações online informando-nos que esse espaço é moderado – que moderação é essa?), uma das coisas que mais me irrita, e fá-lo profundamente, é a busca pela censura.

Sim. A busca pela censura! Porque a censura, como em tudo na vida, só é má e um perigo para a Liberdade e Democracia quando não é a minha censura. Se for a minha censura, essa já é positiva.

Voltando ao começo destas linhas, nos últimos dias temos assistido a várias notícias de transferências de jornalistas, ou suspensão de programas, ou de contratação de comentadores. Foi a Judite de Sousa e José Alberto Carvalho terem passado da RTP para a TVI, a suspensão do programa “Plano Inclinado” – com Mário Crespo e Medina Carreira – da SIC Notícias, ou a contratação a “conta-gotas” de dirigentes do PSD ou comentadores blogosféricos de direita para os vários canais de cabo.

Em relação a este último caso, só me resta fazer zapping quando o programa tiver um painel diversificado entre a direita e a direita liberal, coadjuvada pela direita kamikaze, pois é a única forma que tenho de responder a tal diversificação desse painel.

Em relação aos dois primeiros casos, tanto me dá. Não era habitual consumidor dos programas desses jornalistas e comentador, portanto é-me indiferente. Mas se olharmos para esse mundo dos comentários online destas notícias temos a fantástica noção que faz tudo parte de um grande plano governamental de censura e controle.

Vamos por partes: A SIC decidiu acabar com o programa “Plano Inclinado”. Se não estou em erro, a SIC é de um senhor chamado Francisco Pinto Balsemão, militante n.º 1 do PSD e ex-Primeiro Ministro de Portugal. Ao que tudo indica, a suspensão do programa teve a ver com uma discussão entre os dois intervenientes do mesmo, Medina Carreira e Mário Crespo, ambos bem longe de serem “This Government Men’s”. Conseguem-me explicar como é que a suspensão deste programa foi arquitectada pelo governo? Fico à espera…

No que toca à troca dos dois jornalistas da RTP para a TVI, temos visto de tudo. Desde os vivas à poupança que os seus ordenados supostamente representam, nessa senha agora existente pela poupança com o rendimento dos outros que justifica o acabar com tudo o que seja rendimentos provenientes do estado – desde que sejam os rendimentos dos outros, como já disse – ao “desmascarar” desse plano do governo que a passagem dos referidos jornalistas da RTP para a TVI faz parte dessa trama de controlo da comunicação social. Isto porque “o Xócras agora já limpou os que lá estavam contra ele e pôs lá a sua pandilha”! Normalmente esta frase é seguida de uma outra que diz mais ou menos isto “esse gajo [Xócras] é que devia ser proibido de aparecer na TV, para não nos vender as suas mentiras”. No que toca à contratação dos referidos jornalista… News Flash: “It’s a private company!” Quando se elogia o privado e a sua gestão, aguenta-se e não se chora as suas decisões. Em relação à segunda parte (e esta segunda parte é muito vista também no Facebook, embora na maioria das vezes de uma forma mais educada) é a parte que me tira grandemente do sério: Acusa-se o governo, por qualquer coisinha, de tentativa de censura e a seguir “exige-se” censura aos canais de televisão sobre a passagem de notícias ou de contratação de comentadores para os seus paneis.

Há coisas fantásticas, não há?





sexta-feira, fevereiro 25, 2011

Todos iguais?

Estou a ser permanentemente informado, via email, das sessões de esclarecimento e das ideias a explanar na moção por parte da campanha de José Sócrates a Secretário-Geral do Partido Socialista.

Como não me inscrevi em nenhuma mailing list de candidatura, suponho que os dados sejam disponibilizados pela própria estrutura do partido.

Assim, estou ansioso por conhecer também as ideias de António Brotas, António Fonseca Ferreira e Jacinto Serrão para o Partido Socialista, da mesma maneira e sem ter de mexer um dedo.

Vai ser assim para todos, não vai?

Bem me parecia...

Perdoem-lhes que eles não sabem o que fazem

Já aqui havia defendido a extinção do número de eleitor uma vez que o mesmo não faz, na actualidade, qualquer sentido.

E nesse mesmo texto havia expanado a opinião de que, em relação a esta proposta, a oposição havia feito muito alarido mas de uma forma completamente (digamos) ignorante. Que confundir o grave problema que ocorreu no dia 23 de Janeiro com uma proposta que, independentemente do que se passou, é muito boa e que resolve inumeras situações passíveis de fomentar o erro e de impedir o exercício de qualquer cidadão de votar é misturar ainda mais o trigo com o joio.


Peço desculpa pela minha ignorância, mas qual é o interesse de criar uma Comissão Eventual para analisar as questões eleitorais? Se juntarmos à proposta do governo à proposta - aprovada - do BE e da CDU que obriga a notificação dos eleitores que viram alterada a sua situação, que mais é preciso?

Tanta coisa para simular uma oposição. Tanta coisa para mostrar trabalho. Lá trabalho mostram! O que lhes falta é produtividade...

Eis uma situação que poderia ficar resolvida - no sentido prático da coisa, sobrando a questão política que está "pendurada" no ministro Rui Pereira - e que se vai criar uma comissão para decidir qualquer coisa que terá de ser diferente da proposta do governo, ficando nós, assim e previsivelmente, com uma solução pior

Momento cómico do dia

Paulo Sérgio diz que continua a ter o apoio dos jogadores e da SAD leonina.



quinta-feira, fevereiro 24, 2011

segunda-feira, fevereiro 21, 2011

Acabem com as humilhaçōes no Sporting

Esperemos que o novo presidente do Sporting corra logo ao início com Paulo Sérgio e José Couceiro.

Chega de humilhaçōes.



sábado, fevereiro 19, 2011

A moção

Sinceramente, não percebi todo este barulho à volta da moção de censura do Bloco de Esquerda. Muitos falam da questão da responsabilidade. Para mim, este é um argumento patético. O Bloco tem os seus eleitos no parlamento mediante um programa e são essas as ideias que deve defender. Além disso, desde quando é que o normal funcionamento da democracia é irresponsabilidade? A apresentação de moções de censura faz parte das regras da democracia. Os mercados não gostam? Onde estão esses mercados nas regras da democracia? A ditadura dos mercados, a ditadura da agências de ratings é que nunca vi inscritas nas regras da democracia. E não usei a palavra ditadura por acaso.

Este desistir da governação que se vê por toda a Europa para se sossobrarem às opiniões das agências e/ou mercados é muito mais preocupante e irresponsável do que a moção do Bloco de Esquerda, mas essa situação não parece incomodar muito os arautos da responsabilidade.

Em relação à moção, não concordei com a apresentação da mesma. Uma moção de censura deve ter um objectivo político. Para o País ou, mais mesquinha e comumente, para o próprio partido.
Parece-me, pois, que esta moção não serve nenhum dos objectivos. Se a moção passar o resultado das eleições que viriam poriam no poder a direita "mais à direita" que Portugal já conheceu, pelo que a solução defendida para o País pelo Bloco ficaria mais longe de acontecer. Do ponto de vista dos benefícios para o partido, permitiria ao PS fazer uma campanha a atacar mais à esquerda, depois de uma governação com poucos indícios disso, vitimizando-se pela moção apresentada. Retiraria, certamente, votos ao Bloco - que não tem um eleitorado assim tão solidificado como, por exemplo, o PCP (e, por analogia, a CDU) - quer pela vitimização, quer pelo fenomeno do voto útil, numa eleição em que somente o PS poderia evitar que este PSD, o mais à direita de sempre, chegasse ao governo.

Vai chumbar, pela direita, e esse chumbo foi anunciado antes da apresentação do texto da moção. Mais um exemplo da qualidade da oposição.

O número de eleitor, as eleições e a responsabilidade

Uma das questões de maior desgaste, actualmente, deste governo, se descontarmos toda a questão existente com a dívida externa e os mercados, é certamente a questão que envolve o Ministro Rui Pereira e o sucedido nas últimas eleições presidenciais. Ao não ser possível a vários milhares de eleitores votar (e só sabemos daqueles que tentaram – não quero nem imaginar se estas tivessem sido umas eleições concorridas), ficou criada uma situação insustentável para o titular da pasta.
Quando este se recusa a se demitir, e tenta arranjar culpados de uma situação que, certamente, terá vários, arranja um problema ao Primeiro-Ministro.

Começando do início: obviamente esta situação terá vários culpados.

1) Quem analisou o sistema, que não previu o exponencial aumento de pedidos de informação no dia das eleições
2) O Director-Geral demitido, sendo verdade que falhou nas suas funções
3) O Ministro, que tem responsabilidades políticas óbvias e evidentes

(numa sidenote também se poderiam culpar os costumes portugueses de deixar tudo para a última da hora e também a CNDP que colocou grandes óbices a todo o processo do Cartão do Cidadão, numa suposta protecção dos cidadãos que não é mais que retórica e que na realidade não protege nada mas adiciona dificuldades a todo o processo que o Cartão do Cidadão pretende simplificar)

Imagino que no primeiro ponto as responsabilidades tenham sido assacadas, mas obviamente não chegaram às manchetes da imprensa. O segundo está resolvido. Falta o terceiro. É óbvio que o ministro não pode nem deve passar entre os pingos da chuva nesta situação. Rui Pereira deveria ter concluído o óbvio e uma vez que não o concluíu, alguém – e esse alguém é o Primeiro-Ministro – deveria ter concluído por ele. Ao não fazê-lo, nem o fazerem por ele, o Governo deixou-se arrastar para uma situação da qual não sairá vencedora (o facto do ministro fica em funções não é definição de situação vencedora e se for essa a medida que se está a considerar, então está-se a medir muito mal a situação) mas que ainda vai a tempo de parar o desgaste extra que esta situação está a trazer. Por comparação, Jorge Coelho também não poderia fazer nada na tragédia de Entre-os-Rios mas o então ministro não deixou a culpa política morrer solteira e demitiu-se. Uma grande diferença para o actual detentor da pasta da Administração Interna.

No entanto, o Governo anunciou esta semana a extinção do número de eleitor, previsto para 2013. A oposição depressa concluiu que tal medida servia para encobrir as falhas da última eleição e era como que uma fuga para a frente em toda esta situação.

Vá lá… agora a sério: é mesmo isso que pensam?

Então está bem. É a vossa opinião. Na minha, a medida é excelente. Para que é que precisamos de um cartão de eleitor, nos tempos que correm? Percebe-se que quando a democracia começou houvesse a necessidade de ter um processo simples fazer a numeração e ordenação dos cadernos eleitorais, numa altura em que essa coisa dos computadores era algo muito evoluído (uma coisa dos States) e as juntas tinham de saber quem eram os seus eleitores. Com o avançar da tecnologia esta situação tornou-se ridícula e causadora de problemas (limpeza de cadernos eleitorais, potenciadora de erros das mesas – e eu já passei por um destes… um dia conto).

A oposição tinha aqui uma excelente oportunidade de, apoiando uma medida do Governo, fazer todo o espectáculo mediático que pretendia. Como? Bastaria para tal perguntar porque foi a medida apresentada por Pedro Silva Pereira e não Rui Pereira. Se o Governo já não tinha confiança no ministro da pasta e porque não era o mesmo demitido. Desviava as atenções de uma proposta que é boa, aproveitando a mesma para desgastar mais o Governo numa questão que, pela forma como lidou com ela, claramente merece. Mas preferiu desvalorizar a proposta.

Dizem-nos aqueles que “não aceitam” os resultados das últimas eleições legislativas que cada País tem o Governo que merece. Poderá eventualmente assim ser. Mas também tem a oposição que merece. E esta está a ser muito fraquinha.

Concluindo, em toda esta questão: O Ministro deveria ter-se demitido. Ao não se demitir, deveria ter sido demitido que uma falha desta gravidade no que a democracia tem de mais essencial não é uma questão menor. E a proposta de eliminação do número de eleitor deverá ser levada até ao fim. São duas faces da mesma moeda, em que toda a classe política esteve mal.

domingo, fevereiro 13, 2011

Mais um que não quer ser levado a sério

Manuel Maria Carrilho defende que o PS devia apresentar uma moção de confiança.

Depois de vermos que, nem os próprios líderes do BE querem, ou defendem, que a sua rídicula moção de censura seja aprovada, alimentando assim a percepção de que o seu partido não é para ser levado a sério, Carrilho queria que o Governo se derrubasse a si próprio.

Carrilho também não quer ser levado a sério.


terça-feira, fevereiro 08, 2011

Para começar o Debate Ideológico

Embora não concorde com os sete pontos apresentados, parece-me ser um bom ponto de partida para iniciar o debate ideológico que urge fazer no PS (goste ou não o camarada Sócrates):
  1. Adoptou "políticas neoliberais e, portanto, abandonou a matriz ideológica socialista";
  2. "Autoritarismo interno e ausência de debate, empobrecendo o papel do PS no país";
  3. "Imposição de medidas governativas como inevitáveis e sem alternativa, o que traduz dependências nacionais e internacionais não assumidas nem clarificadas para o presente e o futuro";
  4. "Marketing político banal e constante, de par com uma superficialidade nas bandeiras de modernização da sociedade portuguesa";
  5. "Falta de ética democrática e republicana na vida pública e na governação";
  6. "Sacrifício de políticas sociais construídas pelo próprio PS em fases anteriores";
  7. "Falta de credibilidade, quer por incompetência quer por hipocrisia, dando o dito por não dito em demasiadas situações de pesadas consequências".

Questão de Perspectiva

Os Sportinguistas sofrem com a possível belenização do seu clube.
Já os de Belém adorariam sportinguizar o seu clube.

Vá-se lá entender estes clubes pequenos da cidade de Lisboa...

Costinha fala, descobrem-se as verdades

No espectáculo trágico-cómico em que o Sporting está transformado, poderia-se considerar que a entrevista de Costinha à Sport TV é uma "bomba" que cai no pior momento para o clube.

Afinal, vir-se afirmar que a venda de Liedson não foi minimamente planeada, pelo menos pelo departamento de futebol do clube, é um atestado de incompetência à direcção, apenas servindo para alimentar as teorias da conspiração sobre a saída do "levezinho".

E o resto da entrevista traz outras "pérolas", como o facto de ainda não haver divisão de competências entre Couceiro e Costinha...

Sem rei, nem roque, os dirigentes leoninos dão a imagem de baratas tontas, agravando de forma inacreditável aquilo que já é um dos piores períodos da vida do Sporting.

Neste contexto, ao contrário de muitos, acho que é necessário "bombas" e "pirómanos". Basta de consensos podres! Às vezes, é necessário destruir, para depois reconstruir.

sábado, fevereiro 05, 2011

Gostava de ter escrito isto


Numa noite plena de emoções Liedson despede-se de Alvalade num jogo que ilustra, com raras excepções, os 7 anos e meio da sua passagem pelo Sporting: faltou um Sporting maior para Liedson poder ser ainda maior.


Liedson: O silêncio é a melhor prova de gratidão.

Muitos sportinguistas parecem ter agora como desporto favorito dizer mal de Liedson. Que nunca teve o amor ao clube que justificasse ser o símbolo do Sporting que foi, e sempre será. E a prova disso seria a sua saída nesta altura.

Pondo de parte que Liedson é um jogador profissional, em que o amor ao clube não é, e não pode ser, um factor do seu desempenho. E que ficou na história sportinguista em virtude dos golos que marcou, que resultaram em que muitos jogos não fossem empates, ou derrotas, como o seu último jogo atestou.

Todos aqueles que o criticam nesta altura, estão a ser injustos. Liedson é um grande sportinguista.

Se apenas metade daquilo que se diz em blogues sportinguistas sobre a saída de Liedson for verdade, devemos muito ao jogador. Por não ter vindo a público conspurcar o nome do Sporting, como os seus actuais dirigentes parecem ter como hobby, contando coisas inacreditáveis para qualquer clube do tamanho do Sporting, mas que pelos vistos estão a acontecer.

Muitas vezes, o silêncio é a melhor prova de gratidão.

Obrigado Liedson!

Por tudo.

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