O último artigo de Manuel Maria Carrilho, sobre a implosão dos partidos políticos em Portugal está a motivar algum debate.
Aqui tem sido com frequência que escrevemos sobre o estado actual dos partidos políticos, da sociedade civil e da democracia. Preocupa-nos que exista uma grande distância entre a sociedade civil e a sociedade política, o que também preocupa Carrilho, e atinge especial atenção perceber as razões dessas distâncias e as causas do seu aprofundamento. Aí não temos discussão com Carrilho.
Onde temos é na operacionalização dos conceitos. Acredito que o «combate» se deve fazer na rua, nos partidos, nas associações civis, nos movimentos sociais. Acredito ainda que se deve aproveitar as oportunidades de poder fazer a diferença. É o que procuro fazer nos diversos projectos onde me envolvo. Foi o que fiz no referendo do Aborto.
Então Carrilho não teve oportunidades? Esquecemos que liderou uma campanha à autarquia mais visível do país? Esquece que é deputado eleito? E que contributo daí retira? Se alguma coisa contribuiu para que o fosso se acentuasse, com a sua relação pedante com os militantes do PS (que não são todos maus), com a péssima gestão da campanha e com a azia da derrota (que culpa em todos menos nele próprio).
Podemos, então, pensar que Carrilho escreve a denunciar-se. Fica o registo intelectual de quem gosta de pensar as coisas. Partilhamos, já o dissemos, com muito do diagnostico. Não concordamos com a análise pueril, revanchista e pedante com que o «professor» nos brinda no artigo, postando-se mais uma vez à visão picuinhas, invejosa e maldizente.
Assim, sai-lhe o tiro pela culatra, pois em vez de contribui para que esse espaço branco entre os partidos e a sociedade civil, que julgamos existir, contribui para o desprestígio e degeneração do sistema partidário em Portugal. Tudo para poder vir, do alto da cátedra moral que ocupa à algum tempo, dizer «Eu bem vos dizia»…
Senhor Carrilho por aqui não se procura só dizer. Procura-se fazer
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