Pouco se fala sobre meritocracia como se de um tabu se tratasse. Pouco apelo se faz à meritocracia, supondo que em toda a parte, em todos os governos e todas as formas de governo a meritocracia está presente, quando tratamos de falar de uma democracia saudável. O termo foi criado por Yung em 1958 e assim definido concluíu-se que nas história já tinha sido aplicado e que governos já o tinham utilizado. Mais: que se assim fosse, que se a sociedade e a democracia se baseasse na meritocracia os com QI mais elevado governariam. Mais tarde a psicologia veio afirmar que o Q.I não é a mesura mais correcta da inteligência, há que tomar outros em conta como o quociente de emotividade.
Não será contudo e se considerarmos a evolução do conceito capaz de incluir todas as formas de mérito próprio no desempenho de papéis sociais a melhor forma de realização da igualdade democrática, de justiça social e de exclusão de qualquer privilégio na obtenção de qualquer tipo de mérito?
Um governo coerente, uma sociedade democrática e de Direito, um Estado de Direito e as famílias desses Estados de Direito devem ter bem presentes este ícone - a Meritocracia, a conquista dos papéis e responsabilidades sociais baseadas na melhor preparação. A melhor preparação tem de ser obtida pela igualdade material de oportunidades. Só assim podemos melhorar uma democracia plural e de um Estado de Direito. Através da verdadeira igualdade de oportunidades, para depois basearmos a posição de cada um na meritocracia.
Há por todo o lado que fomentar esta cultura de meritocracia, em cada organização, com vg. nas empresas e não deixar a responsabilidade da sua execução apenas ao Estado. A responsabilidade da sua prática é de cada um nos seus cargos de liderança.
Importa citar um estudioso do Direito Constitucional quando referiu que é preciso para além de um Estado de Direito, famílias de Direito (núcleos desse Estado de Direito) e pessoas de Direito (capazes de conviver democraticamente).
10 comentários:
Gostei!!!!!!!!!!!!!
De dar ao mérito o valor do mérito, precisa-se, neste nosso Portugal.
Creio que nalguns outros países europeus há mais lugar para o mérito do que por cá.
Aí está o novo Blog para quem não quer ver repetida a trapalhada em que Lisboa esteve metida com Santana Lopes:
www.outravezno.blogspot.com
Avaliar o mérito de uma pessoa para desempenhar determinadas funções com base no QI, no QE ou com base em qualquer outro tipo de conceito é perigoso. Esses conceitos são apenas indicadores que não retratam a complexidade do ser humano na sua globalidade.
Pedro, as suas preocupações são exactamente as minhas, por isso lá está o 3º parágrafo a exigir que se considerem diversas variáveis na construção do conceito.
A meritocracia, num estado democrático, entra onde? Se os cargos são eleitos, suponho que "entrará" nos cargos por nomeação... mas quem quererá ser indigitado para um cargo, por exemplo, de assessor, para estar sob as ordens de alguém que, pelas mesuras, é meritocraticamente (é assim que se escreve?) inferior ao seu chefe? E se o aceitar, não será isso sinal de que afinal esse indivíduo não será, afinal, meritocraticamente (?) inferior a quem o escolheu? Ou será que a pessoa que o indigitou afinal meritocraticamente (? novamente) válida? Confuso, eu sei...
Rui,
Então, a nomeação para as listas deverá ter em conta, não só mas também, o factor mérito.
Por outro lado nem tudo é cargo político . . . há cargos académicos, empresariais, etc., que não deven«m passar por aspectos políticos.
Pedro e Patrícia,
Para além dos QI e QE há os cv. E há entrevistas.
Vera, concordamos. Nem eu disse que só esses items existiam. existem tantos outros até para além dos cvs e das entrevistas, quanto mais. E todos devem ser considerados. A excelência é e deve ser exigente.
Rui, para concluir, até na eleição há o mérito da vitória e da conquista da representatividade. A bem ver não é demeritório aceitar trabalhar com quem por mérito acedeu à assunção de um cargo democrático. Para mais a meritocracia só pode existir numa democracia.
Vera: Estamos de acordo que deveria ser assim nas listas e cargos públicos. Já nas empresas (privadas, entenda-se) cada uma sabe de si. Mas é onde, provavelmente, a meritocracia ainda é mais levada em conta (se calhar não tanto como deveria ou então qual meritocracia).
Patrícia: Numa eleição há o mérito da vitória, mas isso deve-se também (quando não mais, vide George W. Bush) ao mérito de quem faz e planeia a campanha.
Claro que deveria, Rui.
Numa empresa privada onde estive década e meia, o peso específico da meritocracia era igualinho ao das instituições públicas (leia-se Ministérios and so on).
A todos: para agradecer os vossos atentos comentários e disponibilidade. Para mim a troca de ideias é muito salutar e é disto que vivem os espaços democráticos.
Rui:Concordo. O trabalho de elegibilidade, governação e contrapoder é sempre colectivo, não obstantes os louvores individuais. "Nenhum homem é uma ilha", quanto mais os seus méritos.
Vera: escrevi sobre o assunto porque sei precisamente que muitos privados são incapazes de avaliar o mérito e desempenho individuais na sua devida importância. Infelizmente: perde a sociedade, perde a economia. Nem sequer acho que o Estado deva dar o exemplo no que concerne a avaliar o mérito de cada um. É uma questão cultural. Toca a todos, sector p´blico e privado.
VG. temos o melhor formador do mundo, é o melhor pedagogo de formação profissional com prémios ganhos em Londres e Nova Delhi. Este é um exemplo prático de mérito, de conquista, de reconhecimento. Existem outros.É disto que precisamos.
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