sexta-feira, dezembro 02, 2005

O Deputado que foge às suas responsabilidades



Aquando da saída de Ferro Rodrigues da liderança do PS, quando se haviam perfilado José Sócrates, Manuel Alegre e João Soares para disputarem a sua sucessão como secretário-geral, eu cheguei a afirmar a colegas deste blog que se tivesse possibilidade de votar nessas eleições, o meu voto teria sido para Alegre.

Obviamente, como os factos recentes demonstram, tal opinião, expressa por mim há menos de um ano, só era fruto da minha ignorância sobre o verdadeiro carácter de Manuel Alegre.

Manuel Alegre, lembremo-nos, passou meses a dizer na comunicação social que queria ser candidato do PS, sem no entanto possuir a coragem, que teve Sampaio, de avançar sem que o partido o apoiasse. Nas suas próprias palavras à TVI, apenas quando Mário Soares avançou, é que lhe deu vontade de avançar.

Mas isso, já de si um indicador de falta de coragem política, não tem qualquer importância com o desprezo que Manuel Alegre denota pela Assembleia da República e pela sua condição de Deputado, do qual foi eleito pelo voto popular.

Manuel Alegre há um mês que não põe os pés na AR, para não ter-se de confrontar com o proposta de orçamento do Governo e dela não ter que efectuar um juízo de voto favorável ou contrário. As suas justificações são porque 1) está em campanha presidencial e 2) não quer ser Presidente da República com o ónus de ter aprovado o orçamento de estado no Governo, que é do seu partido, porque isso poderia pôr em causa a “independência do PR”.

Não é preciso muito para desmontar argumentos ridículos como estes. O PR possui a possibilidade de vetar os Orçamentos de Estado, por isso qualquer OE em vigor está-lo porque o PR não o considera contrário ao interesse nacional (excluindo aqui juízos políticos que a prática constitucional diz que o PR não faz sobre os OE).

Mas sobre a questão de estar em campanha presidencial, porque é que o Deputado Manuel Alegre não suspende o mandato, como tantos deputados fazem pelas mais variadas razões? A razão é simples: se o fizesse deixaria de ser Vice-Presidente da AR, e assim perderia as benesses e o maior salário que vem com tal posição. E isso Manuel Alegre, pelos vistos, não quer perder.

Mas o ponto fundamental desta questão reside no hipotético voto que Manuel Alegre teria perante este orçamento. Ou acha que o orçamento é mau para o país e votaria contra, ou acha que o orçamento é bom e votaria a favor. O que se revelou nestes dias é que Manuel Alegre não tem a coragem política de assumir as consequências dos seus actos, e por isso não os faz. Seja por medo do partido, seja por medo da opinião pública.

Em qualquer dos casos, queremos uma pessoa destas para PR?

Dito isto, caso ele passe à 2ªvolta, contra Cavaco, ele tem o meu voto. Embora seja a quarta escolha...

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