Nova entrada do Ricardo Revez sobre o expressionismo alemão no cinema dos anos 20. Texto roubadíssimo daqui (com a devida autorização, claro)
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Como já anteriormente expliquei, Caligari é um filme expressionista. Os artistas expressionistas, quer nas artes plásticas, quer no cinema ou na literatura, procuravam captar não a realidade como ela era, mas sim como eles a sentiam. As suas emoções acabavam por se imiscuir com a realidade, distorcendo-a.
Ora Caligari trata de uma história narrada por um louco, o que torna a experiência de observar os cenários expressionistas do filme ainda mais interessantes. Grande parte destes são apenas papel, cartão, telas, o que transmite uma ideia de artificialidade; para além disso, são recortados de forma estranha. Basta olhar para a janela da terceira imagem - não é um quadrado, um rectângulo ou sequer um círculo perfeito. Como o nosso cérebro tende a olhar para tudo tendo por base a estética clássica das formas perfeitas e direitas, tal cenário acaba por ter um efeito desestabilizador.
Apercebemo-nos rapidamente que não são problemas de orçamento do filme, muito menos amadorismo de produção. Na segunda imagem, podemos reparar que, ao fundo, existe uma espécie de prédio cujas janelas e portas são apenas pintadas no cenário. Na primeira, idem. Por outro lado, os cenários parecem abater-se sobre as personagens, contribuindo para a atmosfera de ameaça, de pesadelo iminente.
Pensado/Observado/Reflectido por Ricardo Revez
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