Chegou-me, via e-mail, este artigo do Nuno Rodrigues (aquele abraço), publicado num jornal de Macau.
Sobre as presidenciais do próximo Domingo:
«Estabilidade e Confiança
No próximo dia 22 de Janeiro é escolhido o novo Presidente da República de todos os Portugueses. Acto eleitoral que se reveste de grande importância visto que é o derradeiro acto eleitoral no espaço de dois anos e meio.
No próximo dia 22 de Janeiro é escolhido o novo Presidente da República de todos os Portugueses. Acto eleitoral que se reveste de grande importância visto que é o derradeiro acto eleitoral no espaço de dois anos e meio.
Por outro lado, o momento de crise de confiança que Portugal atravessa, exige a todos os cidadãos a responsabilidade de participarem no mesmo. Essa confiança começa a ser reestabelecida a muito custo pelo governo de José Sócrates e terá como ponto mais alto e quem sabe decisivo, a eleição do novo Presidente da República.
Como todos sabemos, a questão que se colocará nas eleições do próximo dia 22, é saber se haverá segunda volta ou não.
Cavaco Silva partiu com muita vantagem não só em termos temporais de preparação de campanha bem como em termos percentuais conhecidos pelas sondagens feitas. A primeira explica-se pela necessidade que os partidos de direita que o apoiam, o PSD e o CDS-PP, têm de, finalmente deterem o poder que resulta do órgão máximo do estado português.
De igual modo, o apoio político e financeiro dos grandes grupos económicos que dominam Portugal a seu belo prazer desejam a eleição de Cavaco Silva numa espécie de «revanche» relativa ao resultado das últimas eleições legislativas de Fevereiro. Nunca na história da democracia portuguesa a direita deteve esse poder porque os portugueses nunca o permitiram. Um misto de razões históricas não esquecidas pelos portugueses e de estabilidade política sempre necessária deverão estar na origem de tal facto.
Na realidade, e desde o início da pré-campanha com todos os debates em que participou e posteriormente com o início da campanha eleitoral, temos vindo a ser confrontados com um Cavaco Silva em recta descendente e com pouco conhecimento do que é ser Presidente da República encontrando-se já no limiar da vitória à primeira volta segundo uma última sondagem quando no início da sua corrida presidencial atingia os 70 pontos percentuais. O ponto mais alto desse facto e demonstrativo do real propósito da candidatura do mesmo aconteceu no instante em que sugeriu, possivelmente pressionado (mesmo antes de ser eleito) pelos lobbies empresariais que o apoiam, que fosse criada uma Secretaria de Estado de apoio directo e exclusivo às empresas estrangeiras. Este foi um elemento demonstrativo da perturbação, de ingerência e consequentemente de instabilidade que Cavaco Silva vai tentar colocar na governação do País. Neste momento, é o que Portugal menos precisa.
Surpreendente também tem sido a postura silenciosa do PSD e do CDS que, porventura, se terão esquecido de fazer criticas ao Governo durante este período eleitoral para que paire na cabeça dos Portugueses a noção de estabilidade subestimando, assim, e mais uma vez, a consciência política que os portugueses sempre demonstraram ter.
Tendo em conta estes factores referidos anteriormente, analisemos a alternativa à candidatura da direita protagonizada por Cavaco Silva.
Temos mais cinco candidatos. Mário Soares apoiado pelo Partido Socialista. Manuel Alegre. Jerónimo de Sousa apoiado pela CDU e os Verdes. Francisco Louçã apoiado pelo Bloco de Esquerda. Garcia Pereira do PCTP-MRPP.
Todos estes candidatos estão a fazer um trabalho político notável de consciencialização dos eleitores para as consequências que a eleição do candidato de direita representam para o nosso país e que referi anteriormente.
No entanto, Mário Soares destaca-se neste rol de figuras importantes da nossa democracia e que muito têm contribuído para o bom desenrolar da mesma.
Num cenário de segunda volta, Mário Soares reuniria facilmente o consenso de todos os outros candidatos rumo à vitória sobre Cavaco Silva. Lembrar também que o candidato do Partido Socialista já o fez em 1986 quando partiu para a corrida eleitoral frente a Freitas do Amaral com, pasme-se, 8% das intenções de voto vencendo, depois, na segunda volta, as eleições de forma surpreendente mas sempre acreditando e confiando nos Portugueses.
Trata-se de uma pessoa com uma experiência indiscutível nas funções de Presidente da República que, até em momentos periclitantes dos dez anos de cavaquismo de que é exemplo a célebre, pelas piores razões, manifestação contra as portagens, em que Mário Soares teve de lembrar a Cavaco Silva, na altura primeiro-ministro, que é legitimo o direito à greve.
O sentido de Estado sempre demonstrado em todos os momentos de instabilidade política e social torna Mário Soares o Presidente da República que os portugueses precisam para que Portugal atinja de novo níveis de confiança não só a nível interno mas também para ganhar a confiança do investimento estrangeiro. A coabitação pacífica com o governo do Partido Socialista é essencial para que este último consiga desempenhar de forma tranquila o mandato para o qual foi eleito em Fevereiro de 2005 com uma esmagadora maioria de votos. Que sentido faria agora termos no Palácio de Belém, uma pessoa como Cavaco Silva que se iria intrometer e perturbar a estabilidade política no país num momento em que esta é decisiva para se conseguirem desenvolver e finalizar as reformas que Portugal vinha a precisar e que José Sócrates já demonstrou querer fazê-las?
Mário Soares é um grande estadista e está preparado para ajudar Portugal neste período difícil dispondo também de um conjunto de conhecimentos a nível internacional que muito nos poderão ajudar e que mais nenhum candidato tem.
Caberá aos Portugueses, como sempre, escolher o que é melhor para Portugal e estou convicto que mais uma vez irão escolher de forma coerente e em nome da estabilidade e da responsabilidade que representa esta eleição lembrando-se, certamente, que Portugal não poderá esperar mais tempo para se desenvolver de forma harmoniosa e convergente.
Nuno Vieira Rodrigues »
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