Não durou muito tempo para que esta organização se ache com poder para exigir alguma coisa, poder esse que lhe advém pelo controlo absoluto que detém em todos os cargos e assessorias em relação ao órgão de soberania, Presidente da Republica.
Tudo começou como reacção a um projecto de lei sobre o protocolo do Estado, em preparação pelo grupo parlamentar do PS, e que não contempla a presença de representantes de confissões religiosas, a noticia vinda no Expresso, no dia 13 de Maio, orgão oficial dos aliados do novo Presidente da Republica, refere que o PS tem em preparação um projecto de lei que exclui o Cardeal Patriarca dos lugares de honra em cerimónias oficiais, segundo o mesmo artigo, Vitalino Canas, Vice-presidente da bancada socialista, o diploma que será apresentado esta semana define a "precedência das figuras do Estado e do poder público" contexto em que não se enquadram representantes das confissões religiosas, evocando a lei da liberdade religiosa, que estabelece como princípio a "não confessionalidade" dos actos oficiais do Estado.
No dia 16 de Maio numa noticia publicada pelo Diário de Noticias (outro órgão de comunicação social aliado á actual entourage Presidencial), João Bosco Mota Amaral, um conhecido numerário da Opus Dei, defende que deve haver lugares da Igreja no protocolo oficial, segundo esta noticia, o mesmo está a preparar um projecto de lei alternativo ao do PS sobre as alterações ao protocolo do Estado, o ex-presidente da Assembleia da República afirma que a proposta que o PS deu a conhecer "não faz sentido", este argumenta ainda com um problema de reciprocidade, referindo que "quando há cerimónias religiosas, em Fátima por exemplo, os titulares do Estado também aparecem. Seria estranho que, há uns anos atrás, nas exéquias do senhor Cardeal D. António Ribeiro se tivesse reservado a quinta fila para o Presidente da República ou o Primeiro-ministro" e acrescenta que "cada um na sua esfera própria deve respeitar-se, até porque no protocolo do Estado estão definidos outros lugares que não os dos funcionários públicos de topo", mas a sua vóz não está isolada dois dias antes e no mesmo Jornal (que tem espicaçado a opinião pública, nomeadamente os Católicos Apostólicos Romanos, em relação a este problema) outro prelado, um Bispo o emérito de Leiria-Fátima, D. Serafim Ferreira e Silva, que também tem relações com a prelatura sendo apontado como membro desta, considerou a decisão normal, na medida em que existe "uma separação legítima entre as duas realidades e instituições", até aqui tudo normal, mas á laia de ameaça deixou uma advertência, "o povo é inteligente e percebe que um Estado que se alheia de uma organização eclesiástica está a ofender" a sua própria história, para quê mais palavras para incendiar os ânimos dos Católicos Apostólicos Romanos e dos membros que rodeiam o novo Presidente da Republica.
Veremos o que este fará depois de o projecto de lei passar na Assembleia da Republica, vetará politicamente ou manterá uma política de não confrontação?
P.S. – Reflexão também publicada no Geosapiens.
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