quarta-feira, março 22, 2006

Desconversa

Caro Luis Tito,

Para acabar a conversa, que vejo não lhe interessa.

Em primeiro lugar, deixe-me que lhe diga, não tenho, nem este blog, nem este Clube, algum tipo de pré-juízo de valia, qualquer ela que seja. Em segundo lugar, não entendo porque se sentiu provocado. Pensava que estivesse a ser sério nos seus argumentos, e na vontade de discutir um tema/assunto que, relembro, foi você que puxou. Pelos vistos não queria diálogo.

As referências à candidatura do Manuel Alegre, como entende, não são pessoais, apesar de saber – e o Luis Tito não o esconder – que foi seu activo apoiante. Refiro a candidatura do Manuel Alegre e o Movimento que se está a formar como exemplos de novas formas de olhar, pensar e executar a política, fora das linhas tradicionais. É uma referência institucional e teórica.

Quanto às questões que levanto acerca das candidaturas políticas e partidárias refiro-me ao facto desta troca de impressões ter começado com um comentário seu neste blogue. Ele era, sem o esconder, de uma determinada candidatura a um determinado órgão partidário.

Em relação ao tema em debate, pergunto-me se entendeu o que seria o meu conceito. Estranho, pois neste ponto ainda exploro possibilidades, teorias e os conceitos que diz que defendo. Não lhe procuro apresentar resultados e/ou ideias pré concebidas. Não procuro expor-lhe alguma ideia já reflectida, pelo contrário, proponho-me a reflectir publicamente sobre o tema livre de determinismos, tabus ou partidarismos. Quero, isso sim, criar pensamento sobre o assunto; aprender e apreender com a contribuição do outro. Isso é um debate. Lamento que procurasse também a colocação de soundbites estéreis e sem consequência. Pensei, genuinamente, que queria aprofundar um debate importante e bem actual. Pensei que queria falar sobre caciques, sobre partidos políticos, sobre política interna partidária, sobre formas de exercício da cidadania nas democracias contemporâneas. Pensei que queria fazê-lo de forma livre, de igual para igual (não com a atitude de «mestre-escola») e com a humildade de poder aprender alguma coisa no caminho, durante o debate. Enganei-me (ou não?)

Da sua última impressão retiro isto: "Tenho para mim a política como uma actividade de cidadania participativa e os partidos políticos como conjuntos de cidadãos (militantes ou não) determinados em serem os agentes da mudança na inscrição dessa cidadania. Assim sendo, combato abertamente o conceito de cacique político e apoio a ideia de democracia participada, inovadora, progressista e social. Isto não é uma concepção de grupos de trabalho (ou gabinetes de estudo, conforme refere) mas sim de Workgroup, isto é, trabalho em grupo, comprometimento, colaboração na busca das soluções e abstenção no protagonismo individual. O dinamizador é membro, não é cacique (nem chefe)".
Questiono, e lideres, não existem? O dinamizador não tem Poder? Não tem ambições, estes grupos? Como podem exercer Poder? Não aceitam a representatividade dos sistemas políticos? Se sim quem é que se candidata? Como são controladas as candidaturas? As listas?

Bom, muitas mais questões me suscitam, essa sua sustentada observação, mas por mim termino a conversa. Escusa responder.

Voltarei ao tema dos caciques em breve.

1 comentário:

José Reis Santos disse...

Paulo,
Vou por a tua resposta no blogue...

Pesquisar neste blogue