Dias de angustia, de celebração, de lágrima e de riso. De possibilidade e de sonho.
Dias de partilha, de fuga, de medo e de pânico.
Três dias na vida de Berlim.
Três dias que a história quis que ocorressem na capital alemã, centro natural de filosofia, de ideia, de política, de cultura.
Dias que a história quis que fossem triplamente certificados pelas mesmas testemunhas, experimentando no real o que de melhor e de pior a humanidade é capaz de produzir.
Três dias onde Berlim assumiu, ontem como hoje, um estranho magnetismo potenciador de purismos extremos. Ontem foi a possibilidade total da libertação, anteontem a escuridão do nazismo totalitário. Já tinha sido a exaltação da possibilidade do futuro político. Hoje é a Ideia de Europa.
Separados por sete décadas, a queda do muro de Berlim, a Kristallnacht nãoe a podiam representar estados de espírito mais antagónicos. De verdadeira superação colectiva e de devir nacional, o dia 9 de Novembro de 1989; de definição do totalitarismo pagão e racista e de afirmação do nazismo como formula política de matriz muito particular do 9 de Novembro de 19381; e de possibilidade política infinita, com a (dupla) proclamação de 9 de Novembro de 1918.
São dias desses que definem a alma de uma civilização, que assumem carácter, que permitem a inscrição, a letras escarlates, na memória.
E essa perdura… se não a quiserem apagar…
ADENDA
Por incrível que pareça, estes dois dias na verdade foram 3 (ou 4), pois a 9 de Novembro de 1918 era proclamada, em pleno Reichstag a República alemã, por Philipp Scheidemann. Mas o mais inacreditável é que nesse mesmo dia, duas horas mais tarde, a meros 2 kilómetros de distância, na Berliner Stadtschloss, uma República Socialista foi proclamada por Karl Liebknecht. No mesmo dia, duas repúblicas. Deve de ser algum recorde...
1989, queda do Muro
1918, proclamada a República, por Philipp Scheidemann.
1918, proclamada a República Socialista,
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