Recentemente fui alvo de uma acusação grave. O Carlos Castro acusou-me de plagiar algumas ideias da candidatura do Miguel Teixeira.
Dizia, grosso modo, que a candidatura do Miguel Coelho andava a reboque da do Miguel Teixeira. Entenda-se que é o mesmo que dizer que a candidatura do Miguel Coelho copia a do seu adversário; ou seja, que a plagia. Como o autor do texto referido era eu, senti-me citado. Mais, como académico, como alguém que existe profissionalmente de acordo com a sua capacidade de criar ideias, análises, conhecimento, devem entender que a acusação acerca da originalidade das minhas ideias é do pior que me podem acusar. É colocar em causa a paternidade do meu trabalho; e não posso deixar que passe impune vis acusações infundadas.
Em resultado, solicitei, exigi, ou a apresentação de provas, que corroborassem a acusação, ou um pedido público de desculpas, e consequente retracção.Deixei, deliberadamente, passar algum tempo, esperando que o Carlos regressasse ao bem senso que pensei que teria. Devo que depois do ocorrido lhe possibilitei, em termos pessoais, duas saídas à situação entretanto criada. É certo que, como dizia Churchill, que em política encontramos mais facilmente os inimigos dentro do nosso próprio partido (e os adversários fora), e de que relações de amizade são difíceis de construir e manter em ambiente tão atroz.
Não estou com isto a querer dizer que considerava o Carlos Castro um amigo. Não. Mas éramos bons conhecidos, com alguns interesses em comum. Era uma pessoa com quem gostaria, um dia, de poder partilhar uma equipa. Quis a fortuna que nunca partilhássemos projectos políticos.
Neste contexto deparei-me com este post do Carlos Castro, cinicamente intitulado,«A coragem de pedir desculpa e de fazer Justiça». Admito que tal post me deixou curioso. Viria o Carlos reconhecer o seu inequívoco? Viria apresentar alguma prova da sua vil acusação? Não. Mas vinha a reconhecer a alta importância o gesto do governo australiano, agora trabalhista, de pedir desculpa pelos consecutivos abusos que infringiram (os brancos australianos) ao povo aborígene.
É preciso ser… cínico, pensei. Reconhecer que a «desculpa» é uma palavra muito importante, mas ser incapaz de a utilizar é de um cinismo atroz, revelador de uma denunciante incontinência verbal associada a uma inconsequência tremenda. Como é que alguém, no espaço público e publicado, se esconde cobardemente de um pedido de clarificação público exigido e depois exalta a coragem do Primeiro-ministro australiano?
Claro que a minha estranheza não advém do acto honrado e humilde do primeiro-ministro australiano mas de tais referências provirem de alguém que tem mostrado e demonstrado ser tudo menos portador de tal honradez ou humildade.´
Decerto o Carlos se terá deliberadamente esquecido do pedido público de desculpas que lhe solicitei em ocasião da falsidade por ele inventada, relativa à minha pessoa. Decerto terá esquecido de todas as oportunidades que lhe dei de se emendar, de reconhecer o seu erro. Eu até teria, possivelmente, entendido as razões do seu abuso; afinal poderá ter, inadvertidamente até, reagido emotivamente por a campanha eleitoral interna não lhe estar a correr bem. Até poderia entender que, por razões políticas, não quisesse dar o braço a torcer, admitir o erro, pois tal o colocaria numa posição de fraqueza. Mas tais razões esfumaram-se quando eu lhe fiz entender que estava gravemente ofendido com as suas falsas acusações.
No entanto nem todas as razões possível lhe desculpariam a sua má educação e má formação para comigo, colocando-o definitivamente na curta prateleira daqueles a quem não me quero ver associado. Muito poderia ter justificado os seus actos. E eu, disse-o várias vezes, até o compreenderia, caso o Carlos se retratasse e apresentasse desculpas. Como fez agora o primeiro-ministro australiano. O problema é que para isso acontecer o Carlos necessitaria de reconhecer que o que fez estava errado e ter a capacidade de o reconhecer publicamente, ser humilde.
Ora essas duas suposições não são, então, verificáveis. E, perante tal verificação, não me resta senão cortar, publicamente, relações com esse senhor. Há, para mim, limites. E o Carlos passou-os. Avise-o disso, retirei a nossa contenda da disputa política em curso (porque entendo que se devem separar os campos), e proporcionei-lhe todas as oportunidades de se redimir. Como é natural, não poderia deixar passar este acto grave em claro, sem consequência. Em política nem tudo pode ser permitido ou validado.
Não poderia deixar impune o comportamento agora detectado, assim como não poderei deixar de denunciar, publicamente, alguns traços do carácter do Carlos Castro. Esta atitude abjecta, ignóbil e infame denuncia alguém intelectualmente desonesto, porque o que escreve não é verdade; cobarde, porque se esconde e é incapaz de responder pelos suas acções; mentiroso e desprezível, porque é incapaz de reconhecer a gravidade dos seus actos.
Ficamos assim a saber que para o Carlos a incúria, a acusação vil e o boato de baixo nível são instrumentos legítimos de fazer política. Decerto terá sido atingido por uma qualquer superioridade bacoca, masturbatória, e de recente existência, que o terá retirado de qualquer discernimento consciente.
Ficámos ainda a saber que o novo Carlos renegou, definitivamente, aos valores da Justiça, do Bom-nome, da acusação provada; pouco lhe interessando se coloca o bom-nome de alguém em causa, ou se o que escreve é verdade ou não; se pode ou não ser provado.
Ora em política devemos lutar por princípios e valores. Valores e princípios que não podemos deixar cair por tuta e meia; ou que sejam legítimos apenas em cenários exógenos, perdendo a validade quando aplicados a nós próprios.
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