É engraçado que quando se fala em "reformas estruturais", quer-se sempre dizer cortes nas prestações sociais, reduções das despesas públicas em educação e saúde, e liberalização dos despedimentos, em muitos casos através da redução das suas indemnizações legais.
No reverso, "reformas estruturais" nunca são indicativo de reformas tributárias mais equitativas, de pôr a banca que tem lucros abissais a pagar o mesmo imposto que os restantes sectores de actividade, de maior tributação das mais-valias por oposição ao rendimento do trabalho, de enterrar as parcerias público-privadas, SCUTS, TGVs e afins que cada vez mais parecem sair da cabeça de loucos ou de incompetentes.
Soubemos hoje que o nosso ministro das finanças disse em Bruxelas que Portugal vai iniciar um programa de "reformas estruturais" na área do mercado de trabalho, da saúde, e dos transportes. A receita já a conhecemos: privatizações ao preço da uva mijona para beneficiar a mesma clique de "elites económicas nacionais" que conduziram a nossa economia para a desgraça em que vivemos, que serão recompensadas com boys do bloco central em cargos de topo. Afinal, é preciso manter a proximidade ao poder.
A par disto, teremos a perda generalizada de benefícios sociais, educação, saúde e transportes públicos cada vez mais caros, e possivelmente abriremos a porta ao despedimento generalizado na função pública, e quiçá em certas sectores privados.
E para quê? Para nada!
Cada vez mais se tem a noção que estas políticas de austeridade fulgurante, pouco efeito têm na tranquilização dos mercados financeiros. Afinal, condenar países inteiros a recessões brutais, destruindo qualquer hipótese de possível crescimento económico, não tranquiliza qualquer credor da dívida externa, pública ou privada. Apenas o crescimento económico pode ser bom sinal. E é isso que estamos a matar com estas políticas de austeridade.
Os neoliberais sabem-no. Mas aproveitaram-se desta crise para destruir o modelo social europeu. A extrema-esquerda combate-os com unhas e dentes. E o que faz o centro-esquerda? Quais são os seus ideais que defende nesta crise?
Isso ainda não consegui perceber
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