E "isto" é alguém abrir a boca e daí se retirar ilações em relação à famigerada questão das Quotas. Eu defendo que não deve de haver uma imposição de quotas de género nas listas e sim uma alteração de mentalidades dos partidos que deve começar por dentro dos mesmos. Podia dar vários exemplos, como dou nas discussões em que participo sobre o tema (não é, Vera?). Assim como me são dadas várias razões para a aplicabilidade da imposição das quotas, como necessária por uma questão de urgência na correcta representatividade da sociedade nos vários órgãos políticos, ou uma razão geracional (para algumas gerações, já não há tempo de mudar essa mentalidade por forma a que a representatividade de género esteja correcta. E que haviam mulheres de grande valor que não conseguiam chegar aos palcos de actuação devido ao machismo vigente nas organizações partidárias.
Para todas estas justificações, e nas próximas discussões sobre o assunto, eu só citarei Elisa Ferreira: "Vou só dar o nome e volto. (…) Sinceramente, eu quero vir para o Porto. Quero-vos pedir que me ajudem a conquistar a Câmara do Porto. O meu objectivo é sair de onde estou e trabalhar para a cidade".
Depois disto, falem-me lá da necessidade das quotas para melhorar a representatividade…
5 comentários:
Rui, concordo que foi muito infeliz, muito mesmo, mas há por aí homens a cometer gafes nas campanhas eleitorais também. Temos de distinguir da questão das quotas. Até te digo que o Marcelo Rebelo de sousa considerou vencedores do debate prós e contras entre os candidatos às europeias a cabeça de lista da CDU (portanto uma mulher e alíás única) e o Miguel Portas. O que significa que os restantes e que eram homens lá presentes estiveram menos bem.
Este erro infeliz apenas mostra a necessidade que há de RENOVAR a casa socialista, não naturalmente pondo de parte a experiência e o saber de quem já percorreu todo o caminho da máquina partidária, mas conciliando esse Know-how com a passagem do testemunho a outros igualmente socialistas. Qualidade, sentido de partido e amor ao país. Acho fundamentais estes elementos, com ou sem quotas, mas a ver se conseguirmos garantir a igualdade de oportunidades sem as ditas quotas. É uma questão de fair-play.
Concordo com tudo o que dizes, mas para isso não é preciso quotas...
A questão é que ela foi indicada na lista por ser mulher. E em vez de recusar e dar lugar a outra, não! Usou as quotas para garantir um tacho.
Faria melhor à causa da participação feminina na política se o PS não fosse obrigado a apresentar tantas mulheres e que não o fizesse. Ao perder a comparação com os outros partidos, essa derrota faria melhor à participação feminina do que obrigar a quotas e ver casos destes.
O problema mais grave é que não foi uma gaffe de Elisa Ferreira. O objectivo era dizer mesmo aquilo.
O que só demonstra, a meu ver, que já entrámos na fase da loucura no PS!
Ao dizer que só "foi dar o nome" para a lista das europeias, Elisa Ferreira destruiu qualquer hipótese dos seus méritos poderem ser utilizados nesta camapanha.
Nem teve o pudor de esperar pelas eleições europeias.
Mas também a compreendo. As sondagens no Porto não lhe são nada simpáticas...
Não foi gaffe. Mas o que eu quero referir é que, à guarda das quotas, ocupa o lugar numa lista em que estás desejosa de não estar.
É o lado pernicioso das quotas, que faz com que tudo se mantenha na mesma enquanto se dá a sensação de renovação.
Não ouvi, ao vivo, em directo e contextualizada, a afirmação da Elisa Ferreira. Sei que é uma Mulher com valor. Sei também que dentro de muitos partidos e, de um modo muito visível, no Partido Socialista, há um fenómeno sociologicamente designado por "enclausuramento", ie, de manutenção do poder por parte de quem o detém. E quem o detém, maioritariamente?
A lattere ou talvez não: já repararam que as mais recentes agressões verbais, de partido para partido, foram masculinas e algumas razoavelmente machistas/infantis como aquela de mandar o outro comer papa maizena, provavelmente frase-sinónimo de um desafio para comparar os respectivos músculos dos braços?
Como sabem, defendo a necessidade histórica e temporária das quotas. 40 / 60, como em Espanha. Não escondo que a sua aplicação pode trazer perversões.
Antes de abrir o nosso blog estava a pensar com os meus botões: ser feminista, hoje em dia, é, mesmo e sobretudo quando se é uma mulher com poder, não esquecer as mulheres que têm menos poder(es), por terem menos recursos (devido à classe social de origem, ao capital social, etc...).
Temos muitas mulheres com muito valor que não passam das bases das organizações, por falta de capital social, ie, falta de pessoas que nos topos hierárquicos, as reconheçam e, reconhecendo, as convidem para lugares de destaque, de responsabilidade, para os centros de tomadas de decisão.
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