Esta é uma peça que relata o "drama" de uma mulher que descobre que está grávida do namorado.
A peça em si é divertida, e revela uma Sofia Alves fora dos écrans com grande personalidade a aguentar sozinha em palco 1h20m sem quebras. O que mais me surpreendeu (pela positiva, pois a causa é-me grata) é o forte teor político da peça. Na peça defende-se claramente a despenalização da Interrupção Voluntária da Gravidez até às dez semanas, sem pudores ou dissimulações.
Fala-se dos números de mulheres que morrem, quer a nível mundial, quer a nível português (por estimativa) duma forma fria, com o claro intuito de deixar o espectador a pensar.
Fala-se da hipocrisia de uma lei que não permite fazer a Interrupção Voluntária da Gravidez, mas permite o anúncio de clínicas espanholas na fronteira, a apenas duas horas de viagem.
Fala-se do caso do julgamento das mulheres em Setúbal, que felizmente se resolveu da melhor forma.
Fala-se de ideias e direitos, faz-se mais pela causa do que qualquer campanha.
"Socorro, estou grávida!" vai para digressão assim que sair de cena em Carnaxide. Venha lá esse referendo...
P.S. - Para que não fiquem dúvidas, o objectivo pró-despenalização foi assumido pela actriz em conversa após a peça.
P.S.2 - Como curiosidade, nunca vi tanto "mentiroso" junto. Numa plateia em que a média de idades era superior aos 50 anos, descobri que todos os homens presentes ajudavam nas mais variadas tarefas domésticas, e que todas as mulheres sabiam trocar pneus de automóveis (e já o haviam feito)!
Sem comentários:
Enviar um comentário