sábado, setembro 17, 2005

Ao que vamos…

Será que Cavaco Silva sabe ao que vai, se se candidatar a Belém?... Não preferirá ele tratar primeiro de uma revisão constitucional que o transforme num possível Chirac (pelo menos…). Ou quererá ele deixar esse pormenor para depois?...

Imaginam Cavaco sem poder de intervenção??? Sem poder real? Sujeito a um «magistério de influência» à distância? Remetido à figura de «garante do sistema», relegado para um plano quasi decorativo?

Eu tenho dificuldade em o imaginar em presidências abertas, rodeado de desfavorecidos, enquanto vai discorrendo sobre a sua visão de «cidadania do século XXI». Vejo-o mais facilmente com poderes reforçados, agindo à francesa, com um PM da sua confiança, e fazendo Política (e não apreciando a Política dos outros). Neste sentido, talvez a teoria da dissolução, num cenário com Cavaco a Presidente, não seja assim tão disparatada.

Logo, eu pergunto: saberá Cavaco ao que vai?

Soares, por outro lado, sabe muito bem ao que vai. Esta será a sua terceira vez.

E a verdade é que Soares não só entendeu bem o papel que o Presidente deve ter, dentro do nosso actual sistema constitucional, como o definiu. Será, com certeza, um Presidente acertivo, crítico q.b. e potenciador de novas ideias para o país. Estranho? Não. Soares, contrariamente a Cavaco, não se refugiou em silêncios calculados, ocasionalmente desfeitos (e sempre sob um cínico calculo político) por um artigo posto aqui ou ali. Soares viveu os últimos 10 anos; esteve atento ao Mundo, reflectiu, interveio e polemizou. Incorporou o século XXI no seu discurso. Manifesta hoje, talvez mais que nunca (pelo menos do que eu me lembro), uma agilidade mental e uma actualidade política de uma juventude impressionante. Dos dois, sinceramente, não sei quem será o «jovem», quem será o «velho».

Ao encarar, de forma muito definida, clara e honesta, esta sua candidatura como um situação de quase urgência sistémica, Soares contribui não para uma definição de futuro, mas para o final deste primeiro grande ciclo democrático (que engloba os últimos 30 anos). E se ainda não produzimos essas soluções, porque não o são Cavaco, Jerónimo de Sousa ou Francisco Louçã, resta-nos saber terminar o Presente.

E só Soares o saberá.

E aí sim, Soares sabe bem o que é e ao que vai.

1 comentário:

Willespie disse...

"Imaginam Cavaco sem poder de intervenção??? Sem poder real?"

Não será necessário. Pois quem se afasta da política com os supostos "silêncios calculados" tem destas coisas.

"E aí sim, Soares sabe bem o que é e ao que vai."

Pois sabe. Alias como ele próprio terá dito...

"Uma candidatura seria um erro brutal"

Na minha opininão qualquer rábula, que já se tenha manifestado a favor de Mário Soares (pelo menos as que eu já pude ver, ler ou ouvir) pode ser substituido simplesemente pela seguinte frase:

"Eu voto no Mário Soares porque ele é o candidato socialista."
Porém existem e conheço pessoalmente muitos simpatizantes socialistas que juntamente com o Manuel Alegre, NÃO apoiam o Soares.

Respeitosamente,
Willespie - Um Liberal Democrata

Pesquisar neste blogue