Podem dizer o que quiserem, mas a realidade é que os mercados estão interessados em fazer dinheiro com a especulação sobre os países. Durante anos andaram a fazer exactamente isto com os bancos e com os produtos financeiros. Falharam sempre. No entanto, o mundo continua a confiar na sua válida opinião. Dois meses antes do colapso, a Islândia era considerado o país mais evoluído do mundo. Antes do colapso, a Irlanda tinha o modelo económico correcto. Dias antes da falência da Lehman Brothers os produtos (agora reconhecidamente) tóxicos que provocaram a falência desta (e da AIG, que muita gente se esquece) foram classificados pelas agências de ratings com AAA (ou triple A), a classificação mais alta que estes produtos podem ter.
Deve ser a jogar dados que as agências dão os seus ratings |
O curioso é que quando os CEO's destas empresas (Standard and Poor’s, Moody's e Fitch) foram questionados no Congresso Americano, a resposta deles foi singela e inocente (qualquer coisa como): "Nós só transmitimos uma opinião. Não obrigamos ninguém a segui-la".
Agora, depois deste passado fantástico com o rating de produtos, anda o mundo preocupado com a opinião destes senhores? Se alguém falhasse tanto, com este nível de gravidade, no seu emprego estava garantidamente despedido. Com estes senhores, no entanto, nada se passa e o mundo treme com a opinião deles.
O mais curiosos é que a Europa encontra-se sobre o ataque especulativo daqueles que à dois anos ajudou a salvar. Com o bailout da Administração Americana a várias empresas e com a intervenção dos Estados Europeus com a salvação de vários bancos e com o aumento da despesa pública foi possível evitar a recessão. Evitou-se um nível maior de crise financeira para termos que suportar uma crise especulativa daqueles que foram salvos (em última análise) pelos Estados.
É caso para dizer: Ricos e mal-agradecidos.
P.S. - Espero que demore muito tempo a esquecer (de preferência, que não nos esqueçamos) do que "estes senhores" (estas agências) andam a fazer. Nunca se sabe quando será necessário salvar outra vez conglomerados financeiros. Nessa altura, e retirando desta lição os ensinamentos que dela advêm, que tal se tirar também a rede de segurança?
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