quarta-feira, outubro 10, 2007

Eu vou à estreia. É amanhã.


Texto via PS Lumiar
O INATEL, através do Teatro da Trindade, leva a efeito um conjunto, diversificado, de iniciativas que visam recordar e homenagear Aristides de Sousa Mendes, cônsul português em França, Bordéus, durante um dos mais negros períodos da história europeia, o regime nazi de Hitler.
A peça teatral, “A Desobediência”, de Luís Francisco Rebelo encenada por Rui Mendes sai, mais uma vez, à cena entre 11 de Outubro e 25 de Novembro, na Sala Principal do Trindade.
Um inédito ciclo de cinema, sobre historias da resistência, ilustrativas daquele conturbado período e conflitos, é também ali levado aos écrans nos dias 16, 23, 30 de Outubro e 6, 13 e 20 de Novembro.
Por outro lado está aberta, permanentemente, a exposição cujo tema genérico é “A Acção Humanitária de Aristides de Sousa Mendes”, até 25 de Novembro no Salão Nobre do Teatro, bem como um painel de exposição colectiva intitulado “memorial da Desobediência de Aristides de Sousa Mendes”.
Também, entre 11 de Outubro e 25 de Novembro são promovidas, às Terças e Quintas pelas 15h00, conferencias versando sobre a actividade desenvolvida pelo cônsul, seu significado e importância para a liberdade individual dos que ajudou a libertar e liberdade colectivas dos povos, enquanto diversidade de culturas, mosaico de que, sobretudo, a Europa é constituída.
Aristides de Sousa Mendes “desobedecendo” às orientações diplomáticas que o regime de Salazar (para os que viveram aquele tempo) lhe ditava permitiu a fuga a muitos milhares de refugiados que de outro modo teriam tido como destino certo os campos de concentração nazi.
Como ele próprio afirmou “ todos eles são seres humanos e o seu estatuto na vida, religião ou cor são totalmente irrelevantes para mim. Alem disso as cláusulas da constituição do meu país relativas a casos como o presente dizem que em nenhuma circunstância a religião ou convicções políticas de um estrangeiro, o impediriam de procurar refúgio no território português. Eu sou cristão, e como tal acredito que não devo deixar esses refugiados sucumbir. E assim, contra ordens que, em meu entender, são vis e injustas, declaro que darei, sem encargos, um visto a quem quer que seja que o peça”.
Como é do conhecimento público, uma posição de tão elevada coerência e verticalidade de carácter, custou ao cônsul e sua família a ruína, a completa marginalização e abandono por parte do regime ditatorial de Salazar e Caetano.
Mesmo a democracia, que em muitas coisas deveria ser mais avisada e menos distraída, só o veio a reabilitar em 1987, treze anos depois da revolução de Abril.
Eu diria mesmo, a democracia não o reabilitou, de todo, na medida em que o seu exemplo raramente é seguido. Tem-se perdido muito de verticalidade, de coerência de princípios que deveriam ser elementos da teológica formação do povo português e de práticas de Homens impolutos.
Está, pois, de parabéns o INATEL ao recordar e homenagear, além da pessoa, o seu carácter e princípios que a democracia, mais do que qualquer outro regime, deveria ensinar nas escolas e universidades, enunciar nas praticas, e cultivar na sociedade.
EBranquinho

Sem comentários:

Pesquisar neste blogue