Desde que foi "presenteado" com inúmeras críticas ao seu primeiro ano de mandato à frente da Comissão Europeia, os primeiros sinais de Durão Barroso foram positivos. Falta de carisma, de liderança, imbróglio na constituição da sua equipa, férias com milionário grego (filme já visto no burgo em versão João Pereira Coutinho), tudo isto se passou num ano conturbado.
Pelos vistos, a critica fez-lhe bem. Apelou numa conferência à importância dos intelectuais e dos mais qualificados para ajudar a combater o marasmo, a tristeza e o sentimento de impotência que se sente em relação ao estado das coisas na UE. Os problemas avolumam-se e os europeus não só não se revêem nos corpos dirigentes, como acham que eles não defendem os interesses dos cidadãos comuns, aumentando assim o distanciamento entre uns e outros. No fundo, o projecto comum da UE tem muito pouco de comum, reveste-se de uma falta de identificação em relação aos objectivos preconizados. O impasse, a desconfiança e a falta de unanimidade na construção de uma Constituição Europeia são o exemplo ideal disso mesmo.
Também em relação ao papel da presidência britânica da UE esteve bem. Apelou a que Tony Blair desempenhasse mais o papel de líder no processo do financiamento comunitário, secundarizando um possível egoísmo do seu país em detrimento do que se reveste de mais positivo para um conjunto de 25 países e para o projecto comum que devem defender. O impasse vem-se arrastando, e está sempre associado ao famoso "cheque britânico", contrapartida negociada por Margaret Thatcher em 1984 pela fraca comparticipação nos benefícios da Política Agrícola Comum (PAC). A intransigência tem que ser desfeita, com base na nova realidade de uma Europa a 25 (com 10 novos membros muito recentes e com um largo atraso em termos económicos e de infraestruturas em relação aos demais parceiros), revestindo-se assim como um sinal de aproximação entre os países mais ricos e os menos afortunados da UE. Caso contrário, as diferenças acentuar-se-ão e o acordo sobre o financiamento comunitário fica mais uma vez adiado.
Era bom que o Presidente da Comissão Europeia desempenhasse bem o cargo para o qual foi eleito. De nada serve termos portugueses em posições de destaque na cena internacional (Durão na UE, Guterres como ACNUR, Freitas do Amaral na MAG da ONU em tempos idos) se for para fazer má figura. Para isso juntavam-se a alguma da mediocridade já existente na política nacional.
1 comentário:
O que ganham os portugueses em ter uns tantos notaveis a "servir" no estrangeiro? So se for motivo de orgulho nacional, do genero: "somos a nacao do Figo..." Mas a politica nao se faz de genialidade atletica, faz-se de caceteiros mercenarios, sera que devemos ter orgulho destes?
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