terça-feira, julho 19, 2005

DGCI no seu melhor


Para grande desgosto meu, tive que me deslocar hoje à DGCI, vulgo Finanças, nomeadamente numa Loja de Cidadão. Sendo uma hipótese que oferece mais possibilidades de resolução de problemas do que as repartições comuns, pelo horário proibitivo para quem exerce determinado tipo de profissões, pareceu-me a solução ideal. O resultado final fez-me recordar os ecos de quem frequenta estes locais burocráticos com frequência. O terror. O horror. Os modelos A12, C32, etc, a relembrar-nos a batalha naval jogada nas aulas de Física. As cadeiras repletas de pessoas aparentemente infelicíssimas, nem elas próprias sabem por que motivo, mas como os outros também parecem, em Roma comporta-te como um romano, sempre lhes foi incutido. A espera, the long wait, até que o nosso número mágico aparece no placard electrónico, subitamente sentimos que a Marisa Cruz anunciou a nossa chave do Euromilhões, "eu que nunca tive sorte ao jogo", diz o novo-rico. E quando nos preparamos para resolver o assunto que nos levou a este peculiar espaço, o previsível: "isso não pode ser tratado aqui", resmunga o funcionário com clara necessidade de umas aulazinhas de formação, "tem que se dirigir à Repartição da Castilho", ao que eu retorqui perguntando se esta situação se aplicaria caso vivesse no Porto, e necessitasse de me deslocar de propósito 300 Km para o efeito. Subitamente, o silêncio ensurdecedor. Não sei quanto tempo durou, mas quando terminou, vim-me embora de mãos a abanar.

Agora um pouco mais a sério, a decisão de alargar a idade de reforma até aos 65 anos para os funcionários públicos não foi a mais acertada politicamente falando. Percebe-se a intenção do Governo de demonstrar força perante os lobis e os Sindicatos, etc, mas existe uma clara necessidade de reformulação da estrutura envelhecida, cansada, pouco motivada, em alguns casos pouco qualificada. Os custos de algumas pré-reformas, podendo-se negociar reduções de pensões em percentagem de acordo com os anos de descontos (estou bem ciente das dificuldades das Finanças Públicas), poderia ser compensado com a entrada de (menos) funcionários com outra mentalidade e outra predisposição, no médio e longo prazo, ajudando também a baixar um pouco o nível de desemprego.

1 comentário:

Carlos Medina Ribeiro disse...

Sim, é verdade.

Eu tenho acompanhado de perto o drama da "inforfobia" (até porque sou formador) e sei o peso que isso tem para a Sociedade.

Conheço casos de pessoas com responsabilidades que têm um PC em cima da mesa há ANOS e nem sabem a respectiva "password" para o ligar!

E sei o que por aí vai, com o pessoal que, agora, tem de entregar a Declaração do IVA pela Internet e nunca mexeu num PC.

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