segunda-feira, maio 11, 2009

Parece que anda mesmo a incomodar…

Em dia de viagem (estou agora em Bruxelas – onde verei como anda a campanha no seio da Europa) segui com algumas distância mas interesse a recente polémica em torno das recentes declarações da Elisa Ferreira, candidata do Partido Socialista ao Parlamento Europeu e candidata do PS à Câmara do Porto (por exemplo aqui, aqui, aqui ou aqui).
Em primeiro lugar, uma questão prévia: alguém sabe do trabalho que a Elisa Ferreira tem feito no Parlamento Europeu? Não, é natural. Em Portugal dá-se pouco destaque ao que se passa pela Europa. Sugiro então, para começar a nossa conversa, uma visita ao seu excelente site, onde se pode atestar o excelente trabalho e contributo que tem deixado no Parlamento Europeu. Tivesse Portugal mais eurodeputados da craveira, empenho e excelência da Elisa e não estaríamos ainda a falar de prateleiras douradas na Europa. Se há quem trabalhe, com a qualidade e exigência – e ainda por cima sob temas tão complexos e pertinentes como a questão da competitividade europeia, da crise financeira ou do plano de recuperação económica europeia, esse alguém é a Elisa Ferreira. E muto perde Portugal com a sua candidatura à Câmara Municipal do Porto (mas quem sabe e vê o carinho que ela tem pela sua cidade (mais quando confrontada com o estado actual da antiga capital do Norte) tem de entender a razão da sua candidatura…)
Segundo ponto, de comparação: alguém sabe que trabalho têm desenvolvido os eurodeputados do PSD? Ou mesmo do PPE? Sabemos que tem procurado fazer prevalecer na Europa um modelo neo-liberal retrógrada e populista. Vejam e sigam, por exemplo, esse grande líder do PPE que é Silvio Berlusconi, cuja recente e brilhante ideia passou por apresentar uma lista de 35 modelos como candidatas a eurodeputadas. Decerto que Paulo Rangel e os diversos comentadores laranjinhas se reverão mais nas práticas polícias d’Il Cavagliere que no trabalho e no curriculum da Elisa Ferreira.
Já agora, há alguém no PSD na lista à Europa que o Paulo Rangel? Ou estamos perante uma candidatura unipessoal? Quem é que está indigitado para continuar na Europa? Só o Carlos Coelho? Isso diz muito acerca da produtividade e do trabalho produzido pela actual equipa do PSD, não?...
Ultima reflexão. Concordo com a apreciação de que a candidatura da Elisa parece estar a incomodar muita gente. Parece mesmo que o bastião do eterno delfim social-democrata está em risco, ou não viriam estes ataques concertados. Nada a que a Elisa já não esteja habituada, devo dizer, e se há algo que não a incomoda, é exactamente incomodar.
[Também publicado no Eleições 2009 e no Les Canards Libertaires]

13 comentários:

Vera Santana disse...

Zé,

Apoio incondicionalmente tudo o que dizes sobre a Elisa Ferreira, o trabalho que ela desenvolveu toda a sua vida, e apoio o trabalho do PS e do PSE na Europa e pela Europa.

Quanto aos outros partidos (PPE/PSD) e personalidades políticas (Rangel, Carlos Coelho) não me vou pronunciar agora.

Quanto a perversões resultantes da entrada dos media na política, muito haveria a dizer. Mas, como vai haver um debate na 4ª feira sobre o tema, remeto para lá.

Unknown disse...

Meu caro, isso não invalida que ela (e, já agora, Ana Gomes) estivessem somente numa das listas e deixassem o outro lugar para outra pessoa. Eu ainda sou do tempo em que política era risco. Agora não. É a mesma coisa que eu estar empregado onde estou a fazer o que devo e efectuar uma análise noutro projecto para eventualmente mudar (ou não, se tal não me apetecer) sem correr o risco de ficar sem trabalho e não conseguir justificar a minha produtividade, mas não deixando um colega meu ter uma oportunidade.

Por outro lado, concordo contigo num ponto. Pelo menos o PS tem uma lista...

Vera Santana disse...

Rui,

Não há - nem nunca houve, durante 35 anos - camaradas homens socialistas indigitados para vários lugares em várias listas políticas, em simultâneo?

Unknown disse...

Vera,
Houve, claro que sim! E é um erro tão grande quanto este, que é com mulheres. Ou não achas?

Vera Santana disse...

Rui,

A ser erro, é-o independentemente do género.
Mas não me lembro de os anteriores "erros" de "duplo-casting" - no masculino - terem sido ferozmente apontados.

Unknown disse...

Não? Fernando Gomes. Deve ser um problema da cidade.

Mas sobre o Fernando Gomes não recaía a questão das Quotas. E essa é que é a questão.

Vera Santana disse...

Rui,

A tua frase

MAS SOBRE O F.GOMES NÃO . . .

diz tudo.

A tua questão é a das Quotas.

Beijinhos!

Unknown disse...

Sim. A minha questão é a das quotas. Que não são necessárias para nada. O que é preciso é mudar mentalidades. As quotas mantém o problema na mesma, só que no feminino.

PS - E quando digo que sobre o Fernando Gomes não caía a questão das quotas é tão somente porque a lei, na altura, não existia! Não deturpes, por favor.

Vera Santana disse...

Rui,

Mudar mentalidades não é possível só porque tu gostarias. Pode demorar uma geração.

Ajudam-se as mentalidades a mudarem efectivamente quando confrontamos as pessoas com realidades que lhes não são familiares. Realidades que podem ser veiculadas pelo exemplo (a Primeira Ministra Lourdes Pintassilgo) por novas práticas sociais (permitidas, por ex., pela actual Lei da Parentalidade) pelo contacto com práticas sociais não familiares (umas visitas a outros países europeus), etc.

Há uma história sobre um sociólogo (europeu mas não português) oriundo de uma classe social digamos popular. Não obstante as décadas passadas na Academia, entre élites de vários tipos, aconteceu-lhe, um belo dia, numa conferência, tirar do bolso um enorme lenço de assoar, gritante porque num padrão de quadrados às cores, e usá-lo ruidosamente.

Porquê? Porque os processos de socialização são incorporados em esquemas mentais e corpóreos para nos permitir viver no quotidiano usando rotinas. Essas rotinas não se interrompem só porque sim.

Se fosse fácil e rápido interromper rotinas, os caminhos de reabilitação de pessoas com anorexia, p.ex., não teriam as dificuldades que têm.

Unknown disse...

Tudo bem. Neste ponto concordo contigo. Mas continuo a achar que as quotas são parte do problema e não da solução. Afinal, a Elisa só lá vai dar o nome.

Vera Santana disse...

Brincando um pouco: terá sido para ela que Fredéric Chopin compôs "Fuga para Elisa"?

(isto não pretende retirar importância à questão mas sim fazer um intervalo parav RIR que é uma das MELHORES COISAS QUE PODEMOS FAZER!)

Unknown disse...

:)

Vera Santana disse...

EU ERREI:

onde está Frédéric Chopin deveria estar Beethoven.
QUE VERGUENZA!!!!!!!!! Como fiquei a pensar, fui ver e é claro que é Beethoven.

E pode chamar-se, simplesmente "Para Elisa"

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