segunda-feira, dezembro 03, 2007

Raios e trovões

O último post do PS Belém, também aqui publicado, deu esta reacção, no LisboaLisboa
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De um lado chove, do outro faz trovões
Mas não julgue que é só de um dos lados que chove... Leia este naco: «A António Costa só lhe resta uma atitude, caso lhe seja negada a possibilidade de poder executar o plano que apresentou aos lisboetas: demitir-se!» Acabo de ler isto - que é um disparate, hoje, num blog aparentemente oficial do PS. Mais um a fazer peito... Com conselhos destes também não vão longe...
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Ao que eu respondi:
José Reis Santos disse... Meu caro, O blogue do PS Belem nao é nenhum blogue oficial do Partido Socialista.
Sem mais, José Reis Santos 2:36 AM
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Ao que me responderam:
José Carlos Mendes disse... Acredito porque você, que é o editor, o diz. Mas, em matéira de comunicação, é: toda a construção formal e de imagem o é. Ou seja: a sua eficácia - e até provavelmente em termos de audiência - se baseia nesse equívoco.
Só para lhe dar um exemplo: eu próprio nunca o visitaria com a regularidade com que o faço, não fora essa aparência.
Mais: a Secção local do PS, se o quisesse 'banir', já o teria feito e não o toleraria (não acredito que o desconheça).
Concluo: se não é oficial, é semi ou coisa que o valha...Mas registo a sua informação e os meus leitores também, sem dúvida: fica aqui entre nós, confidencial.
Lamento. (Mas isso não retira a força à minha análise: é dada essa opçinião sob a chancela - emblema, logo, o que queira - do PS. E isso, em minha opinião, está ao nível de Menezes. Desculpe que lho diga com a minha frontalidade habitual).
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Ao que agora responderei:
Meu caro,
Agradeço o comentário, mas permita-me discordar.
O que disse não foi por «carneirada» ou «menezada» ou por irresponsabilidade.
Tome em consideração que o empréstimo foi, indirectamente, sufragado em Julho (era peça central no programa de António Costa) e por isso apresenta uma legitimidade acrescida, face a planos pós eleitorais retirados de gavetas guardadas.
Não, o empréstimo foi sempre assumido e posto à consideração dos eleitores.
Veja então as opções que o presidente da CML tem:
1- O empréstimo passa e a gestão da CML continua.
2 -O empréstimo não passa, fruto de «finca-pé» de uma instituição política sem a legitimidade reforçada pela recente eleição e consequente ciclo político.
Neste cenário pode António Costa apresentar-se na Câmara sem o principal instrumento de gestão financeira que tem às suas mãos?
Pode, mas sabe que se assim for, a dívida de Lisboa cresce, e não é resolvida (basta ver os juros que agora se pagam...).
Pode, mas limitar-se-ia a gerir o quotidiano camarário, sem nada poder fazer, possivelmente sem receitas que cubram as despesas fixas (que somam, pelo menos, 95% das receitas).
Isso será, certamente, a ideia do PSD: colocar António Costa numa situação sem solução à vista, onde se desgastaria nestas tricas e intrigas de corredor, nestas guerras parvas com a Assembleia Municipal e com um Partido Social-Democrata sem um pingo de sentido de dever cívico (para não falar de mal perder).
Em 2009, provavelmente, nem seria o candidato socialista, podendo assim os laranjinhas voltar a sonhar estar de arraial montado na Praça do Município. Mas António Costa habituou-nos a um outro nível de exigência.
Ele, em primeiro lugar, é dos que fazem, e não dos que dizem fazer.
Depois, considera que a democracia é um sistema que melhor resulta quando é honesto e transparente, podendo assim ser mais facilmente controlado pelos cidadãos (foi o que fez com o empréstimo). Neste sentido, uma vez eleito, que o deixem cumprir o programa que apresentou para a cidade. Nada mais.
Mais, António Costa, e a sua equipa, possuem hoje informação que não dispunham há 4 meses. Sabem bem as condições financeiras da Câmara (sabe a quanto estão, hoje, a pagar de juros? E quanto ficaria o novo empréstimo) e a de quem dela depende (sabe quantas pequenas e média empresas faliram, devido ao não pagamento por parte da CML? Sabe o que isso representa no tecido económico da cidade?).
Tem noção, portanto, que é decisiva esta entrada de capital. Como já sabia há 6 meses.
Há ainda outra observação.
É que António Costa, como pessoa de bem, procura que a CML não tenha de fugir a credores; que não necessite de subterfúgios e esquemas mal paridos, de quem vive de enganar e de se esquivar.
A Câmara Municipal de Lisboa tem de ser exemplo no país. É, afinal, e só, a sua capital. É necessário construir um novo bom-nome para Lisboa. E para isso o empréstimo é fulcral.
Não entender isto é ter da politica a percepção de que tudo é igual, de que o necessário é que tudo mude para que tudo fique na mesma; e quem pensava que António Costa pudesse ter da cidade uma visão alavancadora da sua carreira pessoal (como outros tiveram) engana-se.
Não lhe interessa gerir, nem controlar politicamente a situação.
Interessa fazer de Lisboa uma cidade de bem, solidária, progressista e de futuro. Para fazer, contem com ele; para entrar em jogos de poder e de escárnio e mal dizer, não.
Daí a demissão. Com recandidatura.

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