domingo, março 05, 2006

Ele há dias assim,

Sobre a nossa última conferência, apetece dizer «ele há dias assim» …

De facto, dificilmente me lembro de uma noite de conferência tão dinâmica, viva e aguerrida. Os palestrantes prometiam: MRPP versus CDS/PP (versão PP), equilibrado pela acutilância do Zé Castilho e do «seu» Estado Novo.

Não desiludiram.

Abriu as hostes o historiador, pintando uma tela de recrutamento carregada com cores bem conhecidas: homens, advogado, licenciados em Direito, entre os 45 e 55 anos. Demasiado comum para procurarmos subtilezas: onde estavam as diferenças entre os recrutados no Estado Novo e os de agora? Afinal, tudo mudámos, para nada mudar.

De seguida a surpresa da noite: soubemos que o Garcia Pereira não era o secretário-geral do MRPP: é o camarada Luis Franco. Soubemos também que o problema do caciquismo também afecta os (ainda) marxistas.

Por fim, um jovem e eléctrico Pedro Mota Soares agarrou a audiência com viagens entre as dinâmicas internas do CDS/PP, a Teoria política e a disciplina jurídica do político moderno. Muito bom.

Por fim o debate.

Eles há dias assim pois a plateia apresentou-se intimista, interveniente e bem informada (como de habito, aliás). Pena fosse que fosse reduzida, não se atingindo as duas dezenas.
Merecia mais gente esta noite. Merecia bem mais gente.

No entanto acredito que não se tivesse tornado tão intimista a sessão, caso estivesse a sala cheia. Talvez assim, mais privada, mais «café-concerto», fosse de uma intensidade dificilmente atingida com multidões.

O que privilegiar? Encher salas ou egoisticamente criar espaços intimistas de debate e troca de Ideias? O que queremos?

Eu penso que, como em tantas outras, a virtude se encontra no meio. Não nos interessa as grandes salas, o espectáculo-gratuito-empacotado-e-pronto-para-consumo-com-prazo-de-validade-e-mercado-garantido. Interessa-nos, sempre em destaque, os conteúdos, as Ideias, o debate. Nós vamos lá estar. Sempre.

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