segunda-feira, outubro 03, 2005

VENHAM AS PRÓXIMAS!

As eleições autárquicas estão à porta. Fazem-se os preparativos, alinham-se estratégias, preparam-se as máquinas partidárias. A campanha está na rua.

Cada vez se torna mais complicado fazer campanhas originais. Já se fez de tudo um pouco. Distribuiram-se apitos, cartões amarelos, bonés, aventais, balões para o menino e para a menina. O Major até distribuiu uns electrodomésticozinhos pela boa gente de Gondomar que não se fez de rogada. Esteja o homem vivo e tem o lugar à disposição. Preso ou não. Em Portugal isso, aparentemente, não é premente. Um cidadão a braços com a justiça está em pé de igualdade com o cidadão cumpridor. O autarca-modelo não tem visibilidade, a sua obra não aparece nos telejornais das 20h, esse estatuto está reservado a quem foge vergonhosamente do País, incólume contudo aos olhos do “seu povo”, orgulhosos da “sua menina”. A senhora afirmou que ainda tem projectos para o seu concelho. Pode começar por extinguir o tribunal e reformar os funcionários. Dava um jeitão. As visitas seguintes ao Brasil seriam muito mais calmas.

Estas eleições são um teste à capacidade reformadora já evidenciada por este Governo. Os últimos actos eleitorais demonstraram inequivocamente que qualquer altura é boa para demonstrar desagrado perante insatisfações. António Guterres que o diga. E a verdade é que este Governo não se coibiu de fazer frente a situações que, por convicção ou por estar comprometido a tal pelo seu programa eleitoral (que está expresso ipsis verbis no programa de Governo) resolveu enfrentar de frente em vez de se resguardar com evasivas. Os resultados estão à vista, apesar de haver algum fogo de vista em alguns casos, como por exemplo o dos professores, em que as alterações efectuadas foram empoladas em números de insatisfação por parte dos Sindicatos, nomeadamente da Fenprof, provavelmente o exemplo mais cabal de corporativismo e sectarismo. Mas se juntarmos os funcionários públicos, os farmacêuticos, os juízes, os militares e restantes forças de segurança, o ramalhete fica mais composto.

É neste confronto entre os que lutam nas ruas contra as decisões tomadas, e os que as consideram como uma das formas de gerar algum equilíbrio entre públicos (tidos como os eternos favorecidos) e privados (privados de aumentos salariais, de promoções automáticas, de pré-reformas, de pontes com feriados à 3º e 5ª feiras, etc.) que muito se vai decidir a 9 de Outubro. E há que contar com aqueles que acham que o Governo desbaratou o seu estado de graça com decisões polémicas, com particular enfoque para as nomeações para cargos em administrações, institutos públicos e afins, em alguns casos sem experiência profissional que o justificasse, e outros em que a competência, mais que evidente, por si só não evita comentários à cedência ao clientelismo partidário a que os adversários apontam o dedo (Oliveira Martins e António Vitorino como alvos).

Quem cantar vitória na capital pode consagrar-se como vencedor a nível nacional, ou minorar externalidades negativas dos outros concelhos. E Lisboa, neste momento, está em empate técnico, pelo menos a crer nas sondagens. Nesta fase, qualquer coisa, por mais infíma que seja, pode ter efeitos irreversíveis para o resultado final. E a pré-campanha de Carrilho não augura nada de bom. Aparentemente, a mensagem não passa. Tudo soa a artificial, um expediente, um frete. Mais grave se torna esta situação quando é por demais evidente que ele e a sua entourage não compreenderam o adversário que têm pela frente, já para não falar no menosprezo a que votaram Carmona, por em 4 anos não ter obra feita, pelos muitos projectos faraónicos falhados, por ser independente e por não contar com o apoio do PSD (na prática isso não se está a verificar). E se dúvidas houvesse sobre o fracasso dos responsáveis pela campanha em Lisboa, em que a Concelhia do PS não se pode abster, nova hecatombe surgiu com o (pelas piores razões) famoso debate, que termina com o resultado que todos pudemos ver. Se em tempos idos, a notícia demorava eternidades a chegar, hoje é instantânea. Tudo se sabe, tudo é do domínio público. A net serviu de veículo para a propagação do efeito “não aperto de mão”. Para quem não viu o debate, aquilo é que vai vigorar, é a imagem que fica na retina. Hoje em dia, a imagem conta muito. Carrilho should have know better.

As eleições autárquicas estão à porta. Só faltam as Presidenciais para fechar este ciclo de idas à urna invulgarmente encadeadas. Os profissionais das campanhas precisam de descanso. Venham as próximas para fechar a loja. Mas só até daqui a 3 anos...

1 comentário:

Unknown disse...

Só espero que Sócrates não altere o rumo que está a dar ao país, após a (previsivel) hecatombe eleitoral do próximo sábado.

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