sexta-feira, abril 27, 2007

Ainda 25 de Abril

Como referido aqui, deixo alguma da informação que trenho recebido sobbre este assunto. Ainda neste tema, ver o que o Medeiros Ferreira e o Daniel Oliveira escrevem.
Este texto recebi da Raquel Freire:
Confirma-se, houve porrada. Recebi os links,aqui seguem.
(Não estive lá, quando a manif chegou ao Largo do Camões fui-me embora com o Dinis para casa, ele estava a fazer imensas perguntas sobre o que é o fascismo, o que é um acto fascista, o que é a democracia, se a liberdade é para todos, todos, todos, se os os redskins que íam à nossa frente eram dos bons porque eram reds - e o isso queria dizer, se a polícia era boa ou má, porque é que há polícia boa e polícia má, se a polícia ao pé de nossa casa é nossa amiga, porque é que estes pareciam que nos queriam bater, se algum polícia lhe ía bater, porquê, se ele podia bater-lhe também, se eu já tinha apanhado porrada da polícia, porquê e dos skins, também, porquê, o que era o povo unido, porquê que os avós eram comunistas e iam aos comícios e eu não ía, o que era o comunismo, enfim, tudo perguntas fáceis de responder a uma criança que ainda não entrou para a escola primária e que quer perceber o mundo todo. Foi um 25 de Abril inesquecível.)
Raquel Freire

Sobre as bastonadas da polícia, ontem, depois da manif antifascista
Relato recebido de uma amiga da Raquel, sobre o desenlace repressivo da manif antifascista de ontem:
Ontem a polícia de intervenção espancou muitos jovens que se manifestavam contra o fascismo.
Ontem vi uma amiga a ser espancada à minha frente e não pude fazer nada.
Ontem, dia da liberdade, fomos agredidos e ameaçados porque lutamos contra as manifestações nazis e fascistas, contra o museu do salazar e porque queremos igualdade para tod@s.
Só consegui tirar duas fotos... depois fui ameaçada de porrada e de ficarem com a minha máquina fotográfica. Refugiei-me numa loja indiana (a que vende lenços no final da rua do Carmo com o rossio) e um polícia ficou a vigiar-me para não tirar fotos enquanto via um fotógrafo a ser espancado e a ser roubado o seu equipamento fotográfico por ter tirado fotos aos jovens a serem espancados.
Depois de um anormal ter lançado o tal verylight a polícia bateu em tod@s que encontrou pelo caminho...sem justificação com uma violência brutal. A manif era de pessoas que estão contra o capitalismo e o fascismo...pessoas pacíficas que lutam pela igualdade e que levaram porrada sem nada terem feito...
Tenho amigos que tiraram fotografias, filmaram, que foram espancados e dois colegas da faculdade que foram detidos e que tiveram de receber tratamento hospitalar devido à porrada que levaram da polícia.
Ontem no dia da liberdade o chiado encheu-se de sangue e não houve um único jornalista que tivesse tido a coragem para denunciar esta violência.
Ontem ficou comprovado que a liberdade de expressão é só para alguns...para aqueles que têm dinheiro para outdoors e museus...
Uma profunda tristeza.

Reportagem sobre a carga policial de ontem sobre os manifestantes anti-fascistas:
REPORTAGEM. por Manuel Baptista
A manif correu muito bem, sem incidentes até ao Largo Camões. As pessoas no Largo Camões tiraram fotos, gritaram uns slogans e algumas dispersaram. Outras ficaram mais um pouco e organizaram-se em marcha «de regresso». Assim, começaram a descer (em sentido inverso) o Chiado, virando na Rua do Carmo, umas cinquenta pessoas, gritando slogans anti-fascistas. Eu acompanhei a manifestação «de regresso» até este ponto. Verifiquei que os carros da polícia iam retirando à medida que os manifestantes se aproximavam, os três graduados da PSP, com os seus pingalins, desciam descontraidamente a uns metros à frente da manif. Não houve problemas até meio da Rua do Carmo. Na altura em que estavam os manifestantes a alcançar as escadas por de baixo do elevador de Sta Justa (a meio da Calçada), começaram eles -manifesantes- a fazer meia volta e a correr calçada acima. Alguém os avisou que tinham sido encurralados. E assim foi.
Carrinhas com polícias de choque às largas dezenas desceram em grande velocidade o Chiado, selando o alto da rua do Carmo, enquanto outras com igual força e os referidos polícias de choque subiam a rua do Carmo. Estes últimos desceram imediatamente dos carros, ainda antes destes travarem e começaram a correr em direcção aos manifestantes, agredindo-os à bastonada enquanto estes tentavam escapar desesperadamente. Os que estavam perto, meros espectadores ou pessoas que acompanharam o cortejo de lado, ficaram também encurralados por polícias agressivos, com ameaça física a toda a gente, mas que batiam selvaticamente e sem hesitação em alguém que tivesse «aspecto» de manifestante. Vi polícias em grupos de cinco ou mais «dar caça» na baixa a manifestantes ou outras pessoas.
Uma rapariga que ia a fugir, estava diante da Pastelaria Suiça, quando foi agredida, imobilizada no chão e arrastada sob prisão a 500 metros de distância para ser encurralada nos carros celulares. O mesmo passou-se com outros (eles não fizeram nenhum gesto agressivo, a fuga era para os polícias o «motivo» para perseguirem e baterem selvaticamente nessas pessoas). As pessoas que assistiram a isto tudo têm com certeza cenas de uma brutalidade inaudita para contar (é importante testemunharem para se apurarem responsabilidades).
Eu tentei evitar que as pessoas permanececem presas, tentei falar calmamente com o graduado da PSP. Este não ficou nada impressionado com o meu pedido, inclusive disse-lhe que o que estava a fazer era profundamente incorrecto e que ao menos soltasse as pessoas, pois não tinha a mínima legitimidade para as manter presas. As pessoas que foram presas, provavelmente foram brutalizadas todas no momento da prisão, pois eu verifiquei o modo de actuar da polícia em vários casos. Contaram-me que uma jovem ficou com o braço partido, o que não me espantaria. A actuação foi deliberada. Foi uma actuação destinada a instilar medo. O que fizeram e comandaram os graduados da PSP foi obviamente premeditado. Penso que eles cometeram um atentado à liberdade de manifestação e à integridade fícia de pessoas. É uma acusação grave mas posso (pudemos) prová-la. Queriam mostrar que são eles que decidem o que é a lei, no 25 de Abril, em especial. Assim estão eles a «garantir» a segurança dos cidadãos. Os manifestantes, não estavam a cometer nenhuma infracção grave, apenas estavam a gritar palavras de ordem e mais nada. A polícia, essa, cometeu desacatos e muitos...
Fascismo NUNCA MAIS... 25 de Abril SEMPRE !!! O POVO UNIDO JAMAIS SERÁ VENCIDO.

Esta reportagem tem comentários audio, ouçam-nos! notícia sobre os actos de vandalismo para com o cartaz do PNR

1 comentário:

Ricardo Revez disse...

Isto de facto é inadmissível. Mas também duvido que não tenha havido um ou outro agitador infiltrado na manif (normalmente algum anarquista ocioso) que não tenha procurado afirmar a sua virilidade e rebeldia de domingo com actos menos legais. Mas pronto...
E eu sou completamente insuspeito ao fazer este comentário, como alguns bem sabem...

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