Começa hoje a maratona eleitoral norte-americana. Já começou, aliás, e Obama e Huckabee venceram. A janela de «criar mensagem» esteve todo o dia aberta, e só agora tive tempo de lhe colocar alguma ideia... E tinha começado o dia com a notícia do Observatório para as Eleições Presidenciais Norte-Americanas que o ITD acabou de colocar online, e que queria divulgar. É uma excelente iniciativa, na qual, como investigador do ITD, é normal que possa vir a colaborar no futuro, assim como outros companheiros da Loja.
Depois vi o texto do Daniel Oliveira no Arrastão a destruir o processo «medieval» de escolha dos candidatos às presidenciais. Fui ler as fontes onde se baseia - Conor Clarke, «I hate Iowa» e Christopher Hitchens, «The Iowa Scam». E é realmente impressionante ver como se opera esta escolha, e o que significa no processo eleitoral norte-americano; que ainda acredita na Ideia dos «Homens Bons», género moderno de um quaisquer Conselho de Anciãos, construído numa mistura de Grécia Antiga e imaculada com uma tribo Índia sábia e perdida.
Nunca se esqueçam que os Estados Unidos são um país que teve de se inventar...à 200 anos. Sem telefone, fax ou telegrafo; sem população fixa na maioria do seu território (especialmente a Oeste dos Estados Atlânticos); sem partidos políticos (que mais ou menos inventam); sem referências sobre o que a Democracia deveria ser; ou a representação democrática e o processo de escolhas de representantes políticos. Em suma, que sistema seria necessário construir para manter uno um território daquela dimensão e dispersão.
Regressando ao Iowa, sabiam que é possível comprar apoios? Dennis Kucinich, por exemplo, prometeu entregar os seus apoiantes a Barack Obama, e, é provável que com esse gesto lhe tenha entregue a vitória.
Sabiam ainda que, em caso de empate a decisão é feita ou por moeda ao ar ou por sorteio? Ou que muitos dos que hoje se mobilizaram para o caucus nem sequer votam? Ou que a desproporcionalidade é tão grande no Estado do Iowa que há distritos cujos votos valem 5 vezes mais que noutros (por exemplo, se em Lisboa necessitar de 100 votos para eleger um representante e em Braga só necessito de 20, o voto de Braga vale 5 do de Lisboa...).
Se fosse no Quénia, queria ver como era...
Em todo o caso, é bem interessante o debate sobre a validade deste sistema e da qualidade da participação militante (que, em teoria, são os cidadãos mais bem informados e preparados para efectuar uma escolha política, e por isso são consultados); sobre a validade destas eleições (que são insignificativas para o resultado final - em ambos os partidos); sobre qual a leitura mediática e política que, no futuro, estes acontecimentos devem ter.
Já há quem defenda que ambos os partidos devam simplesmente ignorar esta caucus, em ver de derramarem centenas de milhões de dólares em espaços televisivos de impacto apenas psicológico. Giuliani nem concorreu. E Bill Clinton em 1992 obteve uns míseros 3%; bem longe dos 76% de Tom Harkin (quem???); numas eleições que tiveram 12% de «não atribuídos.
Aqui podem ver uma infografria do que se passou (que reproduziremos no próximo post).
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