Este é um texto de que gosto muito. Produzi-o há 5 anos, para os 30 anos do 25 de Abril, e todos os anos o repito...
Desconfio que poucas pessoas o conheçam, por isso não é um auto-plágio muito grave. (lembrem-se que em 2004 era Durão Barroso PM, e Abril já não era Revolução mas Evolução).
Desconfio que poucas pessoas o conheçam, por isso não é um auto-plágio muito grave. (lembrem-se que em 2004 era Durão Barroso PM, e Abril já não era Revolução mas Evolução).
Falo, Erecção, Orgasmo; ou a interpretação simbólica de uma peça cultural no panorama comemorativo do 25 de Abril…
Em tempos de reformulações filosóficas e reconstruções históricas relativas ao 25 de Abril, onde uma revolução é substituída por uma evolução, nunca a obra do Parque Eduardo VII, alusiva à “Revolução dos Cravos”, me mereceu tanta atenção e reflexão.
Falo, obviamente, do Falo do Cutileiro. Aquele que tantos ódios, amores, polémicas e dissabores despertou não só no meio intelectual e artístico deste nosso cantinho tacanho, como na maioria da sociedade portuguesa que alguma vez se deu ao trabalho de o olhar. Para mim não me interessa tanto o que se pensa da obra, não me interessa que aspectos técnicos contêm, ou mesmo as considerações frequentes à personalidade do artista; o que me interessa é o que ela para mim simboliza, o que me faz pensar e sentir, em suma o que, ao nível do conceito, me faz transportar para um imaginário infinito e livre.
E esse imaginário é o 25 de Abril. É a Pujança, o Vigor e a Vontade. É a Acção, o Facto e o Verbo. É o Possível, o Infinito e o Sonho. É Abril. Abril fecundado.
É nesse Abril que eu vivo, no qual me transporto quando busco algo intemporal; no qual reflicto quando me confronto com as normalidades anormais da contemporaneidade portuguesa; é o Abril polemista, irreverente e imaginativo. Nesse Abril vive a Revolução.
Hoje vivemos, segundo a oficialidade governamental, na Evolução. Essa “evolução” disforme, incolor e insonsa. Uma evolução que pretende representar um Portugal neutro, cinza e murcho.Num ápice, tudo o que granjeámos colectivamente em repetidas construções simbólicas, sempre pessoais e sempre possibilistas, transformou-se em obtusos gráficos, esquemas e indicadores. Acabou o sonho. Tudo é real. Não existiu. Aparece o manguito.
A mesma escultura que antes representava a historicidade lúcida de uma geração progressista e democrática apresenta-se como um grande manguito àqueles que procuram assumir a burocracia escura de gabinetes lânguidos como um factor de modernidade e contemporaneidade. Abril, antes erecto num orgasmo constante rumo ao infinito, é retratado como balizado, palpável e pornográfico.
Pois digo-vos que se enganem aqueles que procuram inculcar valores vazios e inócuos em Substantivos Colectivos. A história faz-se, é verdade, mas também se sente; e que nada nem ninguém tome para si a pretensão de se substituir ao sentimento. Esse é nosso.
E se, por disfunções ideológicas e complexos recalcados, homens hajam que nos procurem coarctar a Liberdade tão duramente conquistada, que lhe façamos um manguito, um GRANDE MANGUITO!!!JRS
Em tempos de reformulações filosóficas e reconstruções históricas relativas ao 25 de Abril, onde uma revolução é substituída por uma evolução, nunca a obra do Parque Eduardo VII, alusiva à “Revolução dos Cravos”, me mereceu tanta atenção e reflexão.
Falo, obviamente, do Falo do Cutileiro. Aquele que tantos ódios, amores, polémicas e dissabores despertou não só no meio intelectual e artístico deste nosso cantinho tacanho, como na maioria da sociedade portuguesa que alguma vez se deu ao trabalho de o olhar. Para mim não me interessa tanto o que se pensa da obra, não me interessa que aspectos técnicos contêm, ou mesmo as considerações frequentes à personalidade do artista; o que me interessa é o que ela para mim simboliza, o que me faz pensar e sentir, em suma o que, ao nível do conceito, me faz transportar para um imaginário infinito e livre.
E esse imaginário é o 25 de Abril. É a Pujança, o Vigor e a Vontade. É a Acção, o Facto e o Verbo. É o Possível, o Infinito e o Sonho. É Abril. Abril fecundado.
É nesse Abril que eu vivo, no qual me transporto quando busco algo intemporal; no qual reflicto quando me confronto com as normalidades anormais da contemporaneidade portuguesa; é o Abril polemista, irreverente e imaginativo. Nesse Abril vive a Revolução.
Hoje vivemos, segundo a oficialidade governamental, na Evolução. Essa “evolução” disforme, incolor e insonsa. Uma evolução que pretende representar um Portugal neutro, cinza e murcho.Num ápice, tudo o que granjeámos colectivamente em repetidas construções simbólicas, sempre pessoais e sempre possibilistas, transformou-se em obtusos gráficos, esquemas e indicadores. Acabou o sonho. Tudo é real. Não existiu. Aparece o manguito.
A mesma escultura que antes representava a historicidade lúcida de uma geração progressista e democrática apresenta-se como um grande manguito àqueles que procuram assumir a burocracia escura de gabinetes lânguidos como um factor de modernidade e contemporaneidade. Abril, antes erecto num orgasmo constante rumo ao infinito, é retratado como balizado, palpável e pornográfico.
Pois digo-vos que se enganem aqueles que procuram inculcar valores vazios e inócuos em Substantivos Colectivos. A história faz-se, é verdade, mas também se sente; e que nada nem ninguém tome para si a pretensão de se substituir ao sentimento. Esse é nosso.
E se, por disfunções ideológicas e complexos recalcados, homens hajam que nos procurem coarctar a Liberdade tão duramente conquistada, que lhe façamos um manguito, um GRANDE MANGUITO!!!JRS
2 comentários:
Um 25 de Abril masculino e viril. Sim, foi feito pelos Militares de Abril.
Mas as Mulheres estiveram, decerto, presentes. Aconteceram orgasmos. Políticos, sociais, de alegria, do soltar das amarras, de cantos e de palavras ditas!
Bom texto Zé!
O 25 de Abril de 1974 é um momento extraordinário da nossa história. É a data colectiva que mais mexe comigo.
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