domingo, agosto 07, 2005

Óbito: Robin Cook [1946-2005]



Robin Cook faleceu ontem na Escócia, vítima de ataque cardíaco, aos 59 anos de idade.

Perdeu-se uma das maiores figuras da esquerda inglesa contemporânea.

MNE inglês durante a guerra do Kosovo, é considerado como um dos maiores responsáveis pelo grande apoio internacional, e sobretudo europeu, que tal acção mereceu.

Foi nomeado em 2001, Líder da Câmara dos Comuns, um cargo que possui muito maior importância do que o seu equivalente português, Ministro dos Assuntos Parlamentares.

Tal foi, por alguns, considerado um "pontapé para cima" de Tony Blair, que começava a temer a sombra de Robin Cook no Foreign Office.

A sua mais famosa posição é, sem dúvida, a sua oposição à guerra do Iraque, que considerava como pouco justificada, desnecessária tendo em vista o trabalho das inspecções, e um erro grosseiro que destruiria a coligação contra o terrorismo, formada desde o 11 de Setembro.

O futuro viria a dar-lhe razão.

Ao contrário da sua colega, Clare Short, cujo "agarrem-me que eu fico" tornou-a na chacota da esquerda, Robin Cook demonstrou sempre integridade absoluta na defesa dos seus princípios, tendo apresentado a sua demissão, em 2003, na véspera da votação da resolução que autorizaria o Reino Unido a invadir o Iraque, de forma a poder votar contra o seu governo e partido.

Mas o seu registo de votos importantes permite afirmar que não era um "rebelde trabalhista", tendo apoiado o partido em todas as suas grandes medidas, à excepção daquelas relacionadas com o Iraque.

Com a sua morte, perde-se um dos poucos grandes opositores que Blair tinha no partido, fazendo assim ainda mais aumentar a transformação neoliberal e quiçá neoconservadora dos trabalhistas britânicos.

Deixo-vos agora com uns extractos do seu discurso de resignação de 17 de Março de 2003:

This is the first time for 20 years that I have addressed the House from the Back Benches. I must confess that I had forgotten how much better the view is from here. (...)

I have chosen to address the House first on why I cannot support a war without international agreement or domestic support. (...)

It is not France alone that wants more time for inspections. (...) indeed, at no time have we signed up even the minimum necessary to carry a second resolution

Only a year ago, we and the United States were part of a coalition against terrorism that was wider and more diverse than I would ever have imagined possible. History will be astonished at the diplomatic miscalculations that led so quickly to the disintegration of that powerful coalition (...)

Our interests are best protected not by unilateral action but by multilateral agreement and a world order governed by rules. (...)

neither the international community nor the British public is persuaded that there is an urgent and compelling reason for this military action in Iraq. (...)

It is entirely legitimate to support our troops while seeking an alternative to the conflict that will put those troops at risk. (...) For four years as Foreign Secretary I was partly responsible for the western strategy of containment.

Over the past decade that strategy destroyed more weapons than in the Gulf war, dismantled Iraq's nuclear weapons programme and halted Saddam's medium and long-range missiles programmes. Iraq's military strength is now less than half its size than at the time of the last Gulf war. Ironically, it is only because Iraq's military forces are so weak that we can even contemplate its invasion.

Some advocates of conflict claim that Saddam's forces are so weak, so demoralised and so badly equipped that the war will be over in a few days. We cannot base our military strategy on the assumption that Saddam is weak and at the same time justify pre-emptive action on the claim that he is a threat. (...)

I intend to join those tomorrow night who will vote against military action now. It is for that reason, and for that reason alone, and with a heavy heart, that I resign from the Government. [Applause.]

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