México, a olhar para o Norte
por Andrés Malamud
Uma das coisas que se jogavam nas recentes eleições mexicanas era a orientação da política externa. Se alguns aspiravam a reforçar o alinhamento com os Estados Unidos, outros pretendiam virar-lhe as costas e rumar para a América Latina. Porque o México é um país desgarrado: geograficamente localizado na América do Norte, partilha a língua e a cultura com os seus vizinhos do sul. O dilema histórico mexicano tem sido a sua pequenez relativamente aos Estados Unidos e a sua enormidade face aos países latino-americanos contíguos.
por Andrés Malamud
Uma das coisas que se jogavam nas recentes eleições mexicanas era a orientação da política externa. Se alguns aspiravam a reforçar o alinhamento com os Estados Unidos, outros pretendiam virar-lhe as costas e rumar para a América Latina. Porque o México é um país desgarrado: geograficamente localizado na América do Norte, partilha a língua e a cultura com os seus vizinhos do sul. O dilema histórico mexicano tem sido a sua pequenez relativamente aos Estados Unidos e a sua enormidade face aos países latino-americanos contíguos.
Falou-se muito, desta vez, sobre a possibilidade de que o México alinhasse com a Venezuela de Hugo Chávez em caso de vencer o candidato da esquerda. Mas isto nunca foi possível, por duas razões. A primeira é que o México realiza 85% das suas trocas comerciais com os Estados Unidos, onde, alem do mais, mora o 10% da sua população –que envia valiosas remessas. A segunda razão é que o México é grande demais para a Venezuela: os seus 100 milhões de habitantes quadruplicam a população venezuelana, e o tamanho da sua economia sextuplica-a. Em síntese, a Venezuela tem tantas possibilidades de liderar ao México como a Holanda tem de liderar a Alemanha.
Mas é preciso que isto seja dito. De outra maneira, poderia parecer que o México tem privilegiado a parceria com os Estados Unidos apenas por causa de uma mão cheia de votos, quando as razões dessa estratégia são estruturais e independentes do discurso eleitoral de um candidato circunstancial.
[perguntava-me o Andrés se o texto ainda era «válido», ao que eu lhe disse que até se conhecer o próximo presidente Sim]
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