sexta-feira, outubro 07, 2005

Irregularidades sim. Mas sem acesso restrito, importante é a igualdade.

Dou por mim a pensar porque se aglutinam as pessoas em torno de chavões como: Os políticos são maus, vivemos cada vez pior, etc…
Neste cantinho ibérico parece não ser grave (na sua essência) a má organização do Estado. O problema reside em não podermos tirar partido dessa má organização, seja pela falta de competências ou dificuldade de acesso. Aí sim, o problema já é gravíssimo causador de grandes desigualdades.

Irregularidades sim. Mas sem acesso restrito, importante é a igualdade.

As práticas populistas são naturalmente aceites pela maioria que nelas encontra benefícios. A fuga aos impostos não se coloca (em muitos casos) pela falta de responsabilidade social que representa, mas sim pela desigualdade que apresenta, sendo mais atractivo deixar de pagar que travar a luta para que todos paguem. Estes são bons exemplos da promoção do individualismo egocêntrico, praticado por quem fecha o passado num baú, confiando o presente e futuro a um ser messiânico.

Vivemos horizontes limitados, a nossa rua, o bairro ou aldeia, uns quantos vivem na cidade, e para muitos mais sucede-se o cumprir da formalidade de por lá passar. Quanto ao país...só pela televisão.
Dizer que os políticos são maus e que vivemos cada vez pior, faz parte de uma tarefa de desresponsabilização colectiva (o discurso do tradicional pessimismo que em muitos casos funciona como justificação para o “nacional porreirismo”) de quem esquece ou quer esquecer que parte da solução passa pela exigência na primeira pessoa com posterior pedido de contas a quem coordena ou executa.

A acção política acaba por ser reflexo da passividade daqueles para quem o governo é um acto de gestão individual, dentro da linha: eu governo-me a mim próprio. Ganhando espaço na confiança dos que definem esta prática, ingenuamente, como os olhos protectores dos fracos e oprimidos. Gosto particularmente da ideia: dar voz a quem precisa…
Para quem falam realmente os politicos? Para todos!!!

Na base do problema encontra-se a educação (tema de um próximo post) o seu menor nível proporciona terreno fértil à demagogia, que prolifera aproveitando as lacunas temporais criadas pela falta de uma consistente memória colectiva.

Para uma maioria um projecto não deverá representar mais do que uma mera formalidade. Mas na verdade o que nos vai faltando é planeamento, tomar decisões que garantam sustentabilidade a longo prazo. Quem promete deve planear, chegado ao poder deve executar, sob pena de sofrer sanções pelo não comprimento do prometido.
Este bem poderia ser um primeiro passo. Mas, para isso são necessárias mudanças transversais ao todo social. E…

Quem está disposto a por em causa e se necessário abdicar do estatuto e poderes adquiridos?

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