quarta-feira, julho 27, 2005

O Pânico da Direita

Parece que há grandes probabilidades de Mário Soares avançar com a candidatura a Belém.
Espero que o faça e que ganhe as eleições. Portugal precisa de alguém com a sua liderança, com o seu optimismo, o seu carisma, com a sua capacidade de intervir e fazer uso do poder e influência como Presidente quando é preciso e sem hesitações, com a autoridade para se impôr perante o terrorismo económico que vai crescendo por este país.

Claro que a direita já pôs a cabeça de fora. Convencida de que a esquerda não tinha um candidato à altura de Cavaco Silva já ía cantando vitória, mas apanhou com um balde de água fria e lá vai atirando a sua farpazinha tentando convencer a opinião pública de que Soares não tem condições para ocupar o cargo. E quais são os seus argumentos?

1-Soares terá 81 anos se ganhar as eleições.

Ora, Soares demonstra estar em óptima forma física para a idade e não se lhe conhecem doenças graves. Em termos psicológicos estão tão ou mais lúcido e capaz do que muitos jovens políticos, assim como a nível de capacidade intelectual. Concerteza que não irá viajar tanto como viajou das outras ocasiões em que foi Presidente, mas penso que a intensa actividade que Soares tem diariamente, desde há vários anos, na fundação que ostenta o seu nome, prova que não terá dificuldades com o ritmo de trabalho e a pressão a que quem ocupa o cargo está sujeito. Apenas a responsabilidade aumenta em grau significativo.

2-Mostra que o PS é um partido esgotado e não tem outras soluções para apresentar aos portugueses.

De facto, parece-me que, para além de Soares, o Partido Socialista apenas tem a hipótese Manuel Alegre, alguém que, na minha opinião, também daria um bom Presidente, embora admita que não teria grandes possibilidades de ganhar as eleições. Porém, à direita, e de igual forma, Cavaco surge como o único candidato credível, tendo em conta o percurso que Freitas do Amaral tem feito nos últimos anos. Mesmo Santana Lopes, de que tanto se falava para o cargo, está longe de ser consensual no seu partido e deixou uma péssima imagem ao país quando embarcou na aventura de substituir o fugitivo Durão Barroso.

Esgotado parece-me o PSD. É que se Guterres não fosse Alto Comissário das Nações Unidas e António Vitorino não tivesse preferido fazer uma retirada estratégica da política, o PS teria quatro candidatos que oscilavam entre o candidato excelente e o candidato médio/alto, enquanto que o PSD...bem o PSD tem o que teria agora, apenas Cavaco Silva. E quem diz o PSD, diz a direita portuguesa.

3-É um regresso ao passado.

Bendito regresso ao passado, se for para recolher desse passado uma lição para o presente. A geração de políticos que está hoje no poder é intelectualmente fraca, pouco carismática, enredada nas lógicas do aparelho dos partidos, nula a nível de formação ideológica, hipnotizada pelo carreirismo e pelo prazer da política pela política. Talvez Soares, com os seus 81 anos, consiga dar uma lufada de ar fresco na vida política portuguesa, fazer com que esta atraia as pessoas de que necessita urgentemente: da nova geração de intelectuais, técnicos, gente com ideias e que quer agitar o pântano em que este país se tornou.

Eu acrescentaria ainda mais um argumento que a direita guarda apenas para si:

4-É a nossa derrota inevitável.

Daqui concluo que o D. Sebastião da direita vai regressar numa manhã de nevoeiro, apenas para bater com o nariz na porta de um palácio que já tem dono anunciado...
Ricardo Revez
27-7-2005

2 comentários:

Tiago Cristóvão disse...

Quanto à contra-argumentação concordo em grande parte. Quanto ao anúncio de falta de alternativas por parte do PSD do nome Cavaco Silva, discordo, esqueceu-se do nome "Marcelo Rebelo de Sousa" - esse sim, pelo show off da figura, com algumas possibilidades de ombrear com os gigantes, assim como as teria António Vitorino, sem também o ser.

Ant.º das Neves Castanho disse...

Mas, se é de «show-off» que o País precisa, tem muito por onde escolher, sobretudo dentro do próprio P. S. D....

Ter Marcelo Rebelo de Sousa (um político falhado, na minha modesta opinião) como Presidente da República é tão caricato como, por exemplo, ter o Herman José como Presidente da Câmara de Lisboa...

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