quarta-feira, maio 31, 2006

«Herois do Mar, Nobre Povo...»

Dos outros

Óbidos, 26 a 30 de Junho de 2006

Coordenação Científica
: Nuno Severiano Teixeira e António Costa Pinto

No ano em que se cumprem os 20 anos da adesão de Portugal às Comunidades Europeias, o IPRI-UNL, em colaboração com a Câmara Municipal de Óbidos e a Representação da Comissão Europeia em Portugal, organiza um balanço do processo de integração europeia no sistema político português.

1) Objectivos
- Debater o conceito teórico de Europeização;
- Analisar a europeização do sistema político português: a adaptação do quadro institucional e político – Governo, Parlamento e Tribunais, e demais actores políticos – Partidos Políticos, Grupos de Interesse e Opinião Pública, bem como as transformações na política externa e na percepção das identidades;
- Permitir a troca de conhecimentos entre académicos nacionais e estrangeiros, bem como o acesso de estudantes/investigadores nacionais aos trabalhos mais recentes sobre as matérias em análise;
- Promover a compilação e publicação de documentação essencial sobre a temática em estudo, com o objectivo de auxiliar futuros projectos de investigação.

2) Metodologia
O curso será estruturado em vários módulos compostos por seminários temáticos sobre o processo de europeização dos diferentes actores do sistema político português.
Os diversos seminários temáticos terão um número máximo de 50 participantes.
Os participantes dos seminários terão oportunidade de assistir às apresentações dos oradores que compõem os painéis, seguindo-se um período de debate.

3) Seminários Temáticos

Segunda-Feira 26 Junho 2006
14.30 Sessão de Abertura
Telmo Faria, Presidente, Câmara Municipal de Óbidos
Margarida Marques, Chefe da Representação da Comissão Europeia em Portugal
José Manuel Barroso, Presidente, Lusa –Agência de Notícias de Portugal
António José Teixeira, Director, Diário de Notícias
Nuno Severiano Teixeira, FCSH, Universidade Nova de Lisboa

15.00 Conferência Inaugural
António Vitorino, antigo Comissário Europeu, Presidente da Comissão Parlamentar de Assuntos Europeus
16.00 Identidade Nacional – Identidade Europeia
António Costa Pinto, Instituto de Ciências Sociais, Universidade de Lisboa

17.00 Inauguração da Exposição “Portugal e Espanha: Vinte Anos de Integração na Europa”
José Manuel Barroso, Presidente, Lusa – Agência de Notícias de Portugal
Margarida Marques, Chefe da Representação da Comissão Europeia em Portugal

Terça-feira 27 Junho 2006
10.30 O Governo
Carlos Jalali, Universidade de Aveiro
14:30 O Parlamento
Cristina Leston-Bandeira, Universidade de Hull, Reino Unido
Maria Teresa Paulo, Instituto Superior de Ciências Sociais e Políticas, Universidade Técnica de Lisboa
Quarta-feira 28 Junho 2006
10.30 Os Tribunais
Nuno Piçarra, Faculdade de Direito, Universidade Nova de Lisboa
14.30 Os Grupos de Interesse
Sebastián Royo, Universidade de Suffolk, Boston
Quinta-feira 29 Junho 2006
10.30 Os Partidos Políticos
Marina Costa Lobo, Instituto de Ciências Sociais, Universidade de Lisboa
14.30 A Opinião Pública
Pedro Magalhães, Instituto de Ciências Sociais, Universidade de Lisboa
Sexta-feira 30 Junho 2006
10.30 A Política Externa
Nuno Severiano Teixeira, FCSH, Universidade Nova de Lisboa

12.30 Sessão de Encerramento
Telmo Faria, Presidente da Câmara Municipal de Óbidos
António Costa Pinto, Instituto de Ciências Sociais, Universidade de Lisboa
Nuno Severiano Teixeira, FCSH, Universidade Nova de Lisboa

4) Indicações Logísticas
Os participantes deverão chegar a Óbidos no dia 26 até às 13:30 horas. Os trabalhos terminarão na sexta-feira, dia 1, pelas 13.30. Para os participantes que incluam alojamento será providenciado o transporte do local de alojamento para a vila de Óbidos em horário compatível com as sessões de trabalho.
a) Alojamento
Para os participantes cuja inscrição inclua alojamento, ficarão instalados na residência do Centro de Formação Profissional do Coto, sito na Estrada nacional 360, n.º111, nos dias 26 a 28. No dia 29, ficarão instalados na Hospedaria Louro, em Óbidos.
b) Refeições
Todos os participantes inscritos terão direito a almoço após as sessões de trabalho da manhã, bem como aos coffe breaks referidos no programa. Está prevista a realização de um jantar de encerramento, na noite de dia 29 de Junho, mediante inscrição.

5) Inscrições
Estão previstas quatro modalidades de inscrições:
Geral – 300 Euros (Inclui alojamento; almoço e documentação. Número limitado às vagas existentes)
Estudantes – 250 Euros (Inclui alojamento; almoço e documentação. Número limitado às vagas existentes)
Parcial – 150 Euros (Inclui almoço e documentação)
Diário – 30 Euros (Inclui almoço e documentação)
O pagamento será realizado em duas fases: 50 % no acto de inscrição e o restante no primeiro dia do curso. Poderá ser efectuado em cheque ou dinheiro.

Organização:
Instituto Português de Relações Internacionais da Universidade Nova de Lisboa
Câmara Municipal de Óbidos
Representação da Comissão Europeia em Portugal
Apoio:
Diário de Notícias
Lusa – Agência de Notícias de Portugal, SA

Informações e Secretariado:
IPRI-UNL, Instituto Português de Relações Internacionais da Universidade Nova de Lisboa
Rua de D. Estefânia 195, 5º Dto.
1000-155 Lisboa
Tel.:: +351213141176
Fax: +351213141228
E-Mail: ipri@ipri.pt
Website: http://www.ipri.pt/

Sorry...

terça-feira, maio 30, 2006

Resultados

Em 2006 lançámos o «Call for Papers» sobre a reforma do sistema eleitoral para a Assembleia da República portuguesa. A ideia era desafiar a «sociedade civil» a apresentar propostas, das mais diversas proveniências, que seriam avaliadas por um júri científico.

O resultado foi altamente revigorante, e permitiu demonstrar que a sociedade civil portuguesa é vibrante e ao contrário das visões miserabilistas dos “novos” velhos do Restelo, é capaz de produzir produção de louvável interesse e uma grande intervenção nesta polis de todos nós.

Como foi afirmado, o vencedor do “Call for papers” apresentará publicamente o seu projecto no dia 1 de Junho, na conferência «Sistemas eleitorais e o Futuro. Propostas de reforma do sistema eleitoral em Portugal», que decorrerá na Biblioteca-Museu República e Resistência (Rua Alberto de Sousa, 10-A à zona B do Rego)

Juntamente com a proposta seleccionada do «Call for Papers», preparámos a seguinte conferência:

Pedro Alves, proposta seleccionada do «Call for Papers».
Comentador: Pedro Magalhães (ICS-UL)

Também apresentarão propostas:
André Freire (ISCTE) e
Manuel Villaverde Cabral (ICS-UL)

Comentários finais de Jorge Miranda (FDL-UL)

Moderador: Clube «Loja de Ideias»

Debate aberto ao público.


O júri foi composto por André Freire (ISCTE), Andrès Malamud (CIES-ISCTE), Carlos Jalali (U. Aveiro), Diogo Moreira (ICS-UL), Jorge Migueis (STAPE), Jorge Miranda (FD-UL), José Reis Santos (FCSH-UNL), Manuel Meirinho Martins (ISCSP), Marina Costa Lobo (ICS-UL), Pedro Magalhães (ICS-UL), e Pedro Tavares de Almeida (FSCH-UNL).

Quadro de Resultados*

Rui Valada - 3,0
Luís Botelho - 4,0
Neves Castanho - 4,67
José Bordain - 4,75
António Alvim - 5,0
Luís Teixeira - 5,88
Pedro Alves - 6,13


*Os resultados foram obtidos pela média das avaliações atribuídas pelos membros do júri (escala de 0-10). Estão disponíveis, a pedido dos candidatos, os comentários dos avaliadores.

A todos os candidatos, e a todos os membros do júri, o nosso sincero agradecimento pela vossa participação e esforço desenvolvido.

Pelo Clube «Loja de Ideias»:

Diogo Moreira e José Reis Santos

segunda-feira, maio 29, 2006

considerções dispersas

Sobre o tema do 28 de Maio e estes textos queria acrescentar algumas curtas considerações.

[1] Apesar de se apregoar por tolerância, distanciamento histórico, etc, a verdade é que em todos os argumentos apresentados vemos a verdade histórica, a cientificidade e a apreciação distanciada muito mal tratada. São apresentadas definições de dicionários e citações de autores celebrados como introduções teóricas de sustentação argumentativa. Junto são apresentadas imagens, sem referências, que procuram a indução fácil e a colagem pictórica. Ou seja, nenhum dos arguentes consegue apresentar algum tipo de argumento articulado e sustente em alguma prova e/ou teoria válida, aparentando ser o que criticam – pessoas mal informadas, simplistas e descabidas.

[2] Ambos os argumentos padecem, na minha opinião, de um erro crasso de análise que é o de supor que o Estado Novo foi um regime estanque, não evolutivo e fixo. Não é verdade. O que era e o Estado Novo em 1933 não é o que era em 1945 ou em 1958 ou em 1968. O regime, como muitos outros regimes, evolui. Essa evolução não é tida em conta. Nunca.

[3] Sobre a Ditadura.
Quando se procura produzir afirmações de alcance mediático esta é das que é muita utilizada – a Ditadura salazarista, os 48 anos de Ditadura, etc. Na verdade o movimento do 28 de Maio instala uma Ditadura Militar. Esta, sempre de carácter provisório, institucionaliza-se com o plebiscito de 1933, que aprova e «legitima» o novo texto constitucional que instala a II República Portuguesa, vulgo Estado Novo.

[3] O carácter fascista do Estado Novo.
Também neste ponto a controversa é grande. Em rigor, Fascismo é um termo bem datado e que se reporta ao período do entre guerras. Procurava apresentar respostas políticas ao grande dilema à época – que soluções além do Estado Liberal? A esta crise do liberalismo o Fascismo procurava apresentar-se como uma «terceira via» (alem das democracias liberais, havia ainda os modelas comunistas) e é neste contexto que é muito procurado como sistema político. Este era baseado na autoridade, na pacificação e estabilidade politica, na ideia de Nação / Pátria, na vontade transformadora e revolucionaria de um programa ideológico que procura lançar para o futuro o advir da Nação. A Ideia de Progresso, de um Futuro notável e de Direito, inalienável à Nação era muito forte na promessa da construção de um Novo Homem, de um Novo Estado.
É neste movimento, e com características próprias, que o «salazarismo» se enquadra. O Estado Novo não foi mais que a resposta portuguesa à crise do modelo liberal que se havia colapsado no final da Monarquia Constitucional e agonizado na I República. É neste sentido que ele é fascizante (pelo menos) até 1944 (aí, e antecipando o final da II Guerra, Salazar adapta o regime reformulando o Governo).

Como é que eu perdi isto?...

Começou, que tenha visto, aqui, com o CMC. Passou por aqui e aqui. Voltou ao Tugir neste texto do Luís Tito. Rápida resposta do Carlos, contra ataque do Tito e novo ataque do CMC. Entre os textos as caixas de comentários encheram-se (recomendo a sua leitura).

Do que se falava? do 28 de Maio, do Estado Novo, de Fascismo em Portugal.

Como é que perdi isto?... Ainda por cima com este texto tão pobre...

Já volto.

Dos outros

Amanhã, na Assembleia da República debate-se o sistema de pensões.

A partir das 9.30h na Sala do Senado (valia a pena nem que fosse só para ver a sala...).

A entrada é livre.

Mulheres Candidatas ás eleições parlamentares Kuwaitianas

Pela primeira vez na história, um país da Península Saudita e Sunita (o Iémen foi uma excepção mas momentânea) aceita candidaturas de mulheres ao parlamento do país, desde a aprovação histórica em Maio de 2005 deste facto no Parlamento do Kuwait, que foi restabelecido em 1962, as mulheres se puderam candidatar a cargos públicos. Em Abril deste ano duas mulheres candidataram-se ás eleições municipais, tendo uma delas recebido a segunda maior votação, não tendo sido eleita pois a candidatura é apenas a um lugar, o de Presidente da Câmara.
As recentes eleições foram convocadas depois de ter havido uma reestruturação da Assembleia e se terem reduzido o número de membros da mesma e aumentado o número de lugares elegíveis, para esta se tornar mais funcional.

Dr.ª Rola Dashti á direita

Para estas eleições já se candidataram cinco mulheres, a primeira a se propor foi a Dr.ª Rola Dashti, Presidente da Sociedade Económica do Kuwait e umas das líderes do movimento pela emancipação das mulheres.

Fonte: Boletim racionalista internacional.

Reflexão também publicada no Geosapiens.

Entrevista com Chalmers Johnson

Nos dias mais negros da Guerra Fria, Chalmers Johnson, professor da Universidade da Califórnia (Berkeley) e ocasionalmente consultor da C.I.A., criticava energicamente os que protestavam contra a Guerra do Vietnam acusando-os de desorientados.
Hoje em dia, Johnson é um herói para uma nova geração dos que protestam pela paz. Um dos críticos mais desembaraçados da administração Bush, o seu best-seller de 2000, Blowback, denuncia o efeito bumerangue que os EUA sofreram ao apoiar fundamentalistas islâmicos na década de 1980, um outro seu livro, Sorrows of Empire, é uma denúncia atempada da militarização que a política externa americana veio a assumir.
A propósito desse livro, Marc Cooper, do LA Weekly, conversou recentemente com Chalmers Johnson quando este passou por Los Angeles, a entrevista que é muito interessante reproduzo-a aqui na totalidade:
LA Weekly: A sua visão da política americana inverteu-se completamente desde a década de 1960. Mas quais os seus sentimentos acerca do seu país? Ainda pode ser patriota ao mesmo tempo em que está a ser um crítico feroz?
Chalmers Johnson: Naturalmente! Como disse Lord Byron: "Eu teria os poupado se pudesse". Quero dizer, gosto de viver aqui. Mas penso que estamos a tender para a situação em que estava a União Soviética em 1985. Se eu tivesse dito então que os soviéticos estavam a cinco anos de distância da extinção, você teria dito que passei demasiado tempo inalando substâncias exóticas em torno de Berkeley.
LA Weekly: O que provocou a sua mudança política?
Chalmers Johnson: Depois de os soviéticos, que eu pensei serem uma ameaça real, terem entrado em colapso, eu esperava uma muito maior desmobilização, uma retirada de tropas americanas, um dividendo de paz real, uma reorientação de despesas federais para necessidades internas. Ao invés disso, o nosso governo procurou imediatamente encontrar um inimigo substitutivo: a China, drogas, terrorismo, instabilidade. Qualquer coisa que justificasse este enorme aparelho da estrutura da Guerra Fria.
LA Weekly: Então onde é que isto deixa os autênticos patriotas de hoje?
Chalmers Johnson: O papel do cidadão agora é estar sempre bem-informado. Quando perguntaram a Benjamin Franklin: "O que conseguimos, uma república ou uma monarquia?". Ele respondeu: "Uma república, se você puder mantê-la". Não temos prestado atenção ao que é preciso fazer para mantê-la. Penso que fizemos um erro desastroso no sentido estratégico clássico quando, em 1991, concluímos que "havíamos vencido a Guerra Fria". Não. Nós simplesmente não a perdemos de forma tão má como os soviéticos. Nós ambos fomos atingidos pela ultrapassagem imperial (imperial overreach), nas indústrias de armamento que vieram a dominar as nossas sociedades. Permitimos que ideólogos capturassem o nosso Departamento da Defesa e nos conduzissem — numa frase que eles gostam — para uma Nova Roma. Já não somos uma potência do status quo respeitosa do direito internacional. Tornamo-nos uma potência revisionista, uma potência fundamentalmente oposta ao mundo tal como ele está organizado, à semelhança da Alemanha nazi, do Japão imperial, da Rússia bolchevique ou da China maoísta.
LA Weekly: Na verdade, a sua tese é que, desde o 11 de Setembro, os EUA deixaram de ser uma república e se tornaram um império.
Chalmers Johnson: É uma questão extremamente aberta se cruzamos o nosso Rubicão e se não há caminho de volta. Sem dúvida o mais importante direito na nossa Constituição, conforme James Madison, que escreveu grande parte do documento, é que se dá o direito de ir à guerra exclusivamente aos representantes eleitos do povo, ao Congresso. Nunca, continuava Madison, aquele direito deveria ser dado a um único homem. Mas em outubro de 2002 o nosso Congresso deu aquele poder a um único homem, para exercê-lo onde quer que ele queira, e com armas nucleares se ele assim preferir. E no mês de Março a seguir, sem qualquer consulta ou legitimidade internacional, ele exerceu aquele poder ao preparar um ataque unilateral ao Iraque. Os Bill of Rights — Artigos 4.º e 6.º — agora estão abertos a questionamento. Será que as pessoas realmente têm o direito ao habeas corpus? Estarão elas ainda seguras nos seus lares de capturas ilegais? A resposta por enquanto é não. Temos de esperar e ver o que o Supremo Tribunal decidirá quanto aos poderes deste governo que ele nomeou.
LA Weekly: Do seu estudo da história sabe que, tradicionalmente, quando falamos de império, temos em mente o modelo do colonialismo europeu — os britânicos na Índia, os franceses na Argélia e na Indochina. Certamente não é isto que quer dizer quando se refere a um império americano.
Chalmers Johnson: Por um império americano quero dizer as 725 bases militares em 138 países estrangeiros que circulam o globo, desde a Groenlândia à Ásia, do Japão à América Latina. Isto é uma espécie de base mundial — um mundo secreto, fechado, separado, onde o nosso meio milhão de soldados, empreiteiros e espiões vive bastante confortavelmente por todo o planeta. Penso que é um império. Concordo em que a unidade do imperialismo europeu era a colónia. A unidade do imperialismo americano é a base militar.
LA Weekly: Estas bases americanas são uma excrescência da política de contenção americana do tempo da Guerra Fria. Qual é o seu papel agora? Elas são apenas gordura? Ou estão ali para defender o investimento dos EUA?
Chalmers Johnson: O que elas não fazem é defender a segurança dos EUA. Elas simplesmente cresceram, tenham ou não tido valor estratégico. Hoje temos 101 bases na Coréia, apesar de a guerra ter acabado há mais de 50 anos. Uma vez criadas, os militares são infindavelmente criativos em descobrir novas funções para elas, muito tempo depois de o seu valor real ter-se evaporado. Estas bases mundiais tornam-se parte dos interesses estabelecidos que associamos não com segurança e sim com militarismo, o perigo do complexo militar-industrial contra o qual Eisenhower nos advertiu.
LA Weekly: Está a dizer que o incentivo real, aqui, é mais a autoperpetuação da burocracia militar ao invés de alguma grande estratégia lógica?
Chalmers Johnson: Exacto. Penso que Eisenhower estava certo quando dizia não reconhecer o poder injustificado da indústria de armamento, e você sabe que cada peça do Bombardeiro B-2 é construída em cada um dos estados norte-americanos continentais.
LA Weekly: Quais são os custos deste império para a democracia e a república?
Chalmers Johnson: Há o custo literal. Estamos a namorar a bancarrota. Não estamos a pagar o que é agora uma conta de US$ 750 bilhões. A apropriação da defesa é cerca de US$ 420 bilhões. Isto não inclui outros US$ 125 bilhões, que é o custo das Guerras do Afeganistão e do Iraque. Ainda há outros US$ 20 bilhões para armas nucleares no Departamento de Energia. Acrescente outros US$ 200 bilhões ou mais para pensões militares e para benefícios de saúde dos nossos veteranos. Tudo junto, isto significa três quartos de um trilhão de dólares. Estamos a colocar isto na conta, incorrendo num dos mais extraordinários orçamentos e déficits comerciais da história. Se os banqueiros da Ásia e do Japão se cansassem de financiá-los, se eles perceberem que o Euro agora é mais forte do que o dólar, então acaba tudo isto. Enfrentaríamos uma crise terrível. O maior custo é o que o público perderá, se já não o perdeu: a república, a defesa estrutural das nossas liberdades, a separação de poderes a fim de bloquear o crescimento de uma presidência ditatorial.
LA Weekly: Mas a história americana não começou em 20 de janeiro de 2001, ou no 11 de Setembro. Será que muito daquilo que descreve não é uma situação que data de pelo menos há um século ou mais? Porquê lançar as culpas de tudo isto sobre George W. Bush?
Chalmers Johnson: Sim, isto remonta há muito — a Teddy Roosevelt a adquirir colónias à Espanha. Mas Bush arrancou a máscara. Ele chegou e disse que somos uma Nova Roma, não precisamos da ONU ou de quaisquer amigos. Agora colocamos países a bater em listas. Certamente, se houvesse algum comité de direção de um projeto imperial americano ele consideraria Bill Clinton um presidente imperial muito melhor do que George W. Bush. É sempre melhor estratégia não mostrar a sua mão, adoptar uma abordagem indirecta mas saber exatamente para onde está indo.

LA Weekly: Numa recente revisão do seu livro, o escritor de esquerda Ian Williams reprova-o por acreditar demasiado na maldade dos bushistas. Williams argumenta que, ao olhar o Iraque, alguém pode concluir que ao invés de grandes imperialistas os rapazes de Bush são, ao contrário, trapalhões espetaculares.

Chalmers Johnson: Bem, não há dúvida que eles trabalharam mal no Iraque, desde não utilizar suficientes tropas a interpretar mal a inteligência, e há mais evidências disto todos os dias. Mas nunca houve um plano para deixar o Iraque porque não há intenção de deixar o Iraque. Estamos atualmente a construir 14 bases ali. Dick Cheney não pode imaginar abandonar aquele petróleo. E os militares não podem imaginar abandonar aquelas bases. Eis porque eles não podem propor um plano para deixá-las.
LA Weekly: Mas as políticas de Bush têm provocado retrocessos (backlashes) internacionais e internos. Isto torna-o esperançoso?

Chalmers Johnson: O sistema político por si só já não pode salvar a república. Mesmo que o Congresso queira exercer supervisão real, como pode ele fazê-lo quando quarenta por cento do orçamento militar é secreto? Tudo no orçamento da inteligência é secreto. O único sinal de esperança que eu vi foi há um ano atrás, quando dez milhões de pessoas manifestaram-se nas ruas pela paz. Também vimos as recentes eleições na Espanha como resposta ao que está acontecendo. Se pudermos ver isto agora nos EUA, no Reino Unido, na Itália, então talvez possamos ter esperança. Senão, logo estaremos conversando acerca da curta vida feliz da república americana.

Por Marc Cooper

Publicado no LA Weekly em 28 de Julho de 2004.

Texto original:
"A conversation with Chalmers Johnson, em: http://www.laweekly.com/ink/04/32/features-cooper.php"

Reflexão também publicada no Geosapiens.

Coincidências II

Hoje, ao pesquisar para este texto, encontrei isto.

Tem interesse.

Ainda vive o senhor doutor, ainda vive.

[gostei da entrevista com o Hermano Saraiva]

Coincidências

Hoje em Espanha foi o «Dia das Forças Armadas».

Dia 28 de Maio.

Há 33 anos era feriado em Portugal.

Coincidências...

28 de Maio

Há 80 anos, a 28 de Maio de 1926, era desencadeado um Golpe de Estado em Braga. Demoraria uns dias a vir até à Capital. Quando chegou foi recebido com alívio. A República não era o que se possa designar por um regime estável e de futuro. O Movimento, no entanto, não tivera a força de enfrentar Lisboa, bebendo no Norte o ímpeto necessário a que não passasse de apenas «mais uma intentona». Ao esperar, pode percorrer o país no tempo necessário, entrando numa capital já sem oposição. Todos queriam novas soluções. Salazar não esteve no movimento. Tenho mesmo dúvidas que estivesse com o mesmo. Veio mais tarde.
Foi há 80 anos.

[tema a necessitar de mais reflexão…]

quinta-feira, maio 25, 2006

Quinta-feira, 1 de Junho

O Clube «Loja de Ideias» convida a estar presente na sua iniciativa

Sistemas eleitorais e o Futuro. Propostas de reforma do sistema eleitoral em Portugal.

que decorrerá na
Biblioteca-Museu República e Resistência
(Rua Alberto de Sousa, 10-A à zona B do Rego)

Quinta-feira, 1 de Junho 2006
pelas 21.00h.

Ao terminar o ciclo sobre a «Reforma do Sistema Político Português», e no suporte da iniciativa do «Call for Papers», o Clube «Loja de Ideias» apresenta a conferência «Sistemas eleitorais e o Futuro. Propostas de reforma do sistema eleitoral em Portugal».

Durante quase um ano de debates, conferências e encontros, procurámos apresentar diversas temáticas que, no nosso entendimento, completavam e perspectivavam o ciclo a findar. Assim, logo na conferencia inicial, sob o titulo «O sistema eleitoral português: que reforma?», realizada em Julho de 2005, foi possível reunir o ex-presidente da Assembleia da República João Mota Amaral, o deputado António José Seguro (do PS) e dois ilustres académicos, o Andrés Malamud do CIES-ISCTE e o André Freire do ISCTE. Por fim, o José Reis Santos representou o Clube «Loja de Ideias». Foi a sessão de apresentação do Clube «Loja de Ideias» e o início desta nossa viagem.

Na sessão seguinte, em Outubro de 2005, procurámos perceber como estava a «Reforma do sistema eleitoral português. A discussão Hoje», e tivemos a oportunidade de poder contar com a presença de Fernando Rocha Andrade, Subsecretário de Estado da Administração Interna, que nos explicou, bem, a posição do governo. Confrontando-o estiveram os deputados João Rebelo, pelo CDS-PP e João Teixeira Lopes, pelo BE e o Vitor Dias do Comité Central do PCP.

Virámo-nos depois para uma perspectiva histórica do problema, apresentando «A evolução do Sistema Eleitoral em Portugal», em Novembro de 2005. Aí foi com honra que recebemos a professora Zília Osório de Castro, da FCSH-UNL, o José Tavares Castilho, do CEHCP-ISCTE, o Pedro Alves da FD-UL e (novamente) o José Reis Santos, agora pela FCSH-UNL.

Já em 2006 lançámos o «Call for Papers» sobre a reforma do sistema eleitoral para a Assembleia da República portuguesa. A ideia era desafiar a «sociedade civil» a apresentar propostas, das mais diversas proveniências, que seriam avaliadas por um júri científico. Este júri, composto por Jorge Miranda (FD-UL), Pedro Tavares de Almeida (FSCH-UNL), Manuel Meirinho Martins (ISCSP), Marina Costa Lobo (ICS-UL), Andrès Malamud (CIES-ISCTE), Carlos Jalali (U. Aveiro), Pedro Magalhães (ICS-UL), Jorge Migueis (STAPE), André Freire (ISCTE), José Reis Santos (FCSH-UNL) e o Diogo Moreira (ISC-UL), seleccionará a proposta a ser apresentada publicamente dia 1 de Junho.

Apoiando esta iniciativa, apresentámos três conferências subordinadas aos partidos políticos, afinal garantes e monopolistas do sistema político. A primeira, sobre «processos de recrutamento de lideres e mecanismos de selecção de candidatos», em Março de 2006, contou com a presença do deputado Pedro Mota Soares, do CDS-PP, do Orlando Alves do MRPP e o José Tavares Castilho, repetente, do CEHCP-ISCTE. A segunda foi sobre «Partidos Políticos, que reformas para o caso português?», em Abril 2006, e contou com a presença da deputada Alda Macedo, do BE, da Ana Serrano, assessora do grupo parlamentar do PCP, e do Andrès Malamud, também a repetir, do CIES – ISCTE; a ideia era por em confronto o mais velho e o mais novo partido português. Por fim, juntámos PS e PSD para falarem de «democracia interna?», em Maio de 2006, o PS foi representado pelo deputado Vasco Franco e o PSD pelo também deputado António Preto. O Carlos Jalali, da Universidade de Aveiro, providenciou o toque académico.

Estamos, então, a terminar este ciclo. 6 conferências, 21 convidados depois. Ouvimos 6 partidos, debatemos com académicos de 6 Universidades e Institutos, com membros do Governo e com algumas centenas pessoas, verdadeiros representantes da sociedade civil, que nos alegraram com a presença nas nossas sessões e nos proporcionaram vivos e aguerridos debates.

Agora este ciclo termina.

Juntamente com a proposta seleccionada do «Call for Papers», preparámos a seguinte conferência:

Proposta seleccionada do «Call for Papers».
Comentador: Pedro Magalhães (ICS-UL)

Também apresentarão propostas:
André Freire (ISCTE) e
Manuel Villaverde Cabral (ICS-UL)


Comentários finais de Jorge Miranda (FDL-UL)
Moderador: Clube «Loja de Ideias

Debate aberto ao público.

O Clube «Loja de Ideias» apresenta-se como uma iniciativa não partidária e não ideológica e tem como objectivos contribuir para a construção de novos espaços de debate e intervenção política, fora dos círculos institucionais, visando uma melhor e oleada articulação entre a sociedade civil e a sociedade política e partidária. Em suma, interessa-nos a actividade cívica, articulada numa múltipla dimensão social, política e cultural, contribuindo para uma redefinição conceptual do Espaço da Cidade Contemporânea

quarta-feira, maio 24, 2006

Blogues...

Pedro Magalhães apanhado.

Daniel Oliveira de volta (gosto do banner).

Dos outros

DIVULGAÇÃO

Sexta- feira, 26 Maio, pelas 18h00

O Monte acolhe a segunda de um conjunto de conversas organizadas pela UniPop sobre as"Gerações de Abril", com a presença de Ramiro Morgado.
A história do 25 de Abril e do Prec tem normalmente sido feita a partir dos"grandes" acontecimentos polí­ticos e militares. Ora, acontece que o que distingue politicamente o que se passou em 1974-75 foi, precisamente, a desinstitucionalização do poder. A revolução foi um momento exemplar, único na história portuguesa, de participação e transformação que a história institucional deixa normalmente invisí­vel. Foi, nesse sentido, vivido como uma riquíssima experiência pessoal por muitos militantes e activistas com que a historiografia normalmente não conta. Foram eles os verdadeiros protagonistas do 25 de Abril.
O projecto "Gerações de Abril" consiste muito simplesmente em ouvir, recolher e debater algumas destas experiências. Ramiro Morgado falará da sua participação (enquanto) revolucionário, na próxima sexta-feira, dia 26 de Maio, Ás 18h, no Monte.
A organização deste projecto é da UniPop e continuará, quinzenalmente, a partir desta data.
O Monte - Rua do Monte Olivete, 30A, r/c 1200-280 Lisboa ao Prí­ncipe Real (perpendicular á Rua da Escola Politécnica)

Sobre as origens do nosso sistema eleitoral.

O inevitável Sottomayor Cardia sobre as origens do nosso sistema eleitoral.

Recomendado e a não perder.

(já estamos a preparar a nossa sessão de dia 1 de Junho…)

Aviso

Avisado pelo meu irmão, vai passar a repetição do prós e contras de ontem. É agora (00.45h) na RTP N. isso é que é serviço público.

Vou re(ver).

Serviço Público

Acabado de chegar de uma viagem de Madrid, cansado, deito-me e involuntariamente ligo a televisão. Zapping do costume e RTP 1. prós e contras. Estranho cast, pois a bancada «contra» era estrangeira (da SIC). Em debate, Manuel Maria Carrilho e o seu último momenrto de «olhem para mim» (o seu livro sobre as autárquicas de 2005). De um lado Emídio Rangel assessorava o autor. Do outro Ricardo Costa e Pacheco Pereira dotavam o frente a frente de inesperado interesse e qualidade impar.

Só vi a segunda parte. Dizem que na primeira o confronto Costa-Rangel foi épico. O que vi foi um programa «demasiado bom» para a Fátima se perceber o que tinha nas mãos. Vi o Pacheco Pereira a não querer sair muito do ponto (o livro), o Rangel a só querer sair do Livro, o Ricardo Costa e conter-se para não explodir (o que fez no fim do programa) e o Carrilho, babadíssimo com a atenção (que bem lhe ficará no CV…).

Duas breves notas.
[1] Porquê toda a importância no tema e no autor, afinal ele próprio é um produto do que critica. Ele próprio é parte do sistema que condena. Não lhe perguntaram, pelo menos que visse, quanto é que pagava a uma jornalista recém licenciada por um programito de 15 minutos na rádio quando era solteiro e ministro da Cultura. Já vi vários jogadores, dos que simulam penalty, reclamarem de faltas graves. Nunca vi foi nenhum negar-se a reconhecer a evidencia dos seus próprios malabarismos (ainda mais quando expostos).
[2] notei demasiados picanços no programa. Fátima x Pacheco; Costa x Rangel; Costa x Carrilho; Carrilho x Pacheco (menos). Demasiados? Talvez não. Talvez fossem necessários mais programas destes, para que vernizes estalassem e varias evidencias fossem expostas. Muito se percebeu ontem. Muito ficou por perceber. Acho.

Óptima televisão. Todos os serões fossem assim…

terça-feira, maio 23, 2006

Dos outros

IPRI-UNL /Almedina

Debates O PÚBLICO DECIDE

O IPRI-UNL e a ALMEDINA propõem uma série de quatro sessões de debates públicos (ao estilo da Oxford Union Debating Society) sobre questões de política internacional. Em cada sessão será apresentada uma moção sobre uma questão de actualidade. Esta moção será defendida e contestada por duas equipas. A vitória no debate é decidida pela votação do público presente.

As sessões decorrerão na Livraria Almedina – Atrium Saldanha – Pç. Duque de Saldanha, 1 – Loja 71 (2º Piso), em Lisboa. Para mais informações consulte www.ipri.pt.

24 de Maio, 19:00 horas
Na Livraria Almedina - Atrium Saldanha
O PÚBLICO DECIDE
Moção: O Médio Oriente consente a Democracia?
A FAVOR
Imran Mhomed
mestrando em Ciência Política e Relações Internacionais, Univ. Nova de Lisboa
Carmen Fonseca
IPRI-UNL, mestranda em Ciência Política e Relações Internacionais, Univ. Nova de Lisboa

CONTRA
Ana Santos Pinto
IPRI-UNL, mestre em História das Relações Internacionais, ISCTE
Diogo Moreira
doutorando em Ciência Política e Relações Internacionais, ICS-UL

As regras de debate são rigorosas

A Raça Humana

A cor da pele crê-se é determinada por sete genes que trabalham juntos para a definir, se uma mulher tem uma pele mista, os seus óvulos normalmente contém essa mistura de códigos tanto de pele negra como de pele branca, o mesmo acontecendo aos homens com a mesma pele.
Mas ocasionalmente o óvulo ou o espermatozóide pode conter exclusivamente genes com a informação de uma só cor de pele e se um óvulo for fecundado por um espermatozóide com as mesmas informações em relação á pele deste, provirá um ser humano com a pele de ambos os gâmetas independentemente de a mãe ou o pai serem de pele completamente diferente.No caso de um casal com a pele de proveniência mista a probabilidades de algum dos cenários referidos se verificar são de uma para cem, mas a de os cenários ocorrerem ao mesmo tempo e de a mulher que dê á luz gémeos falsos será também de um para cem e por fim se envolver dois óvulos fertilizados por dois espermatozóides ao mesmo tempo as probabilidades neste caso também são de um para cem, ora 100 x 100 x 100 dá 1.000000 de probabilidades para a situação ocorrer, estas probabilidades de nascimento de gémeas assim verificaram-se assim todas neste caso.
Segundo os especialistas em fertilidade os dois óvulos foram fertilizados ao mesmo tempo e que a Remee foi originada por um espermatozóide com genes exclusivamente de proveniência da área materna de ambos os país e que fecundou um óvulo do mesmo tipo, enquanto com a Kian, um outro espermatozóide com genes de proveniência da área paterna de ambos os país fecundou um óvulo com genes destes o que resultou no nascimento de duas gémeas mas com aparência diferente.

As duas bebés completam um ano em Abril e só vêm provar que as raças apenas existem na nossa mente.

A única que existe é apenas uma, a Humana.
P.S. – Reflexão também publicada no Geosapiens.

sexta-feira, maio 19, 2006

E isto até andava calmo...

Já desconfiava… Nada de manifestações há umas largas semanas…era bom demais para ser verdade.

«Politicas de esquerda», berram. Ouço demasiado eco. Vou ver, ninguém. Só o eco «politica de direita», dizem agora. Não sei o que atacam ou o que defendem. Não vejo ninguém, só ouço. Talvez ainda não tenham chegado, e estejam a treinar as palavras de ordem, a testar os equipamentos de som, etc.

Não queria que fosse mais umas daquelas manifestações com mais policia que manifestantes. É que, para mim, os movimentos sindicais ainda fazem razão de existir, caso contrário, e com as oposições políticas resignadas a um taticismo a-político absurdo (de que acorda cada 4 anos para disputar eleições), de quem podemos esperar contestação argumentada ao governo?

Agora isso não é dizer que o movimento sindical está são. Muito pelo contrário, tem de modernizar-se a apontar para a nova realidade contemporânea, onde conceitos como «classe profissional» são cada vez mais diluídos (e porque não o Clube «Loja de Ideias» fazer alguma coisa sobre o tema?...). Por outro lado, outros movimentos sociais, de diferente génese do movimento sindical, poderiam preencher algum do espaço deixado pelos sindicatos, organizando a «sociedade civil» em diversos movimentos organizados, tipo grupo de pressão, que pudessem passar algumas das suas preocupações através de veículos de nova estirpe. Sei, por exemplo, que o Carvalho da Silva já encomendou um estudo sobre o futuro do movimento sindical…

Já se ouve a «multidão». Está fraca. Fraquinha. Este é, afinal, dos governos com menos contestação social. Mais um dia na cidade. Almoço, café, manif, saída.
Bom fim de semana. Vou passear.

Maçonaria está a crescer em Portugal como alternativa.

O Grão-Mestre do Grande Oriente Lusitano, António Reis, defendeu que a maçonaria em Portugal está a crescer e surge como uma alternativa a ideologias, religiões ou partidos. Num debate sobre a Franco-Maçonaria, António Reis garantiu que "nos últimos dez anos o número de maçons do Grande Oriente Lusitano duplicou". Guiada pelo princípio do "livre pensamento", a maçonaria "pode contribuir para preencher um vazio espiritual" - embora não faça "apelo ao transcendente" - sem cair nos "efeitos perversos" associados aos partidos ou religiões, nomeadamente os "dogmatismos e sectarismos", afirmou.
Tanto António Reis como a Grã-Mestre da Grande Loja Feminina de Portugal, Maria Belo referiram os constrangimentos que sentiram enquanto membros e deputados do Partido Socialista na defesa das suas ideias, porque estavam submetidos às "estratégias de poder". "Os partidos são instrumentos de conquista de poder em que "a liberdade de discurso é limitada" e "afastam-se das práticas de cidadania porque prometeram muito e criaram desilusões", defendeu António Reis.
Na maçonaria, que traz "uma proposta de moral universal", o único poder que se reivindica "é o poder dos valores", especificamente "a liberdade, a igualdade, a fraternidade, a laicidade e a cidadania", acrescentou.
P.S. – Reflexão também publicada no Geosapiens.

quinta-feira, maio 18, 2006

Tom Toles

NOVAS DE ITÁLIA

O CLDI ANDA ESTE ANO PROFUNDAMENTE PREOCUPADO COM AS ANDANÇAS EM ITÁLIA, EVIDENTEMENTE PARA BUSCAR ANALOGIAS COM AS “NOSSAS” PROPOSTAS DE REFORMA DO SISTEMA ELEITORAL.

ORA BENNE,SENDO ASSIM NÃO PODIA DEIXAR PASSAR AS NOVAS FRESQUINHAS DESSE MEU AMADO PAESE:

BERLUSCONI DIXIT:

il premier uscente è intervenuto sul prossimo referendum costituzionale: «È una modifica necessaria della Costituzione, migliorabile come tutte le cose della Terra, ma un passo necessario verso l'ammodernamento del nostro Paese. La difenderemo, come difenderemo tutte le altre riforme», ha detto Berlusconi, «ci impegneremo a fondo per il referendum e sono convinto che andrà bene», promette. «Speriamo che il centrosinistra» non voglia mettere in pratica quello che ha promesso di fare nel programma elettorale, argomenta Berlusconi.


PRODI DIXIT:


Il governo proporrà inoltre «un aggiornamento della nostra Costituzione e della legge elettorale attraverso la ricerca di una costruttiva e larga collaborazione tra tutte le forze politiche del paese». Prodi dice anche che la maggioranza «si opporrà compatta nel prossimo referendum» in quanto la riforma del centrodestra è «sbagliata e dirompente».

ACHEI POR BEM TRAZER ESTE ASSUNTO JÁ QUE UM PORTUGUES OPTIMISTA DECIDIU FAZER HOJE UM BOM EDITORIAL ACERCA DO FUTURO ITALIANO; LEIAM EDUARDO DÂMASO NO DN SOBRE PRODI


Estranho

Eu ainda não vi o filme (óbvio, só hoje é que estreia), mas mistério, depois de lido o livro, é algo de que não vou à procura...

As pressões da Opus Dei...

Não durou muito tempo para que esta organização se ache com poder para exigir alguma coisa, poder esse que lhe advém pelo controlo absoluto que detém em todos os cargos e assessorias em relação ao órgão de soberania, Presidente da Republica.
Tudo começou como reacção a um projecto de lei sobre o protocolo do Estado, em preparação pelo grupo parlamentar do PS, e que não contempla a presença de representantes de confissões religiosas, a noticia vinda no Expresso, no dia 13 de Maio, orgão oficial dos aliados do novo Presidente da Republica, refere que o PS tem em preparação um projecto de lei que exclui o Cardeal Patriarca dos lugares de honra em cerimónias oficiais, segundo o mesmo artigo, Vitalino Canas, Vice-presidente da bancada socialista, o diploma que será apresentado esta semana define a "precedência das figuras do Estado e do poder público" contexto em que não se enquadram representantes das confissões religiosas, evocando a lei da liberdade religiosa, que estabelece como princípio a "não confessionalidade" dos actos oficiais do Estado.
No dia 16 de Maio numa noticia publicada pelo Diário de Noticias (outro órgão de comunicação social aliado á actual entourage Presidencial), João Bosco Mota Amaral, um conhecido numerário da Opus Dei, defende que deve haver lugares da Igreja no protocolo oficial, segundo esta noticia, o mesmo está a preparar um projecto de lei alternativo ao do PS sobre as alterações ao protocolo do Estado, o ex-presidente da Assembleia da República afirma que a proposta que o PS deu a conhecer "não faz sentido", este argumenta ainda com um problema de reciprocidade, referindo que "quando há cerimónias religiosas, em Fátima por exemplo, os titulares do Estado também aparecem. Seria estranho que, há uns anos atrás, nas exéquias do senhor Cardeal D. António Ribeiro se tivesse reservado a quinta fila para o Presidente da República ou o Primeiro-ministro" e acrescenta que "cada um na sua esfera própria deve respeitar-se, até porque no protocolo do Estado estão definidos outros lugares que não os dos funcionários públicos de topo", mas a sua vóz não está isolada dois dias antes e no mesmo Jornal (que tem espicaçado a opinião pública, nomeadamente os Católicos Apostólicos Romanos, em relação a este problema) outro prelado, um Bispo o emérito de Leiria-Fátima, D. Serafim Ferreira e Silva, que também tem relações com a prelatura sendo apontado como membro desta, considerou a decisão normal, na medida em que existe "uma separação legítima entre as duas realidades e instituições", até aqui tudo normal, mas á laia de ameaça deixou uma advertência, "o povo é inteligente e percebe que um Estado que se alheia de uma organização eclesiástica está a ofender" a sua própria história, para quê mais palavras para incendiar os ânimos dos Católicos Apostólicos Romanos e dos membros que rodeiam o novo Presidente da Republica.
Veremos o que este fará depois de o projecto de lei passar na Assembleia da Republica, vetará politicamente ou manterá uma política de não confrontação?
P.S. – Reflexão também publicada no Geosapiens.

DIPLOMACIA E SABEDORIA

Dada a gravidade da situação mundial o ilustre professor Adriano Moreira publicou esta semana um extraordinário artigo de opinião no DN. Não se trata de uma reflexão distante de um consagrado académico-pelo contrário é escrito em forma de apelo e penso que deve ser lido por todos os jovens esclarecidos.

A passagem mais impressionante é esta:

é urgente e necessário o apelo a uma mobilização geral da informação que forneça consistência às intervenções cívicas que impeçam a repetição de ousadias recentes

A argumentção utilizada procura dramatizar o cenário que estamos vivendo e, para esse fim, recorre a uma visão de conjunto que nem sempre este erudito professor apresenta de uma forma tão clara e directa.

A sua sugestão forte recomenda em lugar de destaque que:

os chefes de Estado e de Governo que se encontraram na Cimeira de 2005 regressem à leitura dos registos do encontro, e meçam a distância que vai das suas hesitações de então ao pico de risco que se desenvolveu, para reflectirem sobre a urgência de ir mais depressa e mais fundo na definição de uma ordem que permita colocar o objectivo de construir um mundo sem medo no lugar ocupado agora pela inquietação de todos os povos, pelo fundado medo do sacrifício sem regresso de muitas populações inocentes.

Uma enorme tranquilidade nos poderia invadir se as palavras fossem pesadas e se a prudência viesse a triunfar:

Os tempos não são de semânticas paliativas, e por isso mesmo são incompatíveis com políticas furtivas, arrogâncias apoiadas em capacidades apenas virtuais, unilateralismos acríticos

Curiosamente foi precisamente no mesmo dia que outro grande pensador da cena internacional, Henry Kissinger, colocou por escrito pertinentes reflexões, acompanhadas de preciosos conselhos, num artigo de opinião do Washington Post:

If America is prepared to negotiate with North Korea over

proliferation in the six-party forum, and with Iran in Baghdad over Iraqi security, it must be possible to devise a multilateral venue for nuclear talks with Tehran that would permit the United States to participate -- especially in light of what is at stake.

quarta-feira, maio 17, 2006

Outra margem

Descobri que o Pedro Magalhães também armazena memória escrita à boa maneira dos Pachecos e dos Vitais que para aí andam. É aqui, numa outra margem.

Neste baú descobri esta pérola.

1 ano

Merecem, eles merecem...

Um ano de carpintaria com uns bichos muitos especiais.

Um especial abraço ao Medeiros Ferreira, parece que gostou deste «novo» palco (a blogosfera).

Um ano de bom trabalho diário merece os nossos parabéns.

Fátima, Futebol, Fado

Nunca me tinha apercebido de que tínhamos exportado o Estado Novo. Ao ver o bom programa/documentário sobre a emigração que a RTP tem passado, hoje sobre o Luxemburgo, impressionou-me o testemunho da chegada nos anos 60, analfabetos, incultos, sem falarem a língua, obras e limpeza. Eram estas as principais características de um grupo emigrante que construía e limpava casas onde não habitava.

Levámos Fátima, o Futebol e o Fado, dizia, às tantas, uma amável senhora. Exportámos o Estado Novo. Foram 2 milhões desde os anos 60.

Delgado

Por puro esquecimento, não referi ontem o centenário do nascimento do muito celebrado Humberto Delgado (1906 – 2006).

Na verdade foi um esquecimento alimentado, pois evito entrar em grandes trocas de ideias em relação ao senhor. Lembro-me sempre de uma conversa, já há alguns anos, com um conhecido antiquário desta praça, que me confidenciava que a família Delgado tratava de, com muito cuidado, manter a boa memória do «general sem medo» incólume.

Eu, que já me estava a aventurar no ramo da História, sempre achei estranha essa confidência. Mas, verdade seja dita, que estranho que só se celebre a segunda metade da vida de alguém.
O que fez Delgado antes de 1958 onde, por um conjunto estranho de factores, se tornou no ícone anti-fascista por definição? Sei que estava nos Açores nos tempos da II guerra, como mandatado de confiança do Estado Novo, e que tinha tido, nos anos 30, expressas simpatias com a modernidade da «Nova Europa». Sei também que se aproxima dos americanos nessa altura, sendo depois destacado para Washington e para a NATO (é aí que ganha o a alcunha de «general Coca-Cola»).

É verdade que se afasta do regime de Salazar (onde chegou a ser apontado como delfim). Eu, para mim, tenho por razão que se teria desapontado com o carácter excessivamente católico, conservador e «mole» do salazarismo. Sempre pensei que Delgado queria algo com mais «fulgor», mais «fibra». Democrata? Tenho algumas dúvidas, talvez se preparasse para ser algo mais tipo Pinochet, avant la lettre, bem entendido.

Claro que o senhor está ainda (muito) bem protegido. A sua fundação, a família, a FLAD, etc, não deixam que se perturbe esta imagem definida.

Não é o único a sofrer deste estranho fenómeno que cola personagens históricas a uma ideia que de elas se construiu. Temos vários exemplos na nossa história contemporânea – ver Sá Carneiro, Spínola, Afonso Costa, etc. Delgado tem a agravante da imagem de Delgado ter sido construída pela família e pelos seus próximos colaboradores. Só isso, para mim, é motivo de desconfiança…

terça-feira, maio 16, 2006

Report

Acabei de ver o Paulo Portas na SIC noticias. É minha impressão ou ele está bem melhor?

(dois pontos: partilho muitas das «leituras» que faz do Código Da Vinci – sobre o estado neo-pagão ou pós-cristão da sociedade europeia contemporânea – e gosto das suas análises cinematográficas)

Encontro

Deambulava hoje pelas ruas do Bairro Alto, a meio da tarde, caminhando para casa, quando um senhor reformado (elderly citizen) me aborda, com um misto de desconfio e espanto. Eu, que tinha detectado a aproximação curiosa, retiro com calma os fones e espero a interpelação.

- Olhe, desculpe, sabe me dizer se hoje é terça-feira?

Parei. Olhei dois segundos para o lado, e calmamente lhe disse, afirmando com a cabeça.

- Sim, penso que hoje é terça-feira.

Repus o passo, os Walkabouts e dirigi-me a casa.

Já conhecem?

Está remodelado, actualizado com frequência e cheio de pequenos «frames» deliciosos.

Conhecem a «Terrivel verdade»? Vão conhecê-la. Depois digam qualquer coisa...

A Outra Realidade

segunda-feira, maio 15, 2006

Comedy Central

A ler

Vital Moreira sobre a reforma do sistema eleitoral.

Dos outros

JORNADA
Vidas paralelas do comunismo europeu:
Cunhal e Togliatti


ISCTE
Auditório B203 (Edifício Novo)
24 de Maio de 2006
9H30 – 20H00

PROGRAMA
9H30

Abertura dos trabalhos. Intervenção da Presidente do CEHCP
10H00
Projecção do filme Togliatti. Antologia audiovisiva (1989),
de Michelangelo Notariani
11H15
«Como é que uma jornalista faz História Contemporânea em televisão»
Maria Augusta Seixas (Mestre em Jornalismo, realizadora)
12H00
Projecção de um episódio da série televisiva Álvaro Cunhal: o Homem, o Dirigente, o Partido
14H30
«Testemunho»
António Borges Coelho (Faculdade de Letras de Lisboa)
15H15
«Palmiro Togliatti: biografia e uso público da história»
Aldo Agosti (Universidade de Turim)
16H00
«O revolucionário pragmático»
José Pacheco Pereira (ISCTE)
17H45
«História e Nação em Álvaro Cunhal»
José Neves (CEHCP/ISCTE)
18H30
«O conceito de revolução democrática em Togliatti e em Cunhal»
João Arsénio Nunes (CEHCP/ISCTE)
19H15
Debate com todos os participantes

Organização:
Centro de Estudos de História Contemporânea Portuguesa
Av. das Forças Armadas, Ed. ISCTE, 1649-026 Lisboa
Tel: 21 790 30 94 Fax: 21 790 30 14

Já dá...

Não sei se conhecem.

Encontrei esta edição recente de um clássico da filosofia política.

Dos Homens mais citados no espaço da Constituinte (de 1975/76). Pela direita, entenda-se (CDS e PPD).

Recomendo

Renovado e (ainda) muito bom. Se ler metade do que está referenciado, não faço mais nada nos próximos dez anos.

E ainda pensamos que o Pacheco Pereira tem uma vida. Ela aqui está exposta (pelo menos os últimos 30 anos).

Está muito bom o «Estudos sobre o Comunismo». A visitar com frequência.

domingo, maio 14, 2006

sexta-feira, maio 12, 2006

Crónicas de livros que não li.

[não sei porquê não consegui carregar a imagem do livro...]
Finalmente saio este esperado livro da Maria Inácia Rezola. Ainda não o li, mas tenho acompanhado o trabalho da Inácia há suficiente tempo para o recomendar vivamente.

Estive no seu lançamento, assim como já tinha estado na defesa da tese de doutoramento que lhe deu origem, e confirmei a ideia que parte da história contemporânea actual passa muito pela investigação exaustiva da Inácia. Finalmente alguém que não viveu o 25 de Abril escreve, com sustentação académica, sobre esse período de definição.

Já tinha a tese, mas como não se recomenda a leitura de teses de doutoramento de 1500 páginas, espera-se pelo livro «ligeiro». Da tese perdeu-se alguma profundidade e alguns capítulos. No livro ganhou-se ligeireza e divulgação. Como nota negativa a falta de uma bibliografia no final do livro, por puro esquecimento da autora (a Inácia confidenciou-nos que tinha o ficheiro pronto e que se tinha esquecido de o enviar, e que, apesar das múltiplas leituras das provas, não reparou nessa falha).

Para quem gosta de navegar na história
«Os Militares na Revolução de Abril. O Conselho da Revolução e a transição para a democracia em Portugal (1974-1976)»;
Campo da Comunicação, Lisboa 2006, 526 páginas, € 20 (acho)

quarta-feira, maio 10, 2006

Luis

Agenda...dos outros

Já tem o que fazer na próxima terça-feira, 16 de Maio?

Pois deixem-me sugerir-lhes o seminário «América Latina: um olhar contemporâneo», organizado conjuntamente pelo CIES do ISCTE e o ICS da UL.

Recomendo a conferência do Andrès Malamud, que tentarei ver, e a mesa redonda sobre «tendências políticas e prespectivas para a América Latina» com o Villaverde Cabral, o Bernardino Gomes (o do PS e não o do PCP) e o Wilson Trajano (da Universidade de Brasília).

report

Fantástico seminário de Almoço no ICS, a mostrar a excelente forma do Manuel de Lucena. Na sua apresentação, cheia de informação indirecta, o consagrado investigador deambulou sobre a presença e influencia da presidência da República no Estado Novo, destacando o papel do Marechal Carmona. Na sua intervenção, e surpreendentemente, apostou numa colagem/abordagem à história da Maçonaria, a génese do Estado Novo e a presença de certa casta maçónica na elite do Estado Novo (destacando o próprio Carmona).

Com sala cheia, mas sem sandes, tivemos uma hora de puro prazer. Ouvir gente assim não cansa. Alimenta. Foi bom.

(Pedro, perdeste uma belíssima exposição, sem pontos fracos ou desvios desinteressantes)
(Sandro, não sabia que ia ser sobre este tema, senão tinha-te avisado…)

terça-feira, maio 09, 2006

Bom almoço.

Vou agora ver o Seminário de Almoço do ICS.

É com o Manuel de Lucena (esse génio) e sobre o Presidencialismo no Estado Novo.

A organização é do ICS, no ICS e começa às 13,30 h na sala de aulas 2.

Apareçam, tragam uma sandes e uma coca colita, e deliciem-se com a mente superior do Lucena.

segunda-feira, maio 08, 2006

Já tinham visto?



Eis a composição actual das duas câmaras italianas. Confuso? Talvez, mas a democracia, por vezes, funciona de «forma misteriosa».
Dois anos e novas eleições? Aceitam-se apostas.

Dos outros

Chamada para artigos
Cadernos de Estudos Africanos
N.º Especial (Dezembro 2006)
“Memórias cinzentas: reconstruções dos passados coloniais em África e na Europa”

A revista Politique Africaine irá lançar em Junho de 2006 um número especial sobre memórias coloniais, dando particular atenção às formas como essas memórias (frequentemente reconstruídas) servem determinados objectivos políticos, incluindo políticas públicas concretas. Aquela revista tinha já publicado duas contribuições iniciais para o tema (veja-se o n.º 98, de Junho de 2005), pela mão de Pierre Boilley (“Loi du 23 Février 2005, colonisation, indigènes, victimisations”. Évocations binaires, répresentations primaires») e Jean-Pierre Chrétien (“Le passé colonial: le devoir d’Histoire”). O primeiro texto examinava os debates em torno do art. 4.º da lei de 23 de Fevereiro do ano passado, que estabelece que nas escolas os alunos devem ser instruídos sobre o papel positivo da colonização francesa além-mar. O segundo analisava o passado colonial através da lente do “dever histórico”, com alusões ao debate belga sobre a colonização e as suas manifestações recentes (por exemplo, a exposição do Museu de Tervuren, «Mémoires du Congo au temps colonial», catálogo impresso de 2005 e informação disponível em www.congo2005.be).

No início de 2006, no seio do Africa-Europe Group of Interdisciplinary Studies, que agrega vários centros de investigação europeus de estudos africanos, surgiu a ideia de promover uma maior ligação e cooperação entre as respectivas revistas, nomeadamente através da publicação de números temáticos afins. O Centro de Estudos Africanos (CEA-ISCTE, Lisboa) aceitou o repto e propõe-se publicar no final de 2006 um número especial dos seus Cadernos de Estudos Africanos sobre memórias coloniais.

As interrogações dos colegas da revista Politique Africaine (vd. http://www.politique-africaine.com/appels/memoires_grises.pdf) servem-nos de guia e ajudam-nos a formular novas questões para os casos português e das suas antigas colónias em África. Se em França frequentemente se diagnostica uma “fractura colonial”, em Portugal tal não será evidente. No campo político e na opinião pública portuguesa não se regista propriamente um debate sobre o passado colonial. Regra geral, faz-se uma avaliação positiva da história de Portugal e do colonialismo português, para o que concorre certamente uma certa retórica luso-tropical muito vulgarizada. O «fim do império» é que, a espaços, irrompe como um problema mal resolvido. O partido mais à direita no espectro parlamentar (CDS-PP) tem sido porta-voz de algumas reivindicações dos chamados “Espoliados do Ultramar”. Além disso, entre uma parte significativa da população portuguesa, sobretudo a que regressou à antiga metrópole após a independência das ex-colónias, faz-se um juízo negativo sobre a forma como se procedeu à descolonização (não obstante a rápida e bem sucedida integração do meio milhão de retornados na sociedade portuguesa).

Pouco tempo depois do «regresso das caravelas», grupos de retornados (da mesma localidade de Angola ou Moçambique ou da mesma empresa colonial) começaram a reunir-se em confraternizações anuais (almoços, piqueniques), numa lógica de cíclica ‘revisitação’ de um local de saudade. Recentemente, temos assistido a uma ‘avalanche’ de memórias sobre África na imprensa, no audiovisual, na produção editorial, na Internet. Verifica-se uma apetência crescente por tudo o que tem a ver com as antigas colónias portuguesas. Parece haver uma urgência de convocar essas memórias, mesmo da parte das gerações mais novas que saíram de África com poucos anos de idade ou que já nasceram depois das independências.

Nas antigas colónias, por seu turno, não parece haver uma forte tensão e/ou oposição às memórias veiculadas pela antiga potência colonial. Os governos dos países independentes não terão pejo de usar, em função de agendas próprias, o discurso da irmandade linguística, cultural e histórica. Acresce que em Angola e Moçambique, devido à guerra civil e à vigência de regimes de partido único após a independência, as memórias dos conflitos mais recentes sobrepõem-se às memórias do período tardo-colonial. De forma perversa, e em aspectos concretos (acesso ao mercado, dinamismo da economia, segurança, infra-estruturas), a comparação pode até ‘beneficiar’ o balanço que é feito do domínio colonial. Convém, no entanto, perscrutar com mais pormenor os meandros desses processos de reconstrução da memória do colonialismo e perceber como são recordados alguns dos seus aspectos mais gravosos: o trabalho forçado, o esbulho de terras, as culturas obrigatórias, a discriminação de estatuto jurídico.

O objectivo deste número especial é reunir contribuições que clarifiquem, de forma original e plural, a reconstrução da memória do passado colonial. Serão bem-vindos textos que se ocupem dos seguintes problemas:

1) processos em curso de (re)construção da memória colonial na antiga metrópole (se possível em perspectiva comparada com outras antigas metrópoles coloniais, como a França, a Bélgica, a Grã-Bretanha, a Alemanha e a Itália);
2) políticas da memória (monumentos, museus, comemorações, manuais escolares) relativamente ao passado colonial em África e/ou na Europa;
3) emergência e/ou reabilitação de espaços (virtuais ou físicos) de memória colonial (sítios, blogues e fóruns de discussão na Internet, realização de encontros, confraternizações, piqueniques que reúnem ‘retornados’);
4) relação com certos produtos culturais e mediáticos criados na antiga metrópole (como, por exemplo, a RDP-África e a RTP-África e da telenovela da TVI «A Jóia de África», ambientada em Moçambique, clubes portugueses de Futebol);
5) reconstrução da memória dum passado colonial brutal (reflexão sobre os massacres, a violência física, o trabalho forçado, as guerras coloniais, etc.);
6) reconfigurações da memória da contestação ao colonialismo e das lutas de libertação nacional pela independência de Angola, Guiné e Moçambique.

Indicações práticas:
O número especial será publicado em Dezembro de 2006. Aceitam-se propostas (c. 1 página) de artigos originais até 31 de Maio. Em meados de Junho de 2006, os coordenadores e os autores reunir-se-ão para discutir os conteúdos do n.º especial. Os artigos, na sua versão integral, em português, francês ou inglês (máximo 50.000 caracteres) devem ser enviados até 30 de Setembro, para os endereços electrónicos dos coordenadores.

Coordenadores:
Pedro Aires Oliveira (mpoliveira@fcsh.unl.pt) e Cláudia Castelo (claudiacastelo@clix.pt)

domingo, maio 07, 2006

GOVERNOS SOBRE SUSPEITA

ESTAMOS PORVENTURA ATRAVESSANDO UMA FASE COMPLEXA DA GLOBALIZAÇÃO EM QUE AS SUSPEITAS DA CHAMADA “OPINIÃO PÚBLICA” SOBRE O MODO COMO VEM SENDO CONDUZIDA A GOVERNAÇÃO AUMENTAM.

ESTE DOMINGO CABE AO VETERANO COLUNISTA DO WASHINGTON POST JIM HOAGLAND SINTETIZAR DE UM MODO BRILHANTE (COMO É SEU HÁBITO) UM CONJUNTO CONSIDERÁVEL DE QUESTÕES QUE TEREMOS , DE UMA FORMA OU DE OUTRA, DE ENFRENTAR. A CONCLUSÃO É PREOCUPANTE:

the current popular mood of suspicion and disdain of government -- exacerbated by opportunistic or insensitive anti-politicians as well as by an intrusive 24-7 media -- risks throwing the baby out with the bath water


A IMPORTÂNCIA DO ÚLTIMO DEBATE PROMOVIDO PELO CLDI MOSTRA COMO MUITOS ESTÃO ATENTOS A ESTES DESENVOLVIMENTOS.

PARA O ALMOÇO DE 11 DE MAIO SOBRE AS ELEIÇÕES NO MUNDO SERÁ AINDA MAIS NECESSÁRIO DIAGNOSTICAR OS PONTOS PRINCIPAIS DESTA “CRISIS”! COMO DIZ HOAGLAND:

Despite the growing global economy, there is a spreading erosion of public confidence in institutions as well as in individual leaders in Europe and the United States

NUM QUADRO POUCO ANIMADOR ESPEREMOS QUE A NOSSA CONTRIBUIÇÃO POSSA SER ÚTIL !

A ler

António José Teixeira, «Partidos», DN 3 de Maio.

Marina Costa Lobo, «Uma opção para o CDS/PP», DN 6 de Maio

António Costa Pinto, «A oposição do PP», DN 6 de Maio

sábado, maio 06, 2006

Viagens

Barcelona, Palau da Musica Catala

Dos outros

CONVITE
A ADFER, Associação Portuguesa para o Desenvolvimento do Transporte Ferroviário promove nos próximos dias 24 de Maio de 2006 e 31 de Maio de 2006, duas Sessões subordinadas ao tema:
"Novo Aeroporto Internacional de Lisboa – vantagens e desvantagens da sua localização na Ota"
Serão oradores:
24 de Maio de 2006, (4ª feira), pelas 21 horas :
Prof. Jorge Paulino Pereira, que fará a apresentação da temática
Eng. João Cravinho
Eng. Reis Borges Comandante Lima Bastos
31 de Maio de 2006, (4ª feira), pelas 21 horas
Eng. João Maria Oliveira Martins
Eng. Arménio Matias General Narciso Mendes Dias
Eng. Luis Coimbra
Ambas as sessões decorrerão no Auditório do Metropolitano de Lisboa, situado na estação do Alto dos Moinhos. Serão coordenadas pelo Prof. Paulino Pereira que também será o moderador dos debates que se seguirão às apresentações orais.Para os dois eventos, a ADFER conta com o patrocínio do Metropolitano de Lisboa.
Convidamo-lo a estar presente.

Dos outros

CONVITE

O CESUR, Centro de Estudos Sociais e Urbanos do Instituto Superior Técnico (Universidade Técnica de Lisboa) com o apoio da ADFER, Associação Portuguesa para o Desenvolvimento do Transporte Ferroviário, promove no próximo dia 17 de Maio de 2006 (4ª feira), pelas 15 horas, no Auditório do Instituto Superior Técnico, Pavilhão de Engenharia Civil, Av. Rovisco Pais, em Lisboa, uma Sessão subordinada ao tema:

“A problemática da implantação do novo Aeroporto de Lisboa, na Ota”

Após a sessão de abertura, serão oradores os seguintes Professores do Instituto Superior Técnico:

Prof. Manuel da Costa Lobo
Prof. António Brotas
Prof. José Manuel Viegas
Prof. Fernando Nunes da Silva
Prof. Jorge Paulino Pereira

No final haverá um período de discussão aberto aos participantes da plateia.

A entrada é Livre

sexta-feira, maio 05, 2006

Sol

O Sol voltará a brilhar?

14 Abril 1921

Recentemente escrevi sobre os 75 anos do 14 de Abril de 1921, data da proclamação da II República espanhola em Barcelona.
Descobri onde tinha as fotografias desse acontecimento, que agora partilho.

Partidos Politicos III

A terceira conferencia sobre partidos políticos, inserida no Ciclo sobre a reforma do sistema político (que terminará nos próximos dias 1 e 2 de Junho com a apresentação das propostas aprovadas no nosso «Call for Papers») correu, uma vez mais, muito bem.

O painel era composto pelo Carlos Jalali, politólogo, jovem investigador da Universidade de Aveiro; António Preto, advogado e deputado por Lisboa do PSD, Líder da distrital laranja da capital; e Vasco Franco, substituto à última hora de Joaquim Raposo, destacado dirigente socialista, de longa data, deputado. Queria-se falar de democracia interna dos principais partidos políticos.

Cerca de 30 pessoas davam um bom ar à sala, desmentindo que estes temas não interessem à «sociedade civil» e que este tipo de iniciativas está condenado à presença de alguns «carolas» ou da área ou reformados. Mesmo praticamente sem apoios nenhuns (contando para divulgação apenas a base de dados do Clube «Loja de Ideias», o Blog e algumas, incertas, divulgações externas – como foi ontem o caso do jornal «Público») temos conseguido manter uma média interessante de participantes. Este ponto, complementar, interessa no sentido em que recebemos do público o feedback necessário à nossa melhora. Mas, acrescente-se, o nosso interesse não é ser «visível», ou encher salas apenas para encher salas. Não. O que nos interessa é apresentarmos a um público interessado uma oportunidade de reflectir temas, apresentados por painéis multidisciplinares (de políticos a académicos, de consagrados a jovens promessas, da esquerda à direita) e transversais que encontrem no espaço criado pelo Clube «Loja de Ideias» uma oportunidade de troca de ideias. Neste sentido orgulhamo-nos de privilegiarmos a qualidade em detrimento da quantidade. Seleccionamos os nossos convidados nesse sentido e o público tem-nos oferecido interesse e participação qualitativa.

Ontem a sessão ficou marcada por um confronto saudável entre os dois grandes partidos portugueses, disputando o crachá de «partido mais aberto», «partido mais democrático», etc. Por outro lado o contributo académico, vastamente enriquecido com exemplos práticos e teóricos, visou não só perspectivar o debate como contribuir com uma dimensão comparativa empiricamente consubstanciada que adensou os argumentos em troca.

Do público, uma vez mais muito interventivo, vieram questões sobre a relação partidos-media (muito atacadas, em especial por António Preto), a questão das possibilidades efectivas de trabalho da sociedade política (no sentido em que o pessoal político não é suficientemente assessorado – compare-se a assessora para 10 deputados no Parlamento português com as 10 assessores que qualquer congressista norte-americano dispõe para si), a questão dos financiamentos (pouco respondida), e alguns pormenores sobre os sistemas de democracia internos. A moderação esteve a cargo do nosso Sandro Pires que, uma vez mais, cumpriu o seu posto.

Como pontos menos conseguidos talvez o excesso academismo do Carlos Jalali visível na minúcia das suas citações e na sua não partilha opinativa (por uma ou duas vezes indicou ter opinião sobre determinado assunto mas, como académico, não a partilhou. Por parte dos responsáveis políticos, mesmo considerando que mostraram uma abertura talvez não esperada, gostaríamos que tivesse explorado mais algumas deficiências que internamente ambos os partidos convidados sentem. Talvez fosse esperar demais.

A sessão terminou pelas 23.30, durando até à 1 da manhã a descompressão.
Dia 1 de Junho voltamos.





quinta-feira, maio 04, 2006

Última hora

Por razões ligadas com a sua actividade autarca, o Presidente da Câmara Municipal da Amadora, Joaquim Raposo, contactou-nos ontem a informar que a sua presença na conferência de hoje à noite não será possível em virtude de ter sido marcada, com carácter urgente, uma reunião extraordinária da Assembleia Municipal da Câmara Municipal da Amadora, na qual terá de estar presente.

Perante este cenário, e visivelmente sentido, sugeriu que fosse «substituído» pelo Vasco Franco, também destacado militante do Partido Socialista, também pessoa historicamente muito envolvida nos diferentes processos internos respeitantes ao PS (lembramos da sua privilegiada ligação à FAUL, da liderança da Concelhia de Lisboa durante muitos anos, da sua presença na Câmara Municipal de Lisboa, na Assembleia da República, etc.).

O Clube «Loja de Ideias» é alheio a esta situação, apresenta as necessárias explicações sobre o assunto (o que está a fazer), mas lembra que estes cenários são sempre possíveis quando os intervenientes têm uma actividade política muito intensa e, muitas vezes, imprevisível. O que aconteceu hoje com o Joaquim Raposo já nos tem acontecido no passado. Agradecemos ao Joaquim Raposo não só a sua consideração para com o Clube «Loja de Ideias» e a sua iniciativa, como pelo seu envolvimento na resolução da situação criada.

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