Num semanário de referência, de entre as suas diversas rubricas, aparecem algumas que nitidamente existem para encher páginas, justificando o epíteto "Espesso" com que foi popularmente apelidado.
Deixando os critérios editoriais para segundo plano, neste sábado o caderno de Economia, na sua habitual página com um "Perfil", aparece um jovem de 37 anos (hoje em dia só há jovens e velhos, não sei se já se aperceberam?), com um cargo de responsabilidade, apesar de não ter formação académica, e de se confessar incapaz de perceber, ou sequer, apreciar uma exposição de fotografias (certamente uma tarefa hercúlea). Não é de estranhar que também tenha pouco tempo para ler, mas gosta muito de livros históricos. Apenas não os lê. Mas isso agora não interessa nada. Hobbies? Conduzir um Porshe e yoga. Mas em separado. Penso eu. O seu apelido? Champalimaud.
Onde é que eu quero chegar com esta conversa? As mentes mais lerdas e fracas de espírito vão-me chamar de invejoso, palerma e outros adjectivos menos elogiosos. A verdade? É que isto não é de espantar em Portugal. Acontece com demasiada frequência para serem coincidências. Quando todos falam de qualificação para progredir, de aposta na formação pessoal, de trabalhar muito para alcançar patamares de superior evidência, os exemplos são um tudo nada nebulosos. Há os que trabalham muito e nunca passam da cepa torta, e os que trabalham muito e têm nomes que lhes abrem portas.
Não só as mulheres não conseguem alcançar as chefias nos locais de trabalho, com as desculpas da sua opção pessoal em serem as gestoras do lar e da família, como se elas não fossem capazes de conciliar ambas as situações se tiverem qualidades para tal, como qualquer "Zé Ninguém" tem de trabalhar pelo menos o dobro para ser um "Zé Alguém".
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