segunda-feira, julho 03, 2006

México


Será uma eleição muito interessante, não só pelo carácter competitivo da mesma (a corrida está em aberto para 3 candidatos) como pelo que poderá significar para a região. O México, entenda-se, com os seus 100 milhões de habitantes (só estamos a contar os mexicanos que vivem no México, há que acrescentar os largos milhões a viverem nos EUS) é simultaneamente o País-Norte da América Latina e o País-Sul da América do Norte. É o país charneira para toda uma América Hispânica à procura de uma identidade própria e de uma ideia de desenvolvimento; e a principal fonte de mão-se-obra para os dois colossos do Norte (EUA e Canadá). O resultado de hoje pode ter consequências fortes não só para o país (como é natural) como para toda a região, quer a Norte quer a Sul.

A sua liderança, durante décadas incontestada (o PRI ganhava sempre), é hoje muito cobiçada, estando muito em aberto qual o modelo de desenvolvimento a seguir: [1] se a continuação de uma política económica liberal, muito sintonizada com os EUA liderada por uma nova geração de políticos mexicanos (PAN, educados nas melhores universidades americanas, geralmente ligados à gestão privada); [2] um renovado PRI, partido tradicional de elite mexicana, estatista, conservador e elitista (também ligado aos EUA, mas mais subserviente e não tanto competitivo como o PAN); ou [3] uma via mais populista, esquerdista, original e independente que poderia incendiar (ainda mais) o Continente se procurasse seguir uma via «boliviana», «venezuelana» ou «cubana».

Lembrem-se que as eleições presidenciais no México são regidas por um sistema maioritário à primeira volta «first by the post», ou seja, quem tiver mais votos ganha. Não há segunda volta.

Há três candidatos com boas hipóteses de suceder a Vicente Fox (PAN), que não se recandidata:

[1] Filipe Calderón é o candidato do PAN (Partido de Acção Nacional), e representa, em traços gerais, uma continuação da política liberal e interncionalista de Vicente Fox. É o partido «liberal».
[2] Roberto Madrazo é o candidato do PRI (Partido Revolucionário Institucional), partido que dominou durante 70 anos a política azteca, perdendo pela primeira vez um acto eleitoral em 2000 (para Vicente Fox, do PAN). É o regresso a um passado conservador e elitista, aparentemente rejuvenescido. São os «conservadores»
[3] Por fim Andrés Lopez Obrador, candidato pelo PRD (Partido da Revolução Democrática), promete liderar o país como o fez na capital, Cidade do México. É a linha da esquerda popular, muito em voga actualmente na América Latina. É a «esquerda».

A minha aposta: Filipe Calderón, candidato do PAN.

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