sexta-feira, novembro 09, 2007

Berlim [adenda]

Três dias na história de uma cidade.
Dias de angustia, de celebração, de lágrima e de riso. De possibilidade e de sonho.
Dias de partilha, de fuga, de medo e de pânico.

Três dias na vida de Berlim.
Três dias que a história quis que ocorressem na capital alemã, centro natural de filosofia, de ideia, de política, de cultura.
Dias que a história quis que fossem triplamente certificados pelas mesmas testemunhas, experimentando no real o que de melhor e de pior a humanidade é capaz de produzir.
Três dias onde Berlim assumiu, ontem como hoje, um estranho magnetismo potenciador de purismos extremos. Ontem foi a possibilidade total da libertação, anteontem a escuridão do nazismo totalitário. Já tinha sido a exaltação da possibilidade do futuro político. Hoje é a Ideia de Europa.

Separados por sete décadas, a queda do muro de Berlim, a Kristallnacht nãoe a podiam representar estados de espírito mais antagónicos. De verdadeira superação colectiva e de devir nacional, o dia 9 de Novembro de 1989; de definição do totalitarismo pagão e racista e de afirmação do nazismo como formula política de matriz muito particular do 9 de Novembro de 19381; e de possibilidade política infinita, com a (dupla) proclamação de 9 de Novembro de 1918.
São dias desses que definem a alma de uma civilização, que assumem carácter, que permitem a inscrição, a letras escarlates, na memória.

E essa perdura… se não a quiserem apagar…

ADENDA

Por incrível que pareça, estes dois dias na verdade foram 3 (ou 4), pois a 9 de Novembro de 1918 era proclamada, em pleno Reichstag a República alemã, por Philipp Scheidemann. Mas o mais inacreditável é que nesse mesmo dia, duas horas mais tarde, a meros 2 kilómetros de distância, na Berliner Stadtschloss, uma República Socialista foi proclamada por Karl Liebknecht. No mesmo dia, duas repúblicas. Deve de ser algum recorde...


1989, queda do Muro


1938, Kristallnacht


1918, proclamada a República, por Philipp Scheidemann.



1918, proclamada a República Socialista,

por Karl Liebknecht.


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