Acabado de chegar de Madrid, onde estive quase uma semana, contacto com a tão distinta realidade lusa: Alegre, Felgueiras, greves, autárquicas. Tudo igual, tudo diferente.
Já sei que começou a campanha eleitoral. Já não tinha começado? O que era antes? Pré-campanha? Ante-campanha? Como refere o Diogo, e bem, tudo me parece muito igual. Já não foram feitos os comícios? E os debates? Eu iria jurar já ter visto, por aí, os tradicionais e arregimentados jotas com as bandeiras e os crachás, apregoando palavras de ordem futebolisticamente construídas.
Em Madrid segui a pertinência da política lusa na sua não referência. No «El País» lá estavam as eleições na Polónia, o desenlace alemão, a crise israelita, a política norte americana, a habitual atenção à América Latina, Portugal? Nada. Autárquicas? Nem uma linha. Só na edição de ontem, dia 28, Margarida Pinto reporta de Lisboa a anunciar a candidatura de Soares (?), e como a esquerda portuguesa se divide contra um ainda-não-assumido-mas-já-ganhador-candidato-da-direita-Cavaco-Silva.
Por curiosidade, à saída de Portugal, era dada grande importância cultural à recente obra de ampliação do Museu Rainha Sofia, em Madrid. Esta obra, orquestrada por Jean Nouvel, teve honras de largas páginas nos dois diários de referência portugueses: o Diário de Notícias e o Público. Ambos, convidados a apreciarem de antemão o resultado final, com enviados especiais e «entrevistas exclusivas» com Jean Nouvel, realçaram a importância da obra destacando dois pontos: a referência arquitectónica agora existente, procurando um «efeito Bilbau» para a capital espanhola, e as novas condições de acolhimento a obras de arte.
A nova cara do «Reina» foi inaugurada, com a pompa devida, na segunda-feira, com a presença toda a gente, Rainha incluída. Terça esteve fechada, como normalmente o faz, e ontem vim para Lisboa. Não vi, portanto, a nova ampliação por dentro. Vi, e com alguma atenção, por fora. E não fiquei impressionado. Nada. Mais, perante a monumentalidade da estação de Atocha (as dos atentados do 11 de Março), do Passeio da Castillana ou do Museu do Prado (pertíssimo, do outro lado da rua), penso mesmo que a parte ampliada pareceu modesta. Diria que se enquadra muito bem na paisagem urbana da zona, assumindo uma continuidade estética e arquitectónica interessante, arrogando-se de uma volumetria discreta e integrada.
Bilbau espanta, choca e suscita emoção. A nova roupa do «Reina» sente-se natural, estilizada e apurada. Não a penso nem a conceptualizo como um novo Guggenheim. Parece-me que a Arte, como exposta nas suas instalações, continuará a ser o dínamo do conjunto. Já estive no Gugga de Bilbau, e sinceramente não me peçam para lhes referir a exposição permanente. Talvez me engane, mas não estou a ver a escultura do Roy Litchenstein, no novo pátio, ser o «Puppy» (de Jeff Koon) de Madrid.
Há ainda uma outra reflexão: que relação da Arte com o Património (a relação do Edificio Sabatini, do século XVIII e a nova «ala» é simplesmente fabulosa), nomeadamente no contexto europeu. Estes cresceram e evoluíram em palácios e palacetes com séculos de tradição histórica mas munidos de péssimas condições de exposição (em termos de iluminação, fixação de obras, logística, etc). A sua renovação é imperativa, para que neles se criem as condições de recepção do novo e desejado turista cultural.
Já sei que começou a campanha eleitoral. Já não tinha começado? O que era antes? Pré-campanha? Ante-campanha? Como refere o Diogo, e bem, tudo me parece muito igual. Já não foram feitos os comícios? E os debates? Eu iria jurar já ter visto, por aí, os tradicionais e arregimentados jotas com as bandeiras e os crachás, apregoando palavras de ordem futebolisticamente construídas.
Em Madrid segui a pertinência da política lusa na sua não referência. No «El País» lá estavam as eleições na Polónia, o desenlace alemão, a crise israelita, a política norte americana, a habitual atenção à América Latina, Portugal? Nada. Autárquicas? Nem uma linha. Só na edição de ontem, dia 28, Margarida Pinto reporta de Lisboa a anunciar a candidatura de Soares (?), e como a esquerda portuguesa se divide contra um ainda-não-assumido-mas-já-ganhador-candidato-da-direita-Cavaco-Silva.
Por curiosidade, à saída de Portugal, era dada grande importância cultural à recente obra de ampliação do Museu Rainha Sofia, em Madrid. Esta obra, orquestrada por Jean Nouvel, teve honras de largas páginas nos dois diários de referência portugueses: o Diário de Notícias e o Público. Ambos, convidados a apreciarem de antemão o resultado final, com enviados especiais e «entrevistas exclusivas» com Jean Nouvel, realçaram a importância da obra destacando dois pontos: a referência arquitectónica agora existente, procurando um «efeito Bilbau» para a capital espanhola, e as novas condições de acolhimento a obras de arte.
A nova cara do «Reina» foi inaugurada, com a pompa devida, na segunda-feira, com a presença toda a gente, Rainha incluída. Terça esteve fechada, como normalmente o faz, e ontem vim para Lisboa. Não vi, portanto, a nova ampliação por dentro. Vi, e com alguma atenção, por fora. E não fiquei impressionado. Nada. Mais, perante a monumentalidade da estação de Atocha (as dos atentados do 11 de Março), do Passeio da Castillana ou do Museu do Prado (pertíssimo, do outro lado da rua), penso mesmo que a parte ampliada pareceu modesta. Diria que se enquadra muito bem na paisagem urbana da zona, assumindo uma continuidade estética e arquitectónica interessante, arrogando-se de uma volumetria discreta e integrada.
Bilbau espanta, choca e suscita emoção. A nova roupa do «Reina» sente-se natural, estilizada e apurada. Não a penso nem a conceptualizo como um novo Guggenheim. Parece-me que a Arte, como exposta nas suas instalações, continuará a ser o dínamo do conjunto. Já estive no Gugga de Bilbau, e sinceramente não me peçam para lhes referir a exposição permanente. Talvez me engane, mas não estou a ver a escultura do Roy Litchenstein, no novo pátio, ser o «Puppy» (de Jeff Koon) de Madrid.
Há ainda uma outra reflexão: que relação da Arte com o Património (a relação do Edificio Sabatini, do século XVIII e a nova «ala» é simplesmente fabulosa), nomeadamente no contexto europeu. Estes cresceram e evoluíram em palácios e palacetes com séculos de tradição histórica mas munidos de péssimas condições de exposição (em termos de iluminação, fixação de obras, logística, etc). A sua renovação é imperativa, para que neles se criem as condições de recepção do novo e desejado turista cultural.
Sabemos que já não se vendem «Museus de Arte Antiga» e «Museus dos Coches» como antigamente. Sabemos que os novos Espaços Públicos se querem dinâmicos, irreverentes, funcionais, apelativos e chocantes. Sabemos que tem de ter Obras de Arte importantes, vanguardistas, contemporâneas, definidoras, clássicas.
Numa altura em que para Lisboa se anunciam Frank Gerrys e 300 milhões de Euros para o Parque Mayer, um novo Museu de Arte Contemporânea para a colecção Berard, o que pretender e como conceber estes novos espaços públicos? Como interagir com eles? Que privilegiar? A arquitectura ou a Arte exposta? Quem atrai, hoje, o nicho «urbano e moderno» do turismo cultural? Frank Gerry ou Rothko? Siza Vieira ou Pollock?
É verdade que este novo turismo cultural é cada vez mais bem informado e exigente. É namorado por todas as capitais do planeta. E também é verdade que a arquitectura hoje vende, e muito, imagem. Imagem de dinamismo. Imagem de modernidade. Imagem de urbanidade. (vejam-se as recentes construções asiáticas e no golfo pérsico). Mas também é verdade que «recheio» sem «conteúdo» apenas satisfaz uma vez.
Questionando um artista sobre o tema, ele dirá: «que privilegiem sempre a Arte!»; A um Arquitecto: «a Arquitectura também é uma arte própria. Que se privilegie o Edifício!». A um Promotor: «o que importa é que isto renda. Um pouco de ambas».
E um Político? Que diria? E um simples cidadão?
Numa altura em que para Lisboa se anunciam Frank Gerrys e 300 milhões de Euros para o Parque Mayer, um novo Museu de Arte Contemporânea para a colecção Berard, o que pretender e como conceber estes novos espaços públicos? Como interagir com eles? Que privilegiar? A arquitectura ou a Arte exposta? Quem atrai, hoje, o nicho «urbano e moderno» do turismo cultural? Frank Gerry ou Rothko? Siza Vieira ou Pollock?
É verdade que este novo turismo cultural é cada vez mais bem informado e exigente. É namorado por todas as capitais do planeta. E também é verdade que a arquitectura hoje vende, e muito, imagem. Imagem de dinamismo. Imagem de modernidade. Imagem de urbanidade. (vejam-se as recentes construções asiáticas e no golfo pérsico). Mas também é verdade que «recheio» sem «conteúdo» apenas satisfaz uma vez.
Questionando um artista sobre o tema, ele dirá: «que privilegiem sempre a Arte!»; A um Arquitecto: «a Arquitectura também é uma arte própria. Que se privilegie o Edifício!». A um Promotor: «o que importa é que isto renda. Um pouco de ambas».
E um Político? Que diria? E um simples cidadão?
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