domingo, setembro 04, 2005

A minha ditadura é mais liberal que a tua...

Porque é que sempre que alguma direita escreve sobre o Estado Novo tem necessidade de mitigar a repressão, a censura, a falta de liberdades do regime?

É impressionante, mesmo quando escreve sobre Economia, num artigo sobre o PREC, a transición e as consequências económicas, sente a urgência de esclarecer que Hitler matou milhões, que tinha campos de concentração (aqui também havia o Tarrafal, mas enfim, não é Auschwitz…); que Franco fuzilou aos milhares (no contexto do pós Guerra Civil) e que o nosso pacato António de Oliveira Salazar, malgrado alguns tiques autoritários, além de não ser fascista (como podia…) era, surpresa das surpresas, um liberal dos sete costados…

(a voltar ao tema…)

2 comentários:

Geosapiens disse...

...é...aqui a opinião é mesmo livre...por esse motivo é que a extrema-direita ainda existe e emite opiniões...os nossos brandos costumes...permitiram que pessoas como essas vivessem...é pena que pessoas destas não vão para países com ditaduras...talvez aí vissem que o nível de vida não é assim tão bom como nos outros...

Willespie disse...

Subscrevo a opinião do geosapiens, embora discordando apenas num ponto.

Não foram os nossos brandos costumes, que vieram permitir que pessoas como essas que defendem o nacionalismo, ou extrema-direita ou Nazismo ou fascismo ou a eugenia ou qualquer outro ideologia de pura malícia e fel que lhe possamos chamar, pudessem enfim, exercer o seu direito de liberdade de expressão, e de pensamento. A liberdade e a democracia representativa em Portugal são ainda uma novidade. Temos uma geração política no poder que ainda se lembra perfeitamente do ‘antigamente’.
Só quando tivermos uma geração de políticos e governantes que consideram a liberdade e democracia um dado adquirido e alienável, do povo português, é que poderemos começar a considerar, como um povo, que a democracia é um dos nossos brandos costumes.

Oh! O que eu anseio por esse dia!

Adiante…

Na minha opinião os partidos extremistas quer de direita, quer de esquerda (mas sobretudo a extrema-direita) foram e serão sempre parasitas de um sistema democrático. Exploram a vulnerabilidade de um sistema democrático (que é ao mesmo tempo onde reside a sua força), exigindo a sua liberdade (que por sua vez é um conceito que eles próprios nunca defenderiam, se os respectivos lugares fossem invertidos), que é garantido pelo sistema em vigor, para poderem então promover o ódio, a intolerância, xenofobia, obscurantismo e eugenia.

Concluindo, penso que talvez seja benéfico a longo prazo, a existência de partidos e movimentos como o PNR. Em vez de surgirem abruptamente do nada, assim servem de exemplo presente, de como a humanidade é capaz de pensamentos e ideias tão atrozes, e como é absolutamente indispensável, relegar essas ideologias para a insignificância ridícula com que 'eles' hoje, atarefadamente se ocupam.

Viva a Liberdade!
Viva a Democracia!
Vivam os nossos futuros brandos costumes!

Viva Portugal!

Respeitosamente,
Willespie - Um Liberal Democrata

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