terça-feira, outubro 04, 2005

Cidadania e o acto de o fazer.

Fala-vos de cidadania. Procuro identificar o que terá falhado desde o 25 de Abril de 1974, em que a democracia nos chegou. Oprimidos por um estado conservador e ditador, eram mais as obrigações do que os direitos. As pessoas não tinham opinião, a não ser que a mesma pertencesse á pandilha, ai sim, podiam opinar.

Mas passados tantos anos após a mudança de regime, deparamo-nos com uma democracia que por vezes mais parece uma babilónia, onde direitos e deveres se misturam, justificados por questões morais muito pouco convincentes, no meu entender. A classe politica com suas atitudes quebram quaisquer boa postura que queiram ter, tudo isto na maior das tranquilidades, que abraçadas e aceites como as regras de um qualquer jogo, se misturam conceitos morais, cívicos, religiosos. É a nossa sociedade. Se não, reparem nas cisões entre listas de partidos políticos e listas de independentes. Mas as pessoas aceitam, é a defesa da terra. Ou então os clubes de futebol onde só alguns (poucos) ganham com isso, e que fazem tudo ás claras. Mas as pessoas aceitam, e se for do clube de coração ainda acham correcto.

Onde pretendo chegar?

Ás pessoas que aceitam tudo isto passivamente como se tratasse de uma coisa pessoal, que lhes dissesse respeito a elas exclusivamente. Sentem-se no direito de dirigir critica a governos, a instituições, mas colaboram com todas estas situações e até as defendem, sem que obtenham nada com isso. Ou provavelmente obtêm e eu não estou a ver. Será que estes mesmos cidadãos poderão ser considerados aptos a tais criticas? A democracia onde vivemos confere-lhes esse direito, mas…

Todos criticam o poder político, que são isto, que são aquilo, que é tudo para o tacho… etc. Todavia estes mesmos cidadãos são os primeiros a fugir ao fisco, não pedindo facturas, não ajudando o todo… O nosso Portugal.

Não se importam com a quebra de regras tais como a circulação automóvel, não se importam com o lixo deitado no chão, não se importam da caquinha do animalzinho de estimação que deixam espalhado pelos passeios, são os nossos cidadãos que o fazem, mas criticam e culpabilizam os poderes locais, autárquicos, municipais e em ultima instancia os governos…

Pergunto novamente que tipo de sensibilização colectiva, teremos nós portugueses?

Criticam aqueles que manifestamente são defendidos pelo nosso sistema democrático, mas serão os nossos cidadãos exemplos para poderem legitimar essa indignação que no fundo lhes é facultada por viverem numa democracia? Não se esquecem estes nossos cidadãos que para poderem usufruir dos direitos também têm de respeitar algumas regras a que democraticamente chamámos de dever…

Teremos falhado na educação cívica dos nossos cidadãos?

Saberão eles o que é cidadania?

1 comentário:

Unknown disse...

O problema de cidadania é a maior crítica que se pode fazer transversalmente a todos os governos e mesmo a todas as forças políticas que estiveram ou estão presentes nos centros de decisão.

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