sexta-feira, outubro 21, 2005

Foi ontem.

Fez 89 anos ontem, dia 19 de Outubro, que pelas ruas de Lisboa, nesse Outono chuvoso de 21, deambulava uma carrinha-tipo-tropa, que, acompanhada por um jornalista motorizado, procurava sarilhos, agitação e, com sorte, uma revolução

Desenhavam-se nessa noite, com contornos bem macabros, dos episódios mais marcantes da nossa contemporaneidade. A «camioneta fantasma» vagueia pelas ruas da capital, comandadas pelo «dente-de-ouro» (personagem soturna deste baile de mascaras fúnebres), numa demanda frenética comendo asfalto e arrombando portas em direcção ao Arsenal da Marinha. Á sua frente atropela o governo de António Granjo, e com ele a República. Para os lados da Praça do Comercio, no pátio do Arsenal, matavam o Primeiro-ministro português. À queima-roupa.

E hoje ninguém se lembra do que se passou.

Eu, que ainda hoje requeri estes livros sobre o tema (de época), só me apercebi da efemeridade por outrem, a quem agradeço a lembrança e a recomendação.

Muito do imaginário da I República jaz com estes homens: Machado dos Santos (o herói da Rotunda), António Granjo (o primeiro Ministro em funções) e Carlos da Maia. Muito do 28 de Maio bebe no 19 de Outubro.

Que não nos esqueçamos.

(a voltar)















1 comentário:

Ricardo Revez disse...

Comprei o guião da peça de teatro baseada na Noite Sangrenta "O Mistério da Camioneta Fantasma" de Hélder Costa (apenas 2 € na Livraria Colibri). Esta peça está em cena neste momento, não sei é onde...

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