domingo, julho 03, 2005

Pequenas reflexoes sobre a política actual

O mediatismo da política de consumo imediato apresenta-nos pacotes imoderadamente embrulhados em chavões, ideias feitas ou sondbites definidos ou calculados para produzirem efeito y em grupo x. É tudo aparentemente rectilíneo. A política, o político, apresenta-se limpo, sorridente e tratado. O seu discurso, lavrado por especialistas, apurou-se na numerologia necessária ao objectivo: a eleição, a taxa de aprovação, a marcação da «agenda política». Na sua construção entende-se por criatividade o outdoor, a frase de campanha, a música de entrada no jantar de campanha.

A proposta política? A boa ideia? Por que corredores anda? Perdida e reciclada é verdadeiramente pós-moderna. Dela nada se desperdiça. Uma má proposta hoje é reciclada para a campanha de amanhã. Vasculha-se nos arquivos poeirentos e húmidos da memorabilia política por moções gastas ou promessas actuais. A ideia é aparecer fresco. Mesmo citando Rousseau ou Burke. Um bom cartaz, uma boa imagem e já ninguém se lembra que as mesmas ideias já foram apresentadas, por um partido qualquer, num município ou país distante, com uma outra roupagem. «Novas embalagens para velhos rótulos» dizia-se, a certa altura, de um outro regime.

E neste? Até quando aceitaremos Valentins e Isaltinos? Fatimas Felgueiras e Fernandos Gomes?

Para quando um verdadeiro poder de decisão e escolha? Para quando a libertação do cacique? O de outrora, o tradicional médico ou cura, ainda espalhava o bem pela sua terra. O de hoje, escondido em fatos e conferências de imprensa, entulha-se para seu bem e dos que o sustentam politicamente.

Até quando? Para quando uma renovação capaz de transportar a política nacional para novos patamares civilizacionais, fora das características terceiro-mundistas endémicas a um sistema que se apresenta autista? Para quando essa revitalização?

À Direita, verdade seja dita, há quem tente. E à Esquerda? Onde andamos?

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