And the dreamers? Ah, the dreamers! They were and they are the true realists, we owe them the best ideas and the foundations of modern Europe(...). The first President of that Commission, Walter Hallstein, a German, said: "The abolition of the nation is the European idea!" - a phrase that dare today's President of the Commission, nor the current German Chancellor would speak out. And yet: this is the truth. Ulrike Guérot & Robert Menasse
domingo, julho 31, 2005
quarta-feira, julho 27, 2005
Devaneios
“A promoção?”, pergunta Sofia, admirada por o ver chegar sem avisar.
“Ao fim de tanto tempo, querida. Tantas horas extraordinárias, reuniões desinteressantes, fins de semana perdidos. O tempo que não estive contigo. A saudade da tua boca.”
“Já sei o que vem a seguir. Tanta saudade só pode querer dizer uma coisa...” – não podia vir em pior altura, como é que eu lhe posso contar estando ele tão feliz? – “Vieste comemorar?”
“Claro, tonta. Foste a primeira pessoa a saber. Significas tudo para mim.”
“Também gosto muito de ti, mas sabes que as coisas não são assim tão simples, pelo menos por agora. É tudo muito recente.” – vai-me chamar todos os nomes possíveis imediatamente antes de me matar – “Estou a adorar o que se está a passar entre nós, mas...”
Ele não a deixa terminar, avança abruptamente na sua direcção, sem lhe dar tempo de reacção, fazendo-a recuar, parando apenas quando a deixa pousar como uma pena na cama. Procura o lóbulo da orelha direita (nunca soube explicar o porquê de ser sempre o direito em primeiro lugar mas tal facto não é importante para esta história), descendo para o pescoço delgado. As suas mãos hábeis e experientes percorrem um caminho descendente, com paragens precisas e demoradas, estimulando Sofia até não conseguir resistir aos seus avanços. Sofia nunca gostou da palavra estimulação, mas de momento o seu deleite fazia-a esquecer-se de tudo que não estivesse no espaço confinante do seu quarto.
“Tens protecção?”, como se isso fizesse grande diferença agora, pensa ela na sua angústia.
“Eu confio em ti, meu amor.”
9´05 minutos do Allegretto da 7ª Sinfonia em Lá Maior de Beethoven a ribombar como que em resposta aos movimentos dos corpos que se unem. Sincronizado, mas não mecânico. Irracional, mas não animal. Carinhoso, terno, lamechas o suficiente porque também nunca fez mal a ninguém.
Acordaram extenuados. Ela levanta-se da cama, veste um roupão, escova o seu cabelo preto ondulado. Parece nervosa, inquietante. Ele nunca a viu assim. Pergunta-lhe se está tudo bem.
“Não, não está. Preciso de te contar uma coisa.”
Pontos de Vista
The Studio começa por dizer que a democracia nada tem a ver com liberdades individuais e que o Diogo Moreira se havia equivocado porque é nas democracias que essas liberdades normalmente existem. Ora, parece-me haver aqui um paradoxo. Se é nas democracias que as liberdades individuais normalmente existem, é porque as democracias têm muito a ver com as liberdades individuais. Ou melhor têm tudo. Pelo menos as democracias ocidentais, as verdadeiras, que penso ser aquelas a que o Diogo se referia. Estão longe de ser regimes perfeitos, mas são o melhor que o pensamento humano já concebeu e conseguiu pôr em prática de modo suficientemente eficaz até hoje. Claro que nos regimes ditatoriais de esquerda ou de direita, também existem liberdades: a liberdade de estar sentado ou de pé, de respirar pela boca ou pelo nariz, de dormir sete ou oito horas, de andar de metro ou de autocarro, etc. No entanto, acho que as liberdades que as democracias nos oferecem a todos são muitos mais importantes, embora admita que há uma enorme evolução a fazer no campo da sua aplicação prática. Porém, a teoria está correcta e isso já é um grande passo.
The Studio também expressou as suas opiniões sobre o terrorismo. Tal como ele, também acho que é preocupante haver “terroristas a passear-se livremente por aí com bombas às costas”, mas as medidas de segurança que devemos tomar para evitar que isso aconteça não devem constituir um limite ao nosso sistema democrático, sobretudo às liberdades que lhe estão no âmago. Não vale a pena evitar que explodam bombas se, para isso, perdermos a nossa privacidade, a nossa liberdade de movimentos e mesmo de opinião ( basta sermos mal interpretados ). Se nos tornarmos em estados securitários, estamos, sem nos apercebermos, a ceder às exigências dos terroristas, convencidos que os combatemos de forma eficiente.
Quanto às sociedades multiculturais, não me parece que a sua mera existência esteja na origem do terrorismo. Acho que é apenas uma desculpa para fazer passar a defesa de um ideal xenófobo e de intolerância. O terrorismo não tem a ver com a raça, com a cultura ou com a religião, mas sim com os indíviduos. Apenas uma pequena percentagem dos muçulmanos são fundamentalistas e menos ainda são terroristas, assim como apenas uma insignificante parcela dos negros em Portugal é responsável por actos de criminalidade e violência. A comunidade muçulmana em Portugal, por exemplo, está perfeitamente integrada e, por isso, é pacífica. Os afro-descendentes não o estão, mas para o estarem é necessário um esforço de ambas as partes: deles e nosso. A repressão é apenas uma solução a muito curto prazo. Alivia o sintoma, mas não cura o problema.
Não é apanágio dos árabes, dos magrebinos, dos persas ou dos paquistaneses, ser terrorista. A sua religião e cultura são tão propícias a más interpretações, como as ocidentais, algo de que são um excelente exemplo as Cruzadas ou a Inquisição. Como em todos os rebanhos há sempre algumas ovelhas negras.Assim, o que é necessário fazer é não deixar que paguem a maioria de justos, pela minoria de pecadores como os grupos racistas pretendem. Os seu objectivos são claros: aproveitar o medo do terrorismo para espalhar a ideia na opinião pública de que esta é uma guerra de raças e de religiões; desencadear um “choque de civilizações” ( como se os terroristas fundamentalistas ou os criminosos de origem africana fossem o exemplo das culturas dos países muçulmanos e africanos ); expulsar todos os não-brancos do continente para concretizar a sua utopia nacionalista de uma Europa etnicamente e culturalmente pura, como se isso fosse possível, ou mesmo útil.
Em relação ao facto deste blog ser um bom exemplo da restrição da liberdade de expressão por nele só poder comentar quem está inscrito no blogspot, tenho apenas a dizer algo muito simples: qual é o problema de se inscrever no blogspot? É grátis e não dá trabalho nenhum!
Para terminar, gostaria de fazer um pequeno apontamento sobre o link ( na forma do retrato de um rei ) que The Studio disponibilizou juntamente com o seu comentário. O site onde fui parar após ter clicado no ícone só veio confirmar aquilo que pensei enquanto li o seu texto: “isto cheira-me a barco inclinado a estibordo”. Aliás, inclinado não. Completamente afundado sobre o seu lado direito. De uma ponta a outra deste blog, reina o mau-gosto, o insulto, a violência, a intolerância, o racismo, a homofobia, o alarmismo... Para além disso, os textos são todos assinados com nicks ou apenas com nomes próprios, o que favorece a irreflexão sobre o que se escreve e a irresponsabilidade de quem escreve. Mas a democracia, que The Studio critica, é o sistema que lhe permite ter a liberdade de exprimir as suas opiniões, quaisquer que elas sejam, até de forma anónima. Será que ele já pensou um pouco sobre isso ?
O Pânico da Direita
Claro que a direita já pôs a cabeça de fora. Convencida de que a esquerda não tinha um candidato à altura de Cavaco Silva já ía cantando vitória, mas apanhou com um balde de água fria e lá vai atirando a sua farpazinha tentando convencer a opinião pública de que Soares não tem condições para ocupar o cargo. E quais são os seus argumentos?
1-Soares terá 81 anos se ganhar as eleições.
Ora, Soares demonstra estar em óptima forma física para a idade e não se lhe conhecem doenças graves. Em termos psicológicos estão tão ou mais lúcido e capaz do que muitos jovens políticos, assim como a nível de capacidade intelectual. Concerteza que não irá viajar tanto como viajou das outras ocasiões em que foi Presidente, mas penso que a intensa actividade que Soares tem diariamente, desde há vários anos, na fundação que ostenta o seu nome, prova que não terá dificuldades com o ritmo de trabalho e a pressão a que quem ocupa o cargo está sujeito. Apenas a responsabilidade aumenta em grau significativo.
2-Mostra que o PS é um partido esgotado e não tem outras soluções para apresentar aos portugueses.
De facto, parece-me que, para além de Soares, o Partido Socialista apenas tem a hipótese Manuel Alegre, alguém que, na minha opinião, também daria um bom Presidente, embora admita que não teria grandes possibilidades de ganhar as eleições. Porém, à direita, e de igual forma, Cavaco surge como o único candidato credível, tendo em conta o percurso que Freitas do Amaral tem feito nos últimos anos. Mesmo Santana Lopes, de que tanto se falava para o cargo, está longe de ser consensual no seu partido e deixou uma péssima imagem ao país quando embarcou na aventura de substituir o fugitivo Durão Barroso.
Esgotado parece-me o PSD. É que se Guterres não fosse Alto Comissário das Nações Unidas e António Vitorino não tivesse preferido fazer uma retirada estratégica da política, o PS teria quatro candidatos que oscilavam entre o candidato excelente e o candidato médio/alto, enquanto que o PSD...bem o PSD tem o que teria agora, apenas Cavaco Silva. E quem diz o PSD, diz a direita portuguesa.
3-É um regresso ao passado.
Bendito regresso ao passado, se for para recolher desse passado uma lição para o presente. A geração de políticos que está hoje no poder é intelectualmente fraca, pouco carismática, enredada nas lógicas do aparelho dos partidos, nula a nível de formação ideológica, hipnotizada pelo carreirismo e pelo prazer da política pela política. Talvez Soares, com os seus 81 anos, consiga dar uma lufada de ar fresco na vida política portuguesa, fazer com que esta atraia as pessoas de que necessita urgentemente: da nova geração de intelectuais, técnicos, gente com ideias e que quer agitar o pântano em que este país se tornou.
Eu acrescentaria ainda mais um argumento que a direita guarda apenas para si:
4-É a nossa derrota inevitável.
Daqui concluo que o D. Sebastião da direita vai regressar numa manhã de nevoeiro, apenas para bater com o nariz na porta de um palácio que já tem dono anunciado...
27-7-2005
O Perfil...
Focarei o tema sob a perspectiva do que no meu entender deve ser o perfil de alguém que deverá ocupar esse cargo (que na minha opinião é irrelevante no sentido de que este país é tal como todos o responsável pela actual situação de impasse internacional).
Deve ser alguém com coragem para estabelecer roturas e procurar que este pedaço á beira do atlântico plantado tenha objectivos a médio longo prazo, que tenha a coragem de falar descomprometidamente e de assumir que Portugal só tem futuro na Europa e com a Europa e o aprofundamento desta e das suas instituições.
Que seja alguém responsável e que enquadre Portugal como um actor internacional com responsabilidade, que não apoie guerras civilizacionais contra perspectivas diferentes apenas porque há interesses geoestratégicos económicos.
De alguém que alinhe pelos valores civilizacionais europeus e não por pseudo visões anglo-saxónicas liberais económicas, de puritanismo religioso e valorativos sociais, e que enquadre nesses valores a triologia da Liberdade, Igualdade e Fraternidade.
Tem que ser alguém que pense no Futuro, enquadrado num Passado e com intervenção pública no Presente.
Se olharmos para os candidatos que se estão a perspectivar, acho que só posso escolher um, e acho que também não preciso dizer qual o nome, pois é obvio...
Soares é Fixe
P.S. - Texto também publicado no Esquerdices
terça-feira, julho 26, 2005
Momento
De toda a cacofonia informativa jorrada recentemente, das diversas jogadas, ainda não entendi a intenção, fria e deliberada, ao melhor estilo de sniper croata, de tornar Alegre o alvo abatido, nesta verdadeira trama inglesa.
Explico:
Percebe-se a vontade, rapidamente assumida, por parte de Sócrates em dar corda ao relógio presidencial. Era sua intenção pôr de parte o episódio Cunha e Quê? e apontar os focos noutras bochechas. Percebe-se, também por parte do governo, que para esse efeito qualquer proto, pseudo, hipotético candidato poderia, pelo menos até Agosto, aguentar o «news cicle» o tempo suficiente para que a entrada na twilight zone algarvia permitisse um retorno autárquico limpo, de cara lavada e energias carregadas.
É neste contexto que se entende os elogios a Freitas.
Paralelamente, dentro do PS, penso eu, e aliás no seguimento de algumas possíveis pressões para a troca de Ministro das Finanças, as movimentações começaram: «Freitas???» nem pensar!!! (diriam alguns). Há que encontrar alternativa na «ala esquerda». Quem? Alegre.
Pois, é neste raciocínio que reside a falácia argumentativa. Nunca Alegre se Soares «andar por aí» … A questão é: saberia Alegre das intenções de Soares? Não acredito que não soubesse. Ou melhor, acredito que o «pitch» que lhe fizeram, a Alegre, foi num cenário onde o poeta se apresentaria como grande conciliador de uma atitude frentista contra o «Encoberto» da direita. E Alegre, que até tem ambições presidencialistas (que nunca as escondeu), levado pela tela que lhe pintaram, aceitou o proposta (aliás, deve de ter entendido que, com o pseudo apoio a Freitas, tinha terreno livre para aparecer à esquerda e obter o apoio do partido antes de Agosto, e aí fechar a nomeação…).
O seu erro foi não calcular Soares, ou não quere-lo calcular. O erro dos seus, resta saber se deliberadamente ou não, foi de o não jogarem com Soares. Se a intenção era liquidar Alegre, terminar a sua carreira política nos bancos traseiros da Assembleia, então é caso para dizer «mission accomplished». Mas quem? Os que o empurraram para a liderança do PS? Quem poderia lucrar com tal definitivo afastamento? Não acredito que Alegre agisse a solo.
Regressando ao embate presidencial: não acredito que Freitas ou Alegre queiram reeditar o combate fratricida de 85 no célebre Soares/Zenha e Pintassilgo (quem seria quem, 20 anos passados?). Além do mais, perderiam. Ambos. Se tivéssemos hábitos de eleições primárias à séria…
Partindo do principio que é Soares o eleito contra o «campeão da direita», além de ter o meu apoio por diversas razões, como encontramos «Zenha» e «Pintassilgo»? Freitas viu o seu espaço, a sua oportunidade e procurou a desmarcação (até conseguiu o pré apoio de Sócrates), ao verificar que corria o risco de se apanhado em posição fora de jogo, rapidamente recuou. Este jogo de pés manteve-o em jogo. Alegre não fez nada disso, e ainda quer protestar com o arbitro…
Curiosos, estes tempos políticos: Soares, Cavaco e Freitas, partilhando, de novo, a Arena da Política, como atracções principais (aqueles como candidatos presidenciais e este como um esperado activo MNE).
O grande beneficiado é Sócrates, que untado pela fortuna da agenda noticiosa, não só procedeu à necessária pit stop governamental (era fundamental trocar de Ministro das Finanças para se obter melhor margem nas eleições autárquicas), como encontrou o candidato que melhor se serviria. Em caso de derrota de Soares, é o ex-presidente que fica em cheque e acarreta com as responsabilidades. Em caso de vitória, é interessante, talvez seja o cenário mais complicado para o PM… com Soares em Belém, Sócrates escapa-se da faca aguçada do Encoberto, é verdade, mas ganha uma amarra à esquerda que provavelmente preferia ter como lastro.
Concluindo, boa trama, nesta original e inovadora peça em cena no nosso plateu político. Apesar dos bons actores, do argumento trabalhado, das reviravoltas angulares, temo que sejamos abandonados ao aborrecimento de um bloco central em banho-maria, em brasa curta esperando ateio na reentre. Aí sim, a confirmarem-se as previsões meteorológicas, esperam-se elevados riscos de incêndio….
segunda-feira, julho 25, 2005
A vergonha continua ... em Setembro
A panóplia de sessões diárias eterniza-se, a pressão das manchetes perdeu fulgor, e o nojo continua a pairar como um espectro assustador. A opinião pública já deu o veredicto: safam-se os ricos, trama-se o Bibi. Case closed.
Felizmente que este ano as férias judiciais ainda têm um período de 2 meses. Este é certamente um daqueles casos que devem ser céleres e que os senhores juízes, sindicatos e afins afirmam convictos que merecem o seu máximo empenho durante este seu período de repouso merecido.
Porquê Geosapiens?
Do grego Geo ou "a Terra" e do Latim Sapiens ou “Racional”, a palavra dá um misto de “Terra Racional”, ou quando atribuído a uma pessoa “Terreno Racional”, embora subsistam algumas duvidas quando á razoabilidade da atribuição deste nome á minha pessoa, é no entanto esta a imagem que quero passar, para além deste motivo que me parece suficientemente lógico, este nome também se enquadra dentro da minha área de intervenção pública, ou seja prefiro pensar a Terra bem como a Humanidade que nesta reside e os assuntos que as afectam, num todo, do que só e especificamente a política portuguesa ou no povo português.
O Paternalismo dos apoiantes do "Encoberto".
Deparei-me logo com um artigo de opinião de Luis Miguel Viana, intitulado Falta prestígo ao homem feroz, que possui as seguintes perólas:
domingo, julho 24, 2005
Momento
Começarei pelo assunto das presidenciais.
Quando no final de 2002 partilhava um jantar académico com o professor Medeiros Ferreira, este, no seu estilo provocatório, avançava com o nome de Mário Soares como não só o melhor candidato da esquerda para a presidência, mas como o que melhor colocado à esquerda se posicionava para um esperado embate com Cavaco Silva. Devo reconhecer que, apesar da graça e pertinência reconhecidas no proponente, pensei que a esquerda não só tinha mais e melhores soluções como que o futuro candidato deveria ser alguém substancialmente mais jovem, alguém que conseguisse aguentar uma corrida presidencial intensa e desgastante, e alguém que antecipasse a sua reeleição. Na altura, também convêm lembrar, ainda Guterres estava na corrida a Belém, e Durão Barroso liderava o país.
Hoje tenho dúvidas em sustentar o mesmo argumento.
Não só porque Guterres não anda por cá. Não só porque a esquerda não parece andar a produzir muitos candidatos individuais (ao contrário dos colectivos, que são muitos – cada facção do PS tem o seu…). Não só porque Sampaio obrigou (ao usar «a bomba») a que estas presidenciais sejam as mais exigentes da história democrática portuguesa.
Não consigo expor o mesmo argumento porque Soares se apresenta, provavelmente, como o melhor e mais bem colocado candidato para manter a esquerda em Belém.
Atentemos: [1] é o candidato com espírito mais jovem (por irónico que pareça); [2] porque me parece que Cavaco tem medo de Soares; [3] porque Soares velaria para que o governo Sócrates cumprisse o seu mandato (e governasse à esquerda); [4] e porque sinto que Soares olharia para o mandato presidencial como o seu último contributo ao país, um contributo que se sente urgente, institucional e solidário. Digo mais, tenho a sensação que Cavaco espera para ver o que Soares poderá fazer; digo mesmo que Cavaco só avançará, se puder, depois da esquerda definir o seu candidato. A esquerda poderá é apresentar vários candidatos (ao estilo das primárias de 85/86) …
No entanto, qualquer eleição com Soares teria de se revestir de um carácter excepcional. Não cogito que ele possa pensar na presidência como um culminar de carreira (já o fez em 1985/86), nem que o cargo lhe agrade sobremaneira. Soares só avançará se perceber que a esquerda não apresentará candidato (ou se apresentar Freitas?) e se entender que a direita espera por Cavaco para mandar o governo abaixo. Alguns desses sinais já foram avançados por recentes declarações de Ribeiro e Castro (ao pedir a moção de confiança do governo na Assembleia) e de Santana Lopes.
Nestas condições, Soares apresentar-se-á a votos para tutelar e garantir que o governo do PS atingirá o final da legislatura.
Neste caso, assistiremos a um ex-presidente em campanha (o que seria estranho) e o mito da reeleição cairia por terra. Não creio que Soares se apresentasse, à priori, com 85 anos a uma reeleição para um quarto mandato.
Penso, no entanto, ainda o seguinte: é vital que seja a esquerda a ganhar as próximas eleição presidenciais. Se a direita ganhar, com o espírito revanchista que para aí anda, temo que a legislatura não atinja 2009; que tenhamos eleições gerais lá para 2007, e aí, nesse cenário, poderíamos assistir a novas situações de coligação, de instabilidade, de uma atitude de «política presente», ao invés de «política futuro». Este governo, sempre sujeito a críticas, propõe-nos uma ideia de futuro. Resultará? Não sei. Mas se depositámos nele a esperança de 4 anos, que o deixemos apresentar resultados.
O país não pode suportar mais uma crise institucional. Temos de nos habituar a respeitar os prazos eleitorais. 4 anos são 4 anos. Como queremos crescer como democracia, como sistema democrático, se não cumprimos os seus fundamentos básicos? Como poderemos proceder a um processo de reflexão e de crítica, sobre a situação do país, do seu presente e futuro, sobre a necessidade de reformar o sistema político nacional, os partidos políticos e as instituições, se não conseguimos dotar as experiências políticas de tempo robusto? Como poderemos apontar futuros se não conseguimos segurar os presentes?
Necessitamos de estabilidade. E de respeito institucional. E esse a direita, pelos discursos recentes, não o tem. Está muito chamuscada com a última experiência governamental e retirou da atitude de Sampaio, como muita gente, o aspecto discricionário do uso da «bomba» presidencial.
Sampaio, ao rasgar os «acordos SALT» existentes na política portuguesa inaugurou uma nova fase nesta verdadeira «Guerra-fria». Não só não largou a bomba quando devia (por receio de uma vitória de Santana, por receio do PS de Ferro, por receio de Durão não ser indigitado, por esperar por Sócrates, etc.), como a detonou quando o governo ainda apresentava uma maioria parlamentar assumidamente estável e funcional.
Ao deixar este exemplo do uso discricionário dos poderes presidenciais, Sampaio elevou, em muito, a urgência da escolha do próximo ocupante de Belém. Na campanha, os candidatos terão de se explicar, e muito bem, em que condições utilizarão «a bomba». Novo SALT terá de ser assinado…
Nesse aspecto, como em outros, Soares poderá dar muitas lições, a muita gente.
É neste sentido que conta com o meu apoio.
Europa e Cidadania
Esta instituição que é diferente da União Europeia pois abrange todos os Estados da Europa e move-se apenas no âmbito paz e da cooperação entre Estados e é uma instituição inter-governamental (formada entre governos dos países) ao contrário da U.E., que é uma espécie de União Política e Económica (mais aprofundada), pretende com este acto alertar os cidadãos destes países para um dos princípios basilares da democracia, que é mais que o direito, o dever de cidadania, ou seja ao conjunto de atribuições que os cidadãos possuem no pleno gozo de seus direitos políticos, civis e sociais.
Como atribuições podemos referir o direito, mas também o dever, de votar, o direito, mas também o dever de participar em actividades políticas civis e sociais, por isso é importante nunca nos esquecermos que os nossos direitos conquistam-se todos os dias e não só quando votamos. Mas é fundamental, votar, pois assim teremos a legitimidade política e social para criticarmos o que não gostamos, pois o cidadão que pensa que só porque paga impostos é que tem legitimidade para o fazer engana-se pois a sua voz é silenciada no momento mais importante num sistema democrático representativo, por esse motivo o meu apelo vai para que votem nas eleições que se avizinham, seja em que partido for, mesmo que em branco, pois desse modo também estão a dar voz à vossa insatisfação.
O Concelho da Europa sendo uma instituição intergovernamental tem presidências governamentais, o governo português ficará com o segundo semestre, espera-se que este governo, conjuntamente com outras instituições e organizações da sociedade cívil, promova actividades em prol da Cidadania.
O Clube «Loja de Ideias», julgo, contribuirá com os seus debates e conferências bem como outras actividades, para que a Cidadania seja o alfa e omega das mesmas, o cimento que tentará solidificar vários pilares da nossa sociedade actual, nomeadamente os da tolerância, conhecimento e liberdade.
Espero por isso que o Governo, através de iniciativas próprias ou conjuntas, promova diversas actividades não só nas escolas, mas também nas universidades e nos locais trabalho e de lazer, bem como os frequentados pelas pessoas desempregadas, reformadas e/ou aposentadas, pois a indiferença e o imobilismo que cada vez mais assistimos é o primeiro passo para que uma ditadura de uma minoria tome conta das opiniões das maiorias, que embora opinativas são silenciosas, como se viu num dos referendos já realizados, pois quem não exerce o seu único dever de cidadania está condenado a que as opiniões e os valores muitas vezes absurdos governem a nossa vida.
Que por cá não leiam…
Sapos II
Uma vez que das reflexões promovidas pelo clube a sobre o «Sistema Eleitoral Português: que Reforma» mereceu, e merecerá, especial atenção (em Outubro continuaremos este ciclo com uma conferencia sobre «A evolução do sistema eleitoral em Portugal. do Vintismo aos nossos dias»), é natural que procure pensar um pouco do que é isso de votar…
Para mais, no Expresso deste fim-de-semana, a noticia sobre a campanha do CDS mereceu a minha atenção porque reforçou algumas preposições por mim avançadas anteriormente. Aparentemente, a lista à AML apresentada por Maria José Nogueira Pinto, em comissão politica concelhia, obteve 71 votos a favor e 20 abstenções contra os 92 votos recolhidos pela lista apresentada por Telmo Correia. Sem mais informações, e sem querer contribuir para o debate CDS versus PP, aparentemente a lista apresentada pela candidata foi chumbada. Se será a lista de Telmo Correia a apresentada a sufrágio, não sei. Imagino, isso sim, que será possível que se encontrem pontes comuns e se acorde algo. Afinal, se Telmo se armar em Miguel, é bem provável que obtenha o que desejar… (novas informações dizem-me que as listas apresentads foram para a vereação - Maria José Nogueira Pinto - e para a AML - Telmo Correia. obrigado Diogo B. Henriques)
Mas o argumento não decorre do que as démarches necessárias e esperadas dos corredores partidários produzem. Ele apresenta-se, em termos teóricos desta maneira: [1] como deverão os militantes e/ou simpatizantes partidários (independentemente do partido) votar em consciência quando se sentem representados por facções internas derrotadas; ou [2] porque deverão militantes e/ou simpatizantes partidários votar em listas do seu partido na qual não se sentem revistos (e inclusive tem muito em contra…). Onde termina o militante/simpatizante e começa o cidadão? Que sapos deve ele comer?
Extrapolando as realidades partidárias, é também verdade que para o eleitorado em geral a situação dos sapos se mantêm, uma vez que o seu voto não é individualizado nem pessoal. Está subentendido que o seu voto se diluirá na lista apresentada e, à excepção da eleição presidencial, não é possível saber em concreto nem para onde foram as nossas intenções nem para que contribuiu, realmente, a nossa atitude cívica.
E para se alterar a situação… só se alterando o sistema eleitoral.
Qualquer sistema onde as listas sejam fechadas e ordenadas, como é o nosso sistema, quer a alocução quer a distribuição de eleitos (e quem são) é feita automaticamente. Se as listas fossem abertas… se o voto pudesse ser transferível… talvez já fosse possível aromatizar o tal sapo incómodo; e não ficar, como actor final do processo político (como eleitor), dependente de cozinhados distantes.
E se se referir o processo de escolha de candidatos e da listas (o clube, também no seu ciclo sobre «Sistema Eleitoral Português: que Reforma», em 2006 apresentará duas conferências sobre a democracia e organização interna dos partidos políticos…), pelos exemplos que já apontámos (e poderíamos referir, também, a verdadeira manifestação de escarro e mal dizer que os vereadores santanistas manifestaram, na São Caetano à Lapa, a Carmona Rodrigues), rapidamente concluímos que é urgente que se reflicta sobre as diversas etapas destes processos decisivos.
sábado, julho 23, 2005
O senhor que se segue
Sabendo de antemão as dificuldades que se lhe iriam deparar, com a crítica sempre atenta a qualquer deslize, ninguém acredita que as razões subitamente invocadas para bater com a porta são a única razão para a sua decisão. A sua indisposição com as críticas que foi sofrendo ao longo do seu curto mandato, onde se realça a sua reforma de nomeada, o erro no Orçamento Rectificativo, a não concordância relativamente à aplicação do Investimento Público nos projectos anunciados (Ota, TGV, etc.), é o que fica na retina.
A tão apregoada “falta de jeito” para a política também não surte efeito. É certo que ser Ministro das Finanças não é o mesmo que ser o responsável máximo por uma Universidade, mas alguém acredita que o papel de um Vice-Governador do Banco de Portugal é apenas técnico? Além disso, há coisas que não necessitam de experiência política para ser entendido o seu alcance. O senso comum é mais que suficiente para qualquer um entender que uma demissão num Executivo após meros 4 meses de trabalho é uma enorme pedrada no charco.
A confiança dentro de um Governo é mutua, não apenas do Primeiro Ministro para o seu staff , e se houve divergências no seu seio, são para ser resolvidos a nível interno. As criticas publicas que efectuou são totalmente diferentes das de Freitas de Amaral, por exemplo. São reveladoras de mal estar com o rumo escolhido pelo restante Executivo, enquanto que as do MNE são sugestões de procedimentos que podem ser úteis no futuro. É óbvio que a teoria que vai vingar é a de que Sócrates o demitiu, mas neste caso, e não querendo fazer de testemunha de defesa do PM, não creio que lhe possam ser imputadas as maiores responsabilidades.
Perde-se uma pessoa com excepcionais qualidades técnicas, ganha-se outra de reconhecidos méritos e anterior experiência governativa, mantém-se a política para as Finanças Públicas. Ficará Portugal também a ganhar?
quarta-feira, julho 20, 2005
Tiro no pé?
Primeiro, tendo em vista o artigo de Luis Campos e Cunha (LCC) no Público do último fim-de-semana, assim como as cada vez mais visíveis divergências dentro do Governo sobre a Ota e o TGV, não se consegue deixar de pensar que LCC foi despedido pelo Primeiro-Ministro.
E pelos vistos é nisso que os jornais vão pegar...
Tal representa, em termos internos e externos, uma péssima imagem do Governo e faz-nos lembrar os tempos idos do "calhau com gel".
Em termos internos, um Ministro de Estado e das Finanças que apresenta a demissão 4 meses depois de tomar posse, é algo que denota uma crise de enormes proporções. Poderemos nós estar a voltar ao tempo em que os ministros se demitiam mês a mês?
Em termos externos, o facto do Ministro que apresentou, e deu a cara, pelo Programa de Estabilidade em Bruxelas, que foi ironicamente aprovado hoje, ser demitido, não pode deixar de criar grandes reservas à UE, acerca da capacidade de Portugal cumprir aquilo que prometeu.
Contudo...
Sejamos honestos, LCC tinha uma visão muito ortodoxa, e nalguns aspectos neo-liberal, sobre as finaças públicas. Algo que pessoalmente eu discordava em absoluto. Eu defendo a abordagem keynesiana, em que o Estado deve ser, em tempos de crise, o motor da economia, através do aumento do investimento público.
Se juntarmos a isto, as notícias que tinha vindo a lume sobre as propostas de privatizar as funções sociais do Estado...digamos que rapidamente estava a tentar descobrir em que medida LCC era socialista.
Se Teixeira dos Santos vier alterar as políticas de LCC, dando-lhe um cunho keynesiano, social e socialista, então esta alteração terá vindo em boa hora.
Se o objectivo desta substituição, for passar a imagem de que tudo fica como dantes, então isto é verdadeiramente um tiro no pé, na medida em as pessoas não compreenderão a razão da demissão de LCC.
Não nos iludamos, sendo verdade ou não, isto passou na comunicação social a ser a demissão de LCC pelo PM.
Neste cenário, as eleições presidenciais acabam de ganhar uma ainda maior importância. Porque acabamos de dar ao "Encoberto" (original de Rui Ramos) um primeiro sinal de instabilidade governativa que poderá justificar a dissolução parlamentar.
Daqui a alguns dias poderemos ter uma melhor imagem sobre isto
O grande gestor do servilismo
Penso que tem algum interesse. Atentem:
«Com efeito, V. Ex.ª [Cavaco Silva] é o grande e vitorioso gestor do servilismo. É essa a razão pela qual os indomáveis espíritos liberais de Portugal repelem na figura de V. Ex.ª a imagem de um estranho. Honro-me de pertencer a um universo cívico, que não é o de V. Ex.ª, e de pertencer V. Ex.ª a um universo feudal que não é o meu.
Decerto me satisfaz que os valores do meu universo cívico – simbolizados nesta Casa [Assembleia da República] – tenham corrompido a antecedente e resistente visão do mundo de V. Ex.ª É essa uma das mais maiores virtudes da democracia: seduz adversários, enrola-os na tolerância de que vive, atrai-os às regras do jogo eleitoral e parlamentar.
De facto, não há pequena alma de ditador, nem mesmo grande (tranquilize-se!), que resista a uma vitória eleitoral, análoga àquela que a V. Ex.ª foi oferecida em 1987.
Assim, o essencial na ocorrência é que V. Ex.ª logrou, do alto do seu universo senhorial, corroer e domesticar os valores cívicos de demasiados líderes de opinião do universo da democracia. Logrou e logrou lograr. São em número excessivo os conduzidos ao redil ou às prudentes cercanias.
Outra não é a obra de V. Ex.ª: refeudalizar a sociedade portuguesa.
E refeudalizou-a enquanto ela se modernizava à custa dos fundos comunitários e enquanto no mundo ruíam dezenas de ditaduras.
Possuímos, hoje, uma vasta legião de sensibilidades feudais, como a de V. Ex.ª, em demasiadas chefias de serviço, de secção, de repartição e de divisão.
Um liberal vencido, mas em nada convencido, pode desdenhosa e ironicamente saudar quem o venceu e quem domesticou a liberdade. Desde que o faça de pé, com altivez, sem curvatura e com sentido de humor. É o que ora acontece.
Uma esperança me anima, todavia. E parafraseando o que, neste hemiciclo, disse o deputado Miller Guerra, em 1973, sempre direi que vivemos tempos difíceis para o pluralismo, mas os valores da liberdade renascerão e vencerão.»
É este o candidato de todos os portugueses? O tal príncipe salvador? O candidato único?
Eu penso, e espero, que não…
BEAT
Ricardo Revez
(20-7-2005)
Postas da Memória
Como vai Senhor Feliz?
Diga à gente, diga à gente, como vai este país…»
Em repetição na RTP Memória.
Fresco e Actualíssimo.
terça-feira, julho 19, 2005
Homenagem
Hamilton Naki, um sul-africano negro de 78 anos, morreu no final de Maio. A notícia não rendeu manchetes, mas a história dele é uma das mais extraordinárias do século 20. "The Economist" contou-a no seu obituário.
O cirurgião clandestino
Naki era um grande cirurgião. Foi ele quem retirou do corpo da doadora o coração transplantado para o peito de Louis Washkanky em dezembro de 1967, na cidade do Cabo, na África do Sul, na primeira operação de transplante cardíaco humano bem-sucedida.
É um trabalho delicadíssimo.
O coração doado tem de ser retirado e preservado com o máximo cuidado. Naki era talvez o segundo homem mais importante na equipe que fez o primeiro transplante cardíaco da história.
Mas não podia aparecer porque era negro no país do apartheid.
O cirurgião-chefe do grupo, o branco Christiaan Barnard, tornou-se uma celebridade instantânea.
Mas Hamilton Naki não podia nem sair nas fotografias da equipe. Quando apareceu numa, por descuido, o hospital informou que era um faxineiro.
Naki usava jaleco e máscara, mas jamais estudara medicina ou cirurgia.
Tinha largado a escola aos 14 anos. Era jardineiro na Escola de Medicina da Cidade do Cabo.
Mas aprendia depressa e era curioso.
Tornou-se o faz-tudo na clínica cirúrgica da escola, onde os médicos brancos treinavam as técnicas de transplante em cães e porcos.
Começou limpando os chiqueiros.
Aprendeu cirurgia assistindo experiências com animais. Tornou-se um cirurgião excepcional, a tal ponto que Barnard requisitou-o para sua equipe. Era uma quebra das leis sul-africanas.
Naki, negro, não podia operar pacientes nem tocar no sangue de brancos.
Mas o hospital abriu uma excepção para ele.
Virou um cirurgião, mas clandestino.
Era o melhor, dava aulas aos estudantes brancos, mas ganhava salário de técnico de laboratório, o máximo que o hospital podia pagar a um negro.
Vivia num barraco sem luz elétrica nem água corrente, num gueto da periferia.
Hamilton Naki ensinou cirurgia durante 40 anos e aposentou-se com uma pensão de jardineiro, de 275 dólares por mês.
Depois que o apartheid acabou, ganhou uma condecoração e um diploma de médico honoris causa.
Nunca reclamou das injustiças que sofreu a vida toda.
Estilos de Vida Alternativos
Volume One, Issue 7, Phile 3 of 10
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The following was written shortly after my arrest...
\/\The Conscience of a Hacker/\/
by
+++The Mentor+++
Written on January 8, 1986
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Another one got caught today, it's all over the papers. "Teenager Arrested in Computer Crime Scandal", "Hacker Arrested after Bank Tampering"...
Damn kids. They're all alike.
But did you, in your three-piece psychology and 1950's technobrain, ever take a look behind the eyes of the hacker? Did you ever wonder what made him tick, what forces shaped him, what may have molded him?
I am a hacker, enter my world...
Mine is a world that begins with school... I'm smarter than most of the other kids, this crap they teach us bores me... Damn underachiever. They're all alike. I'm in junior high or high school. I've listened to teachers explain for the fifteenth time how to reduce a fraction. I understand it. "No, Ms. Smith, I didn't show my work. I did it in my head..." Damn kid. Probably copied it. They're all alike.
I made a discovery today.
I found a computer. Wait a second, this is cool. It does what I want it to. If it makes a mistake, it's because I screwed it up.
Not because it doesn't like me...
Or feels threatened by me...
Or thinks I'm a smart ass...
Or doesn't like teaching and shouldn't be here...
Damn kid. All he does is play games. They're all alike.
And then it happened... a door opened to a world... rushing through the phone line like heroin through an addict's veins, an electronic pulse is sent out, a refuge from the day-to-day incompetencies is sought... a board is found. "This is it... this is where I belong..." I know everyone here... even if I've never met them, never talked to them, may never hear from them again... I know you all...
Damn kid. Tying up the phone line again. They're all alike...
You bet your ass we're all alike... we've been spoon-fed baby food at school when we hungered for steak... the bits of meat that you did let slip through were pre-chewed and tasteless. We've been dominated by sadists, or ignored by the apathetic. The few that had something to teach found us willing pupils, but those few are like drops of water in the desert.
This is our world now... the world of the electron and the switch, the beauty of the baud.
We make use of a service already existing without paying for what could be dirt-cheap if it wasn't run by profiteering gluttons, and you call us criminals.
We explore... and you call us criminals.
We seek after knowledge... and you call us criminals.
We exist without skin colour, without nationality, without religious bias... and you call us criminals.
You build atomic bombs, you wage wars, you murder, cheat, and lie to us and try to make us believe it's for our own good, yet we're the criminals.
Yes, I am a criminal.
My crime is that of curiosity.
My crime is that of judging people by what they say and think, not what they look like.
My crime is that of outsmarting you, something that you will never forgive me for.
I am a hacker, and this is my manifesto.
You may stop this individual, but you can't stop us all... after all, we're all alike
DGCI no seu melhor
Para grande desgosto meu, tive que me deslocar hoje à DGCI, vulgo Finanças, nomeadamente numa Loja de Cidadão. Sendo uma hipótese que oferece mais possibilidades de resolução de problemas do que as repartições comuns, pelo horário proibitivo para quem exerce determinado tipo de profissões, pareceu-me a solução ideal. O resultado final fez-me recordar os ecos de quem frequenta estes locais burocráticos com frequência. O terror. O horror. Os modelos A12, C32, etc, a relembrar-nos a batalha naval jogada nas aulas de Física. As cadeiras repletas de pessoas aparentemente infelicíssimas, nem elas próprias sabem por que motivo, mas como os outros também parecem, em Roma comporta-te como um romano, sempre lhes foi incutido. A espera, the long wait, até que o nosso número mágico aparece no placard electrónico, subitamente sentimos que a Marisa Cruz anunciou a nossa chave do Euromilhões, "eu que nunca tive sorte ao jogo", diz o novo-rico. E quando nos preparamos para resolver o assunto que nos levou a este peculiar espaço, o previsível: "isso não pode ser tratado aqui", resmunga o funcionário com clara necessidade de umas aulazinhas de formação, "tem que se dirigir à Repartição da Castilho", ao que eu retorqui perguntando se esta situação se aplicaria caso vivesse no Porto, e necessitasse de me deslocar de propósito 300 Km para o efeito. Subitamente, o silêncio ensurdecedor. Não sei quanto tempo durou, mas quando terminou, vim-me embora de mãos a abanar.
Agora um pouco mais a sério, a decisão de alargar a idade de reforma até aos 65 anos para os funcionários públicos não foi a mais acertada politicamente falando. Percebe-se a intenção do Governo de demonstrar força perante os lobis e os Sindicatos, etc, mas existe uma clara necessidade de reformulação da estrutura envelhecida, cansada, pouco motivada, em alguns casos pouco qualificada. Os custos de algumas pré-reformas, podendo-se negociar reduções de pensões em percentagem de acordo com os anos de descontos (estou bem ciente das dificuldades das Finanças Públicas), poderia ser compensado com a entrada de (menos) funcionários com outra mentalidade e outra predisposição, no médio e longo prazo, ajudando também a baixar um pouco o nível de desemprego.
A Casa Assombrada
Se o Estado ainda é o proprietário do edifício, das duas, uma: ou se esqueceu dele, ou finge que não se lembra da sua existência. Caso já não o seja, tem o dever de o comprar, certificando-se, deste modo, que não o deitam abaixo para construir apartamentos de luxo ou escritórios, uma hipótese tenebrosa que me chegou aos ouvidos há uns tempos.
Qualquer que seja a razão, este abandono é grave para a democracia portuguesa, pois, a médio ou longo prazo pode colocá-la em perigo. O exemplo do passado ensina-nos a reconhecer certos sinais de alerta quando as democracias começam a fraquejar. Sem a memória do autoritarismo que precedeu a nossa democracia, a tendência é para deixarmos de ter a capacidade de estar atentos a esses sinais.
Que o cidadão comum não se preocupe com estas questões ainda é aceitável (tendo em conta a formação cívica dos portugueses), agora que quem tem a responsabilidade de zelar pela manutenção da memória colectiva portuguesa não se preocupe com esta situação é, no mínimo, vergonhoso. E quando falo de responsáveis, não me refiro apenas ao Governo ou à Câmara Municipal, mas, também, aos historiadores, sobretudo os mais mediáticos, pois poderiam erguer a sua voz contra esta situação de uma forma mais eficaz.
Infelizmente a memória dos povos tem a tendência para ser curta quando não há nada que a auxilie, que a exercite regularmente. Os monumentos históricos são um exemplo dessas “cábulas” que a maior parte das pessoas necessita para se ir lembrando, nem que seja de uma forma um pouco simplista, que a História do Mundo é longa e que as coisas nem sempre foram como são hoje. Neste caso concreto, era fundamental que este edifício fosse restaurado e passasse a albergar um museu para relembrar aos mais velhos que os nossos direitos conquistados com a Revolução não são direitos garantidamente perenes e dar a conhecer aos mais novos que nem sempre vivemos num país democrático. Nada melhor para este efeito do que evocar a memória da luta dos anti-fascistas portugueses e do sofrimento por que passaram às mãos daquela polícia criminosa, o símbolo mais cruel do regime salazarista/marcelista e que, de forma escandalosa, parece ter sido a sua instituição que mais se procurou esquecer, e isto logo desde os tempos revolucionários. Grande parte dos agentes da PIDE/DGS não foram julgados ou, se o foram, saíram ilibados, chegando, em muitos casos, a receber indemnizações e reformas do Estado. Tal como os inquisidores que outrora a povoaram, a casa assombrada da Rua António Maria Cardoso parece querer escapar impune e desaparecer num monte de escombros, enfim livre das atrocidades que abrigou, enfim livre de ser obrigada a permanecer de pé para todo o sempre como memória do terror.
Ricardo Revez (18-7-2005)
Um Leigo a Falar de Cinema: War of the Worlds
Director- Steven Spielberg
Written- H. G. Wells (Novel), Josh Friedman and David Koep (Screenplay)
Cast- Tom Cruise, Dakota Fanning, Justin Chatwin, Miranda Otto, Tim Robbins, et all.
Music- John Williams (Soundtrack) and Richard M. Sherman (Hushabye Mountain)
Confusão portuguesa
Sempre que coloco uma questão sobre esta matéria, as pessoas, algumas mais lúcidas no seu trato respondem-me, absentismo, laxismo! Ora bolas, ou eu não tenho suficiente inteligência para perceber o que me querem dizer, ou também elas acabaram no inevitável sentindo do “pede subsidio” para tudo e quaisquer evento. Ninguém se preocupou em estabelecer prioridades, nem estratégia! Estamos a tentar faze-lo 20 anos depois…
Alguns dizem que os culpados são os políticos, outros dizem ser da responsabilidade dos patrões das empresas privadas, e ainda existe o papão do estado…
Cercamo-nos de “espertos” e afastamos os estrategas, os pensadores, sempre andámos e andamos atrás do que os outros desenvolvem! Os bons produtos que criamos entregamos de mão beijada ao estrangeiro.
Vivemos com uma falsa moral, somos cidadãos embora sem saber muito bem o que é o civismo ou cidadania, não respeitamos a ideia do outro por esta ser a melhor, é porque a mesma pertence ao nosso lobie, e então aí já concordamos com ela. Parece-me a mim, desculpem se estou enganado, espero que sim…
Admitindo que a classe politica teve um período em que não era confrontada pelas atitudes que praticava, ou pela inerente responsabilidade do respectivo cargo, não lhes pertence só a eles toda esta confusão de que todos se lamentam. Os próprios sindicatos de trabalhadores, no meu ponto de vista, não souberam evoluir na defesa das questões dos trabalhadores, não todos é óbvio, mas uma parte não soube pressionar o patronato.
Todos criticam, todos opinam, mas quando se trata de executar ou o investimento é muito arriscado, ou existem muitos processos burocráticos que impedem a celeridade da ideia.
Estamos mal á tanto tempo e não há ninguém que consiga implementar ou criar um movimento que faça os portugueses, sejam eles trabalhadores ou patrões, estado ou privado, acreditar em algo, como sucede com as campanhas de solidariedade ou de futebol.
Nós não sabemos ser cidadãos… E mais preocupante é não ver ninguém preocupado com isso…
Parece-me a mim!
segunda-feira, julho 18, 2005
Devaneios
Porque é que ele não me procura? Sinto-me tão só. Estou aqui a um canto, só. Nem sempre foi assim, isso posso-vos garantir. Éramos inseparáveis. Estávamos sempre juntos a toda a hora. Era a companhia de manhã, no caminho para o trabalho, e no retorno para o sossego do lar. Juntos no banco do jardim, nas esplanadas (adoravas a da Graça, lembras-te?). Será que ele não percebe que eu estou triste sem ele? Estará completamente cego? Endoideceu de vez?
Porque é que ele não me procura? As minhas formas já não o agradam? Não estou diferente, talvez a erosão tenha feito alguns estragos. De qualquer forma, e apesar do comummente estebelecido, ele sempre gostou de mim pelo meu interior, o conteúdo sempre foi o elemento que fez com que me escolhesse. Ou pelo menos assim eu julguei...
Mas, espera! É ele que vem aí. Está-me a estender a mão. Ele vai agarrar-me com carinho e levar-me consigo. Vou fazer com que nunca mais tire os olhos de mim e que não haja um dia que passe sem a minha companhia...
“Tenho aqui algo que tenho a certeza que vais gostar”, diz Miguel, entusiasmado. Onde é que eu guardei aquele livro? Ah, aqui está ele.”
sábado, julho 16, 2005
Ainda o PS Lisboa
Desde cedo Carrilho se perfilou como candidato a candidato, desde cedo o Presidente da Comissão Política da Concelhia de Lisboa PS tentou encontrar alguém que lhe oferecesse mais “garantias” (leia-se: candidato que não se importasse de encher as listas com nomes do seu agrado). Mal sabia ele que não precisaria de procurar muito porque o Prof. Manuel Maria Carrilho foi tudo menos exigente nesse campo. A prova está à vista de todos. Carrilho prometeu o “créme de la créme”, e sairam claras de ovos mal batidas.
Se da parte da Comissão Política não seria de esperar grandes novidades, onde a pobreza franciscana escolhida para integrar as fileiras camarárias contrasta com a presença nas suas hostes de 2 Secretários de Estado (que não fazem parte das listas), e onde Leonor Coutinho aparentemente não tem espaço de intervenção (por falta de qualidade e prestígio não é certamente, até porque o PS tem poucas mulheres como ela), só para dar o exemplo mais gritante, aguardava-se que fossem escolhidas pelo candidato colaboradores que fizessem os lisboetas acreditar numa equipa forte, com prestígio indiscutível para engendrarem um projecto com vista a minimizar os estragos realizados nos últimos 4 anos pelo “Dinamic Duo” Santana-Carmona.
A verdade é que o Professor Carrilho se deixou enredar por jogadas de bastidores, mas também não tenho pena nenhuma do sucedido, a começar pela sua falta de consideração por aqueles que desde o seu anúncio da predisposição para ser candidato à CML lhe demonstraram o seu apoio. Deixou de estar disponível para conversar com aqueles que acreditavam que ele era a pessoa certa numa altura em que todo o aparelho partidário estava contra ele. Espero sinceramente que não se venha a arrepender no futuro das escolhas que fez e das pessoas em quem confiou.
A ver vamos se os lisboetas darão o seu apoio ao seu projecto. As primeiras sondagens mostram claramente que a campanha de Carmona está a ter o seu impacto. Os cartazes que o mostram como um homem do povo e operário (divinal, no mínimo!), por oposição à imagem distante de Carrilho e a sua aura de jet-set (sobre isto nem uma palavra, porque já todos estão cansados da novela), aparentemente está a funcionar. O homem até vai à Concentração Motard de Faro! Quem é que consegue competir com isto?
sexta-feira, julho 15, 2005
Aqui tens a análise do Pedro Magalhães sobre a recente sondagem em Lisboa.
Mais completa que a de José Manuel Fernandes no Público.
quinta-feira, julho 14, 2005
Tocar a reunir! (Lisboa)
Intenção Directa de Voto (%):
Carmona (PSD)-24
Carrilho (PS)- 22
Sá Fernandes (BE)-5
Ruben (CDU)-2
Pinto (CDS)-2
Outro-2
B/N/NS/NR- 42
Estimativa dos Resultados Eleitorais (%):
Carrilho (PS)- 41
Carmona (PSD)-36
Sá Fernandes (BE)-8
Ruben (CDU)-6
Pinto (CDS)-3
Outro-3
B/N/- 2
A discrepância entre as intenções directas de voto, que atribuem a vitória a Carmona, e a estimativa dos resultados eleitorais, que dão a vitória a Carrilho, é explicada num artigo de José Manuel Fernandes, no Público de hoje, como sendo o resultado de haver uma muito maior presença de eleitores socialistas no campo abstencionista do que eleitores de outros partidos.
Por outras palavras, existe grande desmobilização nas hostes socialistas, algo a que um leitor deste blog teria chegado facilmente a concluir pelos inúmeros posts que criticam fortemente a campanha de Carrilho e, sobretudo, o presidente da concelhia do PS Miguel Coelho.
Estamos agora a assistir a uma possível consequência dessa desmobilização. Se militantes do PS tem já tantas dificuldades em justificar o voto na dupla Carrilho/Coelho, como poderemos pedir a eleitores do PS, que não são militantes e que são a esmagadora maioria, que votem nesta mesma dupla.
Como diz JRS, temos que engolir um sapo. Esta sondagem, o que pode indicar, é que não existe muita gente disposta a fazê-lo.
Aguardamos com espectativa o que Pedro Magalhães terá a dizer sobre isto.
quarta-feira, julho 13, 2005
Sobre a Democracia e a luta contra o terrorismo
A Democracia não é apenas a realização de eleições livres, justas e competitivas.
São sobretudo as liberdades políticas e sociais, como o direito de livre associação, a não existência de delito de opinião, e a liberdade de criticar e dizer mal do poder instituido, entre muitos outras, que representam a verdadeira fundação de uma Democracia.
É através de tais liberdades que, por um lado, a oposição política formalizada pode exercer o seu papel e, por outro, que se permite que surjam dos cidadãos a criação de novas oposições políticas ou o rejuvenescimento das já existentes.
Muitos pensam que tais liberdades são indissociáveis da soberania popular, e que basta haver o livre exercício de tal soberania através de um mecanismo eleitoral, que permita substituir os nossos líderes, para que as nossas liberdades sejam asseguradas.
Infelizmente, estão erradas.
Não são as eleições, por si só, que nos garantem as nossas liberdades, mas sim um mecanismo completamente diferente: o "Estado de Direito".
O Estado de Direito é a assunção de que a primazia da lei é o factor determinante nas relações entre os indivíduos, a sociedade, e o Estado. O cumprimento da lei, e a sua punição quando é violada, é aquilo que nos permite funcionar como sociedade, e é o que nos permite travar os possíveis excessos do Estado, sobretudo na área coerciva de manutenção da lei e ordem.
Para tal, é necessário que os tribunais possuam a capacidade de, a priori, fiscalizar a acção das instituições policiais no domínio da manutenção da lei, de forma a que interesses políticos não sejam motor de investigações criminais.
Por isso é preciso um mandato do tribunal para determinados actos. Porque não se confia que a polícia por si só, como organização tutelada pelo Governo, seja neutra o suficiente para tomar tais decisões sem, porventura, ter outras considerações que não o estrito cumprimento da lei.
A independência e efectividade do poder judicial face ao poder político é o elemento fundamental de um sistema de justiça justo. É o que nos permite dizer que o Governo, mesmo que democraticamente eleito, nunca poderá utilizar os seus poderes coercivos para destruir a sua oposição política.
As leis anti-terroristas, que permitam a organizações policiais agirem sem supervisão judicial, representam um enorme potencial para a transformação desses países em "democracias musculadas" em que, embora existam mecanismos eleitorais, utiliza-se a intimidação policial para destruir ou impedir a criação de oposições ao status quo.
Nos EUA, o conhecido Patriot Act e especialmente a sua infame secção 215, representa já um fortissimo ataque às liberdades políticas e sociais da sua população. Atribuir ao Governo, ou instituições por si controladas como o FBI, a possibilidade de "espiar os livros que uma pessoa lê, sem lhe dar a possibilidade de saber, alguma vez, que foi espiado", ou "de requer a entrega de qualquer item físico, sem apresentar motivo provável ou sequer plausível de que algum crime tenha sido cometido", representa algo saido do "Big Brother" de George Orwell.
A Europa, pelos vistos, vai no mesmo caminho.
Mas muitos poderão continuar a dizer que os cidadãos nunca se deixarão levar por desvios autoritários na luta contra o terrorismo.
Nesse sentido, Pedro Magalhães revela-nos dados verdadeiramente preocupantes.
Enquanto se continuar a apresentar as nossas liberdades como fraquezas, que impedem uma luta eficaz contra o terrorismo, estaremos a chantagiar as populações a destruirem mecanismos democráticos em nome da segurança
Estaremos assim a fazer o jogo dos terroristas...
Sistema Eleitoral
Sapos
Se nos sentimos por elas representados, muito bem, apoiamos, com garra e vigor. E se não for esse o caso? Qual deve ser a nossa atitude?
Bem sei que as estruturas locais são soberanas na elaboração das listas de Vereação e/ou de Assembleias Municipais, e que, na maioria dos casos, é da responsabilidade da estrutura Nacional, a escolha e confirmação dos candidatos. Bem sei que fomos nós, militantes de base, que com o nosso voto elegemos as diversas estruturas, as locais e as nacionais. Mesmo se nelas não votámos, ou se apoiámos ou votámos em projectos perdedores, devemos ser por elas considerados e protegidos. Afinal, quando eleitas, estas estruturas, são-no para representarem não o eleitorado que as elegeu mas todo o eleitorado que representam. E eu, como militante, voluntário e assumido, reconheço nas estruturas esta legitimidade. Essa é a teoria. A prática é bem distinta.
Como imaginam, e sabem, à volta da Área Metropolitana de Lisboa houveram diversos exemplos que desdisseram, e bem, os pressupostos enunciados. Desde a candidata não aprovada pela sua Concelhia (empate crónico entre duas facções, que se digladiavam por tudo menos pela candidata em si, que é consensual); a candidatos-mistério (mesmo quando anunciados), a manipulações orquestradas por Concelhias, em plena imprensa de fim-de-semana (refiro-me ao Expresso), para condicionarem candidatos aos seus desígnios de distribuição de lugares.
Nestes casos, se não nos revermos nas atitudes assumidas, por vezes disfarçadamente, deveremos, por disciplina partidária, sufragar estes procedimentos? Ou deveremos exercer o direito cívico de votar segundo a nossa consciência? (E neste caso não votarmos nas listas apresentadas pelo partido).
Eu, por mim, não me revejo nas listas apresentadas a Lisboa pelo Partido Socialista. Não me revejo na campanha de condicionalismo perpetrada pelo presidente da Concelhia de Lisboa, que, todas as semanas ataca e manietava o candidato à CML. Não me revejo na atitude, mental e moral, defendida pelo presidente da Concelhia de Lisboa. Não me revejo na estratégia suicidária seguida pelo PS Lisboa que, em vez de apoiar o seu candidato, tudo o faz para o denegrir, para o ofuscar e isolar, dentro do partido e, inevitavelmente, do seu eleitorado.
Não me revejo na política deste senhor Coelho. E deverá ser responsabilizado por estas acções que toma. O Partido perde, todos os dias que aparece, votos, credibilidade e imagem. Se o PS não ganhar Lisboa, Miguel Coelho será, definitivamente, dos principais responsáveis.
Ele agora desmente que alguma vez tenha «atacado» o candidato Carrilho, oferecendo visões de harmonia e bem-estar entre ambos (foi o que referiu em reunião da comissão política concelhia). Nós sabemos que não foi bem assim. Eu também leio o Expresso. E a Capital. Será que não há fim a esta autêntica exposição de má fé política?
Com certeza que o presidente da Concelhia de Lisboa tem bem a noção do alcance das suas repetidas entrevistas. Inicialmente procurava condicionar o PS a apresentar um candidato da sua escolha (e tentou vários), depois procurou remeter Carrilho para uma posição defensiva, aquando da feitura das listas. Também já as conseguiu manietar (já viram as listas???). E ainda continua a ser entrevistado, opinando livremente sobre qual a estratégia que o PS deverá ter quando ganhar as eleições em Lisboa? Já o disse e repito: não tem este senhor a noção das suas responsabilidades? E tendo-as, porque pura os interesses do PS abaixo dos seus interesses pessoais? Saberá, com certeza, que enquanto tiver em cena, Carrilho não aparecerá. E sem Carrilho não há campanha. E sem campanha…
Mais, esse senhor, que nos pede, como militantes, que sejamos com ele solidário, pelo menos institucionalmente, não o é com o seu candidato. Que critério é esse? Em nome do «bom-nome» do partido, o senhor Coelho não aprecia a crítica livra, aparentemente divisionista, mas quando é para condicionar o candidato, já se sente livre. Dois pesos? E ninguém se importa.
Fechamos o ciclo. Que fazer, então? Votar PS na lista da Junta de Freguesia, num candidato do meu agrado? Não votar na lista proposta para a Assembleia Municipal, ou para a Vereação? Onde está a liberdade de voto? E a disciplina partidária? Qual o limite dos sacrifícios que fazemos pelo partido? São-no viáveis? Alguém os reconhece?
Bem sei que o PS se habituou, em Lisboa, a que o seu voto contribuísse para eleger membros de listas de um outro partido (que connosco estava coligado); mas era suposto que desta vez fosse diferente, não? Desta vez tínhamos a possibilidade e a oportunidade de apresentar uma equipa capaz, de gente da Cidade, com pensamento organizado sobre a Câmara, com experiência, com capacidades. E o que fazemos? Entregámos, discricionariamente, ao presidente da Concelhia de Lisboa, e aos seus apoios próximos, todo o poder para liderar o processo. Sem crítica nem avaliação, todos os critérios de qualidade foram sendo progressivamente abandonados. Assistimos ao triunfo do compadrio, do esquema, do favorecimento ou do arranjinho. Nada tenho contra o cacique, que é pedra importante neste nosso jogo da política, não gosta é de ver os seus métodos sujos e sombrios triunfarem, quando se clama por honestidade e transparência. Ética que palavra estranha para estes que se advogam das responsabilidades políticas.
Alguém critica estes comportamentos, de pessoas com responsabilidades? Não, ou poucas. Retirará, o presidente da Concelhia, algum ensinamento de todo este processo? Claro que não; ele, Miguel Coelho, nunca tinha tido tão à vontade para uma elaboração de listas autárquicas. Acham que, se o PS perder as eleições em Lisboa, ele se demitirá? Obvio que não. Continuará, e continuará a ser eleito, caso o queira, para a Concelhia. Todos o sabemos. Tem o seu sindicato de voto demasiadamente organizado. Tem muitos dependentes.
Para quem não concorda nem compactua com esta forma de fazer política, mas ainda se revê nos ideais e princípios do Partido Socialista, na sua história e exemplo político, que fazer? Sair? Não, isso era desistir da guerra que necessita de ser ganha. Devemos de nos mantermos eticamente sãos e disponíveis. Não pactuar com abusos. Denunciá-los. Criticar, objectivamente, o Partido quando seja para isso altura. Mas saber, no entanto, afastar tricas, quando o combate se quer lá fora.
Esta é altura de criticar. Só não entendo porque mais ninguém o faz.
Não sou comunista, nunca o fui, mas talvez seja altura de ter de engolir um grande Sapo.
(ou talvez não, uma vez que ainda estou registado em Loures…).
JRS
terça-feira, julho 12, 2005
É este senhor o candidato???
A capital não é Oeiras. Há diferenças entre o candidato e o presidente da Concelhia. Há que saber expor as diferenças.
Após uma incrível campanha de marcação a Carrilho, perpetuada nas páginas do Expresso das últimas semanas, numa clara tentativa de condicionar a feitura das listas municipais (aliás, com bons resultados), eis que o presidente da Concelhia do PS de Lisboa continua a confundir o seu lugar.
Ele não é o candidato!!!
Não se entende, portanto, o porquê de continuar a dar entrevistas, falando ora do que faria se fosse o candidato, ora referindo o que deverá o PS fazer caso ganhe as eleições. Não sendo Miguel Coelho propriamente um rookie nestas andanças, é razão para questionar o porquê destas entrevistas, neste timming concreto.
Pessoalmente também não entendo totalmente a jogada. A batalha das listas já o presidente da Concelhia de Lisboa a ganhou. Haverá ainda outras contendas? Que contas para acertar terão ainda os dois? Não queria acreditar que o Miguel Coelho está só a vingar-se, mostrando-se publicamente como o leader de todo o processo autárquico, e remetendo Carrilho para a condição de outsider, mesmo dentro do PS.
É esta a lógica? Protagonismo pessoal e revanchismo primário?
Serão estes os motes que orientam o senhor que lidera a Concelhia de Lisboa? Como consegue um partido como o PS produzir lideres deste calibre? Com estas responsabilidades?
E o PS nacional? Será que não entende que enquanto se faz campanha interna, Carmona ganha terreno? Será que não entende, que quanto mais espaço Coelho tiver mais fragilizado são Carrilho?
Bem, sei que, estrategicamente, se diz que o Partido Socialista já entregou Cascais e Oeiras à oposição (apresentando-se com candidatos fracos). Quererá também entregar Lisboa? Que tipo xadrez político é este que, nas jogadas iniciais, se entrega a rainha?
JRS
P.S.
Diz ainda o mesmo senhor, na citada entrevista (só lida na net) que «As dificuldades que antecederam a elaboração das listas do PS para as autárquicas em Lisboa estão sanadas». Claro que tudo estará sanado…já viram as listas? Não falhou quase ninguém…
segunda-feira, julho 11, 2005
Devaneios
Uma reunião descaracterizada. Um projecto tornado realidade. Um sentimento de obrigatoriedade. Um enorme sentimento de realização pessoal. O aparelho. O grupo. A esquerda estúpida, caciquista e limitada por natureza. A esquerda inteligente, descomplexada e motivada. Valerá a pena continuar? Sem dúvida!
Com o fim de uma semana particularmente controversa no que a pensamentos e emoções diz respeito, termino com o alucinado "Estrada Perdida", de David Lynch. Numa das noites mais quentes das últimas semanas, uma alucinação em formato cinematográfico não ajuda a clarificar a cabeça. Um homem perturbado. O grande plano. Um close-up. O olhar incisivo. O enredo que se desdobra em dimensões alternativas. O grotesco e o bizarro. Marylin Manson cruza-se com uma personagem do Allô, Allô. Amor e Ódio. O mundo na palma da mão. "But you will never have me.", sussurra ela.
E a música. Angelo Badalamenti enche o carrinho das compras. Os opostos tocam-se: Ramstein versus Smashing Pumpkins, o supracitado Marylin Manson quase amolece com o Sr. Tom Jobim. O melhor extra já vem incluído: David Bowie interpreta e compõe com Brian Eno o fabuloso "I´m Deranged". Imperdível.
sábado, julho 09, 2005
Testemunho
A pedido de varias famílias de amigos, estou aqui para vos dar o testemunho sobre o dia de ontem e a experiência que vivi aqui em Londres.
Deixem-me desde já contar que trabalho a 300 metros de Liverpool Street, o epicentro desta tragedia, e que durante muito tempo apanhei o metro da «Northern line» para ir e vir do trabalho, por vezes a 200 metros da superfície num túnel negro e claustrofobico em Bank pensava sobre isto e que este atentado seria inevitável um dia. Isto encorajou-me a comprar 1 mota ainda mais.
Eu estava a caminho de trabalho na mota em frente ao Big ben às 10 para as 9H e o dia corria normalmente.
Quando cheguei ao trabalho a minha antiga chefe telefonou-me a perguntar se estava tudo bem, já tinha lido na net que o metro tinha um problema eléctrico em Liverpool st.
A minha irmã a escreveu-me a perguntar se estava bem e disse-lhe que era só falso alarme e brinquei que ainda não era o tão esperado ataque da Al Qaeda a esta cidade. Só depois fui verificar a net e comecei a ter a noção (estudei estas coisas em RI) do que realmente estava a acontecer, rapidamente escrevi o mesmo e-mail a minha irmã a afirmar que de facto estava tudo normal no escritório e nas redondezas.
Começa um verdadeiro alvoroço de carros de polícia e ambulâncias a passar depressa, helicópteros no ar, e alguma agitação na rua. Fumei um cigarro na rua obviamente quase deserta ( bem no centro da City).
Tinha um problema grande para resolver, uma amiga que é enfermeira veio cá para ver a cidade (sic) e pesquisar um pouco se tem oportunidades de trabalho aqui (claro).
A Carla aterrou em Standstead às 11h30m e a 1a coisa que fez foi atender a mãe a dizer-lhe que estavam a rebentar bombas no centro da cidade, não é a melhor forma e dia de aqui chegar. Eu vi logo que ela nunca conseguiria sair do aeroporto, por isso pus-me a pensar em a ir buscar de mota. Pedi um casco a 1 Inglês da Buccanam ao lado e preparei-me para na minha hora de almoço lá ir.
Sai e passei por (a caminho) Liverpool Street, estavam na rua milhares de pessoas mas metade delas tinham coletes fluorescentes, e metralhadoras: estavam sempre a passar carros de polícia a abrir: para ai uns 5 helicópteros parados no ar mas a zumbirem: a fachada enorme da estação completamente selada: inexplicavelmente milhares de pessoas na rua sem sentido.
Depois passei também por Aldgate já com esta estrada cortada, passei por muitos jornalistas especados ao pé de uma rulote numa azáfama desorganizada e a fazer directos. O irónico é que esta parte da cidade e bem árabe e eram estes que estavam com ar de chocados na rua!
Sair em grande confusão e meio perdido do centro da cidade. Quando estou para entrar na auto-estrada uma bicha de carros sem sentido, uns km assim e depois 1 carro da polícia com pinns a isolar duas faixas e depois uma mota parada abandonada com chaves e tudo, parecia que alguém a usou ate ali...
Uma chuvada das grandes (calcas jeans) para aumentar o dramatismo no caminho.
Cheguei ao aeroporto e stressei bastante para tentar achar a Carla que estava um pouco perdida sem conseguir chegar ao ponto de encontro, mais dramatismo porque alem de assustada nunca tinha andado de mota na vida e agora ia meter-se na boca do lobo...
Voltamos com grande confusão de trânsito no sentido oposto (fora da Cidade) e deserto quase no nosso.
A entrada da cidade a mesma coisa muito transito desorganizado, as ruas já todas cortadas e o grande aparato de sempre, com desvios e mobilidade de mota lá chegamos ao banco outra vez dentro da City.
Depois durante a tarde o trabalho foi responder a telefonemas sms e e-mails a informar sobre o sucedido.
Quando acabou o trabalho às 5 fui para casa todo refastelado por ter mota e poder demorar os mesmo 15 minutos de sempre, enquanto em Embankment ao pé do rio iam as milhares e milhares de pessoas a pé para casa, na sua maioria de fato ou tailleur o que dava uma imagem duma carreira de formigas negras sem fim.
Sempre confusão no transito e sempre a deixar passar a policia constantemente depressa. Cheguei a casa e esperei pela pobre da Carla que alem de ter tido de ficar na City à espera pois estava a trabalhar teve de ir a pé como toda a gente e como imaginam fazer 6 km no dia de chegada neste ambiente e duro.
Fomos depois comer as noticias e verificar em conversas ao telefone quando possível se os amigos estavam bem.
A noite reunimo-nos em casa de uma amiga e trocamos as nossas experiências e impressões. Estava tudo em ambiente de alguma tensão para aliviados por já ter passado.
Portanto como imaginam um dia único e complicado para uma cidade desta dimensão, mas que se portou bem pois sempre se manteve calma e dentro de uma grande organização que desde a muito antecipou este infeliz inevitável mau dia.
Penso agora que esta deve de ser a semana mais agitada desta terra desde há muito pois depois do Live 8, de ter ganho as Olimpíadas, com o G8 também, tinha de acabar desta forma tão dramática, mas os Londonners como eu tinham todos cara de orgulho de viver numa cidade tão dinâmica diversa e tolerante. Não vi ninguém aqui dizer que ia sair daqui por isto.
Espero que tenham gostado da prosa, decerto quando vos encontrar gradualmente conto mais detalhes e pormenores interessantes sobre esta experiência.
Um abraço a todos
From Battersea,
Guilherme Rosa
sexta-feira, julho 08, 2005
Londres, 7-7-2005
the severed garden
Do you know how pale wanton thrillful
comes death on strange hour
unannounced, unplanned for
like a scaring over-friendly guest you've
brought to bed
Death makes angels of us all
and gives us wings
Where we had shoulders
smooth as raven's
claws
(Estão à espera de nos levarem prós
jardins separados
Sabem quão pálida e lascivamente penetrante
é a morte que chega a horas impróprias
sem se anunciar, sem escoltar,
qual conviva horripilante e amigo
que nós mesmos levássemos prá cama
A morte torna-nos a todos em anjos
e coloca-nos asas
onde tínhamos ombros
suaves como as garras dos
Obrigado!!!
Correu tudo muito bem. A sala esteve muito composta, o que é sempre agradável e reconfortante; e os oradores convidados estiveram excepcionais, soltos, incisivos e muito pertinentes. A platéia, muito interessada, informada, e polémica esteve muito participativa e pertinente.
(Sobre a noite em especifico falarei no próximo post)
Quero agradecer, individualmente, à Biblioteca-Museu República e Resistência, na pessoa do seu director, o Dr. Mário Mascaranhas.
Aos oradores, António José Seguro, Mota Amaral e André Freire, um especial agradecimento. muito bom, mesmo.
No clube agradeço especialmente ao Pedro Gomes, que foi incansável em tudo; à Rita, que se revelou uma importante aquisição, ao Miguel, um poço de imaginação, ao Rui Pedro, o senhor Blog, ao Diogo, o «ponto» e assessor académico e ao Fresco (da proxima que se lixe o Coelho). Grande abraço à Fernanda, a cota de serviço; ao Paulo, ao Sandro Pires, à Sónia, à Catarina, ao Pedro (PCM), à Kim, ao Boa, e ao Ricardo Revez (não te deixo faltar no próximo jantar…).
Um especial abraço ao Andrès, és o maior… (e ao Luis, também te revelaste uma boa aquisição…).
O último agradecimento é para a senhora Falcão. Sem ela, nada disto teria sido possível!
A todos que vieram, obrigado!
Aos que não puderam vir, que esperem pela próxima…
Daremos Notícias. Voltamos em Setembro. Continuamos no Blogue.
(Pelo Clube)
José Reis Santos