segunda-feira, outubro 31, 2005

À Alma de D. Pedro IV, nos Elísios

Eça de Queiroz na carta À Alma de D. Pedro IV, nos Elísios, de agosto de 1872, refere-se às seculares rivalidades entre Porto e Lisboa, com uma perspicácia que não é invulgar no autor. Invulgar, é a forma de confrontar as duas cidades.

« É necessário que Vossa Majestade saiba que existe uma incurável rivalidade moral, social, elegante, comercial, alimentícia, política, entre Lisboa e Porto. Lisboa inveja ao Porto a sua riqueza, o seu comércio, as suas belas ruas novas, o conforto das suas casas, a solidez das suas fortunas, a seriedade do seu bem-estar. O Porto inveja a Lisboa a Corte, o Rei, as Câmaras, S. Carlos e o Martinho. Detestam-se. As damas de Lisboa riem-se da pouca distinção, da pequena ciência, de falta de chique e de quê das toilletes do Porto? O Porto, rubro de ódio, cobre as senhoras da sumptuosidade dos estofos e das faíscas dos diamantes.

Lisboa tinha touros. O Porto quis ter este bom tom de lezíria. Mas faltava-lhe o bom gado, os artistas, a faísca da troça, o estonteado especial das touradas daqui. Ah, sim? Em lugar de uma praça o Porto ergue duas. Mas consegue apenas ser duas vezes pior. Bem! O Porto sorri-se e para se desforrar, faz corridas de cavalos. Grande troça nos sportsman a pé do Chiado: vamos batê-los, diziam, vamos batê-los desalmadamente. Chegaram lá; foram chatamente batidos.

O Porto tinha a Foz, praia banhos, rica, de um grande pitoresco de paisagem. Lisboa, rancorosa, improvisa Cascais, sítio enfezado entre pinheiros hécticos e rochedos de ópera cómica.

Os poetas do porto fazem sorrir, no Chiado, os líricos da corte, descendentes dos vates parasitas do adro de S. Domingos: mas os da Águia de Ouro abrem sobre as mesas as odes de Vidal, e entornam-lhes em cima, como único comentário digno, molho de carne assada.

O Porto por circunstancias, é reformista: eis que Lisboa se veste de um grande desdém pelo Sr. Bispo de Viseu, António.

Em Lisboa houve ùltimamente um certo movimento subterrâneo, indistinto, informe, do espírito republicano: o Porto recebe el-rei, com um delírio que só vossa magestade inspirou nos dias em que se passeava a pé, com a sua estreita farda de coronel de caçadores, de cravo ao peto, e batia, com as pontas dos dedos, nas faces rechonchudas das mulheres do Candal.

Lisboa come com pretensões francesas e fantasistas: logo o Porto se afoga, cada vez mais, no chorume da velha cozinha portuguesa, e abraça-se, como a um estandarte, à travessa do cozido.»

Conselho de Ministros algures...

Ilustração de John Tenniel para a obra de Lewis Carroll, Alice's Adventures in Wonderland

A Energia das Ondas

Num anterior post que intitulei “Á Deriva...pelas questões de energia...” referi que voltaria a este tema, de facto estava á procura de matéria de facto para basear a minha intervenção neste campo, referindo-me a uma energia inventada por um investigador do INETI e do IST nos anos 70 aquando do primeiro “choque petrolífero”, a Energia das Ondas.
Na Póvoa do Varzim está prevista a produção de electricidade através das ondas do mar, um projecto piloto que pode arrancar em 2006 na costa da freguesia da Aguçadoura (5 km a norte da cidade da Póvoa de Varzim), e que irá produzir 2,25 megawatts de potência, suficiente para 1500 casas. O investimento será da responsabilidade da companhia britânica Ocean Power Delivery e do grupo português Enersis.
O mecanismo desenvolvido pela Ocean Power Delivery é chamado de Palamis (uma espécie de cobra marinha, baptizada assim devido ao movimento serpenteante do mecanismo), na Póvoa será instalada a primeira aplicação comercial do Palamis no mundo.
A produção de Energia das Ondas tem a desvantagem de depender da força das ondas (se forem fortes produz mais energia, senão produz-se menos), no entanto não gasta combustível nem polui, dado ser uma energia limpa e sem custos adicionais, em Lisboa (mas com sede fiscal no Porto!!!) existe o Centro de Energia das Ondas que é uma associação sem fins lucrativos fundada em 2003, vocacionada para o desenvolvimento e promoção da utilização da energia das ondas através de suporte técnico e estratégico a empresas, instituições de I&D, entidades governamentais e autoridades locais.
Esta energia como renovável que é tem um grande potencial de crescimento, nomeadamente neste cantinho á beira mar plantado, mas como temos um país os projectos terão vir de dinâmicas concelhias e regionais (como aconteceu com o já referido), com a grande quantidade de costa que temos, acompanhada de uma ondulação constante poderíamos aproveitar esta energia de forma regular, fica com este post a informação e a ideia.
P.S. – Reflexão também publicada no Geosapiens.

sexta-feira, outubro 28, 2005

Ciclo

O universo dos comentadores políticos lá continua na sua árdua missão de construir opinião, fazendo o favor de nos dizer (em muitos dos casos), que as ideias que nos transmitem não são mais do que aquilo que precisamos ou pensamos. E nós acreditamos?

É curioso assistir ao difundir de ideias que se transformam em notícias, entoadas pelas expressões: Aquilo que as pessoas me transmitem na rua... O que as pessoas pensam, acham, querem, pedem, etc. Gosto particularmente quando se reforça a ideia dizendo: As pessoas não são burras, sabem o que querem. E lá sai mais uma mensagem política á medida do interesse do momento.

Interessante é que um ou dois dias depois lá sai para a rua o jornalista ansioso por saber a opinião do comum cidadão acerca da ultima criação política, e entre os três ou quatro escolhidos para a reportagem, aparece pelo menos um capaz de repetir o essencial da mensagem, supostamente partilhada pelo comum dos mortais.

E desta forma se valida em termos práticos uma construção que até então apenas dispunha de um corpo teórico. Encerrando-se assim o ciclo.

Povoa-se o universo mental com pequenas construções que obedecem a regras de formatação muito específicas, alimentando-se uma máquina que no essencial desvia as pessoas de pensar, ou pelo menos, adensa o nevoeiro tão necessário para que se confunda o essencial com o acessório. Ficando assim esquecido o que realmente interessa na construção individual e colectiva de cada um.


Bom fim-de-semana.

quinta-feira, outubro 27, 2005



O Clube «Loja de Ideias» convida a estar presente na sua iniciativa

«A evolução do sistema eleitoral em Portugal
(do vintismo aos nossos dias)»


que ocorrerá na Biblioteca-Museu República e Resistência (Rua Alberto de Sousa, 10-A à zona B do Rego), quinta-feira, dia 3 de Novembro de 2005, pelas 21.00h.


No âmbito do ciclo sobre a «Reforma do Sistema Político Português», e no seguimento das suas recentes iniciativas, o Clube «Loja de Ideias» apresenta a conferência «A evolução do sistema eleitoral em Portugal (do vintismo aos nossos dias)». Este evento pretende apresentar uma evolução política e legislativa do direito de voto em eleições em Portugal, numa perspectiva histórica sistematizada e comparada.

Num tempo histórico de incertezas e vontades reformadoras, interessa-nos procurar, na nossa existência colectiva, por um passado de participação cívica interessada e progressista. Para esse efeito propomos um recorrido aos últimos dois séculos pretendendo retirar para o nosso presente indícios de continuidade e de rupturas com os nossos velhos hábitos eleitorais.

A iniciativa contará com a presença dos seguintes conferencistas:

Zília Osório de Castro (FCSH/UNL), sobre o Vintismo

Paulo Jorge Fernandes (UAL), sobre a Regeneração

José Tavares Castilho (CEHCP-ISCTE), sobre a I República

José Reis Santos (FCSH/UNL), sobre o Estado Novo

Pedro Alves (FDL), sobre a III República

Moderador: Jorge Macieirinha (Clube «Loja de Ideias»)

Debate aberto ao público.

O Clube «Loja de Ideias» apresenta-se como uma iniciativa não partidária e não ideológica e tem como objectivos contribuir para a construção de novos espaços de debate e intervenção política, fora dos círculos institucionais, visando uma melhor e oleada articulação entre a sociedade civil e a sociedade política e partidária; em suma, contribuir para a melhoria da relação entre o cidadão e a Cidade.













Praça de D. Joao da Câmara, c. 1900
Editor desconhecido

«Pouco antes da demolição total do Passeio Público, acabou de construir-se o monumento aos Restauradores, em 1886. A Estação do Rossio é de 1887, projecto de J.L. Monteiro.»

The Road Not Taken

O post da Kindala "Cântico Negro" por José Régio fez-me lembrar um poema do norte-americano Robert Frost "The Road Not Taken", que, aliás, é citado pela personagem interpretada por Robin Williams em O Clube dos Poetas Mortos. Assim, aqui vai:

"TWO roads diverged in a yellow wood,
And sorry I could not travel both
And be one traveler, long I stood
And looked down one as far as I could
To where it bent in the undergrowth;

Then took the other, as just as fair,
And having perhaps the better claim,
Because it was grassy and wanted wear;
Though as for that the passing there
Had worn them really about the same,

And both that morning equally lay
In leaves no step had trodden black.
Oh, I kept the first for another day!
Yet knowing how way leads on to way,
I doubted if I should ever come back.

I shall be telling this with a sigh
Somewhere ages and ages hence:
Two roads diverged in a wood, and I—
I took the one less traveled by,
And that has made all the difference
."

E ninguém pára...

Simão Sabrosa

E NINGUÉM PÁRA O BENFICA! E NINGUÉM PARA O BENFICA, ALLEZ OOOHHH!

P.S. - Este blog estava a ficar muito verde!




















Porque um dia achou que era normal...

Rosa Parks, 1913-2005

quarta-feira, outubro 26, 2005

Vitória do Sporting!

O Sporting venceu o Varzim por 2-0.

Foi dado o primeiro pontapé na crise!

Agora, no Domingo, no estádio do Bessa com o Boavista, o Sporting irá dar o pontapé definitivo!

Apenas uma nota: Polga foi expulso e não jogará no próximo jogo.

É altura de Beto, "missing in action" com o Gil Vicente, afirmar a sua capacidade de profissional!

Viva o Sporting!

E mais uma vez!

GGOOOOOOLLLOOOO!!!!

Miguel Garcia!

Golo do Sporting!

GGOOOOOLLLOOOOOO!!!

Liedson Resolve!

Interregno Sportinguista

Ao intervalo, o Sporting está empatado 0-0 com o Varzim na eliminatória da Taça de Portugal.

Regista-se a mais baixa afluência no Estádio José Alvalade, nesta encarnação.

Menos de 5 000 pessoas!

O "Salvador da Pátria" e a Democracia

Toda a envolvente da candidatura de Cavaco Silva à Presidência da República parece centrar-se na temática do “Salvador da Pátria”, representada no “homem providencial” que viria, numa noite de nevoeiro, montado num cavalo branco, libertar Portugal e salvar os portugueses dos nossos problemas, sejam eles a ocupação filipina, a suposta mediocridade dos nossos governantes ou a crise económica e social.

Para todos os nossos problemas, os reais e os imaginados, Cavaco aparece como a solução divina, acima de nós, que somos apenas homens, e que portanto somos incapazes de verdadeiramente compreender o seu génio tecnocrático e as soluções que traz para resolver os nossos medos e angústias.

Cavaco está acima dos partidos, por sua expressa afirmação, estando a fazer-nos o obséquio majestático de abandonar a sua torre de marfim, para nos liderar Portugal no Quinto Império, que já teve tantas encarnações, ao sabor de putativos ditadores que se afirmavam “homens providenciais”.

Portugal, assim como a maioria dos países latinos, parece obter deste mito providencialista a razão de ser e expectativa máxima das aspirações políticas da sua população. Tal como o mito dos portugueses como “povo de brandos costumes”, algo que qualquer folhear da nossa História pelos sécs. XIX e XX rapidamente desmente, também esta visão do “Salvador da Pátria” é um efeito reminiscente da doutrinação ideológica do Estado Novo, visto que a visão providencialista de Salazar era um dos dogmas fundamentais de todo o edifício legitimador da ditadura, que tinha como objectivo, não nos esqueçamos, justificar a não existência da democracia em Portugal.

Por isso, quando vejo alguém afirmar-se como candidato a um cargo político, e ninguém no seu perfeito juízo considera a Presidência da República um cargo não-político, defendendo que um dos seus principais argumentos é o facto de não ser político... bem, direi apenas que estou sempre à espera, nessas situações, do “Deus. Pátria, Família”.

A virtude e a força da Democracia nunca irão residir no “Homem certo, na altura certa”, a lá rodagem de um carro. Residem sim, na capacidade das eleições em agregar as preferências ideológicas e temáticas dos cidadãos, em partidos, coligações e candidatos específicos, para que a maioria das pessoas vejam as suas preferências reflectidas nos Órgãos de Soberania.

A existência de “homens providenciais” é anátema dessa agregação de preferências, visto que são as suas características pessoais e não as suas ideias que servem para justificar a sua eleição. As pessoas deverão votar em X, Y ou Z, por acharem que as suas ideias e aquilo que defendem é algo com que concordam e que portanto querem ver representadas no Órgão de Soberania para o qual os elegem.

A política deve ser o debate de ideias, e não o debate de pessoas.

Esperemos portanto para saber o que os candidatos presidenciais defendem, embora já tenha dado para perceber que será bastante fácil descortinar o que uns defendem, por comparação com outros que apenas estão interessados em vender as suas características pessoais.

terça-feira, outubro 25, 2005

Praça da Figueira, c. 1900
Edição M.I.R.

«Construída em 1885, foi até à data da demolição (1949) o mercado central de Lisboa. No local, existe hoje um largo com uma estátua equestre.»

E, acrescento eu, um parque de estacionamento. Tudo sobre as ruínas do antigo Hospital de Todos-os-Santos, enterrado em 1755, no terramoto de há 250 anos.

Este antigo hospital, o principal da capital no século XVIII (e de dimensão europeia, acrescente-se), foi redescoberto aquando das escavações para o citado parque de estacionamento. Nunca foi posta a hipótese de se salvaguardar essa memória. Poucos se lembrarão do mercado da Praça da Figueira (e que bonito deveria ter sido o mercado, construído no apogeu do ferro).

Como se escolhe entre a necessidade de «evolução urbana da Cidade» com a preservação dos seus espaços públicos e colectivos. Como se escolhe entre a «memória» e a pressão urbanística?

Difícil decisão? Admito que sim.

Por onde começar a abordar esta questão?

Talvez por criar, definitivamente, uma política de património da Cidade, onde qualquer novo empreendimento, sob a malha edificada, deveria ser bem elaborado e debatido, envolvendo sociedade civil, autarquia e o sector imobiliário num tripé honesto e transparente.

Talvez por começarmos a pensar a cidade não só como uma perspectiva demagógica de Futuro mas como uma interligação entre o seu Passado e o seu Presente.

Talvez por não deixar que estes casos, como o do Parque da Praça Camões, no Bairro Alto e o da Praça da Figueira, se repitam com impunemente escondidos no obscurantismo de maquinarias silenciosas. Talvez por não deixar que se cometam verdadeiros atentados como o que se perpetra na Rua António Maria Cardoso, antiga sede da PIDE/DGS, hoje em trânsito para se transformar em mais um condomínio de luxo.

Talvez por começar por dizer NÃO!

Talvez…

Diferenças

"We would not have invaded a country that didn't attack us. We would not have taken money from the working families and given it to the most wealthy families. We would not be trying to control and intimidate the news media. We would not be routinely torturing peolple."

Al Gore, ex-vice-presidente dos EUA e candidato derrotado por George W. Bush em 2000, respondendo a repórteres na Suécia em como os EUA seriam diferentes se ele tivesse ganho a controversa eleição de 2000.

Reflexões pós eleitorais ás Autárquicas de 2005

Nos últimos dias acabei de escrever as três reflexões pós eleitorais sobre as Autárquicas de 2005, a primeira algo sarcástica sobre a análise dos resultados (acordei meio azeitado nesse dia), a segunda sobre a Candidatura de cidadãos independentes e como as potenciar fora do, por mim chamado, círculo do "Partido dos Piratas", a terceira reflexão refere-se a conclusões generalistas sobre as eleições locais e reflexões sobre estas.
Também escrevi no meu blog (o Geosapiens) um artigo sobre as Presidenciais de 2006 em que refiro a quem dou meu apoio.
Estes breves resumos são aqui apostados pois tenho tido pouco tempo para estar na net e algumas dificuldades em aceder á mesma.

segunda-feira, outubro 24, 2005

Chico Fininho sul americano...

Andando a arrumar Cd's antigos deparei-me com este «Chico Fininho» sul americano. Experiências e vivências de um latino em Nova Iorque, pelos finais dos anos 70 inícios dos 80. Rubén Blades, escritor, músico, político e actor panamenho, ex-candidato à Presidência da República do Panamá, refugiado do regime de Noriega, nos anos 80, graduado de Harvard e licenciado em ciência política é personagem a descobrir. Recomendo.
Deixo Pedro Navaja:
Pedro Navaja

Por la esquina del viejo barrio lo ví pasar,con el tumba´o que tienen los guapos al caminar,las manos siempre en los bolsillos de su gabánpa´ que no sepan en cuál de ellas lleva el puñal.

Usa un sombrero de ala ancha de medio la´oy zapatillas por si hay problema salir vola´o,lentes oscuros pa´ que no sepan qué está mirandoy un diente de oro que cuando ríe se ve brillando.

Como a tres cuadras de aquella esquina una mujerva recorriendo la acera entera por quinta vezy en un zaguán entra y se da un trago para olvidarque el día está flojo y que no hay clientes pa´ trabajar.

Un carro pasa muy despacito por la avenida,no tiene marcas, pero to´ saben que es policía.Pedro Navaja, las manos siempre dentro el gabán,mira y sonríe y el diente de oro vuelve a brillar.

Mientras camina pasa la vista de esquina a esquina,no se ve un alma, está desierta to´ la avenidaCuando de pronto esa mujer sale del saguány Pedro Navaja aprieta un puño dentro el gabán.

Mira pa´ un la´o, mira pa' el otro y no ve a nadie,y a la carrera, pero sin ruido, cruza la calle.Y mientras tanto en la otra acera va esa mujerrefunfuñando pues no hizo pesos con qué comer.

Mientras camina del viejo abrigo saca un revólver, esa mujer,y va a guardarlo en su cartera pa´ que no estorbe.Un treinta y ocho "ESmith & Wesson" del especialque carga encima pa´ que la libre de todo mal.

Y Pedro Navaja, puñal en mano, le fué pa´ encima,el diente de oro iba alumbrando to´ la avenida,mientras reía el puñal le hundía sin compasión,cuando de pronto sonó un disparo como un cañón.

Y Pedro Navaja cayó en la acera mientras veía a esa mujerque, revólver en mano y de muerte herida, a él le decía:"Yo que pensaba: hoy no es mi día, estoy sala´,pero, Pedro Navaja, tú estás peor: no estás en na´".

Y créanme gente que aunque hubo ruido nadie salió.No hubo curiosos, no hubo preguntas, nadie lloró.Sólo un borracho con los dos cuerpos se tropezó,cogió el revolver, el puñal, los pesos y se marchó.

Y tropezando se fue cantando desafina´o,el coro que aquí les traje y da el mensaje de mi canción:"La vida te da sorpresas, sorpresas te da la vida, ¡ay, Dios!"

La vida te da sorpresas, sorpresas te da la vida, ¡ay, Dios!Pedro Navaja matón de esquina, el que a hierro mata a hierro termina

La vida te da sorpresas, sorpresas te da la vida ¡ay, Dios!Pedro Navaja maleante pescador, mal anzuelo que tiraste,en vez de una sardina un tiburó´ enganchaste

I like to live in América

La vida te da sorpresas, sorpresas te da la vida, ¡ay, Dios!Ocho millones de historias tiene la ciudad de Nueva YorkLa vida te da sorpresas, sorpresas te da la vida, ¡ay, Dios!Como decía mi abuelita: "El que último ríe , se ríe mejor"

I like to live in America

La vida te da sorpresas, sorpresas te da la vidaCuando lo manda el destino, no lo cambia ni el más bravo, si naciste pa´ martillo, del cielo te caen los clavos

La vida te da sorpresas, sorpresas te da la vida, ¡ay, Dios!Barrio de guapos cuida´o en la acera,cuida´o camara´ que el que no corre vuela

La vida te da sorpresas, sorpresas te da la vida, ¡ay, Dios!Como en una novela de Kafka el borracho dobló por el callejón

La vida te da...

En la ciudad de Nueva York, dos personas fueron encontradas muertas.Esta madrugada los cuerpos sin vida de Pedro Barrios y Josefina Wilson fueron hallados en una de las calles adyacentes a la autopista New York inside, en el bajo Manhatan, entre las avenidas A y B. La causa de la muerte aún no se supo...
Rubén Blades

Ontem como Hoje?

“Gosto do parlamento como gosto dos touros, para me estontear um instante na mancha ondeante das cabeças, nos burburinhos de entrada e de saída, e finalmente, no investir do primeiro bicho (…) Pasma-se com efeito da chusma de idiotas, que lá em baixo grasnam, à mistura com velhos aborrecidos, com estadistas mancos (…) A fatalidade quer que o meu país, ao aproximar-se a hora derradeira, tenha a assisti-lo a comunidade do pior que as gerações têm produzido. Não há escultor falhado, não há filho de conselheiro hidrocéfalo, não há ricaço pândego, traficante odiento, cínico velho, bacharel vadio, amanuense inútil, que ao fazer a autópsia de si mesmo reconhecendo-se falho, não tenha apelado para este hospício de S. Bento, onde o não ter cabeça rende três mil reis por dia, sobre as vantagens de não ir preso, e de se poder arranjar, às tenças da eleição, para o resto da vida, uma chuchadeira burocrática. Oh, santo Deus, que tipos! Antigamente metiam-se os microcéfalos nos asilos. Os conselheiros, que tinham filhos cretinos, recluíam-nos no interior das suas casas, ou enviavam-nos aos hospitais, quando eles se tornavam perigosos. Agora, os partidos monárquicos recrutam as suas turmas nessa gafaria de irresponsáveis; a política trás do fundo das regressões orgânicas das castas esses destroços de seres sem préstimo, nem tino; e o Estado galardoa a estupidez por forma a impô-la como um talento, e a exalçá-la como virtude cívica raríssima.
As novas aquisições políticas de S. Bento tornaram esse pobre barracão numa espécie de albergaria de inocentes.
Tínhanos já o parlamento, bolsim de negócios: a recente legislatura acaba de fazer dele também, o Rossio – dos tolos.”

Fialho de Almeida
16-6-1890
“S.Bento, bolsim de negócios, e rossio dos tolos” (in Os Gatos, vol. 2).

Cenas de Lisboa














Ribeira Nova, c. 1902

Edição F.A. Martins

Antes de um incêndio que daria lugar, em 1930, ao Mercado 24 de Julho actual, a antiga praça do peixe era ao ar livre (1882-1893, construção). em frente dela, as varinas e a animação habitual.

sexta-feira, outubro 21, 2005

Hyperion. Lua de saturno

Com a força do seu olhar intelectual e da sua penetração espiritual cresce a distância e, de certo modo, o espaço que circunda o homem: o seu mundo torna-se mais profundo, avistam-se continuamente estrelas novas, imagens novas e novos enigmas. Talvez tudo aquilo em que o olhar do espírito exercitou a sua sagacidade e profundeza tenha sido apenas um pretexto para este exercício, um jogo e uma criancice e infantilidade. E talvez um dia os conceitos mais solenes, os que provocaram maiores lutas e maiores sofrimentos, os conceitos de «Deus» e do «pecado», não signifiquem, para nós, mais do que um brinquedo e um desporto de criança significam para um velho, – e talvez o «velho homem» tenha, então, necessidade de um outro brinquedo ainda e de um outro desgosto, – por continuar a ser muito criança, eterna criança!
Friedrich Nietzsche, Para Além de Bem e Mal

Cântico Negro

"Vem por aqui" - dizem-me alguns com os olhos doces
Estendendo-me os braços, e seguros
De que seria bom que eu os ouvisse
Quando me dizem: "vem por aqui!"
Eu olho-os com olhos lassos,
(Há, nos olhos meus, ironias e cansaços)
E cruzo os braços,
E nunca vou por ali...

A minha glória é esta:
Criar desumanidade!
Não acompanhar ninguém.
- Que eu vivo com o mesmo sem-vontade
Com que rasguei o ventre a minha mãe

Não, não vou por aí! Só vou por onde
Me levam meus próprios passos...

Se ao que busco saber nenhum de vós responde
Por que me repetis: "vem por aqui!"?

Prefiro escorregar nos becos lamacentos,
Redemoinhar aos ventos,
Como farrapos, arrastar os pés sangrentos,
A ir por aí...

Se vim ao mundo, foi
Só para desflorar florestas virgens,
E desenhar meus próprios pés na areia inexplorada!
O mais que faço não vale nada.

Como, pois sereis vós
Que me dareis impulsos, ferramentas e coragem
Para eu derrubar os meus obstáculos?...
Corre, nas vossas veias, sangue velho dos avós,
E vós amais o que é fácil!
Eu amo o Longe e a Miragem,
Amo os abismos, as torrentes, os desertos...

Ide! Tendes estradas,
Tendes jardins, tendes canteiros,
Tendes pátria, tendes tectos,
E tendes regras, e tratados, e filósofos, e sábios...

Eu tenho a minha Loucura !
Levanto-a, como um facho, a arder na noite escura,
E sinto espuma, e sangue, e cânticos nos lábios...

Deus e o Diabo é que guiam, mais ninguém.
Todos tiveram pai, todos tiveram mãe;
Mas eu, que nunca principio nem acabo,
Nasci do amor que há entre Deus e o Diabo.

Ah, que ninguém me dê piedosas intenções!
Ninguém me peça definições!
Ninguém me diga: "vem por aqui"!
A minha vida é um vendaval que se soltou.
É uma onda que se alevantou.
É um átomo a mais que se animou...
Não sei por onde vou,
Não sei para onde vou
- Sei que não vou por aí!

José Régio

Para quem quiser ouvir este poema, há uma versão recitada por João Villaret.

Foi ontem.

Fez 89 anos ontem, dia 19 de Outubro, que pelas ruas de Lisboa, nesse Outono chuvoso de 21, deambulava uma carrinha-tipo-tropa, que, acompanhada por um jornalista motorizado, procurava sarilhos, agitação e, com sorte, uma revolução

Desenhavam-se nessa noite, com contornos bem macabros, dos episódios mais marcantes da nossa contemporaneidade. A «camioneta fantasma» vagueia pelas ruas da capital, comandadas pelo «dente-de-ouro» (personagem soturna deste baile de mascaras fúnebres), numa demanda frenética comendo asfalto e arrombando portas em direcção ao Arsenal da Marinha. Á sua frente atropela o governo de António Granjo, e com ele a República. Para os lados da Praça do Comercio, no pátio do Arsenal, matavam o Primeiro-ministro português. À queima-roupa.

E hoje ninguém se lembra do que se passou.

Eu, que ainda hoje requeri estes livros sobre o tema (de época), só me apercebi da efemeridade por outrem, a quem agradeço a lembrança e a recomendação.

Muito do imaginário da I República jaz com estes homens: Machado dos Santos (o herói da Rotunda), António Granjo (o primeiro Ministro em funções) e Carlos da Maia. Muito do 28 de Maio bebe no 19 de Outubro.

Que não nos esqueçamos.

(a voltar)















Estou a rever o debate na SIC sobre as presidenciais, que não tinha visto. Como é possível ainda convidarem o Rogeiro??? houviram o que ele disse??? Num resumo, entre outras barbaridades: Cavaco 10 anos, Sócrates 4. Só para começar. Vou ver o resto.
E ainda pedem honestidade e «Verdade»… haja paciência…

Repararam?

Não sei se tem reparado, mas a direita anda a apoderar-se da «Verdade» e da «autoridade moral». (entre outros exemplos veja-se este, este e este comentário passado)

E eu que pensava que era a esquerda que assumia essa arrogância de estirpe quasi nobiliárquica impeditiva de qualquer dialogo ou de construção verdadeiramente democrática.

A direita, que começou por assumir colectivamente o fardo desta posição moral, prepara-se para a depositar no seu «desejado». Homens dessa excepcionalidade humana, dessa altivez moral e composição intelectual, despegados da vida política, limpos da lama partidária já houveram alguns, três: Sidónio, Carmona e Salazar.

Faltará à direita um d’Artagnan para terminar o ramalhete?

Sobre África

Muito bom artigo do José Manuel Barroso (mais o tema e a pertinência do mesmo que o artigo em si, que era baseado em citações de uma entrevista de James Shikwati à Veja brasileira)

Sobre uma Africa moderna. Sobre uma Africa afirmativa. Sobre uma Africa desenvolvimentista. Sobre uma Africa de Futuro. Sobre uma Africa sem SIDA. Sobre uma Africa de Presente.
Todos devíamos olhá-la mais vezes. Com olhos de ver e sem dioptrias de neo-colonizador.
Poderemos lá, nela, encontrar o que nos falta, do Passado.
Quero, nela, sentir parte do nosso Futuro.
Quero vê-la, mais vezes.

Eles bem falam…

Quando hoje às 20 h Cavaco anunciou a sua esperada intenção de se candidatar a Belém (anuncio esse que, reconheço, não vi) assumiu, finalmente, a liderança de uma toda uma campanha política e comunicacional que por ele tem vindo a falar nos últimos meses.

Conhecemos alguns dos seus protagonistas, Pacheco Pereira, Joaquim Aguiar, Marques Mendes, Rui Ramos (?), Luciano Amaral (?), etc, e deles esperamos uma defesa acérrima do (possível) candidato Cavaco Silva. Esperamos também que se articulem na apresentação de argumentos que modelem Cavaco na personagem por eles desejada (não sei é se todos eles partilham essa imagem projectada, mas isso já é outra conversa).

Este intróito para referir que vi hoje dois exemplos de como a comunicação (alavancada na comunicação social) aliada a uma causa política pode procurar passar uma mensagem intencionada que «cole» a uma intenção bem delineada.

Luciano Amaral, no DN, expunha o que entendia ser a sua ideia de «Verdade», a propósito da apresentação do OE. Num artigo a «bater», apesar de apresentar algumas razões sobre as dúvidas por si exibidas, refugia-se na tradicional ladainha oposicionista inconsequente e improdutiva: critica o presente, este presente, não oferece alguma alternativa (apesar de tentar, no final do artigo), limitando-se a criticar por criticar. Onde anda a seriedade nesta gente? Sinceramente que não sei. Apoiavam um governo (o de Durão/Portas) que pior fazia. Nada dizem. Agora, para condicionar o momento político, atiram facilidades argumentativas de construção espontânea e de negação confusa (o que diz pode-se dizer de todos os orçamentos do mundo ocidental). Nem uma ideia de futuro. Nem uma. Somente a tradicional visão negativista a preparar o caminho a quem de «verdade» se apresente.

Já pela noite, no «debate presidencial» que o Canal 1 nos ofereceu, Joaquim Aguiar (critica Soares quando pretende ir para o seu terceiro presidente e para a sua terceira década em Belém…) volta ao tema. Refere que o futuro presidente terá de ser «verdadeiro», que a politica actual já não tem «verdade», e que caberá ao futuro ocupante do palácio de Belém a responsabilidade e a oportunidade de repor o valor, quase que diria moral, da «verdade» no «real» nacional. Quem poderá ser o portador dessa verdade? Claro está Cavaco Silva!

Dois mensageiros, uma mensagem, um destino: Cavaco Silva = Verdade

Dir-me-ão: mas a mensagem é boa, passa e atinge, senão nem este comentário teria aparecido.

Sim e não. Sim porque efectivamente aqui estou a comentar esse facto. Não porque esperava bem mais de um debate presidencial, mais ainda quando apresentado pela «candidatura vencedora». Questões de verdade e de mentira, mesmo que filosoficamente, não devem ser tratadas neste palco. Fazê-lo é cobrir todos os outros candidatos com um manto de suspeição inadmissível. Então Cavaco é o puro? O salvador? Esquecemos o cavaquismo? O desperdício dos fundos comunitários? O incentivo desesperado e desenfreado ao consumo? O novo-riquismo? O inicio do deficit? A «ditadura da maioria»? O autismo da sua governação? E pelo contrário, nada reconhecemos em Soares? Pai da democracia portuguesa? Ou será que questionamos este mesmo sistema democrático? (às vezes é o que parece). E Alegre? Jerónimo? Ou Louçã? Não merecem o respeito de serem adversários honestos?

Parece que não. Parece aliás que, para alguns, isto de eleições presidenciais são favas contadas. E mais, votar? Aí Sidónio, aí Carmona, ao que te escapaste…

(por acaso ambos os ex-presidentes foram votados: Sidónio em 1917 como único candidato, e Carmona em 1928 – 1935 – 1942 e 1949, detendo ainda o recorde…)

É oficial. 5.

Cavaco Silva finalmente avança e junta-se ao quarteto de prováveis (isto porque enquanto não for conhecida a data das eleições não poderá haver «candidaturas oficias» e o registo das 7500 assinaturas) candidatos presidenciais saídos dos principais partidos políticos.

As contas apresentam-se, por agora, desta maneira: o PS «dá» 2 candidatos, a CDU (leia-se PCP), o BE e o PSD apenas um. O PP ainda não apresentou nenhum candidato, e o CDS ainda não se pronunciou.

Falta ainda por contabilizar os candidatos do meio por cento, conhecidos que já são o advogado do Bibi, o Manuel João, a Manuela Magno

Assim sendo, Bem-vindo sejas, Silva.

Pergunto-te é: vens solo? ou trazes companhia?

quinta-feira, outubro 20, 2005

representações de lisboa

Lisboa no século XVI: a doca de Alcântara, o porto fechado e ao fundo o porto de Santos

Terramoto de Lisboa, Kozak Collection
No Cais do Tejo, Alfredo Keil, 1881

Rossio de 1902 e Restauradores de 1915 em postais editados por F. A. Martins

Ramalhete de Lisboa, Carlos Botelho, 1934

Largo de Camões, Abel Manta, 1964

Mapa do metropolitano de Lisboa

À Deriva no Mundo Contemporâneo: Les Énervés de Jumièges (de Évariste Vital Luminais (1822-1896))

quarta-feira, outubro 19, 2005

Curtas - 19/10/2005 (Política, Futebol e Saúde)


Super Mário!

Já está a funcionar o Super Mário, blogue não oficial de apoio à candidatura de Mário Soares à Presidência da República.

Com a reputada presença de reputados e famosos bloggers como
Ivan Nunes, Vital Moreira, Pedro Adão e Silva, João Pinto e Castro e Rui Branco, assim como a presença das antigas lendas do Barnabé: Pedro Oliveira, André Belo e João MacDonald, a que se junta Filipe Nunes do País Relativo e os recém-novos bloggers André Freire, António M. Costa, Mariana Vieira da Silva e Miguel Cabrita.

A todos um bem hajam!


Quem tramou José Peseiro?

Ontem, confirmou-se oficialmente a demissão de José Peseiro como treinador do Sporting. Acaba assim a carreira sportinguista (por agora) do homem que proporcionou a segunda melhor campanha europeia da história do clube leonino.

Como sócio sportinguista, não posso deixar de demonstrar a minha concordância com tal acto, embora me pese muito, visto nutrir grande simpatia e admiração pelo Prof. Peseiro, tendo achado que ele fez um excelente campeonato, onde manifestamente só o azar (e a falta do Luisão sobre Ricardo) impediu que se transformasse em glória. Infelizmente, uma tríade maligna, composta por forças das trevas do futebol, impediu (e destruiu) o projecto sportinguista.

Em primeiro lugar, pessoas maquiavélicas ambicionam “tomar de assalto” o Sporting, querendo expulsar Dias da Cunha, e assumir as rédeas do clube. Estas pessoas, cujas testas de ferro já são conhecidas (basta lembrar quem incendiou a última assembleia geral do clube), na sua sede sem limites pelo poder, elaboraram este plano, que agora atingiu os seus frutos, para destruir Peseiro e a equipa de futebol do Sporting.

Para isso, contaram com a ajuda inestimável de matilhas de cães raivosos, membros da comunicação social desportiva, que não hesitaram em mentir descaradamente e difamar pessoas que ao longo da sua história deram muito ao clube, como é o exemplo de Paulo Andrade, que ainda ontem era referido num diário desportivo como querendo uma indemnização (?) para sair da administração da SAD. Como ele próprio afirmou publicamente, tal era um profundo insulto ao seu historial de serviço ao Sporting.

Mas estas forças malignas não teriam conseguido os seus objectivos, especialmente em virtude das características psicológicas do nosso presidente, se não tivessem contado com o apoio inestimável dos verdadeiros Judas desta história: os jogadores do Sporting.

Como é notório nos jogos disputados, muitos jogadores fizeram questão de jogar o pior que sabiam, e de demonstrar um verdadeiro desprezo pelas cores do Sporting. Como é possível que exista uma apatia geral na equipa quando está a perder em casa com uma equipa semi-amadora? Sem falar na “lesão” vergonhosa do Liedson com a Académica? Tirando raras excepções (Sá Pinto, por ex.), onde está o espírito sportinguista...


Gripe das Aves - Será que vem aí?

A ler com toda a atenção este
texto!

H5N1 – Poderá ser a nova praga global?



Sete Mares tão próximos...

Encontram-se pessoas de todos os cantos nos lugares mais inesperados, no ultimo Blognócio de Outono que terei o prazer de fazer um relato mais detalhado num post mais á frente, encontrei um Blogueiro (decidi-me por esta versão mais aportuguesada do nome), que anima culturalmente São Domingos de Rana, a freguesia onde vivo quase desde que nasci, estando agora a promover diversos encontros de poesia na Biblioteca Municipal de São Domingos de Rana, também irá lançar um livro de poesias suas no dia 19 de Novembro pelas 19 horas no mesmo espaço.
Este, tem um Blog, o Sete Mares, por estes motivos o Jorge Castro (ou OrCa), merece esta referência especial.
P.S. – Reflexão também publicada no Geosapiens.

Impressões pessoais sobre a conferência de 13/10...

Pus no papel algumas impressões pessoais sobre a conferência, do Clube Loja de Ideias, sobre a reforma do sistema eleitoral de 13/10, por ser extenso para o reproduzir de novo, apenas coloco este breve post aqui no Clube Loja de Ideias para quem o quiser ler.

terça-feira, outubro 18, 2005

Será que leram?...

Eu bem sei que há que promover o que é nosso (mesmo vendendo férias...). Sei também que toda a publicidade é pouca para passarmos a mensagem. Só não sei é se as pessoas verdadeiramente leram o que promovem. Duas ou três achegas sobre o último número da Atlântico, nomeadamente sobre os artigos do Rui Ramos e do Henrique Raposo:

  1. Conheço o Henrique já há algum tempo, e sinceramente acho que contraiu aquele vírus que atinge geralmente quem se define como defensor de posições autodefinidas de minoritárias, anti-sistémicas e «polémicas»: só reconhece como interlocutor grupos ainda mais marginalizados que o seu, de preferência fanáticos e pouco estruturados intelectualmente, e escreve em função deles. Complexo? Não. Basta ver o que ele escreve na tal revista que se quer de referência. Para o Henrique toda a esquerda é neo-marxista, manifesta-se contra o G-8, ataca bombas da Shell e amarra-se a centrais eléctricas no Iraque. É, obviamente, anti-americana, profana e retrógrada. Eu percebo o Henrique, e as suas inspirações lidas e induzidas. Não entendo é a falta de argumento e a falta de «ética» de quem se apregoa arauto de alguma coisa / grupo / ideologia / partido (escolher).
  2. Não entendo o que faz mover quem escreve baseado em juízos fáceis, negativismos e clichés. É obvio que o Henrique não escreve para ser lido. Ele escreve para ser «odiado». Essa é a sua ambição: ser polemista, ser acertivo na análise, inteligente na construção e corrosivo na critica. Ela até poderá alcançar os seus objectivos, mas será sempre como elemento menor, representante de uma corrente que se quer minoritária por conveniência; é que é muito fácil defender somente um canto, e só defender. Não há propostas, não há visão de futuro, não há qualquer articularidade entre a ideia a conceber e a sua praticabilidade política (aliás, não existe qualquer espaço para a conceptualização de ideias ou de reflexões, uma vez que a estratégia é, menosprezando sempre o adversário, defender o espaço «moral da direita liberal», como se este estivesse em extinção e necessitasse de resgate).
  3. Agora, sobre o tão «vendido» Rui Ramos, acho que, mais uma vez, a leitura dos seus escritos é auto-explicativa. Acho que ele deve ter ou sido monárquico reconvertido ou liberal atrasado na I Republica. Não se entende o ódio descabido ao Partido Republicano Português, e, mais tarde, ao Partido Democrático. Não se entende que um dos mais conceituados historiadores da nação (é assim que assina) confunda regimes com grupos políticos, que reduza toda uma experiência histórica à personagem malvada e malfeitora de Afonso Costa e seguidores. Não é correcto, não é verdade, não é científico. Se esse senhor quer que o leiamos com atenção, porque podemos pensar que nos vai procurar transmitir alguma ideia, ou reflexão, terá de se apresentar bem mais robusto, sólido e documentado (então não houve um presidente forte na I República porque os Democráticos tinham medo de que ele não fosse «um deles»? como poderia isso acontecer se o mesmo partido controlava o sistema de forma a não deixar que nele ninguém entrasse? Tem de haver critério.
  4. Ainda sobre o artigo do Rui Ramos, entende-se muito do que escreve pelo posicionamento do autor face quer ao lugar da Presidência da República (decididamente o senhor é não só anti parlamentarista, é presidencialista puro) quer ao futuro ocupante por si desejado. Estes posicionamentos neo-sidonistas, nada novos, só reflectem uma vontade revanchista de quem não teve a oportunidade de definir o sistema político actual. Esquecem, esses palatinos da «moral liberal» que a construção do Portugal Democrático, erigidos na Assembleia Constituinte, foi suficientemente plural e dinâmico para permitir uma diversidade política que faculte, hoje, uma hipótese de futuro.

Concluído, em relação ao Rui Ramos não podemos correr o risco de multiplicar por aí Hermanos Saraivas; as ideias próprias não fazem factos históricos e as suas opiniões, sempre válidas é certo, devem de ser argumentadas e consubstanciadas. Temo pelo desconhecimento geral que leve a que o que Rui Ramos escreve seja entendido como verdade ou, pior, como «A Verdade». Sobre o Henrique, penso que perdeu uma boa oportunidade de analisar os fenómenos neo-marxistas, que existem, de uma forma séria e pertinente e do ponto de vista ideológico da «sua direita». Ao se refugiar nesse canto moral da tal direita liberal, não só perdeu interesse como manifestou traços de arrogância e de altivez moral insuportável. Curiosamente acaba por manifestar ser endémico à direita o que muito critica à esquerda: uma soberba e sobrancearia moral incapaz de promover diálogos.

Soneto

Nasci – logo a meus pais custou dinheiro
o baptismo, que Deus nos dá de graça.
Tive uso de razão – perdi a graça –
dei-me ao rol – chegou a Páscoa – dei dinheiro.

Quis casar com uma moça – mais dinheiro.
Brinquei com ela – não brinquei de graça:
que aos nove meses me custou a graça
para o Mergulhador capa e dinheiro.

Morreu minha mulher – não lhe achei graça
e menos graça no arbitral dinheiro
da oferta; que o prior não vai de graça.

Se o ser cristão requer sempre dinheiro,
como cumprem com dar graças de graça
os que as graças nos vendem por dinheiro?

Filinto Elísio

O stress do Sucesso

Hoje irei falar-vos da pressão exercida aos demais cidadãos, sejam eles crianças, estudantes, trabalhadores, desempregados, reformados, etc, que existem na nossa sociedade e a quem lhes é pedido o Sucesso. Ser Bom. Ser o Melhor.

Nos mais variados sectores profissionais, sociais, económicos, a nossa sociedade exige de quem com ela colabora, o máximo, o melhor. Quando nos esquecemos que os cidadãos não são maquinas e são afectados com o tão apregoado stress, não evitamos que esses mesmos cidadãos ao darem tanto de si para uma causa que na maioria dos casos, lhes passa ao lado, também pela obrigação imposta por quem é o chefe, por quem lhes paga, os desequilibramos psicologicamente e em vez de profissionais actuais, de cidadãos com um nível de sociabilidade adequada para viver em comunidade, de uma boa gestão familiar, de carreira, os tornamos com alguma psicose. Os entendidos lá saberão.

Vários estudos terão sido feitos, vários dossiers com informação, todavia a mesma, nunca passa de informação contida numa pasta. Pedem para termos sucesso, mas esquecem-se que ao não estarmos equilibrados enquanto pessoas, que não iremos produzir o nosso normal, quanto mais melhorar. Ninguém quer saber se o nosso colega tem problemas em casa. Não temos nada com isso. O patrão que resolva. O grave da situação é que o patrão não quer saber. Sabe exigir. Apenas.

Eu falo por mim, o stress, na medida certa é um estimulante.

Mas quando esse valor aceitável é ultrapassado quem sabe definir se tem de parar ou não? E será que o Patrão ao ter que perder uma “unidade” produtiva vai entender?

Todas estas questões são pertinentes no contexto actual em que nos pedem para produzirmos, que o país esta mal, que temos todos de fazer um esforço… Contudo gostava de vos questionar sobre o que os políticos com as tão faladas reformas altíssimas e que continuam com representações politicas lá estão a fazer? Será que não há pessoal qualificado e que ainda esteja no activo? Onde esta a aposta nos jovens? E quando falo jovens não me refiro a jovens como eu que tenho 28 anos, mas a jovens de espírito embora com experiência profissional e de vida já adquirida. Onde está essa aposta?

Quando tento entender as várias discussões e crónicas nos meios de comunicação social, apercebo-me de que o mal está um pouco em cada um de nós. Todos estamos a precisar de sentar, respirar e perceber onde nos devemos posicionar.

Sejamos nós patrões ou trabalhadores.

Temos urgentemente que nos adaptar ás condições actuais de exigência competitiva quando comparados com os restantes países da união europeia.

Temos de cruzar as informações de um projecto de estabilidade, entendendo isto como as sapatas, pilares, vigas, ou seja tudo aquilo que irá dar estabilidade á futura casa a ser construída, com o projecto de arquitectura, divisões interiores, janelas, portas etc. Enquanto não se perceber que essas informações devem ser cruzadas, e ponto por ponto alinhavadas e após acertarmos os pontos comuns começarmos a construção dessa nova casa, não iremos a lado nenhum, caso assim não aconteça estarei muito provavelmente no futuro a escrever do mesmo…

Enquanto isto não se executa, continuamos a exigir de quem colabora connosco o impossível. Aos reformados que se sentem desenquadrados com a sociedade e se sentem colocados no canto, aos activos que se sentem preteridos ás suas opiniões, e no final ás crianças que sofrem do stress dos pais, das educadoras de infância, dos professores. E ninguém percebe que este modo de vida não é o mais correcto.

Ser o mais bonito, ser actual, ser inteligente, são o que as televisões nos mostram, nos estimulam, e quando não conseguimos ficamos deprimidos e “toma lá” com anti-depressivos… Tudo isto, com reality Shows de treta que não educam o povo… O que de facto na minha opinião também não ajuda.

Enfim toda a nossa sociedade está a precisar de parar e alinhar pontos…

Querermos ter sucesso sem um projecto credível e alinhado com as respectivas bases, sem que estas sejam sustentadas e realistas, será impossível.

Espero que possamos ultrapassar esta nossa fase menos boa com estratégia socio-económica, sustentada nos tais vectores de sustentabilidade que nos darão a estabilidade para podermos evoluir… Em todos os níveis…

segunda-feira, outubro 17, 2005

Família

O nosso sistema judicial não deixa de dar maus exemplos e de proporcionar acontecimentos que são de todo indesejáveis. Não bastando a liberdade que foi concedida a Fátima Felgueiras aquando da sua chegada da estadia além-mar, com a justificação por demais disparatada de não serem evidentes sinais de fuga (onde é que esta juíza esteve nos últimos anos? em Marte?), e não havendo meios legais que impeçam pessoas constituídas arguidas em processos de integrar listas para seja que eleição for, pois todas elas são importantes e complementares por natureza, pelo menos podia haver a decência de serem protegidas provas, testemunhos e investigações levadas a cabo.
Tudo isto a propósito da conversa tida pela filha da senhora, jornalista da RTP, ausente do exercício da sua profissão por razões facilmente compreensíveis, e é exactamente por tal que não acredito, e me parece muito pouco credível, no que foi anunciado relativamente ao seu convite a uma das principais testemunhas do processo em que a sua mãe está envolvida para desmentir o seu testemunho, numa entrevista concedida e a ser transmitida pela sua entidade empregadora. De todo, demasiado mau para ser verdade.
No entanto, e isto não foi negado, qualquer contacto com uma testemunha num processo semelhante, em que o que for por ela relatado tem uma importância fundamental para o desfecho, o razoável e desejável seria que não houvesse contactos verbais sequer entre as partes integrantes. Não sabendo o teor da conversa, a especulação é que domina as atenções e o veredicto fica sempre ensombrado pelo espectro da dúvida. É a minha opinião, estas testemunhas deviam ser protegidas pela justiça. E neste caso, admitindo que não houve má fé por parte da visada, não deixa de demonstrar uma ingenuidade que só se justifica pela relação familiar existente.

domingo, outubro 16, 2005

Arquitectos do Poder

Para quem desconhece, mas que muitos gostam de falar (e quando falam muitos destes mandam umas atoardas fortes) sobre o assunto e passando a publicidade faço aqui uma remissão para o excelente artigo, públicado no DIÁRIO DO COMÉRCIO, intitulado: ARQUITETOS DO PODER.
Sem comentários para este cantinho á beira mar plantado, pois aqui as teias de aranha abundam e os pré juízos são mais que muitos, basta comparar-mos o excelente artigo referido, com uma análise jornalística objectiva e informada e o lixo jornalístico que se escreveu no SEMANÁRIO (já percebemos porque quase acabou o “Comércio do Porto”, as pessoas e certos sectores católicos, preferem ler, este caixote de jornalismo feito de mentiras), intitulado PS dividido no ataque à Igreja Católica, que ferirá até os cidadãos inteligentes e informados, que como eu, não pertencem ao partido visado.
P.S. – Reflexão também publicada no Geosapiens.

sábado, outubro 15, 2005

O que tens a fazer antes de mais, caro Lucílio, é aprender a ser alegre. Estás a pensar que eu te quero privar de muitos prazeres ao afastar de ti os bens fortuitos, ao entender que devemos subtrair-nos ao doce canto das sereias que é a esperança? Pelo contrário, o meu desejo é que nunca te falte a alegria. O meu desejo é que a alegria habite sempre em tua casa; e fá-lo-á, se começar a habitar dentro de ti. Os outros tipos de alegria não satisfazem a alma; desanuviam o rosto, mas são superficiais. A menos que entendas que estar alegre é estar a rir! Não, a alma deve estar desperta, confiante, acima das contingências. Acredita-me, a verdadeira alegria é uma coisa muito séria.

Séneca, Cartas a Lucílio, III

sexta-feira, outubro 14, 2005

Bom, Muito Bom (3)

A Plateia...

A Plateia
















A Plateia

Bom, Muito Bom (2)

Os Oradores...

Os Oradores

Os Oradores e o Logo

Novamente os Oradores

Foi Bonita a Festa, Pá!

Foi ontem que se deu a segunda conferência do ciclo subordinado ao tema "A Reforma Eleitoral". Esta foi uma conferência extremamente animada, onde a eloquência dos oradores se fez notar, e as explicações e o debate foi esclarecedor.
Se a isto aliarmos uma plateia esclarecida e participativa, que enriqueceu em muito o debate, só poderemos estar contentes com o debate a que assistimos.
Agradecemos também àqueles que na plateia nos deram sugestões para a melhoria dos debates, sugestões essas que decerto serão levadas em contas.
Só nos resta dizer "Foi bonita a festa, pá!"


P.S. - A próxima conferência é no mesmo local, à mesma hora, no dia 3 de Novembro. Podem ver o programa carregando no link ali de lado.

Agradecimentos

O Clube Loja de Ideias agradece à Revista Visão, ao Jornal Público, ao Bloguítica e ao Independências pela divulgação da nossa actividade.

P.S. - Se porventura nos tivermos esquecido de alguém, desde já as nossas desculpas, e pedimos também que nos avisem de tal lapso.

Agradecimento

Em nome do Clube, obrigado pelas palavras, Helena.

Bom, muito bom... (I)




Caminhos-de-ferro: história e conservação de um património – II

O problema que se coloca em 2005 não é naturalmente o da reabertura de troços abandonados e envelhecidos. As questões são as da modernização das linhas activas (fig.3) e conservação de um património que se degrada em cada ano que passa sobre o seu abandono (fig.4).


fig.3


fig.4


Mais uma vez falo de planeamento... consebido para ser aplicado, materializa-se na escolha do melhor percurso tendo em conta a circulação de bens e pessoas. Pressupostos que baseiam a criação de uma rede com ramificações internacionais e que no presente se afirma numa esfera regional e nacional, compatível com a sua já curta dimensão.


E agora, que planos para conservar o património? (fig.5)


fig.5


Um dos projectos, já com dois anos mas que ainda não avança, é o da construção de uma ciclovia entre Vila Real e Chaves. Projecto semelhante e anunciado à poucos dias é o da construção da Ecopista do Sabor, que pretende ligar as localidades de Torre de Moncorvo e Carvalhal numa extensão de aproximadamente dez quilómetros. «No projecto de execução consta a iluminação pública do trajecto nas zonas Urbanas de Moncorvo, Larinho e Carvalhal, a reabilitação das antigas estações e apeadeiros de forma a servirem de apoio e abrigo aos utilizadores da Ecopista, incrementados com mobiliário urbano e sinalética adequados». Anteriormente já tinha sido lançado em 2001 o Programa de Revitalização de Antigas Estações Ferroviárias (PRAEF), mas que deixa de fora parte do património em análise.


O fundamental é preservar um património arquitectónico centenário, é necessário devolver o património ao convívio das pessoas. Existem para isso alguns bons exemplos resultado da aquisição de algumas destas estruturas pelo poder autárquico. A estação de Vidago (Linha do Corgo) funciona hoje como biblioteca e em Pedras Salgadas foi instalada uma loja de artesanato e um café.


Mais complicada parece ser a aplicação de projectos semelhantes à linha do Douro, pois a manutenção das estruturas existentes é muito dispendiosa e em alguns casos a incúria conduziu a uma degradação sem retorno (fig.6)

fig.6


Se o tão falado aproveitamento turístico do Vale do Douro for planeado a médio e longo prazo, não faz sentido deixar apodrecer parte da história do último século desta região.

Mais uma Micro-Causa de Sucesso

Esta passou despercebido a muita gente. Mas teve sucesso. A defesa da Lusofonia foi conseguida. Certamente que o apuramento do Brasil, Portugal e Angola teve o seu peso, mas a pressão conseguida via .net foi decisiva.
O Site do Campeonato do Mundo de Futebol vai ter uma versão em Português. Parabéns ao seu promotor, e a todos aqueles que assinaram!

Caminhos-de-ferro: história e conservação de um património – I


Pretende-se com este apontamento sintetizar os principais momentos que caracterizam a história da rede ferroviária do Douro, e perspectivar o futuro das estruturas criadas.

O Ano de 1875 marca o início da circulação ferroviária no primeiro troço da linha do Douro, importante projecto que visava revolucionar a mobilidade interna e externa da região. Em 1887 era feita a ligação a Espanha (Barca de Alva), concluindo-se assim o único eixo ferroviário internacional do interior norte português.

Esta via era a principal de uma rede que objectivava a diminuição das distâncias relativas, aproximando bens e pessoas. Para tal foram construídos na primeira década do século vinte os primeiros troços das linhas do Tâmega, Corgo, Tua e Sabor (concluídas nas décadas seguintes). Obras de elevados custos financeiros e humanos, que conseguem unir o que as características físicas teimavam em separar. Exemplo disso é a ligação de La Fregeneda e da garganta do Águeda (linha do Douro) onde se tornou necessário em apenas dezassete quilómetros construir, treze grandes pontes metálicas (fig.1) e vinte túneis (fig.2), para que se estabelecesse entre o Porto e a restante Europa a mais directa via terrestre.


fig.1

fig.2


«Num trabalho de dimensão faraónica que durou 12 anos, perfuraram-se montanhas e uniram-se encostas, tudo para permitir vencer o isolamento secular das terras da província espanhola de Salamanca, permitindo desta forma que as mercadorias transportadas pudessem escoar os seus produtos por mar na cidade do Porto».


Num primeiro momento a linha do Douro afirma-se (para além do movimento interno e externo de passageiros) pelo transporte de bens manufacturados, produtos agrícolas e matérias-primas, o século vinte e o início do Estado Novo vão reforçar a importância desta via, pela criação da rede que vai unir Trás-os-Montes.


A década de cinquenta marca o início de um declínio que no essencial se fica a dever ao envelhecimento das vias, falta de evolução técnica, desaparecimento da ligação a Salamanca, aumento da importância da linha da Beira Alta que retirava importância no transporte internacional de mercadorias ao Douro.


Este declínio acentua-se pelas décadas seguintes, a morte lenta sofre mais um impulso com o corte da ligação troço Boadilla-Barca d'Alva em 1985, ao qual Portugal corresponde com o corte da ligação Pocinho- Barca d'Alva dois anos depois.


Os anos noventa marcam o desaparecimento ou redução muito substancial das vias secundárias que complementavam a rede. Dos quase cem quilómetros de caminho de ferro entre Régua e Chaves, apenas restam vinte e seis, entre Régua e Vila Real. Na linha do Tâmega apenas circulam comboios entre Livração e Amarante, restando à muito turística linha do Tua um percurso de cinquenta e quatro quilómetros entre a foz do Tua e Mirandela. Da ligação a Miranda do Douro, com passagem pelo Parque Natural do Douro Internacional, apenas restam as memórias.


Fundamental no estabelecimento de um novo paradigma na mobilidade de bens e pessoas, sente o reflexo da evolução (em tempos base do seu crescimento e afirmação) na perda de protagonismo no último quartel do século vinte, face à revolução imposta por outras vias de comunicação e meios de transporte.

quinta-feira, outubro 13, 2005

Curtas

1-"Caso Joana": é incrível como num país onde o povo elege para autarcas pessoas como Fátima Felgueiras, Valentim Loureiro e Isaltino de Morais (e, noutros tempos, Avelino Ferreira Torres, que, se tivesse concorrido de novo para o Marco de Canavezes, teria certamente ganho) se constituem tribunais de júri, seleccionados de entre esse mesmo povo, para julgar seja o que for. Se a maioria da população não tem condições mentais, culturais e educacionais para votar com consciência e esclarecimento, como pode decidir sobre a vida de uma pessoa? A situação torna-se mais grave quando o julgamento em questão é referente a um processo muito mediatizado, o que, normalmente, favorece a formulação de sentenças populares a priori mal se fala num suspeito, e sublinho, suspeito.
Não sei como é feito o processo de selecção dos jurados, mas se fosse arguido num processo qualquer, não gostava de ser julgado pela peixeira da minha rua (com tudo o respeito que me merece...).

2-
Financiamento dos partidos: é uma vergonha que se gastem 100 milhões de euros numa campanha eleitoral, quando o país está como está em termos económicos. Na minha opinião, o financiamento para campanhas deveria ser obtido através de patrocínios privados, Operações Coração, peditórios, etc, tudo menos através do Estado. Quem tem dinheiro para colar 10o cartazes, só cola 100; quem tem dinheiro para colar 1000, cola 1000.

É hoje!!!

O Clube «Loja de Ideias» convida a estar presente na sua iniciativa «A reforma do sistema eleitoral português. A discussão hoje», que ocorrerá na Biblioteca-Museu República e Resistência (Rua Alberto de Sousa, 10-A à zona B do Rego), na quinta-feira, dia 13 de Outubro de 2005, pelas 21.00h.
Este evento pretende confrontar as diversas propostas de alteração do sistema eleitoral nacional hoje existentes. Sabemos que o Partido Socialista e o Partido Social-democrata preparam legislação própria sobre a matéria. Sabemos também que contam com a oposição, assumida, de Bloco de Esquerda, Partido Comunista Português e Partido Popular.
Esta actividade procurará, assim, confrontar estas diversas visões e propostas.
A iniciativa contará com a presença dos seguintes conferencistas:
Fernando Rocha Andrade, Subsecretário de Estado da Administração Interna
João Rebelo, Representante do CDS/PP
João Teixeira Lopes, Representante do BE
Vitor Dias, Representante do PCP
Representante a indicar pelo PSD
Moderador: Sandro Pires (Clube «Loja de Ideias»)
Debate aberto ao público.
O Clube «Loja de Ideias» apresenta-se como uma iniciativa não partidária e não ideológica e tem como objectivos contribuir para a construção de novos espaços de debate e intervenção política, fora dos círculos institucionais, visando uma melhor e oleada articulação entre a sociedade civil e a sociedade política e partidária; em suma, contribuir para a melhoria da relação entre o cidadão e a Cidade.

quarta-feira, outubro 12, 2005

A Visão do Vesgo - 12/10/2005

Autárquicas 2005

Os meus parabéns ao PPD-PSD e à CDU por terem sido os claros vencedores desta disputa eleitoral. Os primeiros, por permanecerem em 1º lugar do número de câmaras, mantendo o mesmo que em 2001, 154 autarquias *. A CDU cresce de 29 para 32, tornando-se a principal força autárquica na área metropolitana de Lisboa.

Não entro, ao contrário de outros, no embandeirar em arco da vitória do BE. Apesar do elevado crescimento em número de votos, de 131 135 para 159 014, o facto de apenas terem aumentado 1 vereador significa que ainda não conseguiram romper o “tecto autárquico” dos partidos negligenciáveis, com apenas uma câmara, situação que o MPT tinha em 2001!

Os claros derrotados são o PS e o CDS, o segundo porque reduz grandemente a sua presença autárquica, passando de 7 para 5, mas sobretudo porque passa a única câmara que controla sozinho é Ponte de Lima, que representa mais a conquista pessoal de Daniel Campelo do que qualquer outra coisa. Alguém que facilmente ganharia a câmara como independente. Todas as restantes câmaras são em coligação com o PSD. Se tivermos em consideração que nas presidenciais, tudo indica que o CDS apoia Cavaco, então teremos até 2009, para o CDS aparecer, se não forem em coligação, como uma entidade separada do PSD. O meu prognóstico é que, se não há mudança rápida de liderança, o CDS será comido pelo PSD.

O PS falhou a recuperação da hecatombe de 2001, que levou, erradamente, à demissão de António Guterres. Neste contexto, qualquer resultado que não fosse ganhar mais autarquias seria sempre um desastre. Tal não aconteceu. Pior, o PS perde câmaras em relação a 2001! Passa de 112 para 108. Isto representa uma verdadeira
banhada! Isto é um resultado pior que 2001!

Se tivermos em conta, que o legado de Santana Lopes à frente da câmara de Lisboa foi aclamado pelo voto popular e pelo discurso do vencedor, poderemos ficar com uma ideia de como perdemos essa eleição “imperdível”! Mais do que um
mau candidato, estaremos perante um mau coordenador autárquico, que foi incapaz de, ou escolher bons candidatos (casos de Oeiras, Cascais e Lisboa) ou de liderar boas campanhas (casos de Sintra), ou de controlar os respectivos órgãos locais do partido (casos de Lisboa e Porto). Terá sido deliberado? Não sei, mas Jorge Coelho é o grande perdedor destas eleições.

Resta saber se aos caciques do aparelho, que pelos vistos são incapazes de ganhar eleições a sério, são-lhes imputadas as suas devidas responsabilidades...

Muitos deverão estar a pensar porque não falo sobre as Assembleias Municipais e Juntas da Freguesia. Como diz Vidal Moreira, se a Assembleia Municipal contasse para alguma coisa, Carmona não governaria só à direita. No nosso sistema autárquico, o poder executivo é todo-poderoso.

*Estes e restantes números extraídos de www.autarquicas.mj.pt. No caso das coligações, seguindo o conselho de Pedro Magalhães, foram calculadas no rácio de 4/1.

“Assédio no Debate”

Em relação ao já famoso debate dos Prós e Contras desta semana, só tenho duas coisas a dizer:

Há pessoas que não deviam consumir álcool e/ou estupefacientes antes de irem para a televisão.

Caso não sejam estes os motivos, aconselho determinados indivíduos a dirigirem-se, com urgência, ao hospital psiquiátrico mais próximo!

P.S: Não percam o “Clube de Jornalistas” na RTP2, hoje às 23h30m. Parece que José Manuel Fernandes fala sobre a
Micro Causa!

terça-feira, outubro 11, 2005

Actualização da conferência

O Clube «Loja de Ideias» convida a estar presente na sua iniciativa

«A reforma do sistema eleitoral português. A discussão hoje», que ocorrerá na Biblioteca-Museu República e Resistência (Rua Alberto de Sousa, 10-A à zona B do Rego), na quinta-feira, dia 13 de Outubro de 2005, pelas 21.00h.

No âmbito do ciclo sobre a «Reforma do Sistema Político Português», o Clube «Loja de Ideias» apresenta a conferência «A reforma do sistema eleitoral português. A discussão hoje». Este evento pretende confrontar as diversas propostas de alteração do sistema eleitoral nacional hoje existentes. Sabemos que o Partido Socialista e o Partido Social-democrata preparam legislação própria sobre a matéria. Sabemos também que contam com a oposição, assumida, de Bloco de Esquerda, Partido Comunista Português e Partido Popular.

Esta actividade procurará, assim, confrontar estas diversas visões e propostas.

A iniciativa contará com a presença dos seguintes conferencistas:

Fernando Rocha Andrade, Subsecretário de Estado da Administração Interna

João Rebelo, Representante do CDS/PP

João Teixeira Lopes, Representante do BE

António Filipe, Representante do PCP

Representante a indicar pelo PSD

Moderador: Sandro Pires (Clube «Loja de Ideias»)

Debate aberto ao público.

O Clube «Loja de Ideias» apresenta-se como uma iniciativa não partidária e não ideológica e tem como objectivos contribuir para a construção de novos espaços de debate e intervenção política, fora dos círculos institucionais, visando uma melhor e oleada articulação entre a sociedade civil e a sociedade política e partidária; em suma, contribuir para a melhoria da relação entre o cidadão e a Cidade.

Algumas leituras sobre as Autarquicas II

Lisboa:

Comparação entre Carmona e Carrilho:

Votos para a Presidência da CML:
Carmona – 119.837
Carrilho – 75.022

Para a Assembleia Municipal:
Carmona: 107.917
Carrilho – 77.789

Para as Assembleias de Freguesia:
Carmona – 102.618
Carrilho – 79.944

Ou seja, enquanto que Carmona acrescenta cerca de 17.000 votos em relação aos candidatos do PSD às Freguesias, Carrilho perde cerca de 5000 votos. Percentualmente, enquanto que Carmona acrescenta cerca de 15 % aos votos do PSD, Carrilho perde cerca de 10%. Ainda mais impressionante é compararmos as diferenças entre os dois partidos: cerca de 22.000 votos nas Assembleias de Freguesia; e de 45000 para a presidência.

Mais, várias freguesias houve onde o candidato à Junta do PS ganhou e o candidato à presidência perde. É o caso de, pelo menos, do Beato e das Mercês. Até em Belém, Carlos Cosmelli conseguiu ter mais votos que o candidato Carrilho (cerca de 70).

Se os resultados apurados para as Juntas de Freguesia, apesar de Carmona ainda ganhar, não só não teria maioria de direita como perderia um vereador para o PCP.

Estes seriam os resultados (método de Hondt sobre os resultados das Assembleias de Freguesia):

PSD – 7 vereadores [8]
PS – 5 vereadores [5]
PCP – 3 vereadores [2]
BE – 1 vereadores [1]
PP – 1 vereadores [1]

É diferente, não é…

A diferença de um candidato…

Algumas leituras sobre as Autarquicas I

Sondagens: aqui, aqui, aqui, aqui, aqui, aqui, aqui . Tudo do Pedro Magalhães.

Sintra: aqui.

segunda-feira, outubro 10, 2005

Ontem nem usei chapeu de chuva...

Banhada que se preze, apanha-se na cara... e sem vergonha!

«A reforma do sistema eleitoral português. A discussão Hoje.»

O Clube «Loja de Ideias» convida a estar presente na sua iniciativa«A reforma do sistema eleitoral português. A discussão Hoje.»Esta ocorrerá na Biblioteca-Museu República e Resistência, na quinta-feira, dia 13 de Outubro de 2005, pelas 21.00h.

No âmbito do ciclo sobre a «Reforma do Sistema Político Português», o Clube «Loja de Ideias» apresenta a conferência «A reforma do sistema eleitoral português. A discussão hoje». Este evento pretende confrontar as diversas propostas de alteração do sistema eleitoral nacional hoje existentes. Sabemos que o Partido Socialista e o Partido Social-democrata preparam legislação própria sobre a matéria. Sabemos também que contam com a oposição, assumida, de Bloco de Esquerda, Partido Comunista Português e Partido Popular.Esta actividade procurará, assim, confrontar estas diversas visões e propostas.
A iniciativa contará com a presença dos seguintes conferencistas:
Fernando Rocha Andrade, Subsecretário de Estado da Administração Interna

Joao Rebelo

Joao Teixeira Lopes
Representante a indicar pelo PSD
Representante a indicar pelo PCP

Debate aberto ao público.
O clube «Loja de Ideias» apresenta-se como uma iniciativa não partidária e não ideológica e tem como objectivos contribuir para a construção de novos espaços de debate e intervenção política, fora dos círculos institucionais, visando uma melhor e oleada articulação entre a sociedade civil e a sociedade política e partidária; em suma, contribuir para a melhoria da relação entre o cidadão e a Cidade.
Nada de realmente inesperado nas autárquicas de ontem. O PSD ganhou o maior número de câmaras, à imagem de há 4 anos, com a diferença substancial da maioria absoluta governamental que existe hoje e que, na altura, não existindo, foi o argumento utilizado para Guterres se afastar. Hoje como então, confundiu-se eleições autárquicas com legislativas, poder local com poder central, servindo de escape para a vivência de tempos conturbados, para uma economia periclitante que teima em não crescer. Criticava-se a não tomada de decisões como hoje se critica as políticas levadas a cabo. A diferença está no alcance das reformas implementadas por este Governo. Para a sua salvaguarda, e essencialmente, para o bem do país, é bom que os resultados apareçam, que os planos de investimento anunciados abrandem o descalabro do desemprego e contribuam para o crescimento do PIB.
Ainda no campo das não novidades, os candidatos-arguidos mais famosos quase fizeram o pleno (Ferreira Torres sofreu de uma conspiração por parte da Mota-Engil, segundo o próprio) o que vai refrear a colocação das editoras de novas aventuras de "O Bando dos Quatro". Agora mais a sério, o aparecimento de uma 6ª força política (independentes) no quadro eleitoral, vai colocar novas formas de encarar os sistemas eleitorais como nós os conhecemos (uma achega para a Conferência de 5ª feira), já para não falar da forma de encarar esta novidade por parte dos partidos políticos. O líder do PSD já foi visado ontem, ficando por atestar no futuro se esta vitória lhe serviu de elan, ou se pelo contrário se vai revestir de um chamariz para o ataque ao poder pelos seus opositores internos.
Retenho uma afirmação da noite passada sobre a teoria de que José Sócrates está a afastar qualquer possível ameaça interna, não só ao seu cargo, como ao seu controle do partido, senão vejamos: Jorge Coelho foi o responsável máximo destas eleições, logo o maior responsável pela perda das mesmas, João Soares averbou a sua 3ª derrota consecutiva, Carrilho, apesar do seu aparente discurso de vitória com tantos agradecimentos a quem tanto o ajudou a perder estrondosamente a Câmara que não era possível perder, com tudo o que se passou nos últimos 4 anos em Lisboa, vai refrear os seus instintos de enfant terrible, Manuel Alegre já se pôs a jeito com a sua candidatura a solo. Só falta Soares pai. Será que é o próximo?

domingo, outubro 09, 2005

E continuamos bem!

Até às 16h00, tinham votado 48% dos eleitores.

Comparando, em igual período, para as legislativas de Fevereiro tinham votado 50.88% dos eleitores.

Assim, é perfeitamente possível que tenhamos 35%, ou menos, de abstenção.

E se tivermos muitas pessoas a manterem a tradição portuguesa de deixar tudo para a última hora, podemos estar perante uma participação histórica em eleições autárquicas.

E assim começa...

Até às 12h00, votaram 21.35% dos eleitores.

Para comparação, em igual período, nas eleições legislativas de Fevereiro tinham votado 21.93%.

Se tivermos em atenção que a taxa de abstenção nas legislativas deste ano foi de 30%, e que a taxa de abstenção nas autárquicas de 2001 foi de 39.9%, acho que é possível que tenhamos, apesar da chuva nalguns locais, uma abstenção inferior a 2001.

A minha aposta é de 35% de abstenção para estas eleições.

Esperemos pela afluência às 16h00.

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