Caro Carlos,
Tenho agora tempo para pôr a(lguma) conversa em dia. Voltando (muito) atrás no tempo, e respondendo-te sucintamente às questões por ti levantadas, vi na altura as declarações do três competidores pela Casa Branca. Não podes comparar o discurso de McCain com o de Obama, pelo simples facto de um estar a fazer uma intervenção específica (comenta um resultado – e uma nomeação - num ambiente para isso preparado) e outro estar a fazer um comício (assim como Hillary). Em relação à deselegância de Obama em relação a Hillary, tens toda a razão. Mas também não ficava nada mal a Hillary ter dado os parabéns a Obama pelas vitórias da noite. (E tenho a impressão que a imagem procurada é a da passagem do "velho para o novo", além de marcar claramente a diferença de capacidades oratórias).
Falando da política externa dos dois (não falo da de Hillary pois aí não discordamos) é aí que começa o nosso desacordo. Primeiro, acho que a situação do Iraque não se resolve nem duma maneira, nem de outra, ou seja, não é retirando à pressa, nem ficando “por cem anos se for preciso”, mas prefiro que saiam de lá a ficarem ad eternum.
Tenho agora tempo para pôr a(lguma) conversa em dia. Voltando (muito) atrás no tempo, e respondendo-te sucintamente às questões por ti levantadas, vi na altura as declarações do três competidores pela Casa Branca. Não podes comparar o discurso de McCain com o de Obama, pelo simples facto de um estar a fazer uma intervenção específica (comenta um resultado – e uma nomeação - num ambiente para isso preparado) e outro estar a fazer um comício (assim como Hillary). Em relação à deselegância de Obama em relação a Hillary, tens toda a razão. Mas também não ficava nada mal a Hillary ter dado os parabéns a Obama pelas vitórias da noite. (E tenho a impressão que a imagem procurada é a da passagem do "velho para o novo", além de marcar claramente a diferença de capacidades oratórias).
Falando da política externa dos dois (não falo da de Hillary pois aí não discordamos) é aí que começa o nosso desacordo. Primeiro, acho que a situação do Iraque não se resolve nem duma maneira, nem de outra, ou seja, não é retirando à pressa, nem ficando “por cem anos se for preciso”, mas prefiro que saiam de lá a ficarem ad eternum.
Tu, que apontas o facto de Obama cooptar por propostas de McCain, esqueces-te que McCain faz o mesmo em relação às energias renováveis, preferindo aludires ao apoio do Governador da Califórnia e não referires que i) esta é uma bandeira Democrata e ii) que provavelmente (embora seja especulação minha) a influência da mulher e família da mulher no pensamento político do Governador da Califórnia seja grande.
Ainda referente à política externa, quer-me parecer que a abordagem programática de Obama em relação à América Central e do Sul (não falando do Canadá, cujas as recentemente aumentadas dificuldades introduzidas para a passagem da fronteira entre os dois países deixou os Democratas "espantados" e sobre o qual McCain, que eu tenha visto, não discordou) irá baixar o clima de tensão existente (mesmo que a saída de Bush já seja um bom princípio). Aliás, a política de diálogo e diplomacia nas relações internacionais é por mim preferida à política da força, sendo que neste caso o único revés são as afirmações em relação ao Paquistão. E para o caso de estares a pensar o que é que as relações com as restantes Américas pode trazer de bom para nós, portugueses e europeus, quer me parecer que se Chavez começar a criar condições para baixar o preço do petróleo, nós sairemos a ganhar com isso.
Por enquanto fiquemos por aqui, até por que me/nos palpita que iremos ter muito tempo para aprofundarmos este debate. Aliás, ando para escrever sobre aquilo que eu considero a principal força de Obama, que é algo que eu procuro preferencialmente (irónico, não?) num político. Mas estou a “escudar-me” na indefinição democrata para adiar o texto.
P.S. – Em relação ao populismo de referir “um diálogo que teve com uma pessoa que perdeu o seu jovem filho no Iraque”, Hillary Clinton fez algo semelhante no debate da CNN, e tenho a certeza que se procurarmos, encontraremos afirmações do mesmo calibre de McCain. Faz parte do establishment da campanha americana.
P.P.S. – Também desde já afirmo que sou incapaz de preferir qualquer candidato republicano a um democrata. O mais longe que vou é não ter preferência. O que no caso presente não se põe. Venho a acompanhar à distância Obama desde 2004. Mas deixa-me que te diga que se porventura McCain ganhar, eu “durmo descansado”… pelo menos nos primeiros meses.
Ainda referente à política externa, quer-me parecer que a abordagem programática de Obama em relação à América Central e do Sul (não falando do Canadá, cujas as recentemente aumentadas dificuldades introduzidas para a passagem da fronteira entre os dois países deixou os Democratas "espantados" e sobre o qual McCain, que eu tenha visto, não discordou) irá baixar o clima de tensão existente (mesmo que a saída de Bush já seja um bom princípio). Aliás, a política de diálogo e diplomacia nas relações internacionais é por mim preferida à política da força, sendo que neste caso o único revés são as afirmações em relação ao Paquistão. E para o caso de estares a pensar o que é que as relações com as restantes Américas pode trazer de bom para nós, portugueses e europeus, quer me parecer que se Chavez começar a criar condições para baixar o preço do petróleo, nós sairemos a ganhar com isso.
Por enquanto fiquemos por aqui, até por que me/nos palpita que iremos ter muito tempo para aprofundarmos este debate. Aliás, ando para escrever sobre aquilo que eu considero a principal força de Obama, que é algo que eu procuro preferencialmente (irónico, não?) num político. Mas estou a “escudar-me” na indefinição democrata para adiar o texto.
P.S. – Em relação ao populismo de referir “um diálogo que teve com uma pessoa que perdeu o seu jovem filho no Iraque”, Hillary Clinton fez algo semelhante no debate da CNN, e tenho a certeza que se procurarmos, encontraremos afirmações do mesmo calibre de McCain. Faz parte do establishment da campanha americana.
P.P.S. – Também desde já afirmo que sou incapaz de preferir qualquer candidato republicano a um democrata. O mais longe que vou é não ter preferência. O que no caso presente não se põe. Venho a acompanhar à distância Obama desde 2004. Mas deixa-me que te diga que se porventura McCain ganhar, eu “durmo descansado”… pelo menos nos primeiros meses.
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