terça-feira, dezembro 13, 2005

Debates!!!

Objectivamente, e esquecendo modelos, debater define-se como o acto de «discutir; contestar (...) agitar-se com violência procurando resistir.»
Todos conhecemos exemplos em que se aplica a terminologia anteriormente empregue. É curiosa a facilidade com que a expressão «agitar-se com violência procurando resistir», também se adapta à política. Na verdade o que mais se gosta de fazer e ver por cá são debates.
Um dos problemas destas presidenciais, e de todos os anteriores actos eleitorais, é que ninguém revela, nem quer revelar ao eleitorado o que pretende fazer (os que pretendem alguma coisa), principalmente se implica mudança.
Em Portugal mudar é sucessivamente interpretado como sinónimo de piorar, não se promete um futuro que não esteja cravado pelo recurso à boa tradição e costumes. Evoluir sim, mas com calma, o ideal é apenas parecer que muda alguma coisa, uma qualquer sensação de movimento. Vivemos apegados ao passado, e tememos o futuro por falta de confiança, e seguramente alguma autoestima, não somos capazes de idealizar e por em prática algo de bom, que seja na sua essência novo. Já chega de prometer o mundo e não ser capaz de sair da província.
Façam os debates que quiserem, porque esses nunca irão dar a conhecer ideias e propostas concretas. Esse tipo de espaços servem unicamente para exercícios de retórica e demagogia.
O discurso será sempre dirigido ao “desgraçadinho”, que deverá ver no político o seu caracter messiânico. O ancestral pressagio do salvador promete não desaparecer tão cedo. E o cidadão que é pouco exigente consigo próprio, não pode, nem quer exigir competência aos detentores de cargos políticos. Deposita-lhes apenas uma triste esperança.
De que servem os debates senão para alimentar por mais alguns momentos o circo mediato da política.

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