sábado, fevereiro 09, 2008

The end of an affair (2 de 2)


Dizia então que houve mais este episódio triste na eleição à Concelhia do PS Lisboa (devo acrescentar que claramente motivado pela raiva de quem, associado à candidatura do Miguel Teixeira se dedica à observação e resposta a estas situações); sobre o qual não me alongarei mais.
Curioso foi o facto de isto se está a passar na mesma altura em muito se tem escrito e debatido acerca do estado dos Partidos Políticos. e eu questiono-me: que exemplo é dado a quem, fora do PS, visite a nossa disputa interna? decerto que à primeira impressão se questionarão se o partido político em causa é o PS ou o PSD, tal a raiva e a verborreia de alguns indivíduos. Depois, perguntarão: são estes que nos vão governar? É que há gente inqualificável, que tudo faz por mais um voto, que tudo faz para definir A Verdade; que esquece que o objectivo máximo da política é o que se pode fazer pelo Outro, e não pelo Próprio. Muitos confundem mobilização política com escalada profissional.
Depois, numa análise mais interna, parece que muitos esquecem que o Partido Socialista tem uma tradição e uma história a defender. Muitos esquecem que o Partido Socialista fundou a democracia em Portugal; que existe há mais de 30 anos; e de apresenta como bandeiras fundacionais a Liberdade, o Direito à Opinião, a Pluralidade Política e o Respeito; ideias sem os quais não se tinha construído o ideário socialista.
Muitos esquecem o que representam estes valore; apesar de se apresentarem como os seus primeiros defensores.
São os valores que enaltecem e elogiam o trabalho que o PS está a fazer pelo país. São estes valores que alimentam – e bem – as alas críticas do Partido, que permitem o usufruto da liberdade, e que mantêm aceso o dínamo mobilizador do Partido Socialista. Defender o contrário é pretender calar o Manuel Alegre, ou banir o António José Seguro. É não entender que são eles, e outros, que mantêm a sanidade do próprio Partido, pois neles reside a pluralidade crítica tão fortemente embutida nos ideias socialistas.
E que bons exemplos temos sabido dar. Já nos esquecemos do exemplo que demos ao país na última eleição interna competitiva (Sócrates – Alegre – Joao Soares); onde soubemos construir um momento político digno de qualquer primária americana, tal a qualidade dos pretendentes. E que exemplo demos quando, depois da eleição, se soube integrar o que de melhor se produziu e construir um programa e uma equipa de governo histórica na democracia portuguesa.
É este o acervo do partido Socialista. Não são as questões pessoais. É a política. e é o duplo sentimento de servir o outro consoante a consciência própria.
É por isto que sou militante do Partido Socialista. Porque o meu partido sabe respeitar a pluralidade, a independência de pensamento, a crítica solidária.
É esse o meu Partido, é por ele que me bato, e é por acreditar que é possível manter este acervo e consolida-lo, com novos exemplos, novas personagens, novas respostas.
É por nisto acreditar, numa atitude – admito – optimista que suporto todos os ataques, as facadas nas costas, os inuendos e as insinuações. É que sei que essa gente inqualificável pouco significa na vida do Partido Socialista. Vai existindo, é certo, mas tem de existir, pois são também parte da pluralidade que defendo. Mas em nada se assemelham aos vultos que aqui temos referindo e que têm sabido construir a História do PS: José Sócrates, Mário Soares, Manuel Alegre, António José Seguro, João Soares. E tantos e tantos outros (como Ferro Rodrigues, Augusto Santos Silva, Edite Estrela, Mário Sottomayor Cardia, António Reis, Mário Mesquita, António Costa, Jorge Sampaio, Miguel Coelho, Vieira da Silva, António Guterres, António Vitorino, e tantos, mas tantos outros…).
É com a responsabilidade de continuar o caminho já construído que me apresento ao trabalho. Acredito, vivamente, que o Partido Socialista pode voltar a ser o dínamo social que já foi; e não apenas o dínamo governativo que é.

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