quinta-feira, outubro 18, 2007

A guerra


Recentemente, como reacção ao último prós e contras, escrevi um post [a que chamei Oportunidade Perdida], onde atacava a memória que se procura construir em redor de tais programas. Pois no mesmo, Joaquim Furtado apresentava o seu novel trabalho, «A Guerra», exactamente sobre a Guerra Colonial / de África / do Ultramar / de Libertação. Não o vi todo. Gravei. Pareceu-me, no entanto, muito cuidado, muito exacto, com diversas fontes, em suma, com interesse.

Parece que não fui o único a ficar com boa impressão. No Womenage a Trois, a/o cenas obscenas também apreciou bem o trabalho do Joaquim Furtado. Diz que:

O que me impressionou foi o carácter improvisado, caseiro, artesanal, da logística da preparação dos ataques de 15 de Março de 1961, que passaram nas barbas dos portugueses sem que estes reparassem em nada. Houve folhetos a serem divulgados com pormenores e códigos, houve informações concretas de que algo pairava no ar. Um dos portugueses disse isto para a câmara, preto no branco. Ninguém ligou, ninguém quis saber, apesar dos avisos de alguns Nem as autoridades, nem os colonos. Afinal, eram coisas de pretos, digo eu. Ninguém reparou, sequer, no ambiente internacional que soprava numa direcção hostil. Os assaltos de 15 de Março apanharam todos completamente desprevenidos, sem razão real. Todos embalados pelos fumos do luso-tropicalismo e dos brandos costumes. Os problemas existiam lá, no Congo Belga. O preto do Congo Belga não tem nada a ver com o preto angolano.

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E de facto impressionou não tanto a tontaria portuguesa, crente na sua natural superioridade, na sua missão civilizacional e na inferioridade organizativa «do preto». O que a mim me fascinou foi a simplicidade e a inteligencia crua da organização das «forças de libertação». Também percebi que não estávamos nada organizados. Nem preparados. Não estávamos preparados para a guerra, nem para a paz, nem para a administração do território angolano (que era o caso), nem para a colonização africana. Em suma, não estávamos preparados para nada.
Venha o segundo episódio (se bem que ainda tenha de acabar de ver o primeiro).
[duas adendas, uma vinda do Amigo do Povo, do Bruno Cardoso Reis, e da Ana Claudia Vicente. E ainda uma outra do Fernando Martins, no Desconcertante, o seu blogue pessoal]

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