quarta-feira, março 22, 2006

Continuação

Muito bem, um pouco de clareza.

Estava tão escondido no texto, soterrado nas advertências formais e na aula de sintaxe e caligrafia, que quase nem reparei no seu subtil levantar de véu: "Ao conceito Network em Sociologia o meu caro JRS faz analogia ao de Cacique em política. Prefiro o conceito Network em Sistemas da Informação para a analogia política de Workgroup."

Muito bem.
E que consequências prática tem esses Workgroups para a vida interna dos partidos? Foi essa a experiência da candidatura/ Movimento de Cidadãos de Manuel Alegre?

Entendo que conecte os tais Workgroups a uma ligação de qualidade entre pessoas livres que partilham interesses comuns. Em política isso não existe, pelo menos em teoria, nos célebres Gabinetes de Estudo partidários? Ou não deviam ser esses tipos de relação, qualitativa e específica, potenciadas nos tais gabinetes intrapartidários ou mesmo mistos (com gente de dentro e de fora do partido)?

Por outro lado, uma vez que a vida partidária se faz de votos (no sentido em que os seus órgãos internos são elegidos), como vê articular esses Workgroups com a vida diária do partido? Devem esperar, os potenciais participantes nesses grupos, por líderes que os motivem? Ou devem também organizar-se no sentido de procurar alcançar o Poder? De puderem moldar a política interna?

Sinceramente considero a sua sugestão bem interessante, se bem que não domino totalmente os conceitos relacionados com os Sistemas de Informação (penso, no entanto, que apanhei bem o que queria dizer, não?).

Em teoria a organização interna deveria ser mista, não descurando a atracção de ambas as ligações em rede: por um lado uma que atrai interesses individuais, naturais, e luta pelo Poder e pela oportunidade de aplicar programas e discursos políticos; e outra, com ligações colectivas de cariz reflexivo e doutrinário que se importasse com o Discurso e com o Projecto político (não com a forma ou com a aritmética).

O político moderno, na minha opinião, tem e deve conciliar estas duas vertentes. Deve construir as suas equipes em redor desta articulação.

Em síntese, o que proponho é uma tríade entre a Ideia, o Trabalho e a Responsabilidade; ou seja, da Ideia deve vir o projecto. A Ideia é fruto de uma reflexão colectiva sobre o discurso político com intenções de mudança. O Trabalho é a tentativa de aplicação do projecto. É o «cacique» no sentido em que é necessário granjear os votos, a máquina, que possibilite a implantação da Ideia/Projecto desenvolvido. Por fim a Responsabilidade fecha o ciclo. É a execução do Projecto. É o assumir a carga de cumprir o designado; de do Discurso compor Acção. É colher os louros, políticos, por todo o caminho percorrido; mas é também saber reconhecer que se errou, e retirar-se em consequência. Há que ser consequentes. Não acredito em consecutivas regenerações de projectos, pessoas, equipes. Não acredito que se percam eleições, consecutivamente, e se apresentem de cara lavada para tentarem outra vez o que anteriormente não conseguiram. Há que ter noção da Responsabilidade.

Está outra vez longo. Espero continuação?

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